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domingo, 9 de maio de 2021

GP da Espanha - À risca

 

(Foto: Mercedes/ Twitter)


Simbiose é algo interessante: ou aparece de imediato e faz um estrago impressionante ou então é conquistada aos poucos e depois de um certo tempo torna-se uma fortaleza quase indestrutível, a ponto de não ser fácil de ser batida. Mercedes e Hamilton se encaixam bem nessa situação e a corrida da Espanha é um prova disso.

A princípio, quando Hamilton foi para os boxes de forma repentina, era difícil acreditar que ele chegasse em Verstappen a ponto de tentar assumir a liderança. Mas a Mercedes talvez tenha se lembrado do GP da Hungria de 2019 onde Lewis tirou uma grande diferença para Max com uma estratégia que deixou a Red Bull sem saída e forçou os rubro-taurinos a deixarem seu piloto na pista. Ficou e foi presa fácil para Lewis e Mercedes. E hoje na, Espanha, o cenário foi igual... e com resultado igual ao 2019.

Hamilton tirou uma diferença de 23 segundos para Max usando os mesmos pneus médios, porém com 12 ou 13 voltas mais novos que o do holandês. Isso fez uma enorme diferença. Por outro lado, faltou tato da Red Bull em não chamar Verstappen logo após a ida de Hamilton e isso complicou bastante a chance do jovem holandês em tentar, pelo menos, lutar de forma justa pela vitória contra uma eficiência já conhecida dessa simbiose Mercedes/ Hamilton. Assim como na Hungria, Max foi presa fácil para Hamilton que assumiu a liderança faltando cinco voltas para o final e não teve chances de defesa.

Apesar de ter sido mais uma vitória para Hamilton, é de sempre destacar que o inglês - mesmo quando não bota fé na estratégia da equipe - a cumpre de forma precisa e procura transformar uma situação duvidosa em vitória - que poderia ter sido até mais fácil não fosse o vacilo na largada. Ele chegou próximo de Max duas vezes na corrida, mas por destracionar na saída da chicane, perdia um pouco do ritmo e isso influenciava bastante na hora de tentar o uso da asa móvel. E isso foi possível nas voltas finais com uma borracha mais em dia para pegar o vácuo do Red Bull e assumir a liderança. Portanto, não basta ter uma equipe bem alinhada e um carro muito bom, é preciso saber utilizar todo este conjunto ao seu favor. E Hamilton soube fazer isso, através de uma estratégia arriscada e brilhante da Mercedes.

Essa briga de gato e rato entre Mercedes/ Hamilton e Red Bull/ Verstappen terá um próximo capítulo em Monte Carlo onde, em tese, a Red Bull tem o favoritismo.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

GP de Portugal - Marcação

O momento em que Hamilton supera Verstappen na briga pela segunda posição
(Foto: Autosport/ Twitter)


Talvez este GP português, no sempre belo e desafiador circuito de Portimão - que já caiu nas graças dos fãs - não tenha sido tão emocionante quanto o do 2020, mas foi palco de mais uma batalha entre Hamilton e Verstappen. A marcação cerrada entre os dois foi a marca registrada no inicio e no fim da prova, mesmo que o ritmo da Mercedes de Hamilton tenha melhorado consideravelmente - mesmo usando os pneus duros no único pit-stop feito pelo sete vezes campeão, a exemplo de Max, Bottas e Perez.

O vacilo de Lewis na relargada - originada pelo SC que entrou após o toque entre as duas Alfa Romeo, com Kimi Raikkonen levando a pior - deu a oportunidade para Max conseguisse a ultrapassagem no final da grande reta. Porém, com um ritmo bem melhor, Hamilton aproveitou para começar a tirar a diferença e aproveitar-se mais tarde de um erro de Verstappen para ultrapassá-lo no final da reta dos boxes. Não demorou muito ao inglês chegar e passar Bottas que vinha com um ritmo um pouco abaixo de seu companheiro. É bem provável que tenha havido intervenção de Toto Wolff nessa situação, mas a melhor velocidade do inglês era evidente e bastava algum tempo para que ele superasse o finlandês - mas ha de se dizer que a intervenção seria necessária, uma vez que Max ainda estava por perto e não valia a pena deixar Valtteri travando o rendimento de Lewis. 

A real disputa pela vitória ficou no passado com essa manobra de Lewis superando Bottas e o finlandês trabalhando no que podia para segurar o ritmo de Max, que não estava no melhor dos dias do Red Bull - e isso ele reconheceu nas entrevistas. Tanto antes da troca de pneus, quanto depois, Hamilton esteve rápido o suficiente para manter-se a frente e contra-atacar qualquer que fosse a reação de Max que parara antes e tinha conseguido ganhar a posição de Bottas nos boxes. Se não dava para alcançar Hamilton, o jeito era se preocupar com Valtteri, mas o pobre finlandês teve o azar do escapamento apresentar problemas e limitar seu rendimento e o tirar da luta pelo segundo lugar - ao menos teve um pingo de sorte nesta situação, já que Sergio Perez estava longe de alcançá-lo. 

Abrindo um pequeno adendo ara uma corrida morna como esta de Portugal, é de se destacar o bom rendimento de Fernando Alonso após uma qualificação sofrível onde o espanhol ficou na 13ª posição e seu companheiro de Alpine, Esteban Ocon, ficando num ótimo sexto lugar. Alonso conseguiu esticar a sua parada de box realizando ela quando estava em sexto e quando voltou para corrida, já estava em 11º e daí em diante foi escalar o pelotão até terminar em oitavo com um pouco mais de 1 segundo de atraso para Ocon que terminou em sétimo. Como o próprio Alonso chegou falar, ele concentrou toda raiva pela má classificação na corrida e salvou bons pontos e ainda diminuiu o prejuízo para Ocon. Foi um final de semana muito bom para uma equipe que na sua encarnação passada, a Renault, fechou com bons resultados o ano de 2020.

Voltando para a batalha na dianteira, tanto para a Mercedes quanto para a Red Bull esta temporada será pautada por jogos de equipe justamente por ter um cenário tão apertado que está nesse momento e que pode muito bem se estender por toda a temporada. Numa corrida pode ser a Mercedes a dominante, como em outra pode ser a Red Bull e em outras um parelhamento nos desempenhos que será decidido nos detalhes. 

Em Barcelona, por mais que seja um circuito modorrento para a Fórmula-1, dará um cenário importante de como está a real força das equipes.

domingo, 28 de março de 2021

GP do Bahrein - Um real Dogfight

Lewis Hamilton e Max Verstappen foram os grandes nomes deste GP barenita
(Foto: FIA/Twitter)

Aquele período curto dos testes de pré-temporada lá em Sakhir nos dava um cenário bem diferente e ao mesmo tempo complexo: enquanto víamos uma Red Bull parecer andar sobre trilhos e tendo o acompanhamento da irmã Alpha Tauri com bom ritmo, a Mercedes parecia perdida e isso refletia em sua cliente mais próxima que é a Aston Martin. Um carro nervoso, com uma suspensão que não dava aos pilotos a oportunidade de usar os pneus de forma integral e mais uma temperatura elevada, dava a entender que a Mercedes teria um final de semana mais complicado do que poderia parecer já na etapa de abertura ali mesmo no circuito barenita. 

Passados 15 dias a sensação de ver a Mercedes em dificuldades foi amaciada para esta etapa e pudemos ver muito bem quando os treinos iniciaram, mesmo que Max Verstappen tenha doutrinado os treinos livres e classificação com ritmo muito bom e isso indicava que a Red Bull era sim a favorita a vencer em Sakhir. Mas treinos são treinos e corridas são corridas. Apesar daquele gap de distância entre Red Bull e Mercedes ter beirado os oito décimos, como indicavam após os testes, pareceu cair para meio segundo nos treinos livres e na classificação Hamilton ficou três décimos de Verstappen, que realizara uma volta excelente para cravar a sua quarta pole na carreira. 

Mas é na corrida que as coisas importam de verdade e nem sempre os treinos livres conseguem dar a real diretriz do que pode acontecer. Verstappen largou bem e foi seguido por Hamilton, mas o inglês não deixou que a diferença entre eles chegassem aos dois segundos e isso foi primordial para que a Mercedes chamasse seu piloto para o pit-stop e lhe desse um jogo de pneus duros e conseguisse andar mais veloz que Max, que acabou esticando a seu stint com os médios e quando resolveu parar nos boxes caiu para segundo. Lewis se manteria na liderança até a 29 volta, quando foi aos boxes pela última vez e colocou novamente um jogo de pneus duros e como da outra vez, passou a diminuir a diferença para Max que faria seu pit-stop na 40ª volta colocando, também, pneus mais duros. Tendo um pneu 11 voltas mais novos, a chance de Max era nítida e a espera era pra quando ele poderia chegar e passar por Lewis que chegou a escapar na curva 10 e perder um segundo para Verstappen que aproveitou-se muito bem para efetuar a ultrapassagem na curva quatro em bela manobra por fora, mas ele acabou espalhando e levando vantagem na manobra feita na curva quatro e precisou devolver a posição mais adiante. Como a prova teve uma volta a menos devido o segundo procedimento de largada após o Red Bull de Sergio Perez ter ficado parado na pista após uma pane, a corrida desceu de 57 para 56, Max não teve mais tempo para tentar reaproximar de Lewis que acabou vencendo na abertura do mundial sua 96ª prova. 

