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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Foto 292: Gilles e Jones

(Foto: Ventisetterosso/ Facebook)
Se havia um duelo que levantava os espectadores no final da década de 70 e início dos 80, era o de Gilles Villeneuve e Alan Jones. Dois pilotos rápidos e de trato bruto para com os carros e que não aliviam o pé durante uma disputa. Se encontraram várias vezes na pista, mas sempre com total respeito um para com o outro.
Na foto que encabeça o post, Villeneuve ultrapassando Jones na reta de largada de Mônaco para assumir a liderança que lhe daria a vitória mais tarde no Principado, em 1981.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Foto 283: Sem nada


"Ok Gilles, pode voltar para colocar a carenagem. Já matou a sua vontade!"
Talvez Gilles estivesse um pouco apressado em testar a nova Ferrari 312 T5 para a temporada de 1980 e nem deixou os mecânicos "vestirem" o carro para o teste. O canadense pegou a máquina e foi com ela "nua" para pista de Fiorano.
Foi um ano desastroso para a Ferrari aquele 1980, tanto que os únicos pontos (seis ao todo) foram conquistados - a fórceps -  pelo próprio Villeneuve.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Foto 276: Montreal, 1978

Alan Jones, Jody Scheckter e Gilles Villeneuve durante o GP do Canadá de 1978, que acontecia pela primeira vez na pista de Montreal.
O interessante neste instantâneo é que aparecem os campeões de vice das duas temporadas seguintes: Scheckter e Villeneuve - campeão e vice de 1979 - e Jones, campeão de 1980.
Isso sem contar nos inúmeros duelos que Alan e Gilles travaram durante algumas temporadas e que foram, sem dúvida, grandes momentos daqueles tempos.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Foto 239: Drift

Falamos tanto de Ronnie Peterson e Gilles Villeneuve que tinham pilotagens acrobáticas, fazendo o carro dançar de um lado para o outro como tornando-se um hipnose, e nos esquecemos, na maioria das vezes, que Tom Pryce tinham o mesmo dom de levar o seu Shadow ao limite extremo derrapando nas quatro e fazer o público ter a sensação de que poderia se estatelar no próximo muro a cada curva.
Na foto deste post o piloto galês levando além do limite a sua Shadow DN3 durante o fim de semana do GP do Brasil, no velho e saudoso traçado de Interlagos em 1975
.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Vídeo: GP de Mônaco, 1980

Mais uma raridade: o vídeo completo do GP de Mônaco de 1980, 6ª etapa, disputado em 18 de maio com transmissão pela TV Bandeirantes.
A pole foi marcada por Didier Pironi com o tempo de 1'24''813 e a vitória ficando com Carlos Reutemann que foi seguido por Jacques Laffite e Nelson Piquet. Emerson Fittipaldi terminou em sexto.
O principal destaque nesta corrida, como boa parte deve saber, é para o acidente de Derek Daily que catapultou sua Tyrrell após tocar na traseira do Alfa Romeo de Bruno Giacomelli. Além deles, Jean Pierre Jarier, companheiro de Daily na Tyrrell, e Alain Prost abandonaram no ato.
O outro destaque vai para as ousadas ultrapassagens de Gilles Villeneuve naquele dia, ao passar Arnoux e Patrese na Saint Devote em momentos distintos.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Gilles Villeneuve, o Humorista

No auge do seu sucesso na F1, Gilles Villeneuve participou de um programa cômico na TV canadense. Aparentemente estava a interpretar ele próprio neste "sketch" e dividiu o cenário com o ator canadense Gilles Latullipe.

Foto 197: Gilles

Gilles Villeneuve "testando" uma nova solução aerodinâmica na 312T4 em Long Beach, 1979 durante os treinos para o GP dos EUA do Oeste. O velho Gilles tinha algo contra as asas dianteiras...
Ele marcou a pole e venceu a corrida com quase trinta segundos de avanço sobre seu companheiro de equipe Jody Scheckter.
E hoje completa 31 anos do seu desaparecimento durante os treinos para o GP da Bélgica, em Zolder.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Foto 120: Estréia

Jody Scheckter e Gilles Villeneuve descendo juntos a reta de Kyalami, durante o GP da África do Sul de 1979. Foi a prova que marcou a estréia do 312T4 que acabou vencendo aquela corrida pelas mãos de Villeneuve e tendo Scheckter na segunda colocação, fazendo assim a primeira dobradinha ferrarista no ano.
O GP sul-africano também marcou a primeira pole de um carro com motor Turbo: Jean Pierre Jabouille fez a primeira marca nos treinos para a Renault, mas abandonou a corrida com problemas de motor.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Revista Speed, Edição 4

