segunda-feira, 11 de junho de 2018

Foto 692: Os trinta anos do grande duelo



Derrubar a Porsche do seu pedestal no Endurance nos anos 80 não era uma tarefa das mais fáceis. A Lancia com seu modelo LC2 ofereceu alguma resistência a Porsche, mas quando se tratava das 24 Horas de Le Mans essa chance de confrontar os alemães desaparecia. A fábrica de Weissach, com seus 962 e 956 servindo equipes particulares, semi-oficiais e oficial, dominava de forma ampla a famosa prova. Tanto que o domínio se estendeu de 1981 até 1987, incluindo a famosa frase "Nobody's Perfect", quando a Porsche fechou as 24 Horas de Le Mans de 1983 com nove carros entre os dez primeiros. O Sauber-BMW acabou sendo o "penetra" nesta festa porschiana, ao chegar na nona posição. Mas este era apenas uma pequena "falha" no que poderia ser perfeito naquela edição. No entanto, nos anos seguintes, tirando proveito de seus 956 e 962, a Porsche foi soberana. Era difícil alguém pensar que alguma fábrica pudesse quebrar essa hegemonia.  A Jaguar, atual campeã do mundo, já havia "trincado" o cristal ao derrotar a Porsche na disputa pelo título de 1987, mas em Le Mans acabaram falhando por conta de problemas mecânicos. No entanto, o projeto para conquistar novamente as 24 Horas de Le Mans - algo que não acontecia desde 1957 - ainda estava em voga. Portanto, os ingleses eram os mais credenciados a tal façanha: tomar de assalto as 24 Horas de Le Mans de 1988.
O início do World Sports Car Championship de 1988 era do mais animador para a Jaguar: das quatro provas disputadas antes de Le Mans, a fábrica britânica venceu três delas (Jarama, Monza e Silverstone) e a outra foi vencida pela Sauber (a prova de abertura, em Jerez). Para a Porsche, o melhor resultado até então era um terceiro lugar em Jerez com o Team Joest. O que ficava claro é que o 962 parecia chegar ao máximo de sua evolução frente a carros muito mais bem preparados – e novos – como era o caso no Jaguar XJR-9 e o Sauber C9 Mercedes, que já despontava como uma das grandes forças. A chegar no território preferido da Porsche, o cenário era totalmente desfavorável a fabrica alemã, mas... ali os protótipos alemães ganham uma força extra e mesmo estando por baixo, pareciam ganhar uma força acima da média. Por outro lado, as rivais mais próximas também tinham as suas ambições para aquela prova.
Além da Porsche com seus 962 – num total de 12 carros – a Jaguar levou uma esquadra de cinco XJR-9 que foram confiados a equipe oficial de Tom Walkinshaw: o #1 (Martin Brundle/ John Nielsen); #2 (Jan Lammers/ Johnny Dumfries/ Andy Wallace); #3 (John Watson/ Raul Boesel/ Henri Pescarolo); #21 (Danny Sullivan/ Davy Jones/ Price Cobb); #22 (Derek Daily/ Larry Perkins/ Kevin Coogan).  A Sauber Mercedes alinhou  seus dois C9 com o #61 para Jochen Mass/ Mauro Baldi/ James Weaver e o #62 para Klaus Niedzwiedz/ Kenny Acheson. Por mais que a Porsche estivesse com a sua costumeira horda de 962, os reais favoritos eram da equipe de fábrica Porsche AG. Com as cores icônicas da Shell, os três carros ficaram aos cuidados de Hans Stuck/ Klaus Ludwig/ Derek Bell (#17); Bob Wollek/ Vern Schuppan/ Sarel van der Merwe (#18);  e o #19 sendo um carro totalmente familia, com Mario, Michael e John Andretti ao volante. Os possiveis vencedores já estavam com as suas maquinas a postos para a real batalha em Sarthe.
A Porsche não decepcionou e mostrou a sua classe naquele território: com a alimentação do turbo elevada para a qualificação, os alemães levaram as três primeiras posições sem grandes dificuldades, com o #17 a cravar a pole com a marca de 3’15’’640. Os números #18 e #19 seguiram para formar a trinca porschiana, enquanto que o melhor dos Jaguares aparecia em quarto com o #1. O #2 era o sexto; #21 o nono; #22 o décimo primeiro e o #3 o décimo segundo. O grande desfalque para aquela edição remontava a Sauber Mercedes: os dois carros chegaram a treinar, mas o estouro de um dos pneus do #62 quando Niedzwiedz estava no comando deixou a cupula da Sauber – e claramente, também da Mercedes – assustados com o acontecido e resolveram retirar seus dois carros. O grande problema é que este estouro do pneu não era novidade para eles: Mike Thackwell teve um pneu estourado em 1987, forçando seu abandono e para piorar a situação, Mauro Baldi teve os dois pneus traseiros de seu Sauber estourados quando testava em Monza, no inicio de 1988. Isso levou pilotos seus pilotos a recusarem andar em Le Mans por conta da famosa Hunadiéres-Mulsane, como ficou bem visto na opinião de Jean Louis-Schlesser. Mauro Baldi, que havia sentido na pele o que é ficar perdido sem pneus num circuito veloz, também acompanhou a opinião de seu companheiro. Para piorar a situação, a Michelin não deu nenhum retorno seguro se aquilo que acontecera com Niedzwiedz poderia voltar acontecer e aliado com as lembranças macabras que acontecera em 1955 com carros Mercedes, o jeito mais lógico foi retirar as suas inscrições. O que prometia ser um duelo fabuloso entre as três grandes favoritas, se resumiu a uma discussão entre Porsche e Jaguar pela vitória em Sarthe.
Os treinos em Sarthe serviram para imortalizar o recorde do WM-Peugeot #51 que cravou a marca de 405 Km/h na Mulsanne feita por Roger Dorchy, nesta que foi a penúltima vez que prova foi realizada sem adição das chicanes na famosa reta.
Quando a largada foi dada, estavam em jogo os sete anos de dominio absoluto da Porsche e a retomada da Jaguar em tentar chegar novamente ao topo daquela prova que havia sido quase que dominada por ela nos anos 50. Apesar da boa partida dos Porsches, a Jaguar com o #2 assumiu o comando logo cedo e a partir se deu o duelo contra #17 da Porsche que seria a grande batalha por toda as 24 Horas. Porém, os problemas foram dos mais variados para as duas fábricas e talvez a Porsche é quem tenha sofrido mais: por um certo momento, na madrugada, o #18, com Wollek ao volante, estava em grande forma ao cair da noite, mas problemas na bomba d’água o fez perder duas voltas. O Porsche da familia Andretti também teve o mesmo problema quando o relógio batia meia noite e isso fez com que a peça também fosse trocada. Por precaução, o #17 foi chamado ao box para substituir a peça. Descobriram em seguida que o problema era ruptura de um dos dutos, exatamente onde este dava uma volta. Com 192 voltas completadas, a Porsche perdia o seu #18 com motor quebrado. Nos lados da Jaguar, as coisas não eram tão diferentes: o #3 foi limado da prova na volta 129 com problemas no câmbio, quando Pescarolo estava no comando; o #21 teve inúmeros problemas no câmbio, chegando a ter a caixa de transmissão desmontada e remontada duas vezes, mas sem nunca resolver os problemas de vibrações; o #1 abandonou na volta 306 com problemas mecânicos; o #2 teve problemas mais amenos, mas nem por isso preocupantes, quando foi visto o
carro entrar no boxes para que a parte traseira fosse reparada após um toque do Porsche #5 de Jesus Pareja. Pela manhã, foi a vez do para-brisa ser trocado. Nestas duas trocas, o tempo perdido foi de minutos somando estes contratempos. O único Jaguar que não sofreu com problemas foi o #22, mas o baixo rendimento do carro não deixou o trio Daly/ Cogan/ Perkins sonhar alto e o quarto lugar na geral foi o que conseguiram. Voltando para a Porsche, esta ainda sofreria problemas quando o Porsche dos Andretti sofreu uma fuga de combustvel e um furo em um dos pistões, que o fizeram rodar as últimas sete horas com apenas cinco cilindros. A sexta colocação para eles saiu de bom tamanho até.
O duelo entre o Jaguar #2 e o Porsche #17 sempre esteve em voga, mesmo que os problemas tenham atrapalhado. Porém, a falha de Ludwig na quarta hora ao tentar fazer duas voltas com o tanque reserva matou as chances da Porsche em conquistar mais uma em Sarthe. O Porsche #17 apareceu extremamente lento na zona das curvas Ford e dali até os boxes, ele perdeu mais de cinco minutos que foram cruciais, uma vez que a diferença deles para o Jaguar #2 foi de 2 minutos e 36 segundos, mesmo após perder duas voltas após o acontecido. Norbert Singer, então chefe do programa da Porsche, falou alguns anos depois sobre o acontecido: "Klaus Ludwig cometeu um erro ao tentar fazer duas voltas com o tanque de combustível  reserva, o que era impossível. Mas pelo menos ele chegou à chicane da Ford, pouco antes da linha de chegada. Nos últimos 200 metros ele pilotou com o motor de arranque e o carro perdeu duas voltas, o que teria sido o suficiente para vencer. Problemas técnicos acontecem em uma corrida, mas um erro de piloto como esse não deveria acontecer". No decorrer de toda a prova, a distância entre os dois carros variavam até uma volta de diferença, que era descontado ou aumentado conforme as fases da prova avançava. Talvez Jan Lammers tenha sido o mais elogiado daquele trio do Jaguar #2, ao conseguir domar bem o XJR-9 e ter toda a paciência para abrir e fechar aquela jornada para os ingleses. Principalmente o final, quando o carro passou a ter problemas no câmbio e Lammers teve todo cuidado para trocar as marchas.
Independente do que aconteceu durante a prova, a grande velocidade dos Jaguares XJR-9, aliada aos poucos problemas enfrentados pelo carro vencedor, foram importantes para o desfecho a favor dos ingleses. Enquanto que o erro de calculo de Ludwig tenha doído para os alemães, eles sabem que isso poderia ter colocado mais fogo na corrida principalmente na sua parte final uma vez que este Porsche #17 não teve problemas e a sua única parada de box para fazer um grande reparo foi justamente para a troca da bomba d’água por pura precaução, já que os outros dois carros tinham enfrentado problemas semelhantes.
Enquanto que a Porsche lambia as feridas e perdia a sua hegemonia de sete anos, a Jaguar voltava a linha de frente em Sarthe em grande estilo.
E a história acontecia mais uma vez em Le Mans.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Foto 691: Retrô


