sábado, 7 de junho de 2025

93ª 24 Horas de Le Mans - Pesagem Dia 2

(Foto: Antonin Vicent/ ACO)

Os últimos 23 carros foram para a vistoria técnica hoje em Le Mans, na Place de La République. Dessa vez, os grandes favoritos estiveram nessa importante - e festiva - atividade. 


Talvez a grande pergunta para esta edição de número 93 da grande prova é de quem poderá parar a Ferrari. Seja no campeonato deste ano, seja nas duas últimas edições das 24 Horas de Le Mans, a equipe italiana tem sido absoluta e neste ano, embalada com três grandes vitórias, é impossível não indicá-los como grandes favoritos a vencer. Apesar de todo essa favoritismo, eles sabem dessa possibilidade, mas também reconhecem que a batalha será bem mais acirrada para este ano. Podemos vencer a corrida novamente, mas será ainda mais difícil, porque a competição está mais acirrada", comenta Antonio Giovinazzi, o vencedor de 2023 junto de Alessandro Pier Guidi e James Calado no 499P #50. Robert Kubica pensa da mesma forma, ele que estará no comando do 499P #83 da AF Corse com Yifei Ye e Philip Hanson: Terminar as 24 Horas de Le Mans é sempre um desafio, então vencê-la é outra história. Mal posso esperar para a corrida começar. Nosso carro está ainda mais competitivo do que no ano passado."


O momento da Porsche com seus 963 no Mundial de Endurance não tem sido dos melhores, bem diferente da base americana que tem feito uma campanha impressionante no IMSA com as conquistas nas 24 Horas de Daytona e 12 Horas de Sebring - para falarmos apenas das provas maiores - mas sabemos da força da fábrica alemã em La Sarthe e juntando com o desejo de Roger Penske, que espera conquistar a sua primeira 24 Horas de Le Mans, abre a possibilidade de chegarem bem ao final do dia 15 de junho. A mentalidade dos pilotos, sabendo separar a condição da equipe no campeonato do preparação para a grande prova, mostra o quanto a Porsche leva muito a sério o lugar onde a marca passou a ser uma das grandes legendas do Endurance Mundial. Mathieu Jaminet, que conduzirá  963 #5 com Julien Andlauer e Michael Christensen, comenta justamente neste sentido: 
Não devemos nos preocupar com o nosso difícil início de temporada. Estaremos lá para as 24 Horas". Michael Christensen também comentou sobre o trabalho em melhorar o 963 para Le Mans: "Tentamos otimizar o carro e a equipe. Fizemos atualizações mecânicas e aerodinâmicas em nosso hipercarro".


Por pequenos detalhes a Toyota ficou com dois segundos lugares nas duas últimas edições das 24 Horas de Le Mans, mas isso não os abala e com certeza estão apostando na longa experiência da equipe e pilotos para escreverem pela sexta vez o nome da fabricante japonesa em La Sarthe. David Floury, diretor técnico da Toyota, destaca o empenho de todos em reconquistar a prova: 
"Não almejamos nada além da vitória". Brendon Hartley, que estará ao lado de Sébastien Buemi e Ryo Hirakawa no GR010 Hybrid #8, entende que a batalha será intensa: "Há muitas questões em torno desta 93ª edição" e Buemi segue a mesma opinião: "A vitória será decidida por muito pouco". Mike Conway, que estará no #7 junto de Nicky De Vries e Kamui Kobayashi, destaca algumas evoluções no GR010- Hybrid: "Tentamos diferentes opções no carro, esperamos colher os frutos aqui". 


Jamie Chadwick será uma das seis mulheres que estarão presentes para essa 93ª Edição das 24 Horas de Le Mans. Ela, que estreará na clássica francesa, estará no comando do Oreca 07-Gibson #18 da Idec Sport da LMP2 junto de Andre Lotterer e Mathys Jaubert. Jamie, que venceu recentemente as 4 Horas de Barcelona no ELMS, destaca o sonho de estar competindo nas 24 Horas de Le Mans e ansiedade em pilotar no mítico traçado francês: 
Participar das 24 Horas de Le Mans é a realização de um sonho para mim. Todos estão me aconselhando a administrar bem meu tempo e energia. Mal posso esperar para sentar ao volante do carro amanhã para o Dia de Teste. Nós nos preparamos bem e sei que posso contar com a experiência dos meus companheiros de equipe”.

Amanhã inicia o Test Day com a atividade sendo dividida em duas partes: das 5:00 às 8:00 a primeira parte e a segunda a partir das 10:30 às 13:30, sempre no horário de Brasília. 

FOTOS: Dailysportscar.com

sexta-feira, 6 de junho de 2025

93ª 24 Horas de Le Mans - Pesagem Dia 1


Podemos dizer que a festa em Le Mans começa a partir do tradicional Scrutineering? Sem dúvida alguma esse momento tem se tornado um clássico para aqueles que esperam ansiosamente para terem os primeiros contatos com equipes, carros e pilotos na Place de La République. É o start para a grande semana desta 93ª Edição das 24 Horas de Le Mans. 

Entre carros das classes Hypercar, LMP2 e LMGT3, foram 39 inspecionados nesta sexta-feira e entre uma inspeção e outra, entremeadas a autógrafos e fotos, alguns personagens que farão parte dessa grande edição falaram com o site oficial das 24 Horas de Le Mans.