A quarta edição da Revista Speed trás este mês 80 páginas dedicadas a F1 e ao Endurance. Paulo Alexandre Teixeira, com a sua coluna "O Grande Circo", fala sobre o momento de baixa audiência das corridas de F1 aqui no Brasil. Além da desta coluna, ele fala também sobre os 35 anos da chegada de Gilles Villeneuve na F1 e os relatos do GP do Canadá de 1977, disputado em Mosport, onde também ele reservou um texto sobre James Hunt que resolveu dar um soco num fiscal de pista exatamente nesta corrida.
O mundial 2012 de F1 tem o seu espaço, onde Daniel Machado disseca as corridas da fase asiática que deu ao campeonato uma reviravolta à favor de Sebastian Vettel e Red Bull.
Bruno Mendonça e Patricia Sayuri escreveram sobre a etapa brasileira do WEC, que foi disputada em setembro. Enquanto que Bruno falou sobre a magistral primeira vitória dos japoneses no campeonato, Patricia esteve por dentro do evento trazendo a sua visão sobre esta primeira corrida do Mundial de Endurance sob a chancela da FIA. E o Bruno ainda escreveu sobre a carreira de Wurz, dos seus tempos de F1 até os atuais, onde ele divide o belo Toyota TS30 Hybrid com Nicolas Lapierre.
Não esquecemos, claro, de Alessandro Zanardi e Sid Watkins. O italiano emocionou e fez história em Brands Hatch, aos levar 3 medalhas paralímpicas nas provas de Handycycling da Paralímpiada de Londres. Bruno Mendonça escreveu sobre Sid Watkins, que faleceu no dia 12 de setembro.
Além do texto de Zanardi, eu também assinei o texto que conta a trajetória do primeiro e único título de Raul Boesel no Mundial de Marcas, a bordo do belo Jaguar XJR-8, que completou 25 anos no mês passado.
Pois bem, com essa apresentação, deixo com vocês o link da revista e desejo-lhe boa leitura!

http://speedrevista.wordpress.com/

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Foto 112: Um ano antes...

Gilles e Didier lado a lado na saída de box do circuito de Ímola, em 1981. Ambos terminaram aquela corrida, com Pironi ficando à frente de Villeneuve ao chegar em quinto e o canadense terminar em sétimo. Nelson Piquet venceu aquela prova, com Patrese em segundo e Reutemann em terceiro.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

Foto 96: Gilles e a asa

Gilles estreou pela Ferrari no GP do Canadá disputado em Mosport, 1977. Largou em 17º e terminou em 12º, mas antes disso ele deu seu cartão de visitas a Scuderia de como seriam os próximos anos ao carregar apenas a asa dianteira de volta para os boxes. Já o carro, ficou em algum lugar...

quinta-feira, 21 de junho de 2012

F1 Battles: Jarier vs Depailler vs Andretti vs Jones – GP de Long Beach 1979

Enquanto que Gilles Villeneuve e Jody Scheckter caminhavam rumo a uma dobradinha para a Ferrari em Long Beach, quarta etapa do Mundial daquele ano, Jean Pierre Jarier se defendia como podia dos ataques de Patrick Depailler e Mario Andretti na briga pelo terceiro lugar. Alan Jones juntou-se a eles voltas depois, e que acabaria por passar todos e ficar em terceiro. Mario ficou em quarto, Depailler em quinto. Jarier despencou para sexto, ficando com uma volta de atraso para Gilles que venceu a prova.

sábado, 19 de maio de 2012

Vídeo: GP de Mônaco, 1981

Sexta etapa do campeonato de 1981, disputado em 31 de maio, o GP de Mônaco contou com 20 carros no grid e apenas sete completando a corrida. Nelson Piquet foi o pole (1'25''710), mas abandonou na 53ª volta. Gilles Villeneuve venceu a prova com mais de 39 segundos de avanço sobre Alan Jones. Jacques Laffite completou o pódio.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Foto 80: Gilles em Mônaco, 1981

Gilles contornando a Lowes no GP de Mônaco de 1981. Ele chegou com mais de 30 segundos de avanço sobre Carlos Reutemann. Apesar de muito belo, o Ferrari 126CK era um chassi horroroso e apenas a virtuosidade de Villeneuve compensava a deficiência do carro.
Em Jarama, algumas semanas depois, ele daria outra amostra de como conduzir um carrode corrida.