Olhar esta foto é como viajar no tempo, mesmo que não tenha vivido a época.
Aqui o box da Porsche - talvez como exposição apenas - com a sua equipe oficial da classe LMGTE-Pro já em Sarthe, onde ocorrerá o Journeé Test no próximo final de semana, com os tapumes a imitar tijolinhos a vista como era bem comum em décadas passadas onde a tecnologia ainda engatinhava e o automobilismo era puro e simples.
Idéia sensacional da Porsche!

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Video: O encontro de gerações

Nas últimas 24 Horas de Nurburgring, realizadas entre os dias 10-13 de maio, a Porsche levou suas jóias ao mítico traçado do Nordschleife para uma volta de exibiçao: o lendário Porsche 956 com as cores da Rothmans, que detém o fabuloso recorde de 6'11'13 feito por Stefan Bellof em 1983, e o 919 Hybrid EVO, que está a tomar o seu lugar no panteão dos Porsches e que recentemente estabeleceu o novo recorde do circuito de Spa-Francorchamps (1'41''770) com Neel Jani ao volante.
Hans Stuck e Jani estiveram ao volante dos dois carros respectivamente e a Porsche resolveu fazer uma dupla homenagem aos carros e claro, aos recordes nestes dois lugares fabulosos. Especialmente em Nurburgring, onde a marca de Bellof completou exatos trinta e cinco anos no último 28 de maio.

domingo, 27 de maio de 2018

102a Indy 500: Sofri, Aprendi e Venci



A maestria de Will Power em circuitos mistos nunca foi posto em dúvida. Veloz, ágil e letal dos treinos até o fim da corrida, o australiano sempre foi um favorito disparado neste tipo de traçado. Talvez já o considerávamos um vencedor antecipado da etapa e ele apenas confirmava os prognósticos com uma pilotagem sensacional. Se Rick Mears é conhecido como o "Rei dos Ovais", não seria exagero dizer que Power é "Rei dos Mistos". Mas pilotos que se aventuram na América, precisam aprender os segredos dos circuitos ovais para conseguir um sucesso completo por aquelas bandas.
Power, aquele piloto temido nos circuitos mistos, virava uma presa fácil nos ovais. E às vezes até uma piada. O seu desempenho era pífio neste tipo de pista e isso lhe custou três perdas de campeonato: o que era conquistado brilhantemente nos mistos, se perdia quase que totalmente nos ovais e isso era preocupante, pois num campeonato como o da Indy que possuem estes dois tipos de pistas, o piloto precisa de um equilíbrio para conseguir tal êxito. É mais ou menos como um piloto que tem o costume de bons desempenhos nos ovais e quando é jogado nos mistos, sucumbe as variedades de curvas deste tipo de pista e tudo que foi conquistado no outro acaba se perdendo fácil neste. O equilíbrio é necessário.
Power conseguiu este equilíbrio de 2014 para cá, passando a andar bem entre os ponteiros e as vitórias em ovais longos, médios e curtos passaram a aparecer. Automaticamente, seu nome passou a ser inserido na lista de favoritos para a Indy 500.
Como bem disse, Power esteve bem nesta edição ao ficar constante entre os primeiros e saber o momento certo para escalar o pelotão. Quando a última bandeira amarela foi acionada, por conta do acidente de Tony Kanaan, Power estava em terceiro e não aparentava ter chances de alcançar as possíveis zebras Stefan Wilson e Jack Harvey, que estavam em primeiro e segundo respectivamente. Mas surgia a dúvida se eles não teriam que parar para um Splash&Go. Quando Stefan passou e abriu a volta 196, parecia que o inglês - irmão de Justin Wilson - venceria a prova e as imagens de uma possível homenagem ao seu irmão poderia acontecer, porém, tanto ele quanto Harvey, rumaram para os boxes e o caminho para Will Power estava aberto. Só precisava conduzir o Dallara Chevrolet para a sonhada quadriculada.
A vitória de Will Power talvez não tenha sido a mais espetacular como a de outros, sendo acossados ou sofrendo por não saber se o combustível daria para chegar ao final. Na verdade, o sofrimento de Power já havia passado, quando ele era apenas uma chacota e figurinha carimbada para sofrer nos ovais em seu tempo de aprendiz neste tipo de circuito.
E hoje Power deu uma amostra que aprendeu bem a guiar nos ovais americanos.

