O pessimismo apresentando por Nico Rosberg durante a
coletiva no sábado era normal: após mais uma pole, ele se lembrava dos últimos
GPs em que saíra dessa posição e quem mal conseguia usufruir desta vantagem,
uma vez que o seu carro caía drasticamente de performance devido –
exclusivamente - pelo alto desgaste de pneus. Mas Mônaco, com seus trechos
quase que mal cabem um carro, lhe reservava uma esperança de conseguir algo
melhor naquela tarde. Para isso, ele deveria tentar construir uma ótima
vantagem que lhe desse chances de fazer uma troca de pneus e ainda se manter à
frente de seus rivais. Uma tarefa nada fácil, mas que poderia muito bem
acontecer.
Apesar de uma largada sem problemas para os ponteiros, a
corrida foi uma enfadonha procissão que viu Rosberg abrir uma diferença bem
pífia para seu companheiro Hamilton que lutava com Vettel pela segunda
colocação. Mais atrás, Webber segurava a galera que tinha Raikkonen, Alonso,
Button e outros que formaram uma longa fila. Corrida modorrenta até que Felipe
Massa resolveu tirar a contraprova do seu acidente no sábado na St. Devote e
descobrir que não tinha sido uma boa idéia. O Safety-Car entrou e Vettel foi
esperto ao ir para os boxes e mudar os pneus de super macios por macios e este
exemplo foi seguido por Webber. Rosberg já estava longe e na volta seguinte,
antes do SC encontrá-lo, ele também trocou para compostos macios e Hamilton
veio logo a seguir. A diferença é que Nico ainda conseguiu voltar na frente,
enquanto que Lewis caiu para quarto. Quando a relargada foi dada, Rosberg
conseguiu abrir uma diferença razoável para Sebastian e Hamilton passou a
pressionar veemente Webber, que conseguia anular as tentativas do inglês em
pontos como a Lowes, Chicane do Porto, Tabac e Rascasse. Enquanto que a batalha
pela terceira colocação fervia, Chilton resolveu ignorar os espelhos
retrovisores ao espremer Maldonado contra o guard-rail da curva Tabac e
proporcionar um pequeno vôo do piloto venezuelano, que acabou batendo forte na
barreira de proteção e com isso jogando-as na pista. O SC entrou, mas de
imediato a bandeira vermelha foi estendida faltando 32 voltas para o fim para
que as barreiras fossem colocadas de volta. Com os carros alinhados e com novos
pneus, seria uma nova corrida a ser feita no Principado.
Mas quando a relargada foi dada, as posições dos ponteiros
não modificaram: Rosberg conseguiu abrir uma boa diferença para Vettel e
Hamilton, que tentava como podia passar por Webber, agora sofria com problemas
de pneus e não mais incomodava o piloto australiano. Enquanto isso, da quinta
posição para baixo, Perez e Sutil faziam a festa ao conseguirem ótimas
ultrapassagens sobre Alonso e Button. O piloto mexicano esta possesso na sua
condução em Monte Carlo, mas errou na dose quando tentou passar Kimi na entrada
da Chicane do Porto e acabou furando o pneu traseiro direito do Lotus do
finlandês. Raikkonen foi aos boxes e voltou em 16º, conseguindo fazer uma das
recuperações mais extraordinárias naquela pista ao subir dessa posição até a
décima em poucas voltas e Sergio abandonou logo depois com o radiador de seu
McLaren furado. Adrian Sutil foi mais esperto e menos ignorante nas
ultrapassagens, aproveitando-se bem dos vacilos de Button e Alonso na Lowes,
ele conseguiu chegar a um ótimo quinto lugar. Fernando, por sua vez, fez uma
das piores apresentações da sua carreira ao optar por uma condução mais
conservadora e isso lhe custou três colocações para Perez, Sutil e Button e
terminou em sétimo.
A vitória de Rosberg já era cantada desde o GP da Espanha,
mas para isso ele precisaria fazer a pole e a fez de modo tranqüilo até. O
desempenho do W04 ainda o deixava em dúvida, mas o comportamento do carro em
Monte Carlo foi bom e os pneus resistiram bem. A Red Bull também teve um bom
ritmo nessa corrida e assim como a Mercedes, pouco sofreu com a borracha, mas
achei que Vettel preferiu uma pilotagem mais segura para conservar os pneus,
pois o seu início de corrida tinha sido extremamente agressivo ao tentar passar
Hamilton, ou induzi-lo ao erro. Depois baixou a guarda, talvez já sabendo que
os seus rivais diretos, Raikkonen e Alonso, estavam a passar por maus bocados
nas 5ª e 6ª posições. Foi um GP lucrativo para ele. E o asfalto liso de Mônaco
ajudou estas duas equipes que tem mais sofrido com estes pneus, enquanto que
Lotus e Ferrari não tiveram um bom fim de semana.
Como eu escrevi ao término da corrida, alguns irão dar
crédito a essa vitória da Mercedes pelo teste secreto que eles realizaram em
Barcelona com os pneus da Pirelli, mas a verdade é que a prova que interessa
mesmo para tirarmos as conclusões é a do GP do Canadá onde o asfalto é
extremamente abrasivo e que consome os pneus em poucas voltas, e a Pirelli deve
levar os mesmos compostos de Mônaco para Montreal e isso gerará ainda mais
duvidas de como os carros se comportaram lá, em especial os da Mercedes.
A guerra declarada entre Red Bull e Ferrari contra a
Mercedes por causa do agora famoso teste, irá render muito até o final de
semana do dia 16 de junho. A batalha dos pneus extrapolou as pistas, indo parar
nos tribunais e agora é hora da FIA e Bernie lidarem com o monstro que criaram.
Resultado Final
Grande Prêmio de Mônaco - Monte Carlo
78 voltas - 6ª Etapa
26/05/2013
1 - Nico Rosberg (ALE/Mercedes)
2 - Sebastian Vettel (ALE/RBR)
3 - Mark Webber (AUS/RBR)
4 - Lewis Hamilton (ING/Mercedes)
5 - Adrian Sutil (ALE/Force India)
6 - Jenson Button (ING/McLaren)
7 - Fernando Alonso (ESP/Ferrari)
8 - Jean-Eric Vergne (FRA/STR)
9 - Paul Di Resta (ESC/Force India)
10 - Kimi Raikkonen (FIN/Lotus)
11 - Nico Hulkenberg (ALE/Sauber)
12 - Valteri Bottas (FIN/Williams)
13 - Esteban Gutierrez (MEX/Sauber)
14 - Max Chilton (ING/Marussia)
15 - Giedo Van der Garde (HOL/Caterham)
Abandonaram a prova:
Sergio Pérez (MEX/McLaren)
Romain Grosjean (FRA/Lotus)
Daniel Ricciardo (AUS/STR)
Jules Bianchi (FRA/Marussia-Cosworth)
Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault)
Felipe Massa (BRA/Ferrari)
Charles Pic (FRA/Caterham-Renault)
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