Chove, chuva! A Ferrari deu o troco na Jaguar e levava a edição de 1954, debaixo de muita chuva |
Apesar de uma
intervenção da Mercedes em 1952 e de alguns incômodos causados pela Talbot em
algumas das últimas edições, ficava mais do que claro que o duelo real mesmo
era entre a Jaguar e a Ferrari pelo monopólio em Le Mans. A corrida de 1953
tinha sido disputada de forma brutal pelas duas fábricas ao levarem seus carros
ao extremo, tanto que foi decidida horas antes com a desistência da Ferrari de
Ascari/ Villoresi quando estes estavam no encalço do Jaguar dos futuros
vencedores Rolt/ Hamilton. Com a evolução natural de uma edição para a outra,
as duas fábricas apresentaram as suas armas: a Jaguar contava agora com o
modelo XK D, uma clara evolução do XK C (Type C), que agora tinha uma
aerodinâmica bem mais refinada contanto com uma adoção de uma barbatana na
seção traseira, além dos freios a disco já utilizados no seu antecessor – e com
sucesso. A Ferrari trouxe, também, uma evolução de sua 375MM que agora seria
denominada de 375 Plus. Mas a grande vedete mesmo estava no motor V12, que
subia de seus originais 340cv para 345cv: uma sensível melhora que dava a eles
uma potência de 95cv sobre os 250 do seis cilindros da Jaguar. Portanto, se os
ingleses investiam em aerodinâmica, os italianos apostavam na boa e velha força
bruta.
As duas fábricas
levaram juntas seis carros de fábrica, sendo três para cada uma: a Jaguar disponibilizara
o Type-D para Stirling Moss/ Peter Walker (#12), Tony Rolt/ Duncan Hamilton
(#14) e Peter Whitehead/ Ken Wharton (#15). A Ferrari entregou o 375 Plus para
Umberto Maglioli/ Paolo Marzotto (#3), Jose Froilan Gonzalez/ Maurice
Trintgnant (#4) e Louis Rosier/ Robert Manzon (#5). Já os franceses teriam que
contentar-se em serem os coadjuvantes, isso se conseguissem: a Talbot teve três
T 26 GS inscritos por equipes particulares, com Jean-Louis Rosier/ Pierre
Meyrant (#9), Pierre Levegh/ Lino Fayen (#10) e Jean Blanc/ Serge Nercessiant
(#10).
Aquela edição de 1954
teve a presença da chuva que foi constante por quase toda as 24 horas, mas isso
não impediu que Jaguar e Ferrari sumissem na frente quando a largada foi
autorizada debaixo de um verdadeiro pé d’água. A disputa entre os seis carros
foi tão intensa quanto o do ano anterior, mas os problemas logo limariam
quatro carros destas fábricas: o Ferrari #3 de Maglioli/ Marzoto teve problemas
em um dos eixos, enquanto que o #5 de Rosier/ Manzon abandonou na madrugada com
avaria no câmbio. A Jaguar também teve seus contratempos quando o #15 de
Whitehead/ Wharton deixou a prova com câmbio quebrado e o #12 de Moss/ Walker
teve problemas nos freios. Com apenas um carro de cada fábrica na pista, ambas
continuaram a batalha que foi facilitada a favor dos italianos quando o Jaguar
#14 da dupla atual vencedora (Rolt/ Hamilton) escapou em um dos trechos do
circuito francês e demorou a voltar. Isso foi mais que suficiente para que os
ponteiros Froilan Gonzalez/ Trintgnant abrissem boa vantagem sobre eles, a
ponto de sustentarem essa primeira colocação até a bandeirada, com quase uma
volta de vantagem para o Jaguar #14. A dupla da Ferrari tinha sido impecável
naquela edição, com a segurança de Maurice e a velocidade de Gonzalez que veio
baixar a marca da melhor volta em onze segundos - a marca anterior era de
Ascari, feita em 1953 com o tempo de 4’27. A segunda colocação ficou com o Jaguar
#14 de Rolt/ Hamilton e a terceira do Cunningham #2 de William Spear/ Sherwood
Johnston. A Gordini honrou os donos da casa ao posicionar o seu Gordini T15 na
quinta posição no geral com André de Guelfi/ Jacques Pollet ao volante – essa
marca serviu para garantir a vitória deles na classe 2001/3000cc. Menção também
para a Bristol que colocou seus três modelos 450 entre os dez primeiros (7º, 8º
e 9º) e ainda arremataram a trinca na classe 1501/2000cc tendo como vencedores
a dupla Peter Wilson/ Jim Mayers.
A Porsche continuou a
expandir o seu domínio nas subclasses ao vencer em duas: Johnny Claes/ Pierre
Stasse com o Porsche 550 na classe 1001/1500cc e Zora Arcus-Duntov/ Gonzaque
Olivier com o Porsche 356 na classe 751/1100cc.
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