GP de Mônaco: Dívida e Fantasma dissipados. E no braço


Aquela corrida de 2016 ainda estava engasgada. O seu desempenho naquela dia em Monte Carlo havia sido hipnotizante a ponto de botar as dominantes Mercedes no bolso com uma facilidade imensa. O péssimo trabalho de box da Red Bull o privou de uma vitória certa naquela tarde de 29 de maio. Foi uma das poucas vezes que ninguém viu o australiano brilhar seu já marcante sorriso.
Passados quase dois anos daquela desastrosa e frustrante tarde, Daniel Ricciardo chegou ao Principado disposto a tirar a limpo aquela tarde. Desde a quinta, atravessando até as fases do qualifying e chegando a uma pole respeitável, Daniel dominara todos os treinos com autoridade. A sua segunda pole - repetindo o mesmo feito de dois anos antes - lhe dava uma condição perfeita para tentar dissipar aquele fantasma de 2016.
A largada foi muito boa: conservou a posição e passou a somar a corrida do seu jeito, sempre pronto a responder qualquer que fosse o ataque de Sebastian Vettel. Conseguiu trocar os pneus e ainda voltar com certa folga na frente de seu ex-companheiro de Red Bull e até ali, a metade do caminho já havia sido cumprida a risca. Mas e aquele fantasma reapareceu: se não foi em forma de Pit-Stop como em 2016, agora viera com a perda de potência do motor Renault. Certamente aquele problema poderia se agravar, mas... Havia uma disposição impressionante por parte do australiano nesta tarde em Monte Carlo.
Por mais que Vettel tenha se aproximado em alguns momentos, parecendo esperar um momento de vacilo do australiano ou que o problema piorasse, Ricciardo ignorou qualquer prognóstico e passou a manter a diferença no braço. A diferença entre eles nunca esteve abaixo dos cinco décimos e isso foi primordial. É verdade que caso estivesse num autódromo, a dificuldade em manter Vettel na segunda posição seria quase impossível, mas o modo que ele conseguiu manter uma distância decente e manter-se concentrado, foi o grande momento de Ricciardo nestas suas sete vitórias.
O acionamento do Virtual Safety Car por conta do acidente entre Leclerc e Hartley, podia deixar as derradeiras voltas ainda mais tensas. Porém, a saída de Vandoorne dos boxes e se posicionando na frente de Vettel, acabou que aliviando o trabalho que talvez Ricciardo viesse ter com Vettel. A relargada praticamente decidiu a prova: Daniel foi embora e Vettel despencou vertiginosamente o desempenho - subindo de 1 segundo para nove segundos de atraso para o australiano. Ricciardo apenas levou seu Red Bull a uma conquista fabulosa em Monte Carlo.
As lágrimas e sorrisos de Daniel Ricciardo ao descer do carro, traduziu o tamanho do peso que ele tirou das costas.
E a tal dívida está paga. E o fantasma exorcizado!

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Foto 690: Rosberg's






Uma homenagem justa... As duas gerações de Rosberg, Keke e Novo, cada um em seus respectivos carros que lhe valeram seus únicos mundiais de Formula-1: Keke no Williams FW08 de 1982 e Nico no Mercedes W07 Hybrid com o qual venceu o mundial de 2016, fazendo algumas voltas de demonstração hoje cedo em Monte Carlo.
Ambos possuem, juntos, quatro conquistas no Principado sendo uma de Keke (1983) e três de Nico (2013, 14 e 15).
E o que é sempre legal é ver dois carros de diferentes épocas na pista. 