Entrevista F1 Racing: Gilles Villeneuve, 1979


Início da temporada de 1979 da F1. Ligier e Ferrari eram as equipes a serem batidas naquele momento, mas na Scuderia havia alguém que estava chamando a atenção pela sua virtuosidade ao volante de sua 312T4. Gilles Villeneuve era o nome mais comentado da F1. Suas belas provas em 1978, incluindo uma vitória em Montreal, e o ótimo começo de campeonato em 79 (Gilles vencera duas das quatro primeiras corridas daquele ano), despertaram a curiosidade de saber de onde saíra o franzino e rapidíssimo piloto canadense. Chris Hockley colocou o gravador sobre a mesa e fez uma sabatina com o grande Gilles, que foi publicada no encarte da “F1 Racing” que acompanhava a 188ª Edição da revista brasileira “Racing”.



As Fitas de Hockley: Gilles Villeneuve Responde



Pouco pilotos são capazes de gerar tão boas lembranças como Gilles – então, se prepare para relembrar. O ano era 1979, e Chris Hockley entrevistou a sensação daquele momento na Fórmula-1.  


Chris Hockley: Há algumas coisas que eu gostaria de saber antes. Você foi campeão mundial de Snow-Mobiles?
Gilles Villeneuve: Fui campeão canadense em 1973, campeão mundial em 1974e canadense novamente em 1975.



CH: É verdade que você teve, certa vez, de vender sua casa para custear as corridas?
GV: Sim, em 1974 – meu primeiro ano na Fórmula Atlantic. Eu tinha uma vaga alugada e uma equipe nova (Ecurie Canada). Pagava cerca de U$$ 20.000 e esperava ganhar algum dinheiro durante a temporada de inverno de Snow-Mobile. Mas a grana não veio. Eu tinha um trailer que ainda não tinha sido pago, e todo o dinheiro que ganhava eu investia nas corridas. Logo, acabei com um problema...


CH: Acredito que você também tenha participado de três corridas (em monopostos) com a perna esquerda engessada – você a havia quebrado em um acidente. Isso é verdade?
GV: Não me lembro se foram duas ou três corridas. Foi uma temporada ruim de qualquer modo. Acho que tanto eu quanto o time éramos ruins naquele tempo.

CH: Quando foi isso?
GV: Eu sofri um sério acidente em julho de 1974, em Mosport (Ontário, Canadá). Quebrei a perna esquerda e pilotei, se não me engano, um mês depois com o gesso. Eu mal conseguia mexê-la para pisar na embreagem.

CH: Conte-me sobre a vitória na Fórmula Atlantic em Trois-Rivières, em 1976 – aquele foi o ponto de mudança na sua carreira?
GV: Sem dúvida. Lembro-me de ter marcado a pole por mais de 0.5s. Isso foi legal porque eu sabia que estava muito bem, no limite extremo o tempo todo.

CH: Você percebeu que aquela era a sua chance?
GV: Claro, mas foi igual a qualquer outra corrida. Eu sabia que James (Hunt) estava lá (pouco antes de vencer seu campeonato mundial) e alguns outros pilotos também. Mas sendo justo, para aqueles caras era mais difícil, como uma corrida simples. Eu sei que se James tivesse feito três ou quatro provas (de Fórmula Atlantic), aquela seria mais competitiva.

CH: E o resultado o levou ao seu contrato com a McLaren?
GV: Acho que foi um acordo de dois ou três anos em que eu deveria pilotar para eles em 1977 por quatro ou cinco provas, e também havia opção para 1978 e 1979. Então corri Silverstone e fui bem (classificou-se em 9º e cravou a quinta melhor volta), achando que estaria no time porque Jochen (Mass) estava em outro lugar. Mas, poucas semanas depois, eu ouvi que “se tivesse mais alguém interessado em mim, poderia ir em frente”, pois não renovariam o meu contrato por mais nenhuma temporada.

CH:  Isso deve ter sido muito desapontador.
GV: Claro, porque eu realmente achava que continuaria na equipe. Também fiquei um pouco surpreso e disse a mim mesmo: “Acho que algum outro time me chamará”. Mas, naquele tempo, James era o campeão mundial na McLaren, o que tornava aquela equipe a ideal para se estar.
Coisa de um mês depois, recebi um telefonema da Ferrari perguntando se eu queria pilotar por eles. Disse que sim, claro. Voei a Maranello para discutir os detalhes e estava pronto para assinar tudo ali mesmo. Só que eu não podia, porque meu contrato com a McLaren só terminaria em 1º de outubro. E a Ferrari não podia esperar. Então, depois de vários telefonemas, a McLaren finalmente disse que me liberaria apenas se eu assinasse com a Ferrari.