Por mais que a corrida tenha tido um vencedor que todo mundo conhece e já está cansado de ver, não pode-se dizer que foi uma conquista fácil. Como bem disse, as coisas poderiam se desenhar mais desastrosas pelo que foi visto nos testes e depois diminuído nos treinos para depois na corrida, as duas equipes andarem bem próximas. As estratégias dos pneus foram o toque no meio dessa batalha de nervos que foi a prova do Bahrein, onde a Red Bull foi a grande derrotada num final de semana que podia ter sido perfeito com Max Verstappen dominando todas as ações. Lewis Hamilton efetuou de forma correta toda a estratégia e isso foi fundamental para que a Mercedes chegasse ao grande trunfo nessa prova e isso dá uma moral e tanto. As reclamações de Max logo após a bandeirada, onde ele disse que preferia ter tomado os cinco segundos, já que poderia ter ampliado a vantagem acima dos cinco segundos até rapidamente, mostram que a Red Bull poderia ter saído com a vitória mesmo tendo sido encurralada pela equipe alemã na estratégia. Neste momento acredito que tenham o melhor conjunto, mas não podem vacilar com uma Mercedes que pode - e deve - recuperar-se ainda mais nas próximas etapas. 

Portanto, não foi nenhum exagero quando Toto Wolff disse que as coisas seria uma "verdadeira briga de cães" quando os treinos livres terminaram na sexta-feira. 

Embolados

A largada para o GP do Bahrein
(Foto: Fórmula-1/ Twitter)

O meio do pelotão é algo que tem chamado atenção e isso faz um bom par de temporadas, mas desta vez a briga parece mais visceral que o normal. Alpha Tauri apareceu e muito bem desde os treinos, mas os problemas na asa dianteira do carro de Pierre Gasly acabaram minando as chances da equipe conseguir um bom resultado. Porém, o estreante e aguerrido Yuki Tsunoda conseguiu dois pontos para a equipe. A Ferrari também esteve em boa prova com Charles Leclerc e Carlos Sainz que já haviam largado entre os dez primeiros, travando bons duelos com Alpine, Aston Martin e Mclaren, conseguindo marcar pontos com os dois pilotos. Mclaren foi outra que esteve muito bem desde os treinos, especialmente com Lando Norris que usou bem seu tempo de casa para dominar o seu novo companheiro de equipe Daniel Ricciardo. Foi um inicio bem animador para Mclaren ao marcar pontos com seu dois pilotos. Alfa Romeo chegou a flertar com os pontos nesta primeira etapa, o que pode considerar até mesmo um avanço se olharmos para 2020 e a dificuldade dos dois pilotos. Alpine teve um bom presságio com a nona colocação de Fernando Alonso e até que as primeiras voltas do espanhol foram boas, principalmente em se envolvendo em duelos com Vettel e Sainz, mas problemas no carro logo após a primeira parada de box e depois detritos na entrada de ar dos freios, fez com que Alonso perdesse rendimento e abandonasse quando já estava fora da casa dos pontos. Esteban Ocon, que saiu da 16ª posição não conseguiu ir além da 13ª colocação - talvez o toque que levou de Sebastian Vettel na freada para a primeira curva tenha atrasado bastante o francês. 

Sobre Vettel, tinha uma grande expectativa em torno de sua estréia pela também re-estreante Aston Martin, mas as coisas não foram as melhores para ele: uma classificação complicada que o deixou o deixou de fora do Q2 e ainda teve o desrespeito com as bandeiras amarelas que deu a ele uma punição de cinco posições no grid e ainda três pontos na carteira que acabaram convertendo em cinco no domingo por conta do incidente com Ocon. Stroll conseguiu salvar o final de semana da equipe ao terminar em décimo, perdendo a nona posição para Tsunoda nas últimas voltas, mas com bom ritmo e andando frequentemente entre os dez primeiros. Já Williams e Haas continuam seu calvário, mas com uma melhora sensivel da equipe inglesa que pode, neste momento, se vangloriar em não ter ficado nas últimas posições. Para a Haas a nova dupla foi bem problemática: Nikita Mazepin já escapou logo após a largada no lado oposto onde teve o terrível acidente de Romain Grosjean ano passado, mas sem grandes consequencias desta vez. Já Mick Schumacher acabou rodando na curva quatro, mas prosseguindo para fechar em 16º.

A categoria volta no dia 18 de abril para a realização do GP da Emilia Romagna em Ímola.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

GP da Toscana – Cartão de Visitas

 

Lewis Hamilton num dos mais belo cenários desta temporada: vitória de número 90ª
(Foto: Mercedes/ Twitter)

Qualquer circuito que venha fazer sua estreia na Fórmula-1 sempre vai gerar uma grande curiosidade. Mugello não é tão desconhecida assim: além de ser uma das pistas de testes da Ferrari, é um das catedrais sagradas do motociclismo. Para os entusiastas, exclusivamente daqueles que acompanham apenas a Fórmula-1, era um novidade a ser observada com atenção: uma mistura de curvas velozes com partes mais estreitas e com caixas de brita por todos os lados, essa corrida servia como uma grande oportunidade de ver como seria esta primeira aparição da categoria neste circuito centenário.

A julgar pela primeira largada, a corrida passava um cenário interessante: a melhor largada de Bottas jogou Hamilton para segundo e isso trazia uma possibilidade de vermos como seria um possível duelo entre os dois pilotos da Mercedes, uma vez que Valtteri esteve muito bem nesta pista em todos os treinos – exceto na qualificação, onde Lewis mostrou mais uma vez seu passo de gigante ao anotar a sua 95ª pole na carreira. Mas o enrosco logo na segunda curva que eliminou Verstappen e Gasly, fez com que o SC fosse acionado para a retirada dos carros. Quando relargada foi autorizada, o múltiplo acidente na parte de trás envolvendo Lattifi, Giovinazzi, Magnussen e Sainz, fez com que a bandeira vermelha entrasse em ação. Dessa forma, assim como na última semana em Monza, teríamos um novo procedimento de largada parada.

Essa nova largada deu a Hamilton a chance de pular na dianteira, aproveitando-se bem do vácuo do Mercedes de Valtteri para contornar a curva por fora e assumir a liderança. Mesmo com Bottas tentando optar em usar compostos diferentes do de Hamilton, o finlandês acabou tendo de parar antes por conta do desgaste e também por ter reclamado de vibrações nos pneus e assim foi chamado antes, colocando os pneus duros. Hamilton  veio parar uma volta depois e colocar os mesmos compostos. O acidente de Lance Stroll na veloz Arrabiata 1 fez com que o SC entrasse mais uma vez e Bottas teve um oportunidade de parar e fazer sua parada para colocar os pneus macios, porém Hamilton, que havia passado pela reta dos boxes exatamente quando foi acionado o Safety Car, conseguiu ainda tempo para completar a volta, trocar para os macios e voltar na frente de Valtteri – para mais uma vez a bandeira vermelha entrar em ação e forçar uma nova largada parada. Desta vez, não teve nenhuma surpresa: Hamilton conseguiu controlar bem sua vantagem para Bottas – que oscilava entre 1.3 segundos até 2.0 segundos – para conquistar sua sexta vitória na temporada.

Apesar de toda a bagunça causada pelos acidentes, a corrida foi interessante do terceiro para baixo. Sem a presença de Max – que seria o terceiro ocupante natural do pódio – a terceira posição foi objeto de desejo: Charles Leclerc chegou ocupar essa posição por algum momento, mas todos sabiam que ele não teria muito o que fazer frente a carros mais velozes e se viu despencar pela tabela para terminar em oitavo; Lance Stroll era outro que podia muito bem ter levado este terceiro lugar, mas os problemas na seção traseira de seu carro acabou jogando-o no muro de pneus da Arrabiata 1 e fazendo um belo estrago em seu Racing Point; Daniel Ricciardo parecia ser o piloto da tarde e fez relembrar seus tempos de Red Bull, onde imprimia sempre boa velocidade após as relargadas e isso o fez subir para terceiro. Talvez até conquistasse o pódio, não fosse a bandeira vermelha e isso deixou caminho aberto para que Alex Albon subisse de produção e partisse para o ataque e ultrapassasse o australiano. O anglo-tailandês ainda deu uma perspectiva de que poderia alcançar as Mercedes, que foi logo rechaçada com o aumento de ritmo dos dois carros negros. Mas foi o suficiente para que Alex subisse, enfim, ao pódio pela primeira vez. Quem teve a oportunidade de marcar o primeiro ponto neste campeonato foi George Russell, que viu a oportunidade aparecer após a série de acidentes. Infelizmente não teve tempo – e nem folego – para conseguir atacar e ultrapassar Sebastian Vettel – este escapou duas vezes dos acidentes, sendo que na primeira teve a asa dianteira danificada após acertar o carro rodado de Sainz – que acabou em décimo. E para a Ferrari, que comemorou o seu GP de número 1000 em Mugello, o estrago bem reduzido frente a péssima temporada que é feita até aqui. 