domingo, 6 de maio de 2018

WEC: Sobre as 6 Horas de Spa




A vitória da Toyota nas 6 Horas Spa-Francorchamps, na abertura desta inédita Super Temporada, já era cantada em verso e prosa desde as movimentações que mudaram um pouco a cara da LMP1 com a saída da Porsche ao final de 2017. Sendo a única equipe de fábrica que possui a tecnologia híbrida em seus TS050, todos os prognósticos apontavam uma conquista fácil para os japoneses frente a uma (nova) horda de protótipos não Híbridos que entraram para tentar salvar uma categoria que até tempos atrás era a coqueluche do WEC. As ações da ACO e FIA em não darem tanta atenção aos construtores particulares em detrimento as grandes fabricantes nestas últimas temporadas, acabaram deixando as duas entidades totalmente perdidas em não saber o que fazer para compor uma categoria que começava a emagrecer com a saída da Audi ao final de 2016. O quase golpe de misericórdia veio com a saída da Porsche e isso fez as luzes amarelas piscarem constantemente para que alguma coisa fosse feita de imediato. A solução foi olhar para aqueles que foram esquecidos e a partir daí, com motores convencionais, fabricantes como Oreca e Ginetta, puderam aparecer nas fileiras da LMP1. Com isso, o retorno da simpática Rebellion - que esteve na LMP1 até 2016 - pode ser festejado, assim como a vinda da SMP, DragonSpeed e TRSM Racing - esta última, que utiliza os Ginetta G60-LT-P1, nem chegou qualificar-se devido problemas financeiros. Ainda que o abismo tenha sido diminuído por conta do regulamento, os tempos de volta dos Toyota para os demais, ainda gira na casa dos dois segundos. Algo animador uma vez que, nos testes de Paul Ricard, a diferença estava acima dos cinco segundos...
A corrida foi um passeio da Toyota com o #8 comandado pelo trio Buemi/ Nakajima/ Alonso e o #7, tripulado por  Lopez/ Conway/ Kobayashi, fazendo uma corrida de recuperação para terminar com 1,8 segundo de desvantagem para o seu gêmeo #8. A controvérsia nos minutos finais da prova, onde a Toyota optou em não deixar que os dois TS050 duelassem (Fernando Alonso estava no #8 e Mike Conway no #7) gerou um mal estar entre os entusiastas do Mundial de Endurance. Por outro lado, é de entender que a atitude da Toyota era de ser esperada: a grande mídia que teria - e como teve - numa possível vitória de Fernando Alonso, justamente na sua estréia, pode ter pesado nesta decisão do corpo técnico da equipe japonesa liderada por Pascal Vasselon. Segundo o chefe francês, já havia tido um acordo prévio de que eles poderiam lutar até último pit-stop e depois manter as posições para que não houvesse um grande risco nas voltas finais. Mas a melhor performance do carro #7 - que havia marcado a pole e mais tarde desclassificado dessa posição, por conta de irregularidades no fluxo de combustível, forçando-os a largarem dos boxes - foi reconhecida por Pascal. Mas a polêmica continuará por um tempo...
Entre os não Híbridos, boa performance da Rebellion com seus dois carros, especialmente com o #1 de Lotterer/ Senna/ Jani que fecharam em terceiro e que seriam desclassificados mais tarde por conta do alto desgaste do assoalho. Bom trabalho também dos carros da SMP e isso nos leva crer que entre eles os duelos no decorrer da temporada serão interessantíssimos. Se os dois segundos de desvantagem para a Toyota chegar a cair, a briga promete ser das boas em Sarthe.
Na LMP2 o #26 da GDrive, pilotado por Rusinov/ Vergne/ Pizzitola, iniciou bem os trabalhos nesta classe ao vencer até com certa folga sobre o #38 da Jackie Chan Racing (Tung/ Aubry/ Richelmi). Em terceiro o #36 da Signatech Alpine, pilotado por Lapierre/ Negrão/ Thiriet.
Na LMGTE-PRO o duelo ficou restrito a Porsche e Ford. Aliás, foi bem legal ver os 911 em grande forma em Spa ao desafiar a Ford. Esta última sofreu grande susto ao perder o #67 na volta 26 quando Harry Tincknel escapou na Raddillion/ Eau Rouge e bateu forte, no mesmo local que acidentou Pietro Fittipaldi. Apesar da frente do Ford GT ter ficado brutalmente destruída, Tincknel - que fez trio com Priaulx e Kanaan - saiu sem nenhum arranhão. A Ford, com o #66 pilotado por Pla/ Mücke/ Jonhson, garantiu a vitória após superar o Porsche #91 (Lietz/ Bruni) na última hora de corrida. Estes estiveram muito bem nesta prova, mas uma queda de rendimento acabou jogando-os para a quarta colocação. Quem não apareceu bem foi a Ferrari com os seus 488 GTE EVO e os novos BMW M8  GTE e Aston Martin Vantage AMR por conta do BOP adotado para esta etapa inicial - que não deixou a Ferrari muito satisfeita.
E na LMGTE-AM a vitória ficou para o trio Lamy/ Lana/ Lauda com o Aston Martin Vantage #98, mas conquista não foi das mais fáceis uma vez que eles tiveram que confrontar com o outro Aston Martin Vantage #90 da estreante TF Sport (Yoluc/ Alers-Hankey/ Eastwood) na hora final, com este ultimo terminando colado no câmbio do Aston Martin de Pedro Lamy.
Foi um bom início desta Super Temporada e agora as atenções se voltarão para Sarthe, onde a grande prova do Endurance acontecerá daqui um pouco mais de um mês.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

GP da China: O pulo do Touro

Se pudéssemos classificar a prova da China, seria em três fases:

1a - O domínio amplo da Ferrari com os pneus macios sobre a Mercedes é imenso, a ponto de deixar os prateados totalmente perdidos.
Mesmo com a diferença oscilando entre 2,5 a 3,5 segundos, ficava claro que Vettel podia dar a resposta a hora que quisesse, principalmente por saber que o carro de trás terá problemas para atacar o da frente por conta da turbulência. Aliás, Mercedes sofre com isso há anos, mesmo quando o apoio aerodinâmico não era tão forte (2014-2016). Esta primeira parte do GP chinês foi bem morno, tendo apenas duelos intensos nas posições intermediárias (a zona da briga de foice), onde Alonso andou desafiando os carros da Haas. Na dianteira viu-se uma procissão, sem que ninguém atacasse ninguém.

2a - Após a únicas paradas de box dos dianteiros, a perca da liderança de Vettel para Bottas nos mostrou um cenário bem interessante, com o finlandês conseguindo andar no mesmo ritmo de Sebastian, mas agora ambos usando o mesmo composto (médio), e dando a Mercedes uma chance de vencer. Mesmo com a Ferrari deixando Raikkonen mais tempo na pista e ele dando uma pequena ajuda para que Vettel chegasse em Bottas, antes que fosse para os Boxes, as coisas não pareciam tão fáceis e o alemão precisaria de ir para a batalha na pista para retomar a dianteira. Lewis, também calçado com os médios, começava achar uma melhor performance. Neste momento a prova ganhava uma nova situação, onde as voltas finais poderiam reservar bons duelos.

3a - Essa parte foi a virada: o enrosco das duas Toro Rosso - com Gasly tocando em Hartley, fazendo-a rodar - forçou a entrada do Safety Car para que o gancho pós reta oposta fosse limpo. Neste momento os dois Red Bull foram ao box para se livrarem dos médios e calçar os macios, o que dava a eles a chance de atacar as Ferrari e Mercedes.
Foi o momento que apareceu a genialidade de Ricciardo, ao escalar o pelotão com agressividade e ultrapassagens bem calculadas. Max também trilhava um caminho bem interessante e que poderia ter lhe rendido uma vitória, caso não batesse em Vettel no hairpin. A mudança de rumos definiram um desfecho que era bem pouco provável até minutos antes do incidente dos dois Toro Rosso.

Este GP chinês deu mais uma prova do que é feito Daniel Ricciardo. Das suas seis vitórias na categoria, ao menos quatro delas foram em situações onde a corrida parecia resolvida e onde entra num momento de "acomodamento" dos demais. Ele sabe explorar bem este momento, atacando de forma impiedosa os adversários ao extrair o máximo de seu equipamento. E olha que passou perto de quase largar do fundo do grid após a sua quebra de motor no terceiro treino livre. O trabalho hercúleo dos mecânicos em reaver o motor e entregar o australiano para o classificatório, foi recompensado com a vitória dele.
E sem dúvida, a sua ultrapassagem sobre Bottas já é um dos grandes momentos do ano.


