domingo, 14 de novembro de 2010

Um dia de glória para Vettel

Vamos voltar um pouco no passado. Não muito. Era domingo, 12 de setembro e em Monza era realizada a décima quarta etapa do mundial. Enquanto que Alonso batalhava uma vitória contra Button, Vettel tinha alguns contratempos na corrida, quando, por exemplo, lhe disseram que estava com algum problema de motor. Naquele momento ele tinha a sétima posição e logo em seguida, ao receber a notícia do motor, acabou deixando Webber passar. Então ele estava na oitava posição e isso que lhe garantiria apenas 3 pontos, que com certeza o deixaria ainda mais distante do mundial. Depois que se verificou que o motor não tinha problema algum, Sebastian voltou ao seu ritmo normal e então passou a fazer voltas parecidas com o de seu companheiro. Como todos sabem era uma prova atípica para a Red Bull, pois eles não tinham a menor chance contra Ferrari e Mclaren num circuito veloz como o de Monza, que beneficiava as duas primeiras equipes que faziam bom uso do duto frontal. As paradas de box começaram e todos trocaram pneus, menos Vettel, que conseguiu aguentar-se com os pneus macios por 52 voltas das 53 trocando-as na abertura da última volta e conseguindo transformar os possíveis três pontos da 8ª colocação, em 12 do quarto lugar.
Passaram-se quatro provas e Vettel venceu duas destas últimas e foi segundo numa e abandonou em Yeongam. Foi uma recuperação e tanto, porém ainda não colocavam fé em seu título. Abu Dhabi o favorecia, mas os comentários ainda eram se ele ajudaria ou não Webber. Mas o fim de semana de Sebastian foi generoso e ele pode desfrutar de um gosto que, pelos seus erros nesta temporada, podia demorar a chegar.
O acidente que quase ocasionou a decaptação de Schumi pelo aerofólio dianteiro do carro de Liuzzi forçou a entrada do safety ainda na primeira volta. Até então Vettel tinha largado bem e ficado em primeiro, seguido por Hamilton, Button, Alonso e Webber. Com o safety em pista, Rosberg, Petrov e outro punhado de pilotos entraram nos boxes para troca de pneus e voltaram no fim do pelotão. Até ai algo normal, diriam. Mas os dois primeiros, em especial Petrov, teriam um papel importante na corrida. Após a relargada, posições mantidas e a prova transcorreu normal até a volta 16, quando Alonso parou nos boxes e retornou em 12º, na frente de Webber (que duelava com Alguersuari) e atrás de Petrov. Resultado dos sonhos para Vettel, que agora tinha apenas que caminhar tranquilamente para sua vitória e título. Sebastian parou nos boxes, assim como Hamilton havia feito antes, mas o inglês ficou tolhido atrás de Kubica por várias voltas, perdendo assim a chance de ameaçar Vettel na briga pela vitória. Lá atrás, na décima posição, Alonso tentava de todas as formas ultrapassar ou induzir ao erro Petrov, fazia uma corrida aparentemente tranquila, mesmo com espanhol no seu encalço. O resto de início de noite na pista em Yas Marina foi assim: com Vettel totalmente rilex na frente e Alonso se matando e errando para passar Vitaly. Webber então nem se esforçou e por várias vezes teve chance de passar Alonso, quando este errou em algumas oportunidades.
Com as paradas de box dos que estavam na frente de Petrov e Alonso, ambos subiram para sexto e sétimo respectivamente. Mas de nada adiantava para a Fernando, pois ele estava marcando 4 pontos contra 25 de Vettel e o campeonato caía na mão do alemão por quatro pontos de diferença.
Sebastian conduziu sua Red Bull do mesmo modo intocável e preciso que havia feito nas 54 voltas anteriores. Calmamente Vettel trouxe seu carro para receber a bandeirada final. Ele já fazia a festa, mas Christian Horner e os demais da Red Bull preferiram esperar pela passagem dos outros. Quando Alonso passou colado no câmbio do Renault do russo, o nervosismo virou alívio e em seguida festa.
Vettel chorou e agradeceu todos da equipe pelo rádio. No pódio podia-se ver a expressão de felicidades no rosto do novo e mais jovem campeão mundial e também de Helmut Marko, que assim como Sebastian, era uma jovem promessa no início dos anos 70 e que infelizmente teve a carreira abreviada devido uma pedra que lhe fez perder um olho em Clermont Ferrand. Marko subiu ao pódio para receber o troféu da Red Bull e ver de perto a alegria do seu púpilo, em quem ele apostou ainda novo e teve que dar uns puxões de orelha pelos erros deste ano.
Voltando novamente até Monza, caso Vettel tivesse marcado somente aqueles três pontos da oitava colocação, certamente ele teria perdido o mundial para Alonso. Sebastian chegaria a 247 pontos contra 252 pontos de Fernando.
Aquela sua insistência com os pneus macios em Monza por 52 voltas foram cruciais e hoje recompensada. Parabéns ao campeão.
Por pouco: Schumi rodou após deixar para frear dentro da curva e acabou rodando. Liuzzi não viu e o acertou, e quase o acidente teria proporções piores. O safety car entrou em seguida e mudou o rumo da prova. 