Esta prova significou a 100ª vitória da Mercedes na Fórmula-1, enquanto Hamilton chegou a sua 90ª conquista e fica, assim, a uma vitória de igualar a marca de Michael Schumacher – que pode ser empatada já na prova da Rússia daqui quinze dias – e ainda teve o recorde de 222 GPs na zona de pontos.

Até o final da temporada a história estará feita.

 

domingo, 16 de agosto de 2020

GP da Espanha – Sem sustos

Hamilton durante o final de semana em Barcelona
(Foto: Mercedes/ Twitter)

É claro que a vitória de Max Verstappen no GP dos 70 anos da Fórmula 1 deu uma animada e automaticamente abriu uma possibilidade de que o GP da Espanha pudesse ter algo na mesma linha, principalmente quando foi verificado que a prova espanhola seria com forte calor. As simulações que foram feitas nos treinos livres de sexta-feira indicavam que Verstappen tinha uma ligeira vantagem sobre as Mercedes no uso dos pneus macios e médios, o que aumentava ainda mais a possibilidade de um desafio como o da corrida anterior. Apesar de toda essa expectativa, devemos lembrar que a Mercedes estará sempre pronta para um contra ataque após uma derrota como aquela em Silverstone.

O apagar das luzes vermelhas acabaram revelando um cenário já bem conhecido por todos, mas com o detalhe apresentado por Hamilton que procurou poupar os pneus macios e controlar qualquer ataque por parte de Max Verstappen, que fez um boa largada e pulou para segundo. Para Bottas, que não teve uma boa partida, lhe restou procurar lutar com Stroll para recuperar, ao menos, o terceiro lugar.

A estratégia pareceu funcionar bem quando a diferença, que estava em torno 1 segundo a 1 segundo e meio, começou aumentar um pouco antes da décima volta elevando a diferença até os seis segundos entre Hamilton e Max. Se a esperança era de que os Mercedes tivessem problemas de pneus, foi o holandês quem teve os primeiros sinais de desgaste e precisou parar nos boxes para colocar os pneus médios. Mesmo com Lewis parando algumas voltas depois, ele conseguiu voltar com quatro segundos de vantagem sobre Max, onde a diferença chegou descer paras os três segundos e meio e depois voltou aumentar. Esse aumento na diferença ficaria ainda maior mesmo após o segundo pit-stop, quando Hamilton passou para vencer com 24 segundos sobre Verstappen. Porém é preciso dizer que o holandês não teve incomodo por parte de Bottas, que passou toda a corrida em terceiro e mesmo quando parecia ter chances, após colocar pneus macios, não conseguiu se aproximar de Max. Para Hamilton, que venceu seu 88º GP, essa corrida lhe deu a liderança absoluta de pódios ao chegar a marca de 156 e passar Michael Schumacher. Uma bela volta por cima após o desastroso GP de 70º aniversário d categoria.

Como de costume, a corrida em Barcelona não nos deu grandes emoções. Alguns duelos no meio do pelotão, como o de Norris vs Leclerc e Sainz vs Albon, deu uma breve animada, mas não o suficiente para sair do normal marasmo que este circuito. Até mesmo uma possível chuva, que esteve nos arredores do circuito – e que chegou a chover há cerca de 1km do local do autódromo – não chegou, o que poderia ajudar bastante no ganho de alguma emoção.

Este GP foi mais um calvário na epopeia que tem sido a relação conturbada entre Vettel e Ferrari, onde o piloto alemão não conseguiu passar para o Q3, mas na corrida conseguiu maximizar o que teve em suas mãos para poder salvar um heroico sétimo lugar após a Ferrari deixá-lo na pista com pneus macios por 36 voltas – ele largou e fez o primeiro stint de 30 voltas com os médios. Apesar de tudo, foi uma ótima apresentação de Sebastian. Charles Leclerc acabou abandonando com problemas, após seu motor parar de funcionar na chicane e fazê-lo rodar. Conseguiu ir para os boxes, onde acabou sendo o único piloto a abandonar hoje.

A Fórmula-1 voltará no GP da Bélgica, que será realizado no dia 30 de agosto, com a esperança de que seja bem melhor do que este GP espanhol.


domingo, 9 de agosto de 2020

GP 70 Anos da Fórmula -1 – Embolsando a Mercedes

Max Verstappen durante o GP dos 70 Anos da Fórmula-1: uma grande vitória sobre a Mercedes
(Foto: Red Bull/ Twitter)

Esta situação especial em que a Fórmula-1 se encontra sobre os circuitos, tem trazido algumas variações bem interessantes: na Áustria, a Mercedes venceu as duas corridas, mas apenas na segunda é onde a equipe conseguiu um domínio amplo. Dessa vez, em Silverstone, venceu com autoridade na primeira corria (o GP da Grã Bretanha), mas os sustos com seus dois carros nas voltas finais – onde Bottas e Hamilton tiveram pneus furados – deixaram um grau de alerta para a etapa comemorativa que foi realizada neste final de semana, intitulada de Grande Prêmio dos 70 Anos da Fórmula-1.
A bem da verdade, o recado sobre o uso dos pneus tinha sido dado já naquele final de semana do GP bretão e talvez apenas uma equipe tenha captado a mensagem e ousado para a corrida, já na qualificação: o uso de pneus duros por parte de Max Verstappen já no Q2, dava uma grande oportunidade para a Red Bull tentar eclipsar a Mercedes durante o GP. A boa qualificação de Max (4º) ajudou bastante, mas ele teria que superar um soberbo Nico Hulkenberg que teve mais uma oportunidade de pilotar pela Racing Point após mais um teste de Sergio Perez dar positivo para Covid-19. A terceira posição de Hulkenberg seria um escudo bem vindo para o duo da Mercedes, que tinha desta vez Bottas na pole e Hamilton na segunda posição. O apagar das luzes vermelhas verificou uma bela largada de Max Verstappen que eliminou Nico de imediato e o colocou na cola da Mercedes.

Um outro ponto foi muito importante para que as coisas dessem certo a Max e Red Bull: o fato dele não seguir os conselhos do engenheiro para poupar pneus, foi uma bela sacada. Ele sabia que quanto mais forçasse o ritmo, mais os pneus médios de Bottas e Hamilton se desgastariam e isso foi primordial para que ele assumisse a liderança assim que os dois Mercedes fossem aos boxes. Usando os pneus mais duros, pode alongar sua parada de box para colocar os médios na voltas 26 para se livrar dos mesmos na volta 32, quando voltou a usar os duros.

A cartada da Red Bull deixou a Mercedes ainda mais atordoada, pois o alto desgaste que os dois carros tinham, os deixavam expostos a ponto de não ter muita arma para contra-atacar Max. Talvez tenha até aparecido em algumas situações: quando Verstappen parou e colocou os pneus médios, o período que ele ficou na pista nunca conseguiu abrir uma diferença superior a dois segundos e meio para Bottas. Teria sido um momento interessante para forçar o ritmo e tentar ver o que acontecia e a outra oportunidade foi quando Max e Valtteri pararam juntos na volta 32 para colocarem pneus duros e, mais uma vez, faltou um pouco de ousadia para o finlandês tentar forçar o ritmo e procurar incomodar o holandês. Por outro lado, é bem provável que a orientação da Mercedes tenha sido até mais conservadora devido os problemas da semana passada e, sendo assim, os fantasmas de um possível estouro de pneus deve ter voltado a assombrar. Pelas tomadas em Slow Motion e nas câmeras onboard, dava para perceber que os pneus de Valtteri costumavam estar até melhores que os de Hamilton, que sofreu um bocado com as inúmeras bolhas que se formaram nos três conjuntos de pneus que utilizou. E eles apareciam de forma precoce, o que atrapalhou bastante o desempenho do inglês. A boa estratégia em deixá-lo mais tempo na pista – entre as voltas 14 e 41 – usando os pneus duros, foi um alivio para uma situação que se desenhava apenas uma terceira posição para ele. Aproveitou-se bem para imprimir um bom ritmo nas últimas voltas e chegar em segundo, diminuindo um pequeno prejuízo.

A Red Bull esteve bem nessa corrida e isso pode ser percebido, também, pela ótima recuperação de Alex Albon durante a corrida e fazendo bom uso dos pneus duros a partir da sexta volta e trocando pelos mesmos na volta trinta, indicando que o carro estava muito a vontade com aquele tipo de borracha. Outro que fez uma bela corrida foi Charles Leclerc, repetindo o quarto lugar da última semana, mas desta vez com um bônus de dificuldade que foi de ter largado em oitavo. Mas não podemos dizer o mesmo de Sebastian Vettel, que tem passado maus bocados com aquele carro da Ferrari. O péssimo final de semana do GP bretão, deu continuidade neste dos 70 Anos e com agravante dele ter rodado já na largada, mas as estratégias da Ferrari não foram das melhores para fazer o piloto subir na classificação e terminar na mesma 12ª posição da qual ele largou. O seu nervosismo no rádio dá o tom do clima que está entre ele e quem dirige a equipe.