domingo, 15 de abril de 2018

O que esperar - GP da China

Visto a ótima forma dos Ferraris em Xangai, fica difícil não apontá-los para uma vitória acompanhada de dobradinha, sempre com Vettel na frente de Raikkonen. Neste momento, é o melhor conjunto deste início de campeonato sobrepondo os seus rivais e até então dominantes Mercedes, que não se encontraram com os pneus ultramacios. Aliás, fica, ao menos para este escriba aqui, a impressão de que a Mercedes está segurando as rédeas após os problemas de motor e câmbio que o Hamilton teve nas duas primeiras etapas, e isso acaba capando - e muito - a sua performance. A política de três motores nesta temporada já incomoda a Mercedes neste início. A Rede Bull aparece bem e é deles que esperamos um salto melhor neste início de GP chinês, onde podem muito bem bagunçar - no bom sentido - a ordem das forças para esta corrida.
Para os demais, a batalha será bem interessante no pelotão intermediário, uma vez que do sétimo - Nico Hulkenberg - até o 14o - Stoffel Vandoorne - a diferença está no mesmo segundo. Um pelotão bem equilibrado e que pode ter ainda a visita de uma Toro Rosso, que foi muito bem com Pierre Gasly em Sakhir, mas em Xangai, até agora, não foi nem sombra.
Para que tenhamos uma análise mais precisa, é importante que nem chuva, quebras ou Safety Car, interfiram no andamento desta prova. Será importante para vermos algumas ações na dianteira da prova, coisa que não podemos ver na Austrália e no Bahrein, onde as variáveis - quebras, punições e SC - interferiram um pouco nos resultados.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Foto 689: Fazendo história


A história do 919 Hybrid não acabou após a bandeirada na derradeira etapa do WEC de 2017. As suas marcas ainda poderão ser vistas no decorrer deste 2018, como já era de se esperar após os boatos de um possível World Tour com o 919 Hybrid em alguns locais, com o simples intuito de quebrar algumas marcas. A princípio, pistas como a do velho Nurburgring e a subida de Pikes Peaks estavam em voga, mas fotos vindas do circuito de Spa-Francorchamps já a alguns dias indicava que algo de interessante poderia vir. A enorme asa traseira, acompanhada por uma barbatana igualmente grande e mais uma  pequena modificação na seção dianteira, fizeram os mais ávidos fãs deduzirem uma possível tentativa quebra de recorde.
Na manhã deste 9 de abril em Spa, Neel Jani ganhou a mistica pista belga com o 919 Hybrid EVO para fazer história: a sua volta foi cravada em 1'41"770 (apesar que na placa comemorativa aparecer o tempo de 1'41"8), sendo oito décimos mais veloz que a marca alcançada por Lewis Hamilton para fazer a pole para o GP da Bélgica de 2017. Na ocasião o inglês, em posse do Mercedes W07, fez o tempo de 1'42"553. Uma marca para lá de respeitável deste carro que já é uma das grandes obras da engenharia mecânica contemporânea - e da história, claro.
Independente que tenha sido feitas modificações que deixou o 919 livre de todas as amarras do regulamento técnico do WEC, marca alcançada hoje tem que ser comemorada e cantada em verso e prosa. O que foi feito na pista belga só nos deixa ainda mais convictos que, caso não fosse o tamanho cuidado com os regulamentos para que os carros não sejam tão velozes, a ponto de por em risco a vida de pilotos e de outras pessoas envolvidas no esporte, a briga "armamentista" entre as fábricas  elevaria a disputa a níveis estratosféricos. E isso só nos faz imaginar o quanto que isso seria bestial, não apenas no WEC como na Formula-1, WRC... E por aí vai.
Para os lados da Porsche, este 919 Tribute serve para ainda mais transformar a sua jóia numa verdadeira lenda das pistas. As vitórias e títulos e mais as conquistas na prova principal do Endurance, as 24 Horas de Le Mans, já lhe renderam um lugar no Olimpo das Porsches mais icônicas, mas, no entanto, ainda não tinha conquistado totalmente a simpatia do público. Ainda tem a chance de quebrar o lendário recorde de Stefan Bellof no Nordschleif, estabelecido em 1983 com o Porsche 956.
O caminho para a história já está sendo trilhado.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Foto 688: Interlagos, quinze anos atrás

Ter trabalhado naquele GP do Brasil de 2003 foi das melhores experiencias da minha vida. Difícil imaginar naquela altura que todos os acontecimentos daquele GP seriam lembrados até os dias de hoje. Dormir na rua; a chuva torrencial; o rio na curva do sol; o alagamento dentro do Posto 4; o estacionamento que virou aquela curva, com todos que aquaplanaram e bateram na barreira de pneus; a torcida vibrando pelo abandono de Schumacher - que foi um dos que bateram ali na curva do Sol - e voltas depois calando-se após mais um azar de Barrichello que ficou sem combustível quando era líder; um Juan Pablo Montoya pilotando feito um doido na chuva - até bater; as fabulosas pancas de Webber e Alonso na curva do café; a vitória-não-vitória de Fisichella com a Jordan - que só viria a ser confirmada semanas depois em Ímola, com o italiano recebendo o troféu das mãos do "então vencedor' Kimi Raikkonen; a ameaça de cancelarem o GP no sábado por causa das propagandas de cigarro... Ufa! Muito coisa aconteceram naqueles dias. Mas a verdade mesmo é que saí de lá extremamente realizado.
Nunca havia visto um Fórmula-1 de perto e muito menos um GP. A chuva de domingo, o famoso aguaceiro, só veio para abrilhantar ainda mais aquele GP 700 da categoria. Foi um momento mágico, onde um rapaz de 20 anos pôde realizar seu sonho de infância e se divertir ao máximo, como se não tivesse amanhã. Aliás, fiz isso nas outras edições do GP, até 2008 onde foi a última vez que trabalhei e que fará 10 anos neste 2018.
Como sempre disse: tratei de aproveitar todas as edições em que trabalhei. Não sabia se estaria presente no ano seguinte para poder desfrutar daquele ambiente chato e grã-fino. Porém, quando os carros entravam na pista, toda aquela fleuma se dissipava e as máquinas voltavam para o seu lado mais primitivo. Por este ambiente na pista é que valia a pena estar todo ano no GP do Brasil. Era indiscritivel para mim e é assim até hoje. E aquele GP de 2003 tem um lugar guardado na memória como um dos meus grandes momentos.
Fotos? Infelizmente elas não existem... A pobre câmera acabou abrindo a tampa e velando todo filme. Restou apenas as lembranças daqueles dias de abril. E que dias! Onde pude voltar a ser o mesmo garoto que pulava cedo da cama para assistir as corridas. E todos os passos ainda estão intactos na memória.
Quando acabou a corrida, peguei as minhas coisas e fui embora, mas não sem antes olhar para o autódromo e pensar "o quanto que foi bom todos aqueles dias e agradecer a Deus por aquele momento mágico".
E até hoje sonho com aquele GP e com os outros em que trabalhei. E realizei meu sonho por seis vezes.
Saudades daqueles dias...

