domingo, 30 de maio de 2021

105ª Indy 500 - Para a eternidade

O novo integrante do quarteto: Helio chega ao seu quarto triunfo em Indianápolis e se iguala a A.J. Foyt, Al Unser e Rick Mears com quatro vitórias na Indy 500
(Foto: Indycar NBC/ Twitter)

Não dá para negar que havia uma chance.  A atmosfera daquela pista centenária chega ser palpável até mesmo para que assiste a quilômetros de distância. É um local que não cansamos de falar que "parece ter vida própria ao escolher seus vencedores". O Indianápolis Motor Speedway sempre nos proporciona o melhor do motorsport, misturando drama, suspense e emoção em doses cavalares a ponto de deixar os espectadores quase que sem respirar nas voltas finais.

Foi quase impossível não ficar impressionado com o espetáculo que Hélio Castroneves e Alex Palou nos proporcionou nesta 105ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. Dois extremos da competição, duas gerações bem diferentes onde o jovem espanhol, que desponta desde 2020 como uma das grandes promessas da categoria, buscando seu lugar ao sol contra um veterano de guerra, de tantas vitórias e que estava tentando entrar de vez para a história do Brickyard há mais de uma década. Aquelas vinte e poucas voltas para o final foram um bailar dramático para saber quem daria o derradeiro passo e vencer a clássica americana.
Era uma briga de gato e rato onde ninguém mais parecia se intrometer, onde estes dois pilotos esperavam apenas o momento certo para dar a cartada final.

A ultrapassagem de Hélio Castroneves na abertura da penúltima volta ainda reservava alguma emoção para aqueles quilômetros finais, pois Alex ainda tinha velocidade de sobra para tentar uma reação na entrada da volta final. Como um bom suspense, numa prova onde quase não se viu os conhecidos tráfegos, este apareceu na volta final para aumentar ainda mais o drama. Para aqueles que acompanham a mais tempo a Indy 500 ou para quem assistiu as antigas edições, a lembrança de Al Unser Jr se atrapalhando no tráfego e permitindo a chegada de Emerson Fittipaldi, que naquelas voltas finais parecia nocauteado, era algo a considerar. Mas desta vez as coisas foram diferentes: Hélio não apenas soube lidar bem com essa situação, como usou o vácuo de seu algoz de 2014, Ryan Hunter Reay, para abrir um pouco mais a vantagem sobre Palou para vencer e entrar de vez para a história com a sua quarta conquista. O que parecia até então um eterno trio de pilotos a vencer por 4 vezes em Indianápolis, formado por A.J.Foyt, Al Unser Snr e Rick Mears, estabelecido há exatos 30 anos, agora passa a ser um quarteto com a chegada de Hélio Castroneves.

Hélio contra os garotos
Hélio Castroneves e Alex Palou: um duelo de gerações em Indianápolis
(Foto: Meyer Shank/ Twitter)

Era de se esperar que os veteranos de Indianápolis tivessem um desafio acirrado vindo da nova geração que está prestes a tomar de assalto a categoria. Tínhamos a esperança de ver Scott Dixon, Tony Kanaan, Hélio Castroneves batalharem contra o furor juvenil de Colton Herta, Alex Palou, Rinus Veekay e Pato O'Ward e isso seria sem dúvida o grande atrativo, mas as quedas de Dixon e Kanaan por conta de problemas de reabastecimento e estratégia, deixaram essa disputa pendendo mais para os novatos. Apesar de uma breve intromissão de Hunter Reay e Conor Daly, Hélio passou toda prova ladeado pelos jovens leões que pareciam famintos em tomar o controle da situação. Mas aos poucos alguns destes foram ficando para trás, como Veekay e Herta, deixando a missão de tomar o terreno por conta de Palou e O'Ward. Hélio usou de toda sua experiência para dobrar estes jovens destemidos que deram um belo suadouro no velho de guerra, mas como Castroneves conhece bem cada centímetro daquela pista - e com lições em derrotas anteriores - o veterano soube muito bem trabalhar para conter toda essa onda jovem e conquistar uma magnífica vitória, onde a experiência sobrepôs a fogosidade juvenil.
Porém, verdade seja dita: a categoria será destes garotos pelos próximos anos, mas estes senhores ainda tem muita lenha para queimar.