Depois de uma vitória tão grande por parte de Max e Red Bull em Silverstone, conseguindo encurralar a Mercedes nas estratégias de pneus, lhes dá um gás a mais para a corrida em Barcelona na próxima semana. E quem sabe, novamente, manter a Mercedes no bolso no GP espanhol.

domingo, 2 de agosto de 2020

GP da Grã Bretanha - Quem estourar por último...

Lewis Hamilton passando para vencer em Silverstone em três rodas

Antes de mais nada, o GP da Grã Bretanha foi bem abaixo do que se podia esperar. Não por conta das Mercedes, que ultimamente tem feito um sério revival da Williams na temporada de 1992, mas por não ter tido nenhuma batalha interessante nas primeiras posições. Fora a largada, onde Charles Leclerc tentou animar a contenda ao ultrapassar Max Verstappen e logo em seguida tomou o troco do holandês, a corrida naquelas posições abaixo das Mercedes foram bem insossas.
As melhores, talvez, tenha sido no pelotão intermediário onde as Mclarens batalharam contra a Racing Point de Lance Stroll, as Renault de Daniel Ricciardo e Esteban Ocon e mais a Ferrari de Sebastian Vettel, que mais parecia um outro carro se for comparar com o de Charles que conseguiu um ótimo quarto lugar no grid e ficou por ali na corrida toda. Até mesmo a Alpha Tauri de Pierre Gasly esteve bem, conseguindo aplicar uma bela ultrapassagem sobre a Ferrari de Vettel na últimas curvas antes da entrada da reta dos boxes. Parafraseando Cristiano Da Matta no GP do Brasil de 2003, quando foi perguntado sobre o carro da Toyota, o brasileiro falou que "se o carro estivesse de ré, talvez fosse melhor". Bem provável que o caso de Vettel neste fim de semana tenha sido bem próximo dessa situação do Da Matta.
Os acidentes de Magnussen logo no início da corrida - ao ser tocado por Albon - e depois a forte batida de Kvyat, que destruiu o Alpha Tauri, podiam ter mexido no status da prova - pelo menos nas posições intermediárias -, mas isso não aconteceu.
Mas as duas últimas voltas foram as mais importantes da corrida, uma vez que Bottas apareceu na tela da TV se arrastando com o pneu dianteiro esquerdo estourado. Isso lhe valeu um grande prejuízo, jogando-o de um confortável segundo lugar para 11o na classificação. Para prevenir, a Red Bull chamou Max Verstappen para os boxes e colocou pneus macios para o holandês. No mesmo instante a tv mostrava Carlos Sainz com o mesmo problema e do mesmo lado, fazendo relembrar os acontecimentos de sete anos antes na mesma Silverstone onde uma série de pneus estouraram. Carlos foi aos boxes. Ainda como se fosse um filme de suspense, a última volta ainda reservou drama para Lewis e Mercedes quando o inglês apareceu na metade do circuito com o pneu dianteiro esquerdo estourado. Para a sua (grande) sorte, Max se encontrava com mais de trinta segundos de atraso para ele o que deu ao inglês a oportunidade de fazer o resto do trajeto em três rodas para anotar mais uma vitória no campeonato. Apesar de muitos apontarem a chance desperdiçada pela Red Bull, ficou claro que o holandês também estava com problemas nos pneus, como bem declarou Christian Horner. Para a Ferrari foi um presente o terceiro lugar de Leclerc, que ainda está sem ritmo para acompanhar os dois melhores carros da temporada (Mercedes e Red Bull) e podemos dizer, também, que para Vettel foi um presente o décimo lugar, num dos finais de semana mais sofríveis do tetracampeão.
Apesar das condições de temperatura na próxima semana ser sol, espera-se que os pneus tragam ainda mais variáveis já que será utilizados pneus mais macios.

domingo, 19 de julho de 2020

GP da Hungria: Um nível acima

Lewis Hamilton durante o GP da Hungria
(Foto: Mercedes)


Chegamos numa fase da carreira de Lewis Hamilton que faltam adjetivos para qualificá-lo. Qualquer coisa que viemos a escrever sobre ele, é cair automaticamente numa enorme redundância, num círculo vicioso onde elogiar o melhor piloto do momento chega a ser chato. Mas sempre cairemos nessa tentação de sempre falar o quanto que inglês é espetacular - e esse foi o caso de hoje em Hungaroring, onde ele chegou a sua segunda vitória na temporada, a oitava na história do GP húngaro e a sua 86a conquista, num passeio para lá de tranquilo no travado circuito da Hungria.
Apesar dessa corrida ter sido interessante, principalmente pelo fato dela ter iniciado com asfalto úmido, o que ajudou a embaralhar as ações nas posições abaixo do segundo lugar, Hamilton e Verstappen tiveram pouco trabalho. Pela parte do holandês, o susto em escapar e bater na volta de instalação do grid e ter um trabalho fenomenal dos mecânicos da Red Bull, que entregaram seu carro há poucos segundos do fechamento do Pit Lane, foi a grande vitória para ele e a equipe austríaca. Mas no decorrer do GP, eles não foram páreo para um inspirado Lewis Hamilton que já mostrava nas primeiras voltas com pista úmida um passo impressionante ao abrir oito segundos sobre Max. Assim que colocaram os pneus Slick quando a pista criou o trilho seco, o domínio de Hamilton aumentou ainda mais e o inglês pode fazer sua corrida sem nenhum infortúnio, apenas levando o Mercedes a mais uma vitória emblemática na temporada e também no GP húngaro, assim como acontecera um ano antes na sua fabulosa conquista contra o mesmo Max.
Por outro lado, a Mercedes deve ter relembrado daquela estratégia e tentou replicá-la para Valtteri Bottas, que procurou fazer uma prova de recuperação após realizar uma péssima largada e cair para sétimo. O que a Mercedes fez em 2019 foi ter chamado Lewis para os boxes e trocar seus pneus para os macios e tentar pegar um dominante Max Verstappen, uma vez que Lewis havia arriscado em algumas oportunidades e foi brilhantemente rechaçado por Max, que parecia caminhar fortemente para a vitória. Exatamente por isso, a Mercedes precisou fazer essa parada arriscada - aproveitando-se da grande diferença que eles tinham sobre as Ferrari - e voltar em segundo com vinte segundos de desvantagem em relação a Verstappen - que vinha com pneus duros e a Red Bull acabou optando em deixá-lo na pista com os pneus duros, pois sabiam que se caso parassem na volta seguinte, perderiam a posição para Lewis. Resumindo, Hamilton voltou vinte segundos atrás, descontou e assumiu a liderança faltando três voltas para o final, garantindo uma vitória magistral para ele e equipe. Um ano depois eles precisavam fazer o mesmo, mas agora com Bottas lutando pelo segundo lugar contra... o mesmo Max Verstappen. Mas desta vez, Bottas não conseguiu fazer o mesmo que Hamilton fizera um ano antes, mesmo tendo pneus mais novos que o holandês e terminando na terceira posição.
Por mais que alguns pilotos tenham o melhor equipamento em mãos, nem sempre conseguem transformar isso em resultado. Não é nenhuma novidade que Bottas esteja abaixo de Lewis - e isso já estamos cansados de ver nas últimas temporadas - mas a situação de hoje comparada a do ano passado, que foi bem parecida, mostra o tamanho do abismo que separam os dois pilotos da Mercedes. 

domingo, 12 de julho de 2020

GP da Estíria – De volta a doce rotina

(Foto: autox.com)


A pole de Lewis Hamilton naquele aguaceiro que foi a qualificação no Red Bull Ring, indicava que a o inglês estaria no seu nível normal de pilotagem: 1’’2 segundos de vantagem sobre Max Verstappen – que ainda teve a oportunidade de tentar diminuir ou até mesmo eclipsar a pole – mostrou que ele estava disposto a redimir-se do final de semana desastroso que havia feito na semana anterior ali mesmo, quando a corrida era nomeada como GP da Áustria. Melhor ainda: o duelo dele contra Verstappen naquelas condições da qualificação passa a ser como um dos momentos mais marcantes da temporada com os dois melhores pilotos em pista molhada da atualidade trocando os melhores tempos a cada passagem. Uma aula de como conduzir um monoposto em situações extremas que ainda foi brindado com uma volta magistral de Hamilton que, acompanhada pela onboard, mostrou a tamanha suavidade de como levar o carro com precisão e velocidade a uma pole fenomenal.
A corrida de Hamilton foi apenas uma corrida de... Hamilton! Não existiu qualquer ameaça que lhe desse alguma preocupação e nem mesmo a presença de Verstappen ao seu lado, pareceu dar ao hexacampeão algum receio tamanha segurança com a qual largou e também relargou, assim que o rápido Safety Car saiu após a limpeza pista por conta do entrevero das duas Ferraris. Lewis manteve uma boa diferença de três segundos para Max e passou aumentá-la assim que a sua parada de box aproximava, e isso foi importante para que ele voltasse do único pit-stop na frente de Max – que parara algumas voltas antes.
Hamilton precisou apenas administrar e ampliar a vantagem sobre Max e depois sobre Valtteri para voltar ao lugar mais alto do pódio, numa das vitórias mais tranquilas de suas 85 conquistadas até aqui.
Uma forma bem convincente de redimir-se da corrida de abertura alí mesmo no Red Bull.