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Foto 687: Pedro Rodriguez, Paul Ricard 1971

Pedro Rodriguez com a sua BRM no final de semana do GP da França de 1971, prova que marcou a estréia do circuito de Paul Ricard no calendário.
O piloto mexicano até vinha bem na prova ao abandoná-la na volta 27 por problemas de ingnição, quando era segundo. A prova foi vencida por Jackie Stewart, seguindo por François Cevert e Emerson Fittipaldi.
Para Rodriguez esta foi a sua última aparição na Fórmula-1: o piloto mexicano acabou por morrer semanas depois na etapa de Norisring válida pela Interserie, ao volante de uma Ferrari 512.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Foto 686: John Surtees, Oulton Park 1970

O terceiro elemento...
John Surtees e o seu Surtees TS7 Cosworth durante a Gold Cup de 1970, em Oulton Park. O piloto inglês marcou a pole e venceu a primeira bateria, seguido por Jackie Oliver (BRM) e Jochen Rindt (Lotus). A segunda bateria foi vencida pelo austríaco da Lotus, seguido por Surtees e Oliver. Na soma das duas baterias, Surtees saiu como vencedor, com Rindt em segundo e Oliver em terceiro. A Gold Cup contava também com a presença dos carros da F5000 e nesta quem levou a melhor foi Howden Ganley, com um McLaren M10B Chevrolet.
Apesar de ser um evento extra-oficial, podemos considerar Surtees como o terceiro piloto a vencer na Fórmula-1 com um carro que levava seu nome, fazendo o trio com Bruce McLaren e Jack Brabham.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Foto 685: Moreno, 59

Não podia deixar passar o aniversário de um dos grandes desenvolvedores de carros do motorsport no mundo: Roberto Pupo Moreno chega aos 59 anos e a foto da postagem é de um dos seus milagres na Fórmula-1, quando levou a AGS aos pontos no GP da Austrália de 1987 com o sexto lugar conquistado.
A desclassificação de Ayrton Senna, que terminou em segundo e teve a sua exclusão pós prova por irregularidades nos freios da Lotus, deu a Moreno e a pequena AGS um grande momento de alegria numa época onde equipes pequenas conseguissem chegar aos pontos, era uma grande vitória.

Foto 684: Há 45 anos

Muito sol e água. Após um ano da prova extra-oficial que apresentou a Fórmula-1 ao público brasileiro, a categoria retornava a Interlagos para o seu primeiro GP oficial. E naquele sol escaldante do já distante 11 de fevereiro de 1973, o jeito foi refrescar a galera com banho de mangueira.
O "sofrimento" naquele calor valeria - e muito - a pena ao final daquele domingo: Emerson Fittipaldi arrebatou a vitória na sua casa, abrindo a sequência de três vitórias brasileiras no GP do Brasil. Acompanharam o brasileiro no pódio, Jackie Stewart e Denny Hulme.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Foto 683: 11 milésimos

Umas das tentativas de Ronnie Peterson em defender a sua liderança no ultra disputado GP da Itália de 1971. Logo em seguida Peter Gethin, preparando o bote para fisgar a primeira colocação e vencer aquela que seria a sua primeira e única conquista na Fórmula-1.
Os 11 milésimos mais famosos da categoria, naquela que foi a chegada mais apertada da história da Fórmula 1.
Infelizmente foi a última vez que a pista de Monza foi usada no seu formato original - sem contar as bancadas altas. Em 1972 a pista já estava recortada pelas chicanes e a variante Ascari.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Foto 682: Phill Hill, Long Beach 1976

(Foto: Bob Harmeyer/ bobh.photoshelter.com)
Antes que os carros da Fórmula-1 tomassem as ruas de Long Beach, na primeira aparição da categoria nas ruas da Califórnia, Phill Hill, então campeão do mundo de 1961 pela equipe italiana, tirou uma casquinha do Ferrari 312T reserva. Durante os treinos livres, Niki Lauda teve problemas no motor do carro reserva.
Naquele final de semana a primeira corrida da Fórmula-1 em Long Beach contou a presença de alguns ex-pilotos que participaram de uma breve corrida de carros antigos, como foi o caso de Phil Hill, Juan Manuel Fangio, Carrol Shelby, Stirling Moss, Dan Gurney, Maurice Trintignant e René Dreyfus. 
A prova foi dominada amplamente pela Ferrari, com direito a hat-trick de Clay Regazzoni e segunda colocação de Niki Lauda.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Foto 681: Alfa Romeo

O retorno...
O incidente entre Bruno Giacomelli (Alfa Romeo) e Elio De Angelis (Shadow), durante o GP da Bélgica de 1979, em Zolder. Ambos abandonaram na volta 21. A prova foi vencida por Jody Scheckter, seguido por Jacque Laffite e Didier Pironi.
A prova marcou o retorno da tradicional fábrica italiana à Fórmula-1, após 28 anos.
A Alfa Romeo retornará ao grid da categoria - pela terceira vez - a partir do GP da Austrália, após um hiato de 33 anos.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Foto 680: GP da França, 1970

Os Matras em ação...
Henri Pescarolo indo à frente de Jean Pierre Beltoise durante o GP da França de 1970, disputado no belíssimo circuito de Charade em Clermont Ferrand.
Pescarolo terminou em quinto é Beltoise em 13o. A vitória foi de Jochen Rindt, com a Lotus.
O circuito francês é um dos mais belos a ter feito do calendário da Fórmula-1. E dos preferidos deste que vos escreve, claro.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Foto 679: A nova Woodcote, 1975

A então nova Woodcote...
Jochen Mass e Brian Henton (mais atrás, com a Lotus) durante o final de semana do GP da Grã-Bretanha de 1975, experimentando a nova Woodcote que deixava de ser uma rapidíssima curva a direita para dar lugar a uma nova chicane, que ajudaria a "quebrar" a velocidade num dos circuitos mais velozes do calendário até então.
Se perdia o desfile veloz da original Woodcote, ganhava-se no bailar dos carros no contornar da nova chicane.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Foto 678: Clay Regazzoni, Long Beach 1980

Uma breve sequência de fotos do acidente que encerrou a carreira de Clay Regazzoni, durante o GP de Long Beach de 1980.
Enquanto que aquele GP marcava a "passagem do bastão" entre as gerações de pilotos brasileiros, com a primeira vitória de Nelson Piquet e a terceira colocação de Emerson Fittipaldi, este também acabou marcando o fim melancólico para um dos nomes mais populares da categoria na década de 70.
Uma mistura de sentimentos naquela tarde nas ruas de Long Beach

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Foto 677: Michael Schumacher, 49