Uma vitória para lavar a alma


(Foto: Indycar NBC/ Twitter)

Foi muito bom rever Hélio Castroneves vencer e escalar os alambrados de Indianápolis pela quarta vez, tendo feito isso pela primeira vez há vinte anos. Desde a sua saída da Penske é que se imaginava o que poderia ser da sua carreira sem ter por perto uma equipe de ponta para lhe dar toda condição de buscar vitórias e títulos. Mas a abertura de sua temporada com a vitória nas 24 Horas de Daytona, e com uma pilotagem exuberante, ainda mostrava que o velho de guerra tinha muito o que fazer por aqui. E a conquista de hoje em Indianápolis, só confirma que ele ainda está em forma para buscar ainda mais vitórias e títulos do alto de seus 46 anos.

Para aqueles que julgaram e/ou ainda julgam o piloto brasileiro por não ter conquistado um título na categoria, apesar de ter números respeitáveis, a sua quarta conquista em Indianápolis fala por si só. O reconhecimento de rivais, ex-companheiros de equipe, mecânicos, chefes de equipes, de lendas como Mario Andretti - que o recebeu com um carinhoso beijo na cabeça assim que o encontrou, numa das mais belas cenas desta edição - mostra o tamanho que é conquistar uma vitória em Indianápolis, que sobrepõe qualquer que seja uma conquista de título no campeonato - apesar da importância que também tenha. 

Foi uma tarde mágica que há tempos não tínhamos, reunindo uma imensidão de fatores que nos fizeram trancar a respiração nas voltas finais e soltar o ar com um alivio acompanhado por um sorriso e lágrimas nos olhos. Para nós que amamos esse esporte que por muitas vezes é tão cruel, são estes momentos que nos fazem lembrar do quanto é belo e especial. O automobilismo, o motorsport em sua essência, sempre entrega tudo isso que vivenciamos hoje. É mais uma edição de Indy 500 que tivemos a oportunidade de testemunhar a história, uma grande história, acontecer diante de nossos olhos e o fato de ter um brasileiro ali, só nos orgulha ainda mais. 

Para o Grande André Ribeiro que nos deixou semana passada e que era um grande especialista em circuitos ovais, é uma grande homenagem. 

E que venha a quinta vitória. 

Parabéns, Hélio!

Foto 950: Bill Vukovich, Indy 500 1955

 


Um dos últimos registros de um dos melhores pilotos que já passaram por Indianápolis. Na foto, Bill Vukovich durante a Indy 500 de 1955 com o seu Kurtis Kraft 500 Offenhauser. Ele era o atual duplo vencedor da Indy 500, já que havia ganho em 1953 e 1954, mas as coisas não sairiam da melhor forma naquela tarde de 30 de maio. 

A 39ª edição das 500 Milhas de Indianápolis, realizada em 30 de maio de 1955, contou com seus habituais 33 participantes. Desses 33 pilotos, 20 usavam modelos Kurtis Kraft enquanto que os demais usavam modelos Kuzma (4), Silnes (1), Trevis (2), Epperly (1), Phillips (1), Schroeder (1), Pawl (1), Stevens (1) e Pankratz (1) e todos usavam motores Offenhauser. Para Frank Kurtis, projetista dos chassi Kurtis, era uma oportunidade de se consolidar de vez como o melhor chassi em Indianápolis uma vez que tinham ganho quatro das últimas cinco edições – estava empatado em vitórias com a Duesenberg (4) e a duas de alcançar os chassi Miller que contabilizavam seis conquistas.

A qualificação em Indianápolis

O Pole Day em Indianápolis foi prejudicado pelos ventos fortes e isso forçou todos a tentarem arriscar as suas voltas na parte da tarde, esperando uma melhora nas condições do tempo – que também trazia ameaça da chuva. Porém, quando não era esperado nenhum carro tentando a pole, Jerry Hoyt levou seu Stevens Offenhauser da equipe de Jim Robbins para a pista e cravou a marca de 140.045 mph que lhe garantira a pole provisória. Apesar da tentativa de alguns para fazer suas voltas ainda naquele dia, como os casos de Tony Bettenhausen, Sam Hanks e Pat O’Connor, os fortes ventos atrapalharam suas voltas e mais ninguém tentou voltas. Dessa forma Jerry Hoyt, que não fora avisado do acordo de que as tentativas seriam feitas à tarde, acabou ficando na pole. As demais colocações foram definidas nos demais dias (15, 21 e 22 de maio). Por conta de uma falha no volante ao final dos treinos do dia 15, Manny Ayulo sofreu forte acidente e veio falecer no dia seguinte.