Os demais

(Foto: Times Famous)

O fator principal para que o GP da Áustria fosse bem movimentada, tinha sido a presença do Safety Car que proporcionou o embaralhamento nas estratégias ao beneficiar alguns e deixar outros mais expostos. Mas desta vez, no mesmo local, mas levando o nome de GP da Estíria, um dos estados da Áustria, tudo corre de forma normal sem ter grandes mudanças nas primeiras posições. Mercedes e Red Bull não tiveram adversários e do mesmo modo, não se ameaçaram.
O cenário deste GP foi bem parecido com que vimos na última semana, quando a Mercedes dominou com Bottas na liderança e viu Hamilton procurar se recuperar após largar em quinto. Desta vez era o inglês quem estava soberano na dianteira e Valtteri procurando subir na classificação após marcar o quarto tempo. Max Verstappen, assim como tinha sido no GP austríaco, ficou entre os dois Mercedes, mas sem conseguir aproximar-se de Hamilton e sem dar muitas chances para Bottas tirar a diferença entre eles que estava em sete segundos e foi baixando aos poucos. A solução foi resolvida nas paradas de box, quando Valtteri ficou na pista dez voltas mais e teve pneus médios em dia para poder atacar Max. Foi um duelo interessante que durou uma volta e meia, com o finlandês superando e tomando o troco de Verstappen para depois, na infame curva 4, tomar de vez o segundo lugar e dar a Mercedes a primeira dobradinha na temporada. Em uma corrida realizada em condições normais, fica claro, mais uma vez, que a Red Bull e Honda precisarão remar bastante para poder encostar um pouco mais na Mercedes.
Se o pelotão dianteiro foi tranquilo, da quinta colocação para baixo foi uma corrida bem disputada. Descontando apenas Albon, que ficou na quarta colocação e teve certo período de pressão vinda de Sergio Perez sem ter resultado em nada, o restante travou bons duelos: o próprio mexicano da Racing Point fez uma corrida de recuperação muito boa ao realizar boias ultrapassagens e até com boa dose de arrojo, como fez em Carlos Sainz na curva cinco. Mas ao chegar em quinto – largara em 17º - empacou em Albon e numa tentativa de ultrapassar o anglo –tailandês na curva quatro, acabou danificando a asa dianteira após tocar em Alex fazendo com que seu carro perdesse rendimento. Isso possibilitou para que o trio formado por Daniel Ricciardo, Lance Stroll e Lando Norris se aproximassem e colocasse o mexicano no bolo da disputa, onde o jovem Norris conseguiu ganhar três posições nas duas últimas voltas e terminar num ótimo quinto lugar. Carlos Sainz era outro que poderia ter feito muito mais, mas o péssimo pit-stop o jogou de quinto para nono e com um ritmo mais lento teve que deixar Lando Norris ultrapassá-lo. Foi uma oportunidade muito boa para a Mclaren ter somado mais pontos e sair da Áustria com uma vantagem maior para a Red Bull no
(Foto: Planet F1)
Mundial de Construtores. Isso serve, também, para a Racing Point que desperdiçou bons pontos nestes dois primeiros GPs visto o ótimo carro que tem em mãos. E a Renault, mesmo não tendo um carro veloz, tem marcado seus pontos com Ocon na primeira prova e agora com Ricciardo, com o australiano finalizando em oitavo e salvando três pontos para os franceses que perderam Esteban por conta de problemas de arrefecimento.
Apesar de sua ótima qualificação, era sabido que George Russell não conseguiria algo de muito concreto nessa corrida. Como não teve a série de quebras do último GP e nem chuva, o jovem inglês terminou na 16ª posição, mas antes disso conseguira uma boa largada que lhe deu a nona posição por um breve momento até que escapou na curva cinco e despencou na classificação.
Já a Ferrari teve um final para esquecer: a batida entre Leclerc e Vettel na largada, por conta de uma manobra ousada de Charles em tentar passar Sebastian na curva três, que resultou num salto do carro do monegasco para cima de Sebastian que resultou na quebra da asa traseira do alemão que ainda foi aos boxes para abandonar. Charles, que depois assumiria toda culpa pelo acidente, abandonou na segunda volta por conta de danos no assoalho. Porém, as melhorias levadas pela Ferrari, principalmente com o uso de um novo assoalho, não deu o salto que a equipe pensava deixando ainda mais difícil o final de semana de seus pilotos que terminou da forma mais bizarra possível.
Essas duas semanas no Red Bull Ring serviu para dar um panorama que pode muito bem atravessar esse campeonato mundial, onde a Mercedes continua a ser batida; Red Bull tentando alcançar como pode a Mercedes; uma batalha interessante entre Mclaren, Racing Point e Renault; uma Ferrari claramente em queda livre e, portanto, perdida; e Alpha Tauri, Alfa Romeo, Haas e Williams tentando lutar para pegar as migalhas que aparecerem.

domingo, 5 de julho de 2020

GP da Áustria – Uma retomada interessante

(Foto: Mercedes)