Quando se corre em equipes históricas, sempre existe aquela chance de pilotar um carro histórico. Michael Schumacher teve esta oportunidade - e talvez outras - quando na sua passagem pra lá de vitoriosa na "Rossa" de experimentar um carro histórico: o 126-CB2 foi utilizado por Tambay e Arnoux na temporada de 1983, que marcou a última conquista da Ferrari no Mundial de Construtores até que eles retomassem a taça em 1999. Dezesseis anos depois Schumacher foi a pista de Fiorano com este carro, tirar uma "casquinha". O teste foi em comemoração a vitória do piloto alemão em San Marino, local onde a Ferrari não vencia desde 1983. Na ocasião, Tambay venceu a prova com este carro.
Hoje o grande piloto alemão completa 49 anos.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Foto 676: Há 50 anos, a derradeira de Clark

Enquanto que o mundial de Fórmula-1 se iniciava no circuito de Kyalami, aquele GP inicial tornaria-se histórico por ter sido o último em que Jim Clark competiu e venceu na categoria.
Apesar de um pequeno trabalho que tivera com seu conterrâneo Jackie Stewart nas primeiras voltas, Clark não teve adversários a altura após assumir a liderança daquele GP sul-africano chegando abrir, em algumas voltas, cerca de um segundo para os demais.
Jim terminou a prova com 25 segundos de avanço sobre Graham Hill. A terceira colocação foi de Jochen Rindt.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Foto 675: A coroação de um grande ano

Não é de hoje que costumo falar que Daniel Serra é um dos melhores pilotos brasileiros em atividade aqui no país. E isso vem desde os seus tempos de GT3, onde fazia miséria quando estava ao volante da Ferrari F430 da Via Italia que ele dividia com o Chico Longo.
Aliás, nos GTs, é onde Daniel revelou-se o grande piloto que ele é. Impossivel esquecer do GP Cidade de São Paulo – de 2008, se a memória não estiver ruim – onde a bordo de uma Maserati (dividida com Chico Longo), tirava diferença com maestria para o Lamborghini que ia na liderança - conduzido por ninguém menos que Ingo Hoffmann - debaixo de um aguaceiro típico do mês de janeiro. A quebra do eixo traseiro nas últimas horas de prova, quando as coisas pareciam clarear para o duo da Maserati, acabou com essa chance. Mas Daniel já havia mostrado do que era capaz com um carro de GT.
E essa habilidade foi mostrada por várias vezes na finada GT3 Brasil e também algumas vezes onde pôde pilotar o carro italiano nas 24 Horas de Daytona. Mesmo não conseguindo vencer na sua classe, Serra sempre esteve entre os principais destaques devido a sua condução agressiva e segura.
Este ano de 2017 foi a desforra para Daniel: logo em sua primeira aparição em Sarthe, cravou seu nome na história dos vencedores da principal prova de endurance do mundo ao vencer na classe LMGTE-PRO pela Aston Martin, e sempre com uma competente pilotagem nos turnos onde esteve ao volante do carro inglês. Uma estreia pra lá de perfeita.
A Stock foi o fechamento de um ano sensacional para ele. Se em outros tempos havia uma certa desconfiança de suas qualidades na principal categoria nacional, estas se dissiparam neste ano com uma conquista merecidíssima neste que foi o seu primeiro título na Stock, lugar onde seu pai Chico Serra conquistou três campeonatos.
Para Daniel Serra foi um grande ano, sem dúvida. E para aqueles que acompanham a sua carreira há muito tempo e sabiam bem das suas qualidade, foi apenas a confirmação do grande piloto que é Daniel Serra.

Foto: Duda Bairros

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Foto 674: Splash

Nos dias de hoje, nem rolaria treino...
Michael Schumacher enfrentando a piscina que se formou no pit lane de Interlagos durante os treinos de sexta-feira para o GP do Brasil de 1994.

sábado, 18 de novembro de 2017

Foto 673: Até mais, Porsche!

A breve – e vitoriosa – passagem da Porsche na LMP1 chegou ao fim com o pódio conquistado pelos seus dois 919 Hybrid, ao terminarem em segundo (#2) e terceiro (#1).
Desde o seu retorno, em 2014, até esta temporada, a Porsche foi quase que absoluta. Venceu o títulos de marcas de 2015, 16, e 17 assim como o de pilotos nestes três anos, e sempre com disputas ferrenhas contra Audi e Toyota neste período. E claro, a jóia maior, as 24 Horas de Le Mans, também fez parte deste retorno vitorioso ao ver o a “Rainha” retomar o seu lugar por direito com três conquistas emblemáticas em Sarthe. Quem acompanha o Mundial de Endurance desde a sua retomada em 2012, sabe bem do que estou falando.
A verdade é que este período que a Porsche esteve na classe principal, tivemos o imenso prazer em ver a sua eficiência. Foram momentos brilhantes da fábrica de Weissach no WEC, sempre dando um passo à frente das demais. O tão sonhado embate entre as duas grandes vencedoras de Le Mans, não se deu como esperávamos: a Audi teve alguns problemas com os seus R18 e isso tirou um pouco do brilho do que poderíamos ter visto no decorrer destes anos, mas no entanto, em algumas etapas do mundial, o embate aconteceu e foi de tirar o fôlego. Porém, foi a Toyota quem esteve como grande adversária em Sarthe: se em 2015 os japoneses estiveram bem abaixo de suas capacidades, 2016 e 2017 nos ofereceu, talvez, as duas melhores edições das 24 Horas de Le Mans onde os nipônicos deram um trabalho quase que sobre-humano aos “Porschianos”. Quem não esquece da quase vitória da Toyota em 2016, com o seu fim para lá de dramático e com uma Porsche vencendo a prova que não deveria ser deles, ou até mesmo a edição deste ano com a Toyota fazendo mais uma grande apresentação em Sarthe e desaparecendo no meio da noite com seus três carros de forma melancólica, deixando mais uma vez o caminho aberto para a Porsche levantar a taça das 24 Horas de Le Mans pela 19ª vez em sua história. Isso sem contar que a própria Porsche quase que venceu a clássica francesa logo no seu retorno na LMP1 em 2014. Quantas histórias presenciamos nestas quatro temporadas em que vimos o mais alto nível do desporto.
Para a nossa geração, que não teve a chance de acompanhar a full time outras máquinas lendárias da Porsche como o 917 e suas inúmeras variações, o 936, os fabulosos 956 e 962, apenas para citarmos os protótipos, tivemos na oportunidade de assistirmos o nascimento de outra jóia que já está encravada entre os míticos carros da marca alemã: o Porsche 919 Hybrid pode não ter conseguido angariar fãs assim como os seus irmãos mais velhos, mas foi a máquina que deu a Porsche a chance de reconquistar o seu território. E a grande jóia deste século 21 não decepcionou em momento algum.
A Porsche seguirá  o seu caminho para a F-E,  visando novos desafios, mas o seus esforços dentro do WEC migrará para a ultra competitiva LMGTE-PRO onde eles irão alinhar quatro carros para a próxima temporada.
Para nós, amantes do automobilismo, fica o agradecimento por estas quatro temporadas onde a Porsche nos deu uma palinha do que foram aqueles anos de ouro onde o nome da grande fábrica se fez. E esperamos que um dia retornem para a classe principal.
Obrigado, Porsche!