Uma trágica Indy 500

As primeiras 26 voltas daquela Indy 500 foram de tirar o fôlego, devido a grande batalha que se entregaram Jack McGrath e Bill Vukovich – este último atrás de sua terceira vitória consecutiva na grande prova. Neste período, McGrath liderou seis voltas e Vukovich as outras vinte, mas nunca sem ganhar grande distância de Jack. O duelo terminou na volta 27 quando Bill passou a distanciar-se mais devido a sua melhor velocidade e também por conta dos problemas que McGrath vinha enfrentando, ao deixar bastante fumaça por um bom par de voltas.

A prova teve um período tranquilo sem registrar acidentes, mas na 56ª passagem deseronlou o caos quando Rodger Ward bateu e capotou seu carro na entrada da reta oposta. No mesmo instante, Al Keller tentou desviar do carro Ward fechando a passagem  e acertando o carro de Johnny Boyd que acabou também vindo para linha de dentro exatamente no momento que Bill Vukovich estava para colocar uma volta neles. Neste momento em que o carro de Boy atravessou, Vukovich tentou escapar pelo lado externo quando acabou acertando o carro de Johnny e levantando voo e caindo do lado de fora da pista, vindo a capotar algumas vezes num estacionamento que ficava ao lado. O carro de Bill caiu com as quatro rodas para o alto e acabou incendiando. O grande bicampeão e favorito a uma terceira conquista em Indianápolis, morreu no local exatamente quando liderava a prova. A sua morte foi anunciada nos altos falantes do circuito. Edi Elisian ainda tentou salvar seu amigo ao parar o carro na grama e atravessar a pista, mas nada pode fazer. Bill Vukovich tinha 36 anos e era um dos pilotos mais populares e queridos do automobilismo norte americano.

Antes da tragédia, McGrath havia abandonado por conta de problemas no magneto e agora a batalha pela vitória em Indianapolis passava para as mãos de Jimmy Bryan e Bob Sweikert que se revezaram na dianteira da prova entre as voltas 57 e 88, quando Bryan teve problemas na bomba de combustível e abandonou a prova. Bob ficou na liderança da volta 89 até a 132 quando foi aos boxes. Neste instante, a liderança passou a ser de Art Cross que ficou até a volta 156 quando passou  apresentar problemas – que o levaria abandonar na volta 168 – e foi ultrapassado por Don Freeland, que nem teve muito tempo para apreciar a dianteira da prova já que na passagem 160 foi ultrapassado por Bob Sweikert.

Bob liderou a prova sem maiores sustos, vindo a conquistar a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis. A segunda posição ficou para Tony Bettenhausen – que havia largado em segundo e nas primeiras voltas tentou acompanhar o ritmo de Vukovich e McGrath sem sucesso – e a terceira para Jimmy Davies.

Foi a última edição das 500 Milhas de Indianápolis organizada pela AAA (American Automobile Association), que estava à frente da organização da prova desde a sua primeira edição em 1911. A partir de 1956 a prova ficou a cargo da USAC (United States Auto Club).

Hoje completa 66 anos da morte de Bill Vukovich e também desta edição da Indy 500.

sábado, 29 de maio de 2021

Foto 949: Al Unser, Indy 500 1971

 



A segunda das quatro... Al Unser Snr. com o Colt Ford durante o mês de maio da Indy 500 de 1971.

Esta edição, a 55a da história das 500 Milhas de Indianápolis, teve a pole de Peter Revson como a mais veloz da história até então com a marca de 178,696 milhas por hora (287,6 km / h). Mas Peter Revson não teve muita chance de aproveitar a dianteira, já que Mark Donohue assumiu a liderança e mostrava um ritmo muito bom quando seu McLaren Offenhauser, de propriedade de Roger Penske, abandonou na volta 66 com problemas de câmbio. Al Unser assumiu a liderança, dando a ele a oportunidade de defender sua vitória do ano anterior, mas antes disso ele precisou duelar contra Joe Leonard. Porém, este último saiu de cena na volta 123 com problemas de câmbio, deixando Al Unser com mais tranquilidade na liderança. Mas Al Unser ainda passaria por dois sustos, onde pilotos se acidentaram próximo a ele: David Hobbs e Rick Ruther se envolveram num acidente na volta 111 após o carro de Hobbs ter estourado o motor na entrada da reta principal. O outro aconteceu na volta 167 quando Mike Mosley perdeu uma roda e bateu na curva quatro, ricocheteando e indo para a parte interna. Bobby Unser tentou desviar e também bateu no muro externo. Tudo isso aconteceu pouco tempo depois que Al Unser passou pelo local.