Enfim a Fórmula-1 retomou suas atividades e logo num circuito que nos ofereceu uma das melhores provas da temporada passada, mas desta vez, no Red Bull Ring, pode não ter sido tão emocionante como a de 2019, mas pelo serviu para dar um inicio de campeonato bem interessante.
A vitória da Mercedes em solo austríaco já era dada como certa por conta de seu ritmo desde os treinos livres, com pelo menos meio segundo mais veloz que os demais. Bottas e Hamilton tiveram um carro esplêndido desde os primeiros minutos do primeiro treino livre na sexta e nem mesmo a fúria de um Max Verstappen, que tem feito corridas consistentes na casa de sua equipe, parecia ter uma chance de ameaçar uma possível dobradinha da agora “Black Arrow”. Mas, ao menos, a oportunidade de tentar algo poderia aparecer assim como algum problema mecânico que desse a equipe dos touros uma chance de atacar a Mercedes. O problema realmente apareceu, mas foi com Verstappen que parecia ter ritmo suficiente para acompanhar Bottas após largar da segunda posição – herdada após a punição a Hamilton sobre ter desrespeitado as bandeiras amarelas na saída de pista de Valtteri durante a qulificação. De inicio, o inglês não foi punido por isso, mas perdeu a sua melhor volta por conta de ter excedido os limites de pista. Perdeu a melhor volta, mas se manteve em segundo porque a sua segunda ainda lhe garantia a segunda posição, mas o protesto movido pela... Red Bull um pouco antes do GP acabou fazendo com que os comissários revissem o acontecido e punissem o inglês com a perda de três posições, o rebaixando para quinto no grid. Ms o jovem holandês nem teve tanto tempo para conseguir colocar em prática alguma estratégia que desse a ele um poder de fogo para tentar atacar Valtteri e, certamente, com essas relargadas, teriam aumentado bastante suas chances contra o duo mercediano.
Por outro lado, por tudo que já foi mencionado acima, um final de semana que se desenhava para ser perfeito para Lewis, se ruiu com sua queda para quinto no grid, mas mesmo assim ele conseguiu avançar na classificação ao superar Norris e Albon para pegar o terceiro lugar e mais tarde herdar o segundo lugar após a quebra de Verstappen. Conseguiu diminuir a diferença que o separava de Bottas – que chegou a quase sete segundos – e passou ter hipóteses de tentar um ataque sobre seu companheiro, mas falhas nos sensores dos Mercedes e mais tarde pequenas falhas no câmbio coibiram qualquer chance dele tentar algo. O enrosco com Albon após a última relargada acabou rendendo a ele uma punição de cinco segundos, que a primeiro momento ele havia conseguido salvar um terceiro lugar, mas com uma volta brilhante Lando Norris salvou o seu primeiro pódio e rebaixou Lewis ao quarto lugar. Sem duvida não foi um dia bacana para o hexacampeão.
Se para Hamilton não foi um bom dia, Bottas conseguiu sair de coadjuvante para peça principal nesta prova já no sábado quando cravou uma bela volta que lhe deu a pole e foi perfeito na largada e nas duas relargadas, ao não dar nenhum espaço para quem vinha atrás tentar alguma manobra: no inicio da corrida aproveitou-se bem do uso dos pneus macios para criar uma boa gordura frente a Max que usava os médios, mas o abandono do holandês podia significar uma pequena paz para ele se não fosse Hamilton assumir o segundo lugar e conseguir descontar a diferença que beirava quase sete segundos. Podemos dizer, também, que o aparecimento de problemas com os sensores e câmbio nos Mercedes ajudou bastante, mas Bottas estava muito bem e com ritmo suficientemente bom para se manter a frente e até mesmo dar a Hamilton uma luta interessante pela vitória. Mas temos que dizer que a estratégia da Mercedes em não trocar os pneus de seus pilotos naquele último Safety Car foi de certa forma arriscada, principalmente pelo grande ritmo apresentado por Alex Albon e Charles Leclerc naquelas voltas pós Safety Car. Outra coisa que trás certa preocupação são os problemas apresentados nos motores dos dois Mercedes, pelo que revelou Toto Wolf. Com uma semana apenas entre as duas corridas, será um desafio interessante para saber o que de fato terá acontecido e trazer as devidas soluções.
Para o piloto anglo-tailandês era uma oportunidade de ouro: sem a presença de Max para eclipsá-lo, as atenções da equipe foram voltadas para ele e a troca para os macios naquele último Safety Car foi uma sacada importante para que ele voltasse forte e foi bem isso que aconteceu quando o SC liberou a prova, com ele atacando Lando Norris e indo à caça de Hamilton onde os dois acabariam por bater rodas e o Albon se dar mal. Vai saber o que ele teria conquistado caso a ultrapassagem tivesse sido concretizado, mas temos que levar em conta que o voltas depois de ter caído na classificação ele abandonou com problemas no motor. No caso de Charles Leclerc as condições que pintavam após uma classificação decepecionante por parte da Ferrari, eram de tentar diminuir ao máximo os prejuízos que aquele treino tinha proposto, mas as entradas do SC e principalmente o último, deram a ele e Ferrari a chance de colocar novos pneus e partir para o ataque e salvar um impressionante segundo lugar – este por conta da punição de cinco segundos a Hamilton – e fazer um número de pontos que talvez nem ele mesmo sonhasse. Foi uma estratégia muito bem vinda, mas que não mascara o final de semana tenso que a equipe italiana teve m Spielberg. Sebastian Vettel estava numa situação bem parecida de Charles e poderia, também, ter se dado bem nas variáveis que prova apresentou mais para frente, mas o sua rodada ao perceber que acertaria Sainz na forte freada para a segunda curva acabou o jogando para o fundo do pelotão – porém, ele salvou ainda um ponto. A bem da verdade, os carros que usaram motores Ferrari não foram bem nessa estreia e devem sofrer um pouco mais no próximo fim de semana caso o cenário seja parecido.  
A Racing Point poderia muito bem ter dado um passo interessante nesta prova, caso tivessem feito a troca de pneus no carro de Perez no Safety Car. Isso teria deixado o mexicano numa situação privilegiada para tentar atacar os dois Mercedes, mas ter deixado Sergio com os pneus antigos o deixou vulnerável para os ataques de Charles e Lando – e ainda tomaria punição por saída perigosa
Lando Norris conquistou seu primeiro pódio
(Foto: Mclaren)
dos pits. A equipe perdeu Stroll ainda nas primeiras voltas quando o carro do canadense teve problemas no motor Mercedes. Mas é claro que, por outro lado, a Force India podia ter feito um melhor trabalho neste GP, mas ainda é cedo e podem muito bem ter outras chances no decorrer do campeonato.
 Se para alguns foi frustrante ou especial, para Lando Norris o final de semana foi espetacular a começar pela sua bela qualificação que lhe rendeu um quarto posto e que viraria terceiro já um pouco antes da prova. E mesmo que não tenha ritmo suficiente para lutar contra carros bem melhores como a Mercedes e Red Bull, ele conseguiu ser o melhor do resto numa tarde onde a Mclaren foi muito bem com seus dois pilotos, mesmo que Carlos Sainz não estivesse no mesmo ritmo do jovem inglês. A sua espetacular volta na que lhe rendeu a melhor ao final da prova, foi suficiente para tirar Hamilton do pódio e dar a Mclaren o segundo pódio em três corridas – contando com a do Brasil onde Sainz foi terceiro, mas que foi ser confirmada bem depois da corrida já terminada. De certa forma, foi um GP interessante para a Mclaren que aos poucos tem marcado seu território e, quem sabe, sonhar com voos mais altos a partir de 2022.
O número de abandonos foi o mais alto dos últimos anos com um total de nove, seja por parte mecânica ou incidente. Mas com os carros enfrentando uma temperatura mais alta, acaba sendo até compreensível que tenha tido esse número até alto numa tempo onde os carros são quase a prova de bala – e também temos que lembrar  que foi a primeira corrida após meses onde fizeram apenas testes, no já distante mês de fevereiro.
Como o cronograma da próxima semana será o mesmo, é de se esperar que o cenário seja bem parecido com este, mas talvez com uma gana bem maior por parte dos pilotos que esperavam um final de semana bem melhor nesta primeira etapa. Para um campeonato curto e que pode reservar boas surpresas, foi um inicio bem interessante.

segunda-feira, 2 de março de 2020

Fórmula 1 2020 – Incógnitas


(Foto: FIA)
Não podemos negar que existe há décadas uma tradição em querer adivinhar o que existe naqueles tempos de voltas em cada dia de testes, principalmente quando alguém crava o melhor tempo. Porém, também, existe o velho mantra de quem pode estar escondendo o jogo. Essa é uma parte ainda mais difícil de analisar, pois a ilusão criada por um Team que dominou amplamente os testes nem sempre se concretiza quando a coisas começam para valer. A Ferrari nos últimos anos é o exemplo mais recente sobre o que não pode se confiar em marcas assombrosas. Dessa forma, é uma a aventura sentar e escrever sobre algo que às vezes nos passa a perna e ainda "tira um sarro" assim que as primeiras corridas são feitas.
Nesta pré temporada de seis dias realizadas religiosamente no Circuito da Catalunha, as coisas pareceram ainda mais confusas se repararmos nos que as equipes apresentaram: Mercedes ainda é a equipe a ser o alvo, porém os problemas de motor fizeram ascender o alerta na equipe alemã. A carta na manga que eles apresentaram na primeira semana, o DAS, pode ajudar bastante, porém ainda não se sabe quantas vezes vão usar nas corridas desta temporada - uma vez que o sistema já está com os dias contados, já que será banido para  2021. A Ferrari foi bem diferente do que acostumamos ver nos outros anos, onde a equipe italiana colocava as cartas na mesa e mostrava um ritmo alucinante logo de cara, porém nem sempre era traduzido em resultados concretos e a equipe morria na praia. O duro golpe de 2019 os fez adotar uma postura mais metódica nestes testes, focando num melhor entendimento do seu SF1000 para que este tenha um melhor manuseamento para o uso de Sebastian Vettel e Charles Leclerc. As voltas não foram alucinantes, mas mostram um ritmo de corrida bem melhor. As falas de Mathia Binotto em torno do desempenho do carro, onde ele diz que estão atrás de Mercedes e Red Bull, mostra o quanto que a postura foi mudada. Mesmo assim, com a equipe mais comedida, os fãs não transbordam de confiança - afinal de contas, gato escaldado tem medo de água fria. A Red Bull mostrou ter sido a que mais aproximou da Mercedes. Sabemos bem que o maior problema da equipe energética desde os tempos que usava o motor Renault era o seu atraso inicial frente a Mercedes e Ferrari, e isso era um fator que prejudicava as suas ambições. Era sempre comum ver Max Verstappen comboiando os primeiros sem ter grandes chances de vencer na primeira parte do mundial, para aparecer uma melhora significativa na parte decisiva onde o holandês mostrava o verdadeiro potencial. Agora a jogada é marcar de perto a Mercedes - e quem sabe a Ferrari, também - para não ter o atraso dos últimos anos. O desempenho de Max Verstappen e Alex Albon nos testes traz uma luz de esperança de uma luta acirrada desde as primeiras corridas.