CH: Por que isso, você sabe?
GV:  Acho que se eu não assinasse, eles me dariam outro ano de opção, pois na minha opinião, eles pensavam que a Ferrari não me ofereceria coisa alguma.

CH: Isso parece algo muito estranho – especificar que teria de ser da Ferrari. Você sabe por que eles fizeram isso?
GV: Porque não queriam apenas me liberar. Eles não me queriam lá, mas, ao mesmo tempo, não sabiam o que poderia acontecer com James ou Patrick (Tambay, que assinou com a McLaren para a temporada de 1978). Essa foi a única razão pela qual eles decidiram me liberar antes de 1º de outubro. Então, logo que consegui a liberação, depois de Monza (11 de setembro), fui direto à fábrica da Ferrari, mas o acordo parecia ter sido suspenso. Eles estavam conversando com (Jody) Scheckter e (Mario) Andretti. Eu voltei para casa, pensando que não assinaria com a Ferrari. Duas semanas depois eu tinha de ir a Quebec para a última corrida da temporada Fórmula Atlantic, que eu venci e me deu o campeonato. Então, antes de viajar a quinta-feira, e sem ter recebido um telefonema da Ferrari, resolvi ligar, para o caso deles terem se esquecido. Falei com a secretária de lá e, então, recebi uma ligação de volta, perguntando se eu estava pronto para assinar. Disse que sim, claro, tínhamos um acordo. Enquanto isso, eu teria um fim de semana inteiro de corrida pela frente, por isso não disse uma palavra até que estivesse tudo assinado e sacramentado.
CH: Aquilo deve ter sido difícil...
GV: Sem dúvida.

CH: Você foi, claro, o sucessor de Niki Lauda na Ferrari. Isso o incomodava, suceder um piloto com tamanha reputação?
GV: Não, nunca me comparei a ele nem procurei seguir a sua trajetória. Claro, quero ter tanto sucesso quanto ele tem. Mas fui para a Ferrari como eu mesmo e não querendo ser comparado a quem quer que fosse. E tudo tem corrido bem.

CH: Você não sentia que devia provar algo?
GV: Não. Exceto o fato de que era meu primeiro ano e havia apenas duas corridas. Disseram-me para ir tranqüilo, mesmo que fosse o último – mas eu nunca quis ser o último, então fiz o meu melhor (no GP do Canadá, penúltima corrida de 1977). Tive um pequeno acidente nos treinos, mas não na corrida como todos esperavam.
Nos treinos, eu rodei e ao passar sobre um óleo na pista e, quando voltei, quebrei a suspensão do meu carro.

CH:  Em sua segunda corrida pela Ferrari, você sofreu um acidente trágico e espetacular no Japão (ao sair da pista e matar dois espectadores).Aquilo lhe afetou de algum modo na carreira?
GV: Na verdade, não. Claro, não gostamos de matar pessoas. Mas, para começar, as pessoas estavam em local proibido – se não houvesse gente ali, ninguém se machucaria; e aquilo não teria rodado o mundo – todos viram as fotos do acidente nas revistas. Não me agrada, mas gosto de ver o show continuar. A vida é assim.

CH: Evidentemente, muitas pessoas disseram que havia pressão para você deixar a Ferrari devido ao seu estranho contrato. Isso aconteceu?
GV: Não sei, a bem da verdade, porque continuei ouvindo que seria despedido. Então, como eu estava deixando o Canadá para viver aqui (Europa), fiquei tentado a ligar para eles e perguntar – mas desisti.
CH: Você ficou preocupado?
GV: Um pouco, quando toda a imprensa ao redor do mundo começa a dizer que você vai ser despedido... Disse a mim mesmo: “Ninguém falou que você estaria fora, e há um contrato, não tem problema”. Aí fui embora e ninguém disse nada. Comecei a trabalhar, e assim tem sido.