Sendo o primeiro para este dia inicial de inspeção, é uma bom sinal? O BMW Team WRT teve um dos seu BMW M Hybrid V8 abrindo a fila dos carros a serem inspecionados. Vicent Vosse, chefe da equipe, analisou a atual fase da equipe e manteve a cautela, esperando para ver como serão os testes do próximo domingo:  "Temos feito progressos constantes desde junho de 2024. Entendemos melhor o carro. Tivemos algumas boas corridas no final da temporada passada, mas também em 2025. Apesar disso, não sabemos realmente o que esperar aqui, porque o circuito é diferente dos outros. No domingo, após o Dia de Teste, teremos uma primeira opinião sobre o nosso nível de desempenho."

No entanto, Dries Vanthoor, que estará no comando do BMW M Hybrid V8 #15 junto de Rafaelle Marcielo e Kevin Magnussen, foi direto ao ponto indicando que sim, eles tem uma grande chance: “Podemos vencer a corrida”.



A Peugeot experimentou um breve sucesso em algumas horas na edição de 2023, quando ela estreou no campeonato naquele ano. De lá para cá, com uma nova abordagem para com os 9X8, teve alguns bons momentos e nas 6 Horas de Spa-Francorchamps, última etapa do WEC, estiveram muito bem na prova. Löic Duval, que estará na pilotagem do 9X8 #94 junto de Malthe Jakobsen e Stofel Vandoorne, se apega na boa apresentação da equipe em Spa: “Durante a as 6 Horas Total Energies de Spa-Francorchamps, lutamos na frente com as Ferraris, BMWs e Toyotas. O resultado da corrida não foi o que esperaávamos, mas tivemos o desempenho necessário para colocar os dois carros entre os 5 primeiros.”. Prestando atenção nas palavras de Jean-Marc Finot, chefe de automobilismo da Stellantis, talvez tenha alguma esperança de que a Peugeot consiga mesmo um bom papel nesta edição frente aos grande concorrentes: “Vamos lutar para fazer a melhor participação possível. Nunca na história do automobilismo vimos tantos fabricantes participarem. Vamos experimentar 24 horas de suspense”.

 

 


Ainda entre os donos da casa, a Alpine espera ter uma jornada bem melhor que a do ano passado quando perdeu seus dois carros num curto espaço de tempo, incluindo um belo estouro de motor. Os últimos resultados foram bem animadores com pódios nas últimas etapas, inclusive, chegando a desafiar a Ferrari em Spa. De todo modo, apesar dos bons momentos em provas passadas, Bruno Famin, Diretor da Alpine Motorsport, reconhece que Le Mans é outro mundo e requer cautela: “Foi realmente gratificante. Apesar disso, as 24 Horas de Le Mans tem suas especificidades e dificuldade. Não devemos nos deixar levar. Vamos nos concentrar em continuar progredindo. O punico objetivo que estabelecemos para nós mesmo é não nos arrenpendermos no domingo, 15 de junho.”

 

 


A Cadillac tem sido constantemente apontada como uma força para vencer a grande prova nos últimos anos, mas problemas, acidentes e enroscos com outros competidores, tiraram dos carros americanos a possibilidade de pegarem o lugar mais alto do pódio. Para esta edição, serão quatro carros para três equipes e espera-se que um grande resultado. Sébastien Bourdais, que estará ao lado de Earl Bamber e Jenson Button no Cadillac V-Series #38 do Hertz Team Jota, destaca a evolução neste ano: “Mostramos bons resultados desde o ínicio da temporada; é preciso dizer que a equipe está ganhando impulso. A Cadillac instalou um novo chicote eletrênico no carro, o que resultou em um período de adaptação. Nas 6 Horas de Spa-Francorchamps da Total Energies, demonstramos um bom nível de desempenho, terminando em quinto e sexto lugares. O carro tem potencial, então todos sonhamos com um grande resultado.”



O retorno da Aston Martin, até aqui, não tem sido dos melhores, mas a sua marca mais presente, além da beleza incontestável dos Valkyrie, é a sinfonia do V12 que o coloca em pé de igualdade com os V8 da Cadillac em termos de preferência do público. O experiente Harry Tincknell, que conduzirá o #007 junto de Tom Gamble e Ross Gun, destaca o trabalho pesado nos últimos meses para levar o Aston Martin Valkyrie no nível dos demais: “É muito emocionante participar da corrida com este carro. Ele tem potencial para se tornar uma lenda. De qualquer forma, esse é o destino que queremos oferecer a ele. Nos últimos seis meses, tanto nos testes quanto durante as corridas, trabalhamos duro para fazê-lo progredir em termo de desempenho e confiabilidade. Hoje, podemos dizer que ele melhorou em todas as áreas”.

 

Nos LMP2 a batalha pela vitória é sempre a mais apertada das classes, sobrepondo até mesmo aos GTs em edições anteriores. Não é de estranhar que velhos conhecidos queiram escrever o seus nomes na história de Le Mans nesta classe.

 A Inter Europol Competition já teve bons momentos em Le Mans, mas nunca chegou a vitória. Mas seria esta edição a grande chance? Para Tom Dilmann, que pilotará o Oreca 07-Gibson #43 da equipe junto de Jakub Smiechowski e Nick Yelloly, é uma ótima oportunidade: “O objetivo é vencer. Temos a equipe e a tripulação para alcançá-lo. Apeasr disso, há muitos parâmetros a dominar. É preciso ser muito sério, muito focado... e estar pronto para enfrentar todas as condições. Este ano, vencemos as 12 Horas de Sebring. Se pudéssemos vencer as 24 Horas de Le Mans, seria ótimo”.