O meio do pelotão desfragmentado?
Racing Point e Mclaren durante os testes em Barcelona
(Foto: FIA)
Se teve algo na Formula 1 que fez sucesso nos últimos anos, foi o pelotão intermediário onde as equipes com orçamento mais próximo sempre apresentaram um equilíbrio impressionante levando essa turma a receber o apelido de "Fórmula 1 B". Mas dessa vez as coisas podem ser diferentes com o desgarramento de dois ou até três times para um bloco a parte. A Racing Point é a equipe que pode ser a sensação da temporada pelo simples fato do RP20 ser praticamente a cópia do campeão W10 da Mercedes. Apesar do esperneio de alguns, essa prática é normal e os benefícios que pode trazer a equipe de Lawrence Stroll são bem interessantes, isso se eles souberem trabalhar bem esse carro já apelidado de "Mercedes Rosa". Sergio Perez e Lance Stroll ficaram animados e confiantes com o carro, apesar de ainda ser um mundo novo para eles e equipe de engenheiros que procuraram entender melhor o comportamento desta nova jóia que pode levá-los ao quarto posto entre as equipes - existe uma confiança enorme levando-os acreditar que podem estar até mesmo à frente da Ferrari. Apesar de achar um grande exagero, as simulações de corrida mostraram um ritmo bem próximo entre as duas equipes, mas este tipo de resposta virá em breve quando as coisas forem feitas nos conformes. A McLaren é de quem se espera mais, principalmente pelo que foi apresentado ano passando quando saíram do limbo para uma excelente quarta colocação no Mundial de Construtores, ganhando o título moral do "resto". Mas nestes testes a McLaren não chamou tanta atenção quanto podiam esperar com seus dois pilotos trabalhando com um carro imprevisível - principalmente nos dias de vento forte e devemos lembrar que também não brilharam nos testes do ano passado, reservando o melhor para o decorrer da temporada de 2019 onde conseguiram bons resultados e a conquista do quarto lugar entre os Construtores. O que a McLaren tem a comemorar é a confiabilidade do motor Renault, que não refugou em momento algum dos seis dias. Mas em relação ao carro, este sim é algo que precisarão trabalhar intensamente. A Renault leva o asterisco da incógnita, apesar de Daniel Ricciardo ter feito um bom tempo na manhã do último dia de testes, mas a exemplo da McLaren, a fábrica francesa não impressionou e o carro parece difícil de ser entendido por Ricciardo e o novo recruta Esteban Ocon. Mas a durabilidade de seu motor, o único a não apresentar problemas nestes testes, é algo a ser comemorado. Apesar de ser uma equipe nova, toda a estrutura da AlphaTauri é herdada da Toro Rosso e isso sugere que eles estarão na luta pelo meio do pelotão. O AT01 pareceu ser bem manejado por Pierre Gasly e Daniil Kvyat e o motor Honda não apresentando grandes problemas, darão as eles a oportunidade de tentarem reviver alguns dos bons resultados que conseguiram em 2019. A Alfa Romeo foi a única a usar o piloto de testes com Robert Kubica que fez a melhor marca do quarto dia de testes, repetindo o feito de Kimi Raikkonen que fez a melhor marca no segundo dia. Mas a Alfa não impressionou em mais nada e isso sugere que a equipe ainda precisa entender muito mais sobre o seu novo carro para que possa dar a Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi oportunidade de lutar com as demais do seu pelotão. A Haas é a outra incógnita para esse ano, afinal 2019 foi terrível para equipe que enfrentou problemas aerodinâmicos no seu carro - e quando as coisas podiam ir bem, Magnussen e Grosjean davam um jeito de estragar. Por conta de um 2019 abaixo da expectativa, estes dias de testes foram de concentração para tentar achar possíveis defeitos que passaram despercebidos nos testes do ano passado e que atormentaram a equipe. Talvez, por isso, a impressão que ficou após estes seis dias é que o carro deste ano não seja bom o suficiente e a Haas passe a lutar contra a Williams na rabeira do grid. Falando na Williams, a mais querida das equipes certamente espera um 2020 muito melhor que os últimos que tem passado, principalmente o de 2019. Os problemas no motor Mercedes atrasaram um pouco o cronograma, mas mesmo assim a equipe conseguiu uma jornada convincente sendo a única equipe a melhorar seu desempenho de tempos em relação ao teste de 2019, conseguindo uma melhora de 1,3 segundos. Mesmo assim, George Russell confessou que o carro ainda é lento.
Apesar de ficarmos tentados sempre em colocar a nossa opinião na mesa e bancar o adivinho, sabemos bem que as respostas virão após o encerramento da prova de abertura e até lá apenas a imaginação é que vai trabalhar a espera do início da 71a temporada da história da Fórmula 1.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

GP de Abu Dhabi - E acabou...

Não foi o encerramento de campeonato que o expectador esperasse, mas também não dá para esperar tanto de um circuito sem graça como este de Yas Marina. Imagine se o título desta temporada ainda estivesse em jogo? Teria sido a decisão mais modorrenta das últimas décadas.

Lewis Hamilton esteve em outro nível, mostrando o quanto que está acima da média. Após um GP do Brasil onde acabou não fazendo o seu melhor, esteve tão a vontade em Yas Marina que cravou a pole - que não acontecia desde Hockenheim - e liderou todas as voltas da prova para ter a vitória mais tranquila do ano e ainda fez a melhor volta. Dessa forma, Lewis igualou a marca de Ayrton Senna em 19 vitórias de ponta a ponta que já dura 28 anos - o piloto brasileiro estabeleceu o recorde no curto GP da Austrália de 1991.

Mesmo que Lewis estivesse em outro patamar, os que estavam logo atrás não deram a emoção esperada. Mesmo que Max Verstappen tenha feito uma corrida consistente e batendo as Ferrari logo após achar o ritmo - uma vez que sofreu nas primeiras voltas com o ataque dos carros italianos - este teve uma pequena batalha com Charles Leclerc pela segunda posição, onde acabou por vencer o seu rival de longa data. Quanto ao monegasco, este teve uma polêmica em torno da gasolina em seu Ferrari que estava com a quantidade acima do que foi declarado para a FIA. Fez todo o GP sob sursis, mas horas depois da corrida a reprimenda dos comissários foi uma multa de 50.000 Euros e a manutenção da terceira colocação. Ainda pelo lado da Ferrari, Sebastian Vettel não esteve na sua melhor tarde numa pista que costuma se sair bem. Teve uma pequena oportunidade contra Max ainda nas primeiras voltas, mas ficou nisso. Chegou apenas em quinto, num final bem melancólico de temporada para ele e a Ferrari num todo. Alex Albon também esteve numa boa tarde em Yas Marina, mas acabou em sexto após ser superado por Vettel. Valtteri Bottas teve um início dificultado pelo não funcionamento do DRS nas primeiras voltas, o que atrasou bastante o seu desenvolvimento na corrida. Mais um pouco poderia ter chegado em terceiro. Sobre o DRS, ficou escancarado que os atuais carros são dependentes do uso desse artifício, sendo que foram pouquíssimas as ultrapassagens sem o seu uso - que esteve proibido até a volta 19 por causa de falhas nos sensores de averiguação do uso do sistema. É tanto que formou-se um trenzinho de pilotos (Hulkenberg, Bottas, Vettel e Albon) que não conseguiam pegar o vácuo para tentar a ultrapassagem nas grandes retas. Após a permissão para o uso do DRS, as ultrapassagens foram mais fáceis. No meio do pelotão, onde os duelos são mais intensos, Sérgio Perez é quem se deu melhor ao realizar uma bela corrida e conquistar a sétima colocação de Lando Norris nas voltas finais. Daniil Kvyat – que marcou os derradeiros pontos da história da Toro Rosso, que a partir de 2020 passará a chamar-se Alpha Tauri –  e Carlos Sainz completaram os dez primeiros. Nico Hulkenberg, que fechou em 12º, fez a sua derradeira corrida na categoria numa despedida bem discreta.
O pódio desse ultimo GP de 2019 foi apenas o resumo desta temporada e também da década: com uma Mercedes bem acima dos demais; Red Bull conseguindo se manter bem entre os ponteiros; e a Ferrari se perdendo quando tudo parecia a favor.

domingo, 17 de novembro de 2019

GP do Brasil - Interlagos não decepciona... Jamais!

Confesso que precisei recorrer a um antigo título de texto para sintetizar tudo que Interlagos representa e tem representado nestes GPs do Brasil, principalmente nos últimos treze, quatorze, quinze anos que a prova paulistana passou do início para o fim da temporada. Foram corridas carregadas de emoções e suspense, que faria inveja a qualquer roteirista de cinema.
A prova deste ano mais parecia um jogo de xadrez, com cada um dos ponteiros apostando num tipo de pneu para tenta beliscar a vitória. Se Hamilton e Verstappen apostavam nos macios, Vettel foi de médio, enquanto que Bottas tentava surpreender com duros. E ainda tinha Albon e Leclerc, que havia feito uma corrida de recuperação e empacado no sexto lugar. Porém o abandono de Bottas na volta 54 desencadeou uma situação que animou ainda mais a prova, com a ida do então líder Max Verstappen aos boxes para trocar os médios pelos macios e deixar Lewis na liderança, apostando nos seus médios, já um tanto desgastados.
As últimas dez voltas foram insanas, com Max atacando impiedosamente Hamilton e desaparecendo na liderança, enquanto o inglês precisou se virar contra um impressionante Albon, que já havia ganhado o terceiro lugar de Vettel com uma bela ultrapassagem no S do Senna. Sebastian ainda tentou retomar a posição na passagem seguinte na entrada do S do Senna, porém Albon estava em grande forma e conseguiu defender-se. Mas para a Ferrari as coisas não terminariam tão bem quanto parecia: um duelo visceral entre seus dois "bambinos" resultou num incidente que colocou os dois para fora, após uma bela ultrapassagem de Charles sobre Sebastian na disputa pela quinta posição que esticou até a metade da reta oposta, quando Vettel tentou retomar a posição e acabou se tocando com Leclerc. Enquanto que o piloto do carro #16 estourou o pneu dianteiro direito e saiu no final da reta oposta, Vettel também teve o pneu traseiro esquerdo furado e tendo que abandonar mais a frente, no miolo do circuito. Um final melancólico e tenso para dois pilotos que estão num nível de pilotagem muito próxima e que tendem a entrar em rota de colisão.
A colocação do segundo Safety Car para a limpeza da pista deixou um cenário interessa, com os dois Red Bull na frente e o Toro Rosso de Pierre Gasly num belo terceiro lugar. Hamilton foi aos boxes para colocar os macios e arriscar no final. Porém a audácia do hexacampeão funcionou com Gasly ao ganhar a terceira posição, mas acabou não dando certo quando tentou pegar a segunda colocação de Albon no bico de pato ao tocar com o piloto tailandês e fazê-lo rodar. Lewis continuou em terceiro, enquanto que Albon despencou na classificação. Porém a derradeira volta ainda deixou reservado o duelo entre Lewis e Gasly pela segunda posição, com o piloto francês conseguindo a posição por meio carro, enquanto que Max passou para vencer o GP brasileiro. A corrida acabou "esticando" por conta da investigação sobre o toque de Hamilton em Albon, que acabou resultando numa punição de cinco segundo para inglês que o fez cair de terceiro para sétimo. Carlos Sainz, que havia largado em último e feito uma corrida de recuperação, acabou herdando a terceira colocação - ainda que tenha tido a suspeita do uso do DRS por sua parte, mas que foi rechaçada pelos comissários quando verificaram que ele estava em velocidade baixa. Sendo assim, foi o primeiro pódio do piloto espanhol e o primeiro da McLaren desde o GP da Austrália de 2014.
Bem como disse no início do texto, o GP em Interlagos tem sido dos mais impressionantes da última década e meia. Mesmo que Interlagos não tenha todo o luxo de circuitos mais novos, o circuito paulistano ainda tem a áurea dos bons e velhos circuitos, onde as coisas se transformam de uma para outra dando vida etapas que pareciam modorrentas em seu início. E o velho Interlagos de guerra tem sido assim nestes últimos tempos: mesmo que não tenha chuva, um simples Safety Car pode mudar os caminhos de seus protagonistas. Ainda que exista o imbróglio sobre a permanência ou não do GP aqui, essa corrida mostra o quanto que Interlagos ainda rende boas provas. Isso sem contar um público apaixonado, que comparece sempre e declara seu amor ao nosso velho autódromo.
Assim como outros templos do esporte a motor, o autódromo de Interlagos parece ter o "poder" de bagunçar a corrida quando bem entender e brindar o público com grandes epopéias e imortalizá-las na mente daqueles que estiveram lá e também em casa.
E por essa de hoje e de tantas outras, é que Interlagos não decepciona. Jamais!