O piloto americano venceu a sua segunda Indy 500 de modo consecutivo, tornando-se o primeiro desde Bill Vukovich a conquistar este feito (Vukovich venceu em 1953 e 1954). Para Al Unser ainda tem uma outra importante marca, ao ser o único piloto a vencer a grande prova no dia de seu aniversário.

Essa edição também é lembrada pelo quase desastre que foi a queda da plataforma onde se encontrava os fotógrafos na entrada dos boxes, quando o Pace Car (Dodge Challenger) pilotado por Eldon Palmer, um revendedor local, perdeu o controle e acertou o local onde estavam os fotógrafos. O acidente não vitimou ninguém, mas 29 pessoas ficaram feridas sendo duas com mais gravidade. Consta que Palmer teria treinado a entrada dos boxes com um cone laranja, onde ele deveria frear, mas teriam retirado no dia da prova e deixado Eldon sem o ponto de referência e assim ocasionado o acidente. Por conta disso, a partir de 1972, apenas pilotos e/ou ex-pilotos é que poderiam pilotar o Pace Car.

Enquanto que Al Unser completa 82 anos hoje, aquela Indy 500 que o coroou pela segunda vez vencedor, completa 50 anos.

Foto 948: Johnny Servoz-Gavin, Monza 1968

 


A caminho de um grande resultado... O Matra MS10 pilotado por Johnny Servoz-Gavin durante o GP da Itália de 1968. Ele fechou em segundo, neste que foi o nona etapa do campeonato de Fórmula-1 daquele ano. 

O GP da Itália foi mais uma vez pautado pelo jogo de vácuo, mas antes disso, nos treinos, John Surtees passava para conquistar a primeira pole da equipe Honda - e consequentemente a última do inglês na categoria. A corrida foi uma batalha interessante pela liderança reunindo os melhores pilotos do grid, com Surtees, Bruce Mclaren, Jackie Stewart, Chris Amon, Jo Siffert e Denny Hulme travando uma grande disputa. Mas os problemas mecânicos e/ou acidentes foram tirando alguns destes competidores do caminho, como Amon (que acidentou-se após escorregar no óleo deixado por um dos Honda, quando contornava a Lesmo), Surtees (que também bateu o carro na sequência do acidente de Amon); Mclaren abandonou na volta 35 com vazamento de óleo; Stewart teve problemas no motor Cosworth do Matra na volta 42; e Siffert teve a suspensão traseira quebrada na volta 58. 

As últimas dez voltas (a prova tinha 68 voltas em seu total) foi apenas para Denny Hulme administrar a vantagem de mais de 1 minuto que ele tinha sobre Servoz-Gavin que estava a travar um grande duelo contra a Ferrari de Jacky Ickx. Porém, o belga precisou ir aos boxes para colocar mais gasolina, o que abriu a oportunidade do francês da Matra ficar com o segundo lugar e Ickx com o terceiro. 

Este segundo lugar foi o melhor resultado da carreira de Johnny Servoz-Gavin na categoria, cuja estréia se deu no GP de Mônaco de 1967 pilotando pela Matra. Ele encerrou a sua carreira na Fórmula-1 e de piloto no GP de Mônaco de 1970, quando estava a serviço da Tyrrell, ao não qualificar-se para o GP. Apesar de nunca ter assumido tal fato, acredita-se que o ferimento em um dos olhos durante uma prova de rally, tenha influenciado bastante na sua decisão de largar o automobilismo. 

Hoje completa 15 anos da morte do piloto francês.

Foto 947: Ukyo Katayama, Hockenheim 1996

 


Bela foto de Ukyo Katayma com o Tyrrell 024 Yamaha durante o final de semana do GP da Alemanha de 1996, então 11ª etapa daquele Mundial de Fórmula-1. 