CH: Sempre se diz que a Ferrari tem um posicionamento muito político – que é temperamental e que pode favorecer ou “esquecer” alguém... Você sentiu isso?
GV: Toda equipe é política porque há muito dinheiro envolvido. Alguns menos, outros mais. Não acho que a Ferrari seja (mais política), mesmo nas quatro ou cinco últimas corridas do ano passado (1978), quando sofremos alguns acidentes, o motor estourou, pneus também – todo tipo de problema. Eu acho que comecei a ficar nervoso, não exatamente pressionando, mas esperando fazer melhor. Depois de Mônaco, fiquei tentado a dizer para mim mesmo: “Tudo bem, vá devagar na Bélgica e não quebre nada”. Mas, se eu começasse a fazer aquilo, teria sido lento e, provavelmente, teria batido de algum modo, devido à perda de concentração. Então, quando chegou o fim de semana, pensei: “Vou pilotar naturalmente e ver o que acontece”.

CH:  Mas houve um momento durante aquela temporada em que todos sabiam que (Jody) Scheckter entraria para a equipe, porém não se conhecia quem sairia para dar lugar a ele (Villeneuve ou Carlos Reutemann). Você ficou preocupado com aquilo?
GV: Achei que Carlos sairia.
CH:  Por quê?
GV:  Sempre senti. Ninguém me disse. Porque eu tinha um contrato de dois anos, não de um só. Você sabe, contrato é contrato. Seria estúpido da parte deles gastar todo aquele dinheiro comigo e então deixar que eu fosse embora para outra equipe, porque era óbvio que eu melhoraria com o tempo, ganhando confiança no carro. Então, Carlos sofreu um acidente nos treinos...
CH: Era uma questão circunstancial?
GV: Sim, todos diziam que eu sairia. Mas eu não me importava porque tinha ofertas de outras equipes. Boas ofertas mesmo, então se eu saísse da Ferrari, teria lugares bons para ir. Só que eu queria ficar lá.
CH: Você conversou com Carlos sobre o acontecido? Isso afetou seu relacionamento com ele?
GV: Eu falei, sim, e disse: “Você vai sair ou não?” e ele me perguntava a mesma coisa! Tínhamos um relacionamento muito bom...

CH: Você tem uma reputação, construída recentemente, de ser absolutamente destemido e de que não liga para os acidentes. Que é capaz de sofrer um e ir embora sem demonstrar nenhuma emoção. Isso é verdade?
GV: Não, absolutamente não. Acho que tenho tanto medo quanto todo mundo. Eu não sei – acho que tenho confiança...
O medo que tenho é de quebrar o carro. Não temo por mim mesmo. Às vezes, me vejo em uma situação complicada e consigo me safar. Mas quando isso acontece, digo: “Bem, você escapou de uma boa, hein?!”. Ou, no Japão, naqueles décimos de segundo que antecederam a batida, deu tempo de pensar: “Você vai ficar no hospital por uns bons meses, meu amigo”.
CH: Você lembra de ter pensado isso durante aquele acidente?
GV: Quando percebi o que estava acontecendo, pensei que ficaria no hospital. Ma eu espero por isso, sabe? Às vezes, eu sei que vou dar uma bela porrada e me machucar. Mas morrer? Nisso eu nunca penso. Dependendo do que acontecer, volto em outro carro e faço a mesma curva na mesma velocidade – sem problemas. Agora, se for um erro meu, então vai levar algumas voltas até que eu possa fazer o mesmo.

CH: Fale-me sobre sua família. Primeiro, quantos anos você tem?
GV: Tenho 27 anos (ou Gilles está brincando ou perdeu as contas – ele nasceu em 18 de janeiro de 1950, logo tem 29).
CH: Quais os nomes de sua esposa e filhos?
GV: O moleque é Jacques...
CH: Qual a idade dele?
GV: Sete. A menina, Melanie, tem cinco.
CH: E sua esposa?
GV: Jo-An.

CH: Você parece ser uma cara que gosta bem “do estilo família”.
GV: Ah, sim. Amo minha esposa e amo meus filhos. Adoro tê-los comigo na pista, pois de outra forma eu mal os vejo. Mas, na Ferrari, nós fazemos um monte de testes e vamos para os circuitos, então, acabamos nos vendo uma vez por semana.
CH: Eles vão às corridas com você?
GV: Para isso temos o motorhome que um amigo leva a todos os circuitos. Assim, posso levar meus filhos lá.
CH: Vai fazer o mesmo este ano?
GV: Não sei se vai dar, porque eles irão para a escola e perderão as três primeiras corridas. Talvez possam ir a cinco.