segunda-feira, 29 de julho de 2019

GP da Alemanha - Roda Gigante



Há dias que as coisas não andam bem. Isso é algo que faz parte do cotidiano e este GP alemão foi uma amostra de como as coisas podem caminhar mal e de uma hora para outra dar certo, e também fazer o caminho inverso. No sábado uma desastrosa atuação da Ferrari tirou seus dois carros de combate na classificação, sendo que Vettel nem participou por causa de problemas no turbo e Leclerc, que conseguira avançar para o Q3, nem participou por causa de problemas na injeção de combustível. Uma ducha bem gelada numa classificação de prometia ser das melhores deste ano devido a grande proximidade que eles tinham em relação a Mercedes. Esta última conseguiu cravar a pole com Hamilton, sem grandes oposições e Max Verestappen conseguiu quebrar uma possível dobradinha da equipe alemã ao se meter entre os dois carros prateados. Apesar de ser uma corrida que se desenhava para a Mercedes, é sempre algo a se considerar quando se tem um piloto como Verstappen ao lado.
Porém  a corrida foi outra coisa: dificilmente alguém apostaria numa tarde tão caótica para a Mercedes e seus pilotos, principalmente após um inicio tão sólido por parte de Hamilton que vinha abrindo uma boa vantagem, inicialmente para Bottas e depois para Max – que se recuperara da má largada. Mas a escolha de pneus slick para uma pista que volta e meia parecia secar e depois molhar, foi o convite para uma tarde para ser tomada como grande lição aos anfitriões: Lewis relutou em trocar para slick, mas acabou aceitando a ideia e quando o fez, não conseguiu segurar o carro na última curva do circuito e batendo na barreira de pneus e danificando a asa dianteira. Foi o inicio de uma série de trapalhadas, começando pelo corte de caminho que o inglês deu na entrada de box – que já havia feito em 2018 e não resultado em nada, ao contrário deste ano que acabou tomando cinco segundos de punição – e depois na casa de loucos que a Mercedes se transformou assim que o inglês chegou para a sua troca, uma vez que não estavam preparados para aquilo. Para uma equipe que tanto blefou nos pitstops, não souberam lidar com o imprevisto e isso custou mais de 50 segundos. Um desastre que foi maior após o abandono de Valtteri Bottas, que não foi capaz de superar Lance Stroll na luta pelo terceiro lugar e acabou rodando e batendo na curva 1 – lugar onde Hamilton fizera algo parecido, mas que escapara ileso. Uma corrida que prometia ser uma grande festa pelos 125 anos de automobilismo e também de envolvimento da Mercedes na competições, acabou por ser a mais desastrosa da fabrica alemã – que desembolsou 25 milhões de euros para a manutenção da corrida – neste seu período vitorioso que se iniciou em 2014.
A exemplo das duas Mercedes, Charles Leclerc também teve – apesar de pequena – uma hipótese de conseguir algo maior nesta corrida. Seu ritmo era bom, conseguindo até se aproximar de Max e Bottas, mas o seu erro no mesmo local onde mais tarde Hamilton viria errar, custou uma boa oportunidade de tentar uma vitória – visto o que aconteceu ao duo da Mercedes em seguida. É claro que não dá para adivinhar as coisas, mas ao olhar o que aconteceu depois certamente deve bater um remorso daqueles.
Alheio a tudo isso e seguindo uma cartilha onde a cautela é primordial, Sebastian Vettel fez uma prova de recuperação muito boa. Mas temos que dizer que, mesmo fazendo uma bela largada, o piloto alemão passou boa parte da corrida encaixotado na Alfa Romeo de Kimi Raikkonen sem conseguir esboçar um ataque. Após uma escapada de Raikkonen no famigerado local é que Vettel pôde subir para sétimo, mas mesmo assim ainda não conseguira entrar na casa dos cinco primeiros devido as paradas de box que o jogava para o meio do pelotão. Sebastian soube bem duelar com os pilotos pelas posições, arriscando as ultrapassagens em locais de segurança como no hairpin, onde a asa móvel é acionada e também escapando das armadilhas. E como ele bem disse, soube aproveitar-se dos cuidados que os demais a sua frente vinham tendo com os slicks para ultrapassá-los e subir para a segunda posição, voltando ao pódio desde o polêmico GP do Canadá. Uma tarde bem diferente daquela de um ano atrás, onde quase todos indicam que foi onde se iniciou o seu inferno astral – apesar de eu discordar e apontar o GP da Itália como inicio dessa fase complicada.
O bom desempenho de outros pilotos também foi destaque: Sainz vem crescendo de produção junto a Mclaren e neste GP ficou ainda mais evidente sendo um dos que poderiam ter conquistado um pódio; Stroll também conseguiu seu brilhareco com uma boa leitura da prova por parte de seu engenheiro e também com um bom trabalho do próprio Lance, que soube suportar as investidas de Bottas; Alex Albon  continua a fazer seu caminho com boa apresentações e a exemplo de Sainz e Stroll, também teve certa chance de conseguir um pódio neste GP e foi mais uma demonstração do talento que o jovem tailandês reserva.
Max Verstappen continua a arrancar suspiros da grande massa laranja que vem acompanhando o piloto holandês nas corridas e também outros que tem se afeiçoado ao piloto, devido a sua bravura ao volante do Red Bull. Ainda mais neste ano, onde suas apresentações tem tido um misto inteligente de agressividade e cuidado na hora de atacar e finalizar as manobras de ultrapassagem e neste GP foi ainda mais evidente com ele tendo total paciência para atacar Valtteri e mesmo após a sua rodada, que poderia ter custado a futura vitória. A sua condução neste tipo de condições só faz ainda mais aflorar o seu talento e esta corrida foi a prova do amadurecimento do jovem holandês que chegou a sua oitava conquista na Fórmula-1.
E para encerrar, Daniil Kvyat foi ao pódio com uma atuação brilhante ao perceber junto de seu engenheiro que as condições de pista davam para pôr os slicks e arriscar. Foi uma manobra que lhe valeu o pódio e que podia muito bem ter lhe rendido um segundo lugar, algo que ficou distante quando teve em Sebastian Vettel um oponente difícil de segurar. Mas o terceiro lugar foi uma vitória importante para um piloto que esteve em dias bem complicados naquele ano de 2016 e que ficou quase que de lado, conseguindo uma vaga de piloto de testes na Ferrari e depois voltando para socorrer a Toro Rosso neste ano e que talvez possa até mesmo retornar a Red Bull, de onde acabou saindo por baixo após os acontecimentos do GP da Rússia de 2016. Um resultado importante que, somado ao nascimento de sua filha com Julia Piquet no sábado, foi sem dúvida um grande final de semana para a vida de Kvyat.
A Red Bull também tem o que festejar, pois três pilotos que fazem ou fizeram parte de seu plantel foi ao pódio – isso sem contar em Sainz e Albon, que chegaram em quinto e sexto. Foi um dia espetacular para o programa da Red Bull.

As marcas de Ímola

A foto é do genial Rainer Schlegelmich (extraído do livro "Driving to Perfection") tirada da reta de Ímola após uma das largadas. ...