 


Outro carro querido pelos torcedores, o Oreca #99 da AO By TF com a liverý do “Dragão”, também estará nessa batalha para buscar escrever o seu nome na galeria de campeões desta classe nas 24 Horas de Le Mans. P.J Hyett, que estará junto de Dane Cameron e Louis Deletraz, acredita na equipe incorporando o espírito do simpático mascote para chegar ao triunfo: “Na equipe, todos estão trabalhando para colocar o carro na frente. Um dragão está representado em nossa carroceria e é assim que estaremos na pista”.

 

Na LMGT3 a batalha promete ser intensa, claro. A herdeira natural das classes LMGTE-PRO e AM, teve bons momentos na edição de 2024 que marcou a primeira sob o regulamento consagrado GT3 e para este ano, com novos players na disputa, tende a ser bem interessante.

A United Autosports, com seu par de Mclaren 720S LMGT3 EVO, vem embalada em torno das festividades dos 30 anos da única conquista da Mclaren nas 24 Horas de Le Mans com o legendário Mclaren F1 GTR na edição de 1995. Uma conquista nessa classe seria algo bem interessante para ir pavimentando a ida da Mclaren à classe principal em 2027. Grégoire Saucy, piloto do #59 ao lado de James Cottingham e Sébastien Baud, se apega a marca festiva e o bom desempenho do 720S para chegar à vitória: “Este aniversário nos deixa ainda mais ansiosos para vencer. Estamos confiantes porque sabemos que o carro é capaz.”

 


Se existe um retorno que sempre mexe com os sentimentos daqueles acompanham a história das 24 Horas de Le Mans, esse é o da Mercedes. Seja em qual for a classe, a presença da equipe da heráldica de três pontas é sempre celebrada, ainda mais nesta edição onde os três AMG LMGT3 da Iron Lunx estarão com o clássico prata como livery para homenagear o icônico Sauber C9 Mercedes que venceu a edição de 1989. Ainda que seja especial este retorno à Le Mans e também a homenagem, Maxime Martin, que fará trio com Martin Berry e Lin Hodenius no #61, destaca o foco em fazer uma corrida sem incidentes para todos possam chegar ao final da maratona dos dias 14 e 15 de junho: “Participar das 24 Horas de Le Mans é sempre uma experiência excepcional, mas contribuir para o retorno da Mercedes é ainda mais especial. Agora, temos que dar o nosso melhor para chegar à linha de chegada. Temos que fazer uma corrida limpa. Seria pretencioso dizer que podemos vencer na primeira tentativa.”

As inspeções continuam amanhã e ao final do dia acontece o desfile pelo centro da cidade de Le Mans.

FOTOS: Dailysportscar.com

quinta-feira, 5 de junho de 2025

93ª 24 Horas de Le Mans - O BOP para as categorias Hypercar e LMGT3

(Foto: Julien Dalfosse/ Sportscar 365)


As listas das categorias Hypercar e LMGT3 indicando o Balance Of Performance - o famoso BOP - foi divulgado hoje - ainda que o dos carros Hypercar já tivessem aparecido anteriormente, mas nesta quinta as coisas vieram à tona. 

Abaixo os ganhos e perdas de cada equipe da Hypercar: na primeira lista o BOP para esta edição e a segunda comparando os BOPs usados em Spa neste ano e e na edição de 2024 das 24 Horas de Le Mans:

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Na LMGT3 os carros tiveram perda de peso considerável: os Aston Martin Vantage e Ford Mustang perdem 9kg; BMW M4 e Mclaren 720S perderam 11kg; Corvette Z06 14kg; Ferrari 296 13kg; Lexus RC F 1kg; Porsche 911 GT3R 12kg. O Mercedes AMG GT3 mantém o peso de 1.360kg. 

Abaixo a tabela de BOP para esta edição de 2025 e a tabela em laranja correspondente à edição 2024.

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93ª 24 Horas de Le Mans - Outros nomes para o Test Day em Le Mans


O Cadillac V-Series do Hertz Team Jota já em Le Mans
(Foto: Jonathan Grace/ Sportscar 365)

O Dia de Testes em La Sarthe não se limita apenas a ver se está tudo ok com os carros, mas também para que os pilotos, mesmos aqueles que fiquem apenas na reserva para qualquer eventualidade, possam estar muito bem familiarizados com o percurso da prova e com o bólido. E desta vez, não será diferente. 

Especialmente as equipes da Hypercar terá um piloto a mais para testar os carros, sendo que em alguns casos, como o de Earl Bamber, estará dividido em duas frentes neste domingo: o piloto neozelandês estará no comando dos dois Cadillac V-Series da Hertz Team Jota - equipe qual ele defende no WEC - assim como no #311 da Action Express Racing que compete regularmente no IMSA. A sua missão neste domingo é verificar se está tudo de acordo entre os carros das duas equipes, onde ele destacou que a sua função é "comparar o equilibrio e sensação" destes. No Cadillac V-Series da Wayne Taylor, que contará com a presença dos irmãos Rick e Jordan Taylor junto de Filipe Albuquerque, Louis Deletraz foi escalado para ajudar nessa tarefa - Deletraz estará no comando do Oreca #199 da AO By TF na LMP2 tanto no dia dos testes, como no fim de semana da prova, mas o destino pode lhe dar uma oportunidade de subir de classe caso Felipe Drugovich, escalado na tripulação do Cadillac #311 da Action Express, tenha que substituir Lance Stroll no GP do Canadá. A principio, o piloto brasileiro estará no Test Day. 