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Foto 672: Nuvolari, 125

O homem das grandes vitórias e histórias. Talvez, o melhor de uma era.
Tazio Nuvolari na La Source, em Spa, provavelmente no final dos anos 40.
O grande piloto completaria hoje 125 anos.

domingo, 12 de novembro de 2017

GP do Brasil: Uma final alternativa

Quando Lewis Hamilton acidentou-se ainda na sua primeira tentativa de volta veloz para a qualificação, talvez houvesse torcedores dos Vettel que pensassem “Porquê não antes?”. Por outro lado, os torcedores de Hamilton tenham tido os mais variados pensamentos quando viu o Mercedes espatifado contra a barreira de pneus: “E se...”
A verdade é que o mundial, já encerrado à favor de Hamilton no México, e com certo drama, nos deu a oportunidade de presenciarmos uma corrida bem agradável em Interlagos. Se o duelo pela vitória não foi o grande chamariz, as atuações de Hamilton e Ricciardo, partindo do fundo, foram as grandes atrações deste GP. E ainda tivemos Felipe Massa, terminando na sétima posição e sendo o melhor do “resto” e tendo a chance a chance de fazer a sua segunda despedida de Interlagos agora na casa dos pontos, uma vez que em 2016 o acidente durante a prova acabou antecedendo as homenagens.
Independente se tenha tido ajuda da asa móvel ou não, a verdade é que Hamilton esteve no seu grande dia, desfrutando ao máximo do carro que tem. Foi uma pilotagem limpa e extremamente alucinante, sabendo tirar todo o desempenho que os pneus macios e super macios lhe proporcionavam. Nem parecia aquele carro apático que ele pilotou no Hermanos Rodriguez quinze dias atrás, onde ficou travado em último por várias voltas enquanto Vettel, que também caíra para o fundo do pelotão após um toque com o inglês ainda na largada, fazia uma recuperação brilhante para terminar em quarto e ver as suas poucas chances de títulos escorrerem para o ralo. Uma prévia do que poderíamos ver de Hamilton em Interlagos foi muito bem demonstrado nos treinos livres, quando ele teve o máximo domínio das ações falhando apenas no terceiro treino livre. Na classificação, assumiu a culpa do acidente e via-se que estava realmente puto da vida com o que havia acontecido. A sua atuação no decorrer destas 71 voltas da prova paulistana sintetizou o real momento de Lewis neste seu estágio na Fórmula-1: extremamente confiante e isso acaba traduzindo em velocidade pura e tenacidade para ir buscar os resultados. Ok, você dirá que com este carro fica fácil, mas se olharmos o que fez Valtteri nestas mesmas 71 voltas, verá que tem uma enorme – gigantesca – diferença entre os dois pilotos prateados.
Sobre a disputa pela vitória, Sebastian Vettel assumiu a ponta no contorno do S do Senna e por ali ficou, sem ser incomodado por Valtteri Bottas. Foi uma atuação tranquila do alemão que não vencia desde o GP da Hungria, numa altura em que a Ferrari estava praticamente no mesmo nível que a Mercedes. Logo após a única parada de boxe, que talvez tenha sido o momento onde ele tenha tido a maior ameaça – já que a Mercedes havia chamado Bottas para a troca de pneus uma volta antes – Vettel conseguiu voltar ligeiramente à frente de Bottas e logo atrás de Lewis, cerca de 3.5 segundos de desvantagem. Assim que retomou a liderança com a ida do inglês aos boxes, conseguiu ter todo controle da prova a seu gosto e assim foi até a bandeirada final. Bottas foi apático: se conseguiu uma fenomenal pole no sábado, não teve o mesmo poder de fogo de outras grandes largadas que fizera neste ano – Rússia e Áustria – e acabou perdendo a primeira colocação para Vettel ao virar da primeira curva. Pior mesmo é que não teve muito ânimo em tentar atacar Sebastian e lutar abertamente pela liderança da prova quedaria a ele, chances de conquistas pontos importantes na disputa pelo vice-campeonato. Pior mesmo é ter visto que Hamilton esteve num dia de fúria e chegou a poucos segundos dele na classificação final. Talvez essa prova explique e muito o porque da Mercedes ter passado a dar toda atenção à Lewis no virar do mundial.
Felipe Massa teve o seu grande dia em Interlagos. Todos sabiam que furar a bolha criada por Mercedes, Ferrari e Red Bull seria extremamente difícil, mas Felipe acabou saindo dessa corrida como o vencedor do resto – ou da Classe B da categoria. Manteve Fernando Alonso todo o tempo do GP a uma distância acima de um segundo, para que o espanhol não pudesse usar asa móvel e assim foi durante todo GP. Apenas nas voltas finais, talvez com os pneus já bem desgastados, é que teve uma pressão considerável de Alonso e de Pérez neste. Aguentou bem as investidas e pôde terminar na sétima colocação e ter uma despedida mais honesta, com direito a uma fala do seu pequeno Felipinho no rádio.
E Interlagos foi mais uma vez o palco de uma corrida muito boa.

sábado, 11 de novembro de 2017

Foto 671: Ligier, Interlagos 1976

"Tudo jóia, Jacques?"... Jacques Laffite com o Ligier JS5 com o motor da Matra no grid de largada para o Grande Prêmio do Brasil de 1976, que abriu a temporada daquele ano. Laffite marcou o 11º tempo e abandonou na volta 14 por problemas na transmissão.
Foi o início da odisséia da equipe comandada por Guy Ligier na F1 que durou exatos vinte anos, tornando-se uma das equipes mais populares e queridas nos anos 80 e 90.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Foto 670: Curva do Webber

O que restou do Jaguar de Mark Webber após a sua fenomenal pancada na Curva do Café em Interlagos, no GP do Brasil de 2003 - o de número 700 da história da categoria. Onze anos depois, ele repetiria a dose, agora a bordo do Porsche 919 Hybrid do WEC, quando aconteceu as 6 Horas de São Paulo em 2014.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Foto 639: Rally Cross

Duelo dos bons entre o MG Metro 6R4 contra o Audi Sport Quattro S1 e atrás, um Porsche 911 Biturbo 4x4 numa das etapas do Campeonato Europeu de Rally Cross de 1987.
Quando os carros do Grupo B foram banidos do Mundial de Rally, foi no Rally Cross que encontraram seu reduto e máquinas como o Audi Quattro, Peugeot 205 Turbo 16 E2, Ford RS200 E2, Lancia Delta S4 e MG Metro 6R4.
Os monstros do Grupo B foram utilizados neste campeonato até o final de 1992.

Foto 1041 - José Carlos Pace, 1000km de Osterreichring 1972

  (Foto: David Phipps/ 4Quatro Rodas) Não é tão fácil ingressar numa equipe de ponta de uma grande categoria, e a coisa parece ainda mais co...