Essa prova é muito lembrada pelo ótimo desempenho do decano da categoria Gerhard Berger, onde o austríaco surgiu com seu Benetton para desafiar a Williams de Damon Hill. Mas a falha no motor Renault do Benetton na volta 42 tirou de Berger a oportunidade de reencontrar a vitória dois anos depois, sendo que a última havia sido exatamente ali em Hockenheim 1994 quando ele estava na Ferrari. O caminho ficou aberto para Damon Hill vencer o GP alemão, nesta que foi a sua sétima vitória no ano. Jean Alesi e Jacques Villeneuve completaram o pódio. 

Ukyo Katayama largou na 16ª posição e abandonou na volta 19 após um acidente. A temporada de Katayama não foi das melhores, tendo como melhor resultado a sétima colocação na Hungria. 

Ao todo foram seis temporadas de Ukyo Katayama (1992-1997) na Fórmula-1, sendo em 1994 a sua melhor aparição na categoria o marcar cinco pontos e com bons desempenhos ao volante do Tyrrell 022 Yamaha. 

Hoje o piloto japonês completa 58 anos.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Foto 946: Eddie Sachs, Indy 500 1963



Um sorridente Eddie Sachs a brincar com o pneu que soltou de seu carro durante a Indy 500 de 1963, após ele rodar e bater no muro da curva 3 na volta 189. Este acidente era resultado de uma grande polêmica naquele momento da prova.

Essa edição de 1963 é mais conhecida pela primeira incursão da Lotus na grande prova, quando Colin Chapman levou dois Lotus para Jim Clark e Dan Gurney desafiarem os grandes Roadsters. A batalha entre Parnelli Jones e Jim Clark foi o ponto alto e começou a intensificar quando o americano partiu para conquistar a pole como uma questão de honra, em não deixar que os "forasteiros" tomassem a posição.

A corrida trasncorreu da melhor forma possível, sem grandes sustos. A se destacar a grande disputa entre Parnelli Jones e Jim Hurtubise pela liderança por um bom número de voltas, até que este último tivesse problemas com vazamento de óleo e abandonasse na volta 102. Um pouco antes disse, na volta 80, uma leve fumaça acompanhada de vazamento de óleo do carro de Parnelli Jones também foi avistado. 

A prova ganhava em emoção com a chegada de Jim Clark à segunda posição, com o escocês iniciando aproximar-se de Jones. O americano conseguiu manter-se à frente mesmo com as paradas de box quando a prova estava em bandeira amarela devido alguns acidentes. Porém, um destes acidentes, o de Eddie Sachs na volta 189 após ter rodado na curva 3 e batido, acabou gerando a grande polêmica - o próprio Sachs havia rodado dez voltas antes no mesmo local. 

O ponto a ser levantado girava em torno do vazamento do carro de Parnelli Jones que aumentava consistentemente, sendo relatado na volta 180. O então comissário chefe Harlan Fengler chegou cogitar mostrar a bandeira preta para Parnelli. O período onde a prova ficou sob amarela por conta do acidente de Sachs, viu uma grande discussão entre Fengler A.C Agajanian, então chefe de equipe de Parnelli Jones, e Colin Chapman: enquanto que Agajanian pressionava e argumentava para que a bandeira preta não fosse mostrada, colocando seu ponto de vista de que vários outros carros também tiveram grandes vazamentos durante a prova e nada foi feito, Colin agitava do outro lado pressionando veementemente para que a bandeira fosse mostrada para Jones. A decisão de Fengler seguiu o caminho para que não fosse mostrada nenhuma bandeira. Isso gerou bastante controvérsia, onde muitos acreditam que se fosse um outro piloto não americano no lugar de Jones com o carro vazando óleo, muito provavelmente teriam desqualificado. 

A corrida foi retomada e Parnelli Jones partiu para vencer a sua única Indy 500, com Jim Clark em 
segundo e A.J.Foyt em terceiro. Mas a discussão não ficou reservada a pista apenas: num almoço no dia seguinte, Eddie Sachs levantou essa questão de que o vazamento do carro de Parnelli Jones é que havia ocasionado a suas rodadas e acidente. Parnelli Jones relembra esse episódio: “No dia seguinte, antes do banquete, fomos a um almoço Autolite no antigo Holiday Inn do outro lado da rua do Speedway”, lembra Parnelli. “Sachs veio e disse que queria me dar os parabéns pela vitória, mas disse que eles deveriam ter me dado a bandeira preta. Eu disse: 'Deixe-me dizer uma coisa, Eddie. Em primeiro lugar, a pista estava oleosa o dia todo e acho que você girou porque sua roda estava solta. 'Não, eu girei no seu óleo', disse ele.