O Porsche Penske Motorsport terá seus pilotos titulares no teste e junto deles, nos três carros, Nico Müller fará os testes. Nos Peugeot 9X8, Théo Pourchaire foi escalado nos dois - ele também estará no Oreca #25 da Algarve Pro Racing na LMP2. A Toyota trouxe seu velho conhecido José Maria Lopez para ajudar os trios titulares nos dois GR0-10 Hybrid - ele que também estará no comando do Lexus RC F #87 da Akkodis ASP Team na LMGT3. Philipp Eng estará nos dois BMW M Hybrid.

As Ferrari 499P, o Porsche 963 da Proton Competition, Aston Martin com seus dois Valkyrie e os dois Alpine A424 não escalaram pilotos adicionais para os testes. 

Algumas equipes na LMP2 também escalaram pilotos para o Test Day de domingo, como os casos da Algarve Pro Racing que contará com a presença de Sophia Flörsch no #25 enquanto que no #43 da Inter Europool Competition Bijoy Garg estará ajudando a tripulação. 

Na LMGT3 até o momento, nenhuma noticia das equipes sobre adição de algum piloto para o Test Day.

Aqui, a lista de confirmados para o Dia de Testes em Le Mans

93ª 24 Horas de Le Mans - O desfile pelo centro de Le Mans

(Foto: 24-lemans.com)

O desfile organizado pela ACO, em parceria com a cidade de Le Mans, entra para a sua terceira edição e acontecerá na tarde de sábado após o fim do segundo dia de pesagem na Place de La République - que tornou-se no passar das décadas, outro grande evento para aqueles que esperam ver de perto carros e pilotos. O desfile pela cidade acaba sendo uma extensão muito bem vinda para que todos tenham o primeiro contato com os carros rodando pelas pequenas ruas do local e isso remete ao passado longínquo quando algumas equipes e pilotos, que ajudaram a construir a história da grande prova, chegavam ao circuito no comando dos carros passando por algumas destas pequenas estradas. 

Este pequeno passeio por 2,1 km que poderá ser visto nas principais ruas da cidade como o túnel Wilbur Wright, o Quais Louis Blanc, Rue Gambetta, Place de La République, Boulevard René Levasseur e Avenue François Miterrand.

Pierre Fillon, Presidente da ACO, comentou sobre o evento e aproveitou para agradecer a parceria com a Prefeitura de Le Mans: Há três anos, este evento urbano deixa uma impressão duradoura e memórias para gerações de entusiastas. Edição após edição, fazemos tudo o que podemos para oferecer aos espectadores e moradores de Le Mans um entretenimento de qualidade cada vez maior. Gostaria de agradecer a Stéphane Le Foll e a todas as equipes da Prefeitura de Le Mans pelo apoio inestimável na organização do grande destaque das 24 Horas de Le Mans. "

Stéphane Le Foll, Presidente da Câmara de Le Mans, também falou sobre o evento deste sábado nas ruas da cidade: Estes 19 carros de corrida – Hypercars, LMP2, LMGT3 – que desfilarão no coração do centro de Le Mans são o símbolo da forte e vibrante ligação entre a cidade, a metrópole e a sua lendária corrida. As 24 Horas de Le Mans são uma celebração, um ponto alto partilhado do ano, e esta corrida, tal como o desfile que terá lugar alguns dias depois, são a sua própria essência: momentos de encontro popular onde os entusiastas estão o mais perto possível das máquinas e dos homens que escrevem a lenda. Esta demonstração na cidade mostra que a corrida é de todos, que faz parte da nossa identidade. Juntos, vamos viver as 24 Horas! "

Como bem dito por Stéphane, serão 19 carros que estarão da 93ª edição das 24 Horas de Le Mans e também contará com a presença do Safety Car Porsche 911 Turbo, a Ferrari 296 GTS e do Chenard & Walcker "Le Tank" que competiu na prova há exatos 100 anos - na edição de 1925 foram dois Le Tank inscritos: o de #49 para Robert Sénéchal/ Albéric Lequeheux e o de #50 para Raymond Glaszmann/ Raphaël Manso de Zuniga. Na prova, o #50 ficou em 10º e o #49 em 13º. 

Abaixo a lista do carros e pilotos que estarão no desfile do sábado:

HYPERCAR

  • Porsche 963 #5 – Porsche Penske Motorsport – Nico Müller

  • Toyota GR010 Hybrid #7 – Toyota Gazoo Racing – Kamui Kobayashi

  • Aston Martin Valkyrie #009 – Aston Martin Thor Team – Marco Sørensen

  • Cadillac V-Series.R #12 – Cadillac Hertz Team Jota – Sébastien Bourdais

  • BMW M Hybrid V8 #20 – BMW M Team WRT – Philipp Eng

  • Ferrari 499P #51 – Ferrari AF Corse – Antonio Giovinazzi

  • Peugeot 9X8 #94 – Peugeot TotalEnergies – Loïc Duval

  • Alpine A424 #35 – Alpine Endurance Team – Paul-Loup Chatin

LMP2

  • Oreca 07-Gibson #45 – Algarve Pro Racing – George Kurtz

  • Oreca 07-Gibson #199 – AO by TF – Louis Delétraz

LMGT3

  • Aston Martin Vantage AMR LMGT3 #27 – Heart of Racing Team – Zacharie Robichon

  • BMW M4 LMGT3 #46 – Team WRT – Ahmad Al Harthy

  • Ferrari 296 LMGT3 #54 – Vista AF Corse – Francesco Castellacci

  • McLaren 720S LMGT3 Evo #59 – United Autosports – Grégoire Saucy

  • Mercedes AMG LMGT3 #63 – Iron Lynx – Stephen Grove

  • Ford Mustang LMGT3 #77 – Proton Competition – Benjamin Barker

  • Lexus RC F LMGT3 #78 – Akkodis ASP Team – Arnold Robin

  • Corvette Z06 LMGT3.R #81 – TF Sport – Charlie Eastwood

  • Porsche 911 GT3 R LMGT3 #85 – Iron Dames – Célia Martin

convidados

  • Porsche 911 Turbo - Safety Car

  • Le "Tank" Chenard & Walcker

  • O Chenard & Walcker na edição de 1925
    (Foto: RM Style)



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terça-feira, 3 de junho de 2025

93ª 24 Horas de Le Mans - A programação para a grande prova



Para os amantes das provas de Endurance, o mês de junho é o mais esperado justamente por abrigar a mais famosa da modalidade: daqui uma semana as 24 Horas de Le Mans terá seu início com as atividades oficiais para a sua 93ª edição, mas antes dos carros ganharem a pista para os primeiros treinos a programação começa nesta sexta-feira dia 6 com a pesagem iniciando às 10:00 local (5:00 horário de Brasília) na Place de la République e que terá continuidade no dia sábado, dia 7, que será encerrado com o clássico desfile que contará com 19 carros que estarão nesta edição. O comboio sairá da Place Jet d'Eau que fica em frente da Catedral Saint-Julien. 

No domingo, dia 8, será o primeiro contato das equipes com o circuito neste 2025 com o Test Day que será importante para a ambientação de pilotos e equipes, especialmente para aqueles que estarão em Sarthe pela primeira vez - para estes, os pilotos, o cronograma é especial: serão dez voltas, sendo cinco cronometradas, para que possam ganhar a permissão para a prova . O Test Day é dividido em duas partes: a primeira sessão acontecerá à partir das 5:00 até às 8:00 e a segunda parte começando às 10:30 até às 13:30 (sempre no horário de Brasília). E no mesmo dia, acontecerá treinos livres, qualificação e corrida do Ligier European Series.

A terça-feira, dia 10, os fãs terão o primeiro contato com pilotos e equipes com visita ao pit-lane e autógrafos. A parte da tarde está reservada para o desafio de pit-stop. 

O dia 11, na quarta-feira, é que começam as atividades oficiais com os treinos livres e qualificações. Sempre no horário de Brasília, o primeiro treino livre começará às 9:00 e terminará às 12:00; os LMP2 e LMGT3 voltam à pista para a sua qualificação, onde os 12 primeiros de cada categoria avançam para a Hyperpole de quinta-feira, com a sessão tendo 30 minutos de duração começando às 13:45; os Hypercar terá sua classificação, também de 30 minutos, iniciando às 14:30 onde conheceremos os 15 melhores para a continuação na quinta. Entre às 17:00 e 19:00 acontecerá a segunda sessão de treinos livres

Na quinta-feira o terceiro treino livre começará às 9:45 fechando às 12:45. Neste ano o Hyperpole, para todas as classes, terá mudanças: invés de uma sessão apenas para conhecermos os poles de cada classe, teremos mais uma eliminatória. Os 24 carros da qualificação de quarta das classes LMP2 (12) e LMGT3 (12) vão para o Hyperpole 1 à partir das 15:00, com 20 minutos de duração, para que apenas os oito primeiros de cada classe avancem para o Hyperpole 2 que definirá os poles da LMP2 e LMGT3 que começará às 15:35 e terá 15 minutos de duração. Os Hypercar seguirão o mesmo cronograma: os 15 melhores da quarta vão para o Hyperpole 1 de quinta para 20 minutos - começando às 16:05 - onde conheceremos os 10 carros que vão para a batalha da pole position à partir das 16:40 para quinze minutos de velocidade pura onde conheceremos o pole position para a classe Hypercar - e geral - para esta 93ª edição - sempre lembrando que as categorias LMP2 e LMGT3 farão suas qualificações em conjunto. Às 18 os carros retornam à pista para o quarto e derradeiro treino livre que terminará às 19:00.

A quarta e quinta também estará reservado aos treinos livres e qualificações para as categorias Road To Le Mans, Porsche Sprint Challenge e Ford Mustang Challenge. As categorias Road To Le Mans e Porsche Sprint Challenge terão suas primeiras corridas ainda na quinta, com a Porsche realizando a segunda prova na sexta e a Ford Mustang Challenge tendo a sua primeira prova na sexta. No sábado a Road To Le Mans realizará a segunda prova, assim como a Ford Mustang Challenge. 

Antes que os carros ganhem a pista no sábado, os pilotos que estarão na prova no circuito de La Sarthe, farão o tradicional desfile pelo centro de Le Mans em carros antigos dando ao público mais uma ótima oportunidade para terem esse contato e pegar alguns brindes. No sábado, às 7:00 da manhã (sempre no horário de Brasília) acontecerá 15 minutos de warm-up e às 11:00 terá a largada com o encerramento às 11:00 do domingo da 93ª Edição das 24 Horas de Le Mans. 