CH: E você, vai ficar em hotéis?
GV: Bem, eu prefiro o motorhome. Quase sempre durmo nele.
CH: Por quê? A maioria dos pilotos dorme em hotéis.
GV: Veja só, eu durmo sempre na mesma cama, com o mesmo travesseiro, no conforto. Em vez de acordar à 6h30, tomar café correndo e pegar um baita trânsito para chegar ao autódromo, posso acordar às 8h30, tomar café da manhã (do meu jeito), tomar um banho, bem à vontade, pois já estou na pista. E é a mesma coisa depois do treino - nada de trânsito para ir embora. É como estar em casa. Meu motorhome tem mais de 10 metros de comprimento e tem tudo – fogão, geladeira, chuveiro...
CH: Estou perguntando isso porque esse esporte é tratado como “machista” e “chauvinista”, e acaba afastando as famílias. É difícil para você conciliar as duas coisas?
GV: Não quero que a minha família seja importunada pela imprensa. Mas quero que meus filhos me conheçam, acima de tudo, e que minha esposa queira estar comigo e com as crianças.
CH: Você deixa o motorhome dentro ou fora do circuito?
GV: Sempre no paddock. Depois das 21, 22 horas, está sempre tranqüilo. É como no hotel – às vezes ainda melhor, pois não tem o risco de se ter um vizinho fazendo barulho.

CH: Agora, falando desta temporada, você venceu as duas primeiras corridas (das quatro disputadas: África do Sul e EUA) e superou Scheckter em todas as ocasiões. Isso gera atrito dentro da equipe?
GV: Acho que não e espero que não. É só uma questão de Jody se adaptar ao time e encontrar seu rumo. As escolhas de pneus que fiz na África do Sul e no Brasil, de traçar antes dele, e então em Long Beach, são um exemplo da experiência que tive no último ano com a Michelin, e isso ajuda um pouco. Experiência é algo que não se compra e que ninguém lhe pode contar – você tem de passar por aquilo, é o que penso. Mas de toda forma, nós somos bem rápidos – uma hora eu sou melhor, depois ele me supera. É tudo nos décimos de segundo.

CH: E vocês se dão bem?
GV: Ah, sim. Sem problemas.
CH: Vocês são tratados igualmente como pilotos “nº1”?
GV: Oficialmente Jody é o “nº1”, mas se há uma equipe em que tudo é igual, é a Ferrari: acerto do carro, motor, pneus... tudo. A única situação em que se vale esse status de “nº1” é quando os carros quebram e só há um reserva - a prioridade é dele.

CH:  Esta é a sua segunda temporada completa na F1. Você esperava este sucesso tão rápido?
GV: Bem, eu esperava ter algum sucesso e ser competitivo, sim, na minha segunda ou terceira temporada... dependendo do carro que tivesse. Se eu estivesse pilotando um March agora, com certeza não iria querer correr... Piloto um bom carro, tenho bons pneus e tiro o melhor deles. Mas, se, por exemplo, eu tivesse um Arrows, não faria o mesmo com grande vontade.
CH: Você está sendo modesto.
GV: Os pilotos na F1 são quase todos do mesmo nível – coisa de poucos décimos de diferença. Você precisa de alguém que diga: “Bem, se você não tem um carro, não vencerá corridas”. James ou Niki venceram bastante nos últimos anos, mas eles sempre tiveram carros ótimos, assim como Ronnie (Peterson) ano passado.

CH: Liderar o campeonato significa algo a você? É uma pressão a mais?
GV: Agora não significa muito... No final da temporada, seu eu continuar liderando, talvez signifique que sou campeão! Mas, ainda faltam 12 provas. Qualquer coisa pode acontecer e, mesmo na última corrida do ano, se eu precisar de apenas um ponto ou o que seja, não vou mudar meu estilo. Em cada corrida faço meu melhor e venço se posso.

CH: Você não sente mais pressão por isso?
GV: Não.

CH: Como parte da nova geração de pilotos que desafia as atuais estrelas...
GV: ...em alguns anos será minha vez...
CH: ...acha que tem algo a provar para si mesmo na Fórmula1?
GV: Não, acho que não. Fiquei muito feliz por ter recebido todas aquelas propostas no final do ano passado. Agora que tenho três vitórias nas costas e já fiz 23 corridas, penso que sou parte do circo.

CH: Você acha que pode ser campeão este ano?
GV: Não sei ainda. E não penso sobre isso. Talvez eu consiga, dependendo de como o carro se saia de uma corrida para outra. Não peço que o carro seja melhor que os outros. Só peço que ele seja tão bom quanto os outros, então, nós fazemos a diferença. Espero poder vencer o campeonato, claro. Mas não vou ficar desapontado se perder – esta é apenas minha segunda temporada de Fórmula1 e tenho muita coisa pela frente.