“Eu disse: 'Não, você não fez isso, Eddie. A pista estava oleosa o dia todo por causa de um monte de carros, não só o meu. Eu disse algo como 'Acho que você é um mentiroso'. E ele disse o mesmo de volta para mim e começamos a discutir. Eu disse: 'Eu devia te dar um soco na boca'. E ele disse: 'Vá em frente'. Então eu o dei  o soco.


“Eddie era um cara tão legal e a parte engraçada sobre isso é que ele tinha sangue saindo da boca e uma bandeira preta na mão e um cara tirou uma foto disso. Eddie não apareceu no banquete naquela noite, mas uma foto dele saiu no jornal no dia seguinte. ”

A melhor parte disso é que mesmo com toda essa rusga por parte deles, o acontecido não afetou a amizade deles: “Eddie era o Muhammed Ali das corridas.” Parnelli comenta. “Quando você colocava Sachs no microfone, não conseguia tirá-lo. Mas ele era bom para corridas e nós superamos nossa discussão e nos tornamos amigos novamente depois disso. ”

Eddie Sachs era um dos pilotos mais populares da Indycar naquele tempo e também um dos mais divertidos, levando a alcunha de "Clown Prince for Auto Racing" (algo como Principe Palhaço das Corridas de Carro). Em Indianápolis era um dos mais competitivos também, como bem mostra as suas poles de 1960 e 1961, onde nesta última esteve próximo de vencer. Mas preferiu fazer a sua parada de box na volta 197 quando percebeu que o pneu traseiro direito podia estourar. Com a parada a liderança e vitória acabou indo para as mãos de A.J.Foyt, que coletava, assim, a primeira de suas quatro Indy 500. Sachs foi questionado sobre a parada de box, já que estava tão próximo de vencer e a sua resposta foi "Prefiro terminar em segundo do que morrer!"

Infelizmente, na edição de 1964, Eddie não teve essa sorte ao ser acolhido pelo carro em chamas de Dave McDonald logo no início da Indy 500. Os dois pilotos acabaram morrendo pouco tempo depois. 

Hoje Eddie Sachs completaria 94 anos.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Foto 945: Piers Courage, Watkins Glen 1968

 


O veloz Piers Courage com o BRM P126 da equipe de Reg Parnell durante o GP dos EUA em Watkins Glen, 11ª e penúltima etapa do Mundial de Fórmula-1 de 1968. O piloto inglês abandonou na volta 93 com problemas na suspensão. 

Essa prova marcou a estréia de Mario Andretti na categoria e de imediato marcando a pole pela Lotus, mas problemas com o bico e mais tarde com a embreagem o tiraram da corrida na 32ª volta. Bobby Unser, então vencedor vigente da Indy 500 daquele ano, também participou da prova com um BRM P138 oficial e abandonou com 35 voltas de corrida com motor quebrado. Assim como Mario, foi também a sua estréia na categoria, mas tornou-se na sua única aparição na Fórmula-1. O outro estadunidense na prova, Dan Gurney, foi o quarto pilotando um McLaren. A prova foi vencida por Jackie Stewart, com Graham Hill em segundo e John Surtees em terceiro. 

Aquele ano de 1968 foi a primeira temporada completa de Piers Courage na Fórmula-1, tendo estreado em 1966 com a Lotus na Alemanha e depois fazendo outras duas provas pela equipe de Reg Parnell em 1967 na África do Sul e Mônaco - nestas três tentativas ele abandonou e ainda teve uma não qualificação para o GP britânico de 1967. Em 1968, ainda pela equipe de Reg Parnell, ele teve dois bons resultados no GP da França (6º) e na Itália (4º). 

Foi na equipe de Frank Williams onde ele teve seus dois melhores resultados ao ficar em segundo nos GPs de Mônaco e Estados Unidos em 1969. E ainda teve dois quinto lugares nos GPs da Grã-Bretanha e GP da Itália, fechando aquele mundial com 16 pontos. 

Infelizmente a promissora carreira foi tragicamente interrompida no acidente em Zandvoort, durante o GP da Holanda de 1970, que lhe custou a vida quando estava a serviço de Frank Williams, pilotando um De Tomaso. 

Hoje Piers Courage completaria 79 anos.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...