Aqui para o Brasil, teremos transmissões nos canais do Bandsports (Youtube e canal fechado) com os amigos Sergio Milani, Rodrigo Mattar, Milton Rubinho e Felipe Meira junto da equipe da casa. 

Abaixo a programação oficial para esta 93ª Edição das 24 Horas de Le Mans

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Foto 1044 - Alain Prost, Auto Sprint 1984


Alain Prost no GP do Brasil de 1984, que acabaria por vencer
(Foto: Girardo & Co. Archive)

Um dos melhores pilotos de todos os tempos chegou a casa dos septuagenários: Alain Prost completa neste 24 de fevereiro 70 anos muito bem vividos, continuando a contar suas histórias na Fórmula 1 assim como participando de eventos históricos, onde ele pode reencontrar algumas das máquinas que lhe renderam vitórias e títulos. 

Para comemorar este seu aniversário, coloco aqui uma entrevista que concedeu a revista italiana Auto Sprint em 1984, logo após a sua vitória no GP do Brasil no saudoso Jacarepaguá que abria o campeonato daquele ano. 

A entrevista foi concedida ao jornalista italiano Cesare Maria Mannuci e foi publicada entre os dias 3 e 9 de abril. 



O PERSONAGEM


 

Rio relança a imagem do piloto francês amargurado por desventuras e "divórcios" sob uma luz mais alegre. Sua vingança contra a Renault começou no Brasil, mas a separação da França já havia ocorrido antes, por motivos pessoais. Ele foi morar na Suíça, longe de toda a agitação, e planejando um futuro vitorioso (como? Ele nos conta nesta entrevista), abraçou totalmente a causa de sua nova equipe: a McLaren, onde "nasceu" na Fórmula 1.

 

 

Rio de Janeiro - Alain Prost sobe sorridente no degrau mais alto do pódio em Jacarepaguá. Ele aperta a mão de De Angelis e dá um tapinha nas costas do indomável Rosberg. E depois champanhe. Um brinde a uma nova temporada que, mais uma vez, o coloca como candidato entre os favoritos.

Mas Alain sabe que vencer uma batalha não significa vencer a guerra. E ele já está pensando no amanhã, na África do Sul. Na verdade, já faz três anos que ele viu o título mundial escapar nas últimas corridas. Uma obsessão. Alain Prost viveu em primeira mão o momento de "grandeza" da Renault, vivendo dias emocionantes com a empresa francesa e depois pagando, com polêmicas e discussões, um balanço que, em última análise, certamente não era proporcional aos valores investidos. E hoje com a McLaren. A história se repete na memória de Vico: foi a equipe inglesa que, em 1980, lhe deu a oportunidade de começar esta maravilhosa aventura no mundo da Fórmula 1. Um casamento que durou apenas um ano, porque Alain não se dava bem com os homens que administravam os boxes do outro lado do Canal em 1980.

Nascido como muitos outros pilotos franceses sob a proteção de Elf, Alain inicialmente seguiu o mesmo caminho de seus compatriotas até a F3. No entanto, após ter vencido o campeonato europeu de Fórmula 3, ele decidiu pular a Fórmula 2, que sempre foi uma etapa fundamental para os pilotos franceses, para ir diretamente para a Fórmula 1, justamente pela McLaren. Deve ter sido esse aprendizado, ou seu caráter era decididamente diferente daquele de nomes como (Jacques) Laffite e (Patrick) Tambay. O fato é que se Alain Prost pode ostentar o título de piloto mais vitorioso da França, ele também deve carregar o pesado fardo de ser o menos amado. Em setembro de 1983, toda Paris estava coberta de cartazes com os dizeres “Allez Alain” para encorajar o piloto da Renault em sua luta contra Nelson Piquet, outros cartazes publicitários diziam “Renault, uma fábrica inteira a serviço de seu campeão”. Então, a grande decepção levou à reviravolta dos fãs. Foi certamente essa pressão que convenceu Prost, não só a mudar de time em favor do time inglês, mas também a mudar de residência, mudando-se para a mais tranquila Suíça.

Prost diz que não está de olho na Renault, mas pensa em fazer uma boa temporada, mas Sage, Larousse e companhia foram avisados: o piloto que tiveram por três anos não existe mais, ele entrou em um carro vermelho e branco e ficará incrivelmente feliz se puder vencê-los em todas as ocasiões, como aconteceu no Rio no último domingo.

Auto Sprint - Sua temporada na McLaren: depois do sucesso em Jacarepaguá você a considera uma espécie de teste?

Alain Prost - Na minha relação com a McLaren, não vejo nada decisivo. Meu primeiro teste foi quando fiz minha estreia na Fórmula 1, o segundo quando ganhei meu primeiro Grande Prêmio, depois ganhei nove corridas, então eu diria que o período de testes acabou.

Auto Sprint - Você estreou na Fórmula 1 pela McLaren e, quando deixou a equipe, disse que em vez de correr por esta equipe novamente, teria terminado na F1: agora que você está de volta, por quê?

Alain Prost - Estou de volta a um time que só tem o nome igual ao time de 1980, todo o resto é diferente. Se a equipe tivesse sido formada pelos mesmos homens, é certo que eu não teria retornado à McLaren. Em 1980, saí da pista oito vezes devido a uma suspensão quebrada. Em Jarama, ao frear, uma roda voou e já tive alguns acidentes realmente terríveis. Felizmente, resta muito pouco do antigo time, tudo é novo. John Barnard é uma garantia no que diz respeito à segurança do carro, temos uma nova fábrica, além de alguns mecânicos, tudo é novo na McLaren International. Esta é uma equipe que ainda está evoluindo, e acho que o potencial do motor TAG Porsche é muito alto.

Alain na frente de Giacomelli e Villeneuve no GP da França de 1980, ano de sua estreia na F1 pela McLaren.
(Foto: Attualfoto)


Auto Sprint - Foi a Renault que deixou Alain Prost ou Prost que deixou a Renault?

Alain Prost - Para mim, a Renault é um capítulo encerrado, não penso mais nisso. Não acho que importe muito se a pessoa rompeu o relacionamento intencionalmente ou não. A Renault queria se livrar de Prost, e eu queria uma mudança de cenário. Algo normal que talvez tenha sido tratado de forma exagerada pela imprensa.

Auto Sprint - Jean Sage disse que Alain Prost é talvez o melhor piloto do mundo, porém para a Renault é inaceitável ter um piloto que fala mal do carro continuamente...

Alain Prost - Desafio qualquer um a encontrar um artigo de jornal onde eu tenha falado mal do chassi ou do motor da Renault. Quando tive problemas com o carro, sempre discuti isso apenas com os técnicos. Se um dia eu disser por que perdi os campeonatos mundiais em 81, 82, 83, farei isso quando me aposentar das corridas, certamente não antes. Posso dizer que quando decisões tiveram que ser tomadas, poucos assumiram responsabilidade pessoal por elas. Mesmo quando saí da Renault, não falei mal deles, como a Renault fez de mim.

Auto Sprint - Vamos falar sobre o ano passado: quando e por que você perdeu o campeonato?

Alain Prost - O principal motivo é que no início do ano foram tomadas algumas decisões que queríamos manter até o final da temporada. O fato de termos começado com o antigo RE 30 nos colocou imediatamente em uma posição de inferioridade técnica, quando poderíamos ter estreado imediatamente com o RE 40.

Auto Sprint - Mas, falando de um Grande Prêmio em particular, onde você viu suas chances desaparecerem?

Alain Prost - Se você se refere ao incidente com Piquet em Zandvoort, não foi um episódio decisivo, já que, naquela ocasião, Piquet também perdeu a oportunidade de marcar pontos. Minha derrota pode ser explicada tecnicamente, com uma inferioridade de potência do motor, principalmente nos últimos Grandes Prêmios, onde a Brabham teve uma superioridade mais que evidente. Não sei dizer qual o papel do combustível irregular nesse aumento repentino de potência, mas é certo que no final da temporada o Brabham estava praticamente imbatível.

Desentendimentos com a Renault e o diretor de corrida Gerard Larousse, convencem Alain Prost de que chegou a hora de uma mudança
(Foto: Amaduzzi)


Auto Sprint - Você poderia ter se sentido particularmente forte por ser o primeiro piloto francês a ter a chance de se tornar campeão mundial?

Alain Prost - É uma coisa incrível. Eu corro na Fórmula 1 para ser campeão mundial, não para ser o melhor entre os franceses. Se eu fosse obter a cidadania suíça amanhã, teria que sentir a responsabilidade de ser o primeiro suíço a conseguir se tornar campeão mundial. Quando você dirige um carro de Fórmula 1 a 300 quilômetros por hora, certamente não tem tempo para pensar nessas coisas. Ano passado eu não conseguia dar um passo sem que alguém me pedisse uma entrevista, para dar minha opinião "sobre o primeiro francês campeão mundial", algo absurdo.

Auto Sprint - Falando em francês, todos tinham certeza de que Arnoux seria mais rápido que Tambay, mas durante mais da metade da temporada, o piloto líder foi este último.

Alain Prost - Tambay foi certamente uma das surpresas do campeonato mundial. O problema para a Ferrari foi que em determinado momento eles se viram com dois pilotos na disputa pelo título e não conseguiram fazer uma escolha preferencial. No entanto, eu diria que a Ferrari teve uma temporada positiva, pois venceu o campeonato de construtores. Não acho que haja muito o que culpar os pilotos, mas não gosto de julgar meus colegas, mesmo que eles, incluindo Tambay, tenham dito muitas coisas sobre mim.

Auto Sprint - Vamos voltar para a temporada de 83. Na Itália, houve muito barulho sobre o fato de você ter aparecido em Monza escoltado por guarda-costas. Você estava realmente assustado?

Alain Prost - Essa foi uma das coisas mais absurdas. Durante um treino livre, enquanto eu pilotava com Piquet, alguns espectadores atiraram pedrinhas em nós: um episódio feio, mas que terminou rápido. Para o Grande Prêmio, a Renault me ​​impôs, para minha suposta segurança, três guarda-costas: loucura! Eu estava completamente perdido, constantemente desconfortável, um movimento supérfluo.

Auto Sprint - O que você estava pensando na noite anterior ao Grande Prêmio da África do Sul?

Alain Prost - Nada de especial. Eu sabia que só tinha uma chance de ganhar o campeonato mundial: Piquet quebrando o carro. Se Nelson não tivesse se aposentado, eu não teria chance, Brabham era muito superior.

Auto Sprint - Você pensou em Zandvoort naquela noite?

Alain Prost - Não, porque sempre pensei que esse episódio fosse um evento de corrida normal. Muitas pessoas me fizeram sentir mal por causa daquele acidente, mas para mim não foi um erro. Cometer um erro é quando um motorista sai da estrada por conta própria, sem motivo algum. Nessa circunstância foi um acidente de corrida, há uma grande diferença. Eu estava liderando o campeonato mundial e estava lutando pela vitória, estava defendendo algo concreto. Por outro lado, muitos pilotos e diretores de equipe me criticaram aberta e duramente, sem perceber os erros que cometem diariamente. Há equipes que, por erros na preparação do carro, causaram acidentes fatais. Pilotos que, com sua conduta na corrida, causaram acidentes gravíssimos. Em toda a minha carreira na Fórmula 1, ninguém pode me acusar disso. Isso são erros!

O acidente com Piquet na Holanda em 83: um "toque" que talvez tenha custado o título a Prost
(Foto: DPPI)


Auto Sprint - Você sempre foi acostumado a ser o primeiro piloto. Este ano você está correndo com Lauda, ​​um piloto que costuma colocar seu companheiro de equipe em dificuldades. Quando você assinou com a McLaren, você pensou nessa situação?

Alain Prost - Claro que pensei nisso e devo dizer que para mim é uma situação completamente nova. É claro que a personalidade de Niki é um fator muito importante, assim como sua capacidade de ajustar o carro. Se houvesse diferenças claras entre o primeiro e o segundo piloto de uma equipe, o segundo piloto nunca colaboraria no desenvolvimento do carro, seu único pensamento seria ficar à frente do líder da equipe. Não acho que isso vá acontecer entre mim e Lauda.

Auto Sprint - No entanto, Watson, apesar de ter conseguido resultados melhores que Lauda, ​​reclamou do tratamento que recebeu da equipe.

Alain Prost - O fato de Watson ter alcançado melhores resultados que Lauda nos últimos dois anos deve ser mais ou menos o mesmo. Claramente, Lauda tem uma ligeira vantagem nos testes privados, mas durante a temporada não haverá diferença.

Auto Sprint - Como eles veem você na França depois de sua mudança para a McLaren?

Alain Prost - Não acho que sou impopular. Muitos culpam a Renault pela nossa separação. Agora que moro na Suíça, não leio muito jornais franceses. Na França, não sei exatamente por que, sou muito conhecido, mas não muito popular, não posso dizer que sou amado. Dizem que sou muito seguro de mim mesmo, não sou muito extrovertido, não saio com atrizes de cinema e não fumo haxixe. Tenho o defeito de ser sério, e é por isso que muitas pessoas não gostam de mim.

Auto Sprint - Você não acha que por questões promocionais as grandes equipes, os patrocinadores, muitas vezes "estupram" o piloto para dar uma certa imagem?

Alain Prost - Claro, fiz isso por três anos e, com o tempo, essas obrigações podem distanciar o piloto de sua equipe. Quando termino meus testes com a McLaren, às vezes posso ir até a fábrica, mantenho contato por telefone, mas não é como antigamente, quando hoje em dia todo mundo me dizia "você tem que dizer isso", "você tem que...". Fiz isso por três anos e cheguei a um ponto em que não aguentava mais. As corridas devem continuar sendo o momento mais importante na profissão do piloto. É absurdo que também seja tocado pensando em relações públicas. As relações com a imprensa, com os fãs, devem ser coisas espontâneas, um piloto não deve ser obrigado a manter uma atitude que talvez ele não sinta. Minha vida é uma coisa fantástica porque sou um piloto de Fórmula 1. Não quero que ela seja arruinada por coisas que não tenho vontade de fazer.

Auto Sprint - A Renault escolheu Tambay e Warwick principalmente por esses aspectos externos da corrida?

Alain Prost - Tambay tem uma característica muito importante para a Renault: ele sabe se adaptar muito bem às situações. Tenho certeza de que ele se sairá muito melhor do que eu em reuniões sociais e eventos promocionais. Por que a Renault escolheu Tambay e Warwick eu não sei, não me importa.

Auto Sprint - Em sua quinta corrida, o TAG Porsche já é protagonista: será este o motor a ser batido na edição de Fórmula 1 de 1984?

Alain Prost - Espero mesmo que tudo corra bem. Os técnicos da McLaren trabalharam duro durante as férias de inverno, resolvendo todos os problemas relacionados ao consumo de combustível.

Auto Sprint - O que o Rio de Janeiro te ensinou?

Alain Prost - Que há muitas equipes com problemas maiores que os nossos: com a McLaren do Rio não havia adversários a temer.

Auto Sprint - Você correrá na Fórmula 1 até ganhar o campeonato mundial?

Alain Prost - Eu poderia ganhar o campeonato mundial novamente este ano, mas definitivamente continuaria correndo. Serei motorista enquanto tiver prazer em dirigir um carro até o limite. No dia em que eu não tiver mais esses estímulos, vou me aposentar das corridas.

Auto Sprint - Se você não fosse um piloto de Fórmula 1, o que teria feito?

Alain Prost - Não sei. Definitivamente algum esporte competitivo. Acho que teria sido um ótimo jogador de futebol.

93ª 24 Horas de Le Mans - Horas 23 e 24