terça-feira, 5 de agosto de 2014

Fim da linha?

E pipocou há cerca de uma hora a notícia de que a Globo não transmitirá a F1 para o canal aberto à partir de 2015, deixando a cargo da Sportv essa função. A notícia foi publicada no site da Quatro Rodas, cujo link não consegui abrir, mas a história espalhou-se rapidamente por Facebook, Twitter, sites especializados e por aí vai... Surpreso com isso? Nem tanto...
Acredito que categoria já vinha definhando há um bom tempo e aquele brilharete do Massa em 2008 e do Barrichello em 2009, foram os suspiros finais da categoria por aqui e depois disso, passou a sobreviver por "ajuda de aparelhos". E eu confesso ter ficado surpreso ano passado quando números de audiência da F1 pelo mundo, indicava o Brasil como o primeiro: nada mais que 50 milhões de pessoas anualmente assistindo a categoria, muito mais que a Alemanha que ganhou nos últimos vinte anos "apenas" onze títulos mundiais. Mas creio que estes 50 milhões também englobam pessoas que vêem por streaming, ouvem pelo rádio e por aí vai... Mas a marca não deixa de ser boa.
Infelizmente, nessa época em que a audiência é a grande atração para as TVs - e também o termômetro para a sobrevivência destas -, a F1 foi nos últimos anos caindo vertiginosamente. A Globo pouco mudou o seu modo de transmitir as corridas: apesar de ter aberto mais 20, 30 minutos a mais de sua programação para fazer um Pré-GP, isso pouco acrescentou. E depois disso a audiência caiu ainda mais. Os treinos classificatórios tiveram as suas duas primeiras partes limadas a