sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Foto 888: Luigi Chinetti e Lord Seldson, Le Mans 1949

 

A primeira vitória da Ferrari em Sarthe. E logo na sua primeira aparição.

Ainda com a Europa a se recuperar dos traumas da Segunda Guerra Mundial, as provas foram sendo retomadas aos poucos. Le Mans teve o seu retorno em 1949 e como a maioria das competições, contou com carros de dez anos antes.

A maioria dos carros ainda eram franceses, mas os britânicos se fizeram presentes com um bom número de carros inscritos somando um total de 15 carros, sendo que três não eram da casa. Justamente um desses, um Ferrari 166/M, que estava aos comandos de Luigi Chinetti e Lord Seldson, correria sob bandeira britânica. Havia mais um Ferrari 166/M que era de parceria de Chinetti com J.A. Plisson e que ficara para Jean Lucas/ Pierre-Louis Dreyfus. Apesar de ser um carro totalmente novo, frente a carros com mais de uma década, o que pesava contra o bólido vermelho era a sua fragilidade para uma prova daquele porte e por isso Enzo Ferrari recusou-se ir para Sarthe com a sua equipe. A prova não contou com equipes alemãs, mas um motor BMW estava equipando o único Frazer-Nash da corrida – que levou o mesmo nome do carro. Pelo lado dos britânicos a grande novidade remontava ao único carro de fábrica inscrito por eles, um Aston Martin DB2 com o motor do Lagonda 2.6. Apesar da boa expectativa, este não passou da sexta volta ao ter problemas na bomba d’água e deixar a dupla Leslie Johnson/ Charles Brachenburry na mão.

As novidades para aquela edição de 1949 eram do uso de combustível contendo gasolina, benzol e etanol, o que acabou por causar inúmeros problemas para vários competidores. Ainda no campo dos combustíveis, teve a primeira aparição de um carro movido a diesel: o Delettrez Diesel de Jean e Jacques Delettrez participou da corrida, mas acabaria por abandonar na 123ª volta por... Falta de diesel! A outra novidade foi um teste de transmissão carro/box via rádio com o Simca de Norbert Jean Mahé/ Roger Crovetto. A dupla fechou em 14º no geral.

Sobre a corrida, os temores do novo carro italiano foram dissipados ao final das 24 horas: Luigi Chinetti comandou o Ferrari 166/M por quase toda a prova, tendo pilotado por 23 horas! O motivo pelo qual ele tivera que fazer tal trabalho remonta ao fato de seu companheiro Seldson ter ingerido uma alta dose de conhaque antes da prova, e com isso ficando impossibilitado de andar com o Ferrari. Mas para Chinetti aquilo não era novidade, já que em 1932 ele pilotara por vinte horas quando venceu a sua primeira 24 Horas de Le Mans.

Enquanto que para Chinetti era a última conquista em Sarthe, para a Ferrari era o início de uma história de nove conquistas naquela prova.

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