CH: Esta pode ser uma pergunta boba, mas eu acho que ainda precisa de uma resposta... Vencer o campeonato significa algo a você?
GV: Acho que sim, claro. Niki venceu dois, Emerson também dois e ele poderia ter levado três. Gostaria de fazer melhor que eles e para isso estou aqui.

CH: Você conseguiria se manter por tanto tempo na categoria?
GV: Me vejo pilotando até o 40 anos, nunca se sabe. Talvez em dois anos encha o saco, agora não. Eu gosto disso.

CH: Se vencer, ainda teria outras ambições?
GV: Sim, gostaria de ganhar as 500 Milhas de Indianápolis. Não é o tipo de corrida que gosto, mas eu queria experimentar.


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Algumas palavras de Patrick Tambay sobre Gilles Villeneuve


Patrick Tambay escreveu para a revista “F1 Racing” em 2007, ano que completara o 25º da morte de Gilles Villeneuve, um artigo sobre a sua amizade com o piloto canadense. E aqui colocarei alguns trechos deste belo texto feito pelo ex-piloto francês:

“Conheci Gilles em setembro de 1976, quando eu era piloto de Fórmula 2 Européia e fui convidado a competir na etapa da Fórmula Atlantic de Trois-Rivières, no Canadá. Aquela era uma excelente oportunidade para Gilles mostrar ao mundo o quanto era bom. Naturalmente, arrasou com todos, incluindo seu colega de equipe James Hunt, que disputava a Fórmula 1. E aquela surra funcionou porque James contou ao seu chefe na McLaren, Teddy Mayer, tudo sobre o jovem Gilles."

"Mas foi no ano seguinte que nossa amizade floresceu realmente. E começou na Can-Am, quando eu pilotava um Lola de Carl Haas e Gilles disputava com um Dallara de Walter Wolf. Nós nos demos muito bem. A gente costumava sair junto para se divertir. Naquela época eu já havia descoberto que Gilles adorava desafios insanos – algumas vezes ele costumava acelerar seu ski-doo (uma moto adaptada para a neve com esquis) pelo meio de compactos grupos de árvores e era realmente difícil de acompanhá-lo. No final de agosto havia duas corridas no Canadá, em Mosport e Trois-Rivières, e no intervalo entre elas fomos para a casa de Gilles em Berthierville, Quebec. Foi nessa ocasião que tentou passar com sua picape por uma subida muito íngreme e lamacenta no caminho – e atolou. Mas ele nunca desistia e passou o dia todo trabalhando e revisando até conseguir chegar ao topo.”

“Nessa época também tivemos nossas primeiras experiências na F1, em Silverstone. Eu consegui um lugar na Ensign enquanto que Teddy deu a Gilles a oportunidade de pilotar o terceiro carro da McLaren. E como ele pilotou naquele fim de semana! Gilles rodou em todos os pontos da pista, sempre buscando o limite. E depois brilhou na corrida, o que era típico. Embora fôssemos ‘rivais’ na disputa por um lugar na McLaren em 1978, isso nunca afetou a nossa amizade. Também estive em negociações com a Ferrari, mas fiquei doente no dia em que deveria me encontra com o Commendatore Enzo. Logo a seguir, depois do GP da Áustria de 1977, John Hogan, da Marlboro, me apresentou a Teddy em seu escritório em Londres e assinei com a McLaren. Então viajei aos Estados Unidos para uma corrida da Can-Am e fui logo dizendo a Gilles ‘Olhe, acabei de assinar com a Mclaren para a temporada de 1978, mas sei que a Ferrari está buscando um novato para ser parceiro de (Carlos) Reutemann no ano que vem. Telefone para eles.’ Gilles foi para o próximo GP (Holanda), assinou um contrato para 1978 e já pilotou para a Ferrari antes do final do ano.”

“É claro que a gente se envolvia em coisas muito loucas – como os rachas nas estreitas ruas de Cannes – principalmente a bordo do Ferrari 308 de Gilles. Ele o colocava de lado em todo lugar. Eu me lembro que uma vez acompanhamos Rallye Du Var e fomos para lá num Fiat Abarth 131. Gilles estava ao volante e absolutamente voando pelas estradas interioranas, por sobre saltos e pontes, fazia curvas dando cavalos de pau com o freio de mão, tudo o que ele tinha e o que não tinha direito. Acredito que estabelecemos os melhores tempos! Enquanto isso, no banco de trás estavam Melanie e Jacques. A pequena Melanie estava toda enrolada num canto, dormindo profundamente. E Jacques, então com sete anos de idade, estava em pé, no chão do carro, agarrado nos encostos dos dois bancos da frente e gritando: ‘Vai mais rápido papai, mais rápido!’ Assim era Gilles, um sujeito verdadeiramente destemido.”