Os três campeões: Lewis (campeão de 2008) e Button (2009) dão um banho no mais novo campeão, Sebastian Vettel

A Ferrari preferiu marcar de perto Webber e acabou matando a prova de Alonso. O espanhol fechou em sétimo e Webber em oitavo. Massa ficou atrás de Alguersuari desde a 18ª volta e acabou em 10º

RESULTADO FINAL
Grande Prêmio de Abu Dhabi- Circuito de Yas Marina
14/11/2010- 19ª Etapa

1. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull Renault): 1h39min36s837
2. Lewis Hamilton (ING/McLaren Mercedes): +10s1
3. Jenson Button (ING/McLaren Mercedes): +11s0
4. Nico Rosberg (ALE/Mercedes GP): +30s7
5. Robert Kubica (POL/Renault): +39s0
6. Vitaly Petrov (RUS/Renault): +43s5
7. Fernando Alonso (ESP/Ferrari): +43s7
8. Mark Webber (AUS/Red Bull Renault): +44s2
9. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso Ferrari): +50s2
10. Felipe Massa (BRA/Ferrari): +50s8
11. Nick Heidfeld (ALE/Sauber Ferrari): +51s5
12. Rubens Barrichello (BRA/Williams Cosworth): +57s6
13. Adrian Sutil (ALE/Force India Mercedes): +58s3
14. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber Ferrari): +59s5
15. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso Ferrari): +1min03s1
16. Nico Hulkenberg (ALE/Williams Cosworth): +1min04s7
17. Heikki Kovalainen (FIN/Lotus Cosworth): +1 volta
18. Lucas di Grassi (BRA/Virgin Cosworth): +2 voltas
19. Bruno Senna (BRA/Hispania Cosworth): +2 voltas
20. Christian Klien (AUT/Hispania Cosworth): +2 voltas
21. Jarno Trulli (ITA/Lotus Cosworth): +4 voltas

Abandonaram:
Timo Glock (ALE/Virgin Cosworth)
Michael Schumacher (ALE/Mercedes GP)
Vitantonio Liuzzi (ITA/Force India Mercedes)

Melhor Volta: Lewis Hamilton (Mclaren) 1min41s274

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Atendendo os pedidos de um amigo

Meu amigo e leitor aqui do blog, GPto, pediu três vídeos quando eu escrevi o post/vídeo do duelo entre Lauda vs De Cesaris em Las Vegas 1982. Bom, são imagens que a maioria dos amigos que lêem este blog conhecem e muito bem: Gilles Villeneuve andando com a asa dianteira arrebentada duarante o GP do Canadá de 81; o mesmo Gilles, mas três anos antes, andando em três rodas em Zandvoort 79 e a belíssima ultrapassagem de Piquet sobre Senna em Hungaroring 1986. Mas vamos aos vídeos:




O circuito de Caesar's Palace

Dias atrás, quando a decisão foi empurrada para última corrida, lembrei logo que ano passado tinha odiado o circuito de Abu Dhabi. Sim, claro, é uma pista que tem instalações magníficas e realmente a tornam lindíssimas mas até ai, é só. Não me agradou nenhum pouco e mesmo com o campeonato do ano passado decidido, já vi ótimas corridas pós-decisão.
Mas houve outro circuito, que em minha opinião, foi tão ruim quanto o de Abu Dhabi: a pista montada no estacionamento do Caesars Palace, que sediou as decisões de 81 e 82. A pista foi criticada ao extremo, principalmente o modo em que ela foi feita em sentido anti-horário, o que castiga muito o físico dos pilotos. Também teve prejuízo para as equipes. Sem contar, também, o pouco espaço que todas equipes tinham para trabalhar. O pit lane era pequeno, não existia garagens (o que seria normal para uma pista que era montada, literalmente) e por isso os carros ficavam suspensos e muito, muito perto mesmo da área de rolagem dos carros sem contar que naquela época não existia nenhum limite de velocidade nos boxes. Aliando isso ao forte calor do deserto e alguns motores e câmbios quebrados naquele fim de semana, pode-se dizer que eles viveram um inferno, ou quase isso.
Assim como a ida da F1 para Abu Dhabi e outros locais do Oriente Médio e Ásia, a troca da tradicional prova final de Watkins Glen por Las Vegas foi dinheiro. Os organizadores de Glen não cumpriram os pedidos da categoria e Vegas acabou laçando Bernie pelo que ele mais gosta claro. E grana é o que não falta naquele lugar e lá a F1 foi se meter a fazer duas provas, em 81 e 82 que decidiram aqueles mundiais.
A pista em sim foi feito com esmero, fazendo que tivesse espaço suficiente para ultrapassagens e as áreas de escapes feitas com bancos de areia. O trabalho até que foi bom, mas o resultado final não foi dos melhores. Público era quase inexistente, pois o sol ardia o dia todo e por isso eram poucos os espectadores que se arriscaram a ver a prova. Se ao lado tem diversão melhor (cassinos), para que ficar torrando no sol o dia todo. O resultado de tudo foi um público de 30 mil na prova de 82, o que sugere que as marcas de 81 foram piores ou iguais. Interessante, mas escrevendo isso me lembro agora de Aida, no Japão. Foram feitas duas provas lá, em 94 e 95. Mas o circuito era chato, bem chato e valia mais a pena ficar dormindo durante a madrugada. Não havia nenhum ponto que prestasse para fazer uma ultrapassagem, e isso gerou criticas pesadas por parte dos pilotos e equipes. Bernie só coletou o dinheiro dessas duas provas, deu um tapinha nas costas do organizador e nunca mais a categoria botou os pés lá.
Voltando a Las Vegas, o que salvou mesmo a prova foi o fato dos títulos de 81 e 82 serem decididos lá: em 81, três pilotos (Reutemann 49pts, Piquet 48 e Laffite 43) estiveram na luta pelo mundial. Venceu Piquet, que terminou a corrida na quinta posição chegando à frente de Laffite (6º) e Reutemann (8º), que teve problemas de câmbio. Como se viu nas cenas que correram o mundo após o título, Piquet estava esgotado fisicamente por causa do forte calor e do trabalhoso circuito. Em 82, Rosberg (42 pts) e Watson (33) disputaram o título. Mesmo com Watson fazendo uma má largada, caindo de nono para décimo segundo, ele recuperou-se dessa falha e fechou em segundo, atrás de Alboreto que conquistava seu primeiro triunfo na categoria à bordo do Tyrrel. Rosberg, que fechou em quinto, levou o primeiro mundial da Finlândia na categoria.
Após essas duas incursões da F1 por Las Vegas, a prova nunca mais foi realizada por lá pois não tinha conseguido atingir o sucesso que pretendiam. Nos anos 90 quiseram fazer um circuito, ou remontar o do estacionamento, mas os cassinos não autorizaram e nisso a F1 teve que procurar outro lugar nos EUA para sediar seu GP, até encontrar Indianápolis nos anos 2000.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

F1 Battles- Jacques Laffite Vs Stefan Johansson

Era possível ultrapassar na velha Rascasse de Mônaco? Quando ela ainda era totalmente apertada? Bom, se você disse não aconselho que veja este vídeo da corrida de 1986 onde Laffite (Ligier JS27- Renault) ultrapassa por fora (!!!) Johansson (Ferrari F86) ensinando bem como ultrapassar na velha curva. Genial!

Análise dos dez primeiros- GP do Brasil 2010

Sebastian Vettel- Não tomou conhecimento do pole Hulkenberg e decidiu a sua vida na corrida ao virar na frente do alemão na entrada do “S”. Teve uma boa velocidade a corrida inteira e conseguiu manter-se longe de Webber, que era o único que podia lhe ameaçar. Não vai medir esforços para conquistar seu primeiro título em Abu Dhabi.


Mark Webber- Conseguiu livrar-se de Hulkenberg ainda na primeira volta, mas não foi veloz o suficiente para atacar Vettel durante a corrida. No final da prova, um superaquecimento de motor quase arruinou seu trabalho, pois, além de se preocupar com o motor com problemas,, tinha que ficar de olho em Alonso que aproximava-se perigosamente. Seu trabalho daqui alguns dias será duro.


Fernando Alonso- Parecia que não tinha condições de duelar com os Red Bulls na corrida, mas durante a competição conseguiu virar tempos iguais ou melhores que o duo rubro taurino. Perdeu tempo atrás de Hulkenberg e isso pode ter lhe custado tentar algo a mais contra seus dois adversários.


Lewis Hamilton- A única coisa de boa que tinha em seu carro era a velocidade de reta e só. Foi superado na corrida com facilidade por Alonso e assim como o espanhol, suou para ultrapassar Hulk.


Jenson Button- Saiu em 11º e só por isso, suas chances de ao menos continuar na disputa do mundial, foram aniquiladas. Na prova, trocou de pneus cedo e isso lhe deu a oportunidade de subir de posições quando os outros parassem. Terminou em quinto e junto delas, suas esperanças de título.


Nico Rosberg- Ele fez uma má classificação marcando o 13º tempo mas corrida, soube fazer boa estratégia e nem mesmo um problema de encaixe na roda dianteira direita, arruinou sua ótima prova de recuperação.


Michael Schumacher- Chegou estar entre os primeiros no Q3 de sábado, mas foi superado logo e fechou em oitavo. Durante a corrida mostrou bom ritmo, mas não o suficiente para ficar à frente de Rosberg.


Nico Hulkenberg- Foi o grande nome do fim de semana ao fazer uma volta canhão e ficar com a pole. Boas batalhas contra Alonso e Hamilton, mostrando que se tiver um bom carro em suas mãos pode fazer algo a mais. Mas para o ano que vem pode pilotar a carroça da Hispania, o que seria uma pena.


Robert Kubica- Boa classificação e na prova, foi atrapalhado por Petrov. Andou no bolo intermediário a corrida toda.


Kamui Kobayashi- Não brilhou como no ano passado, mas conseguiu salvar um ponto ao menos. Parecia ter problemas de freios, pois travava rodas direto no final da reta dos boxes. Seu único pecado é as classificações, se melhorar pode conseguir ao mais nas corridas.

As marcas de Ímola

A foto é do genial Rainer Schlegelmich (extraído do livro "Driving to Perfection") tirada da reta de Ímola após uma das largadas. ...