Tambay a caminho da sua emocionante vitória em San Marino, 1983, com o Ferrari 27
Patrick, que saiu da F1 no início de 1982 após a greve dos pilotos em Kyalami, estava pilotando na Can-Am e CART pela equipe VDS e semanas antes da morte de Gilles, ele havia conversado com seu amigo sobre o acontecimento de Ímola. Segundo Tambay, Villeneuve estava aborrecido e acreditava que Pironi havia desrespeitado o acordo de não ultrapassagem e as ordens de equipe durante a corrida. Para o piloto francês, essa animosidade gerada em Ímola foi crucial para o que viria acontecer em Zolder.
Como um golpe do destino, Patrick acabou por pilotar o carro de seu amigo ainda naquele ano. E aqui ele conta como foi feito o convite: “Pironi me telefonou uma semana ou duas depois para perguntar, em nome da Ferrari, se eu assumiria o lugar de Gilles no carro número 27. Eu realmente tive de pensar muito sobre isso – havia muita emoção envolvida, mas no final concordei. Foi um acontecimento monumental em minha vida.”
Tambay estreou pela Ferrari em Zandvoort, nona etapa daquele campeonato, e terminou em oitavo. Nas provas restantes, ele conseguiu bons resultados, incluindo a vitória no GP da Alemanha que também tinha sido trágica para Ferrari, que quase perdera Pironi durante os treinos num acidente semelhante ao de Gilles. Ao final da temporada, Patrick assinalou 25 pontos com três pódios e uma vitória. Um belo desempenho e poderia até ter discutido o título, caso não tivesse ficado de fora de dois GPs (Suíça e EUA, no Caesar’s Palace) por fortes dores nas costas.
Mas para ele a maior emoção, mesmo, foi a vitória em Ímola, onde Gilles fizera a sua corrida: “O fim para mim foi em Ímola, na primavera seguinte, um ano após a última corrida de Gilles. A vitória foi minha, diante dos tiffosi, no carro 27 que foi de Gilles, largando do mesmo lugar do grid (Gilles largou em terceiro em 1982). Eu chorei. Foi muito emocionante e, novamente, senti que Gilles estava lá.”
Ao ler este relato de Patrick Tambay e lembrar-se de outras palavras ditas por Jody Scheckter sobre Gilles, chego à conclusão que ele não era apenas especial dentro da pista, na condução de um carro de corrida, mas também era uma grande pessoa, amigo pra valer.
Imagino o quanto que eles e outros tantos choraram quando Villeneuve partiu. Salut Gilles!


*Partes deste texto de Patrick Tambay, foram extraídos da Revista "F1 Racing" na edição de nº7 de Maio/Junho de 2007.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Foto 56: Viva, Gilles...

E, se estivesse vivo, completaria hoje 62 anos de idade. Gilles é um daqueles que, infelizmente, não pude ver correr. Mas agradeço imensamente à tecnologias de hoje que possibilitam isso, como o youtube, que tem várias imagens deste sensacional piloto.
Além desta foto, aqui fica um post com dois vídeos dele em Mônaco que, como todos sabem, é um lugar difícil pacas para ultrapassar.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Foto 36: Mass e Villeneuve

Uma das mais belas imagens com Villeneuve a perseguir Mass, que pilotava o a jóia dourada do Arrows A2, durante os treinos para o GP da França de 1979, em Dijon-Prenois.
Três anos depois a cena se repetiria, mas de forma trágica.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

F1 Battles- Keke Rosberg vs Elio de Angelis, GP da França 1983

Acredito que após o desaparecimento de Gilles Villeneuve em 82, Keke Rosberg é aquele que mais se aproximou dele em coragem e velocidade. E aqui fica mais um registro disso, onde ele trava uma batalha de uma volta contra Elio de Angelis durante o GP da França em Paul Ricard, 1983:

As marcas de Ímola

A foto é do genial Rainer Schlegelmich (extraído do livro "Driving to Perfection") tirada da reta de Ímola após uma das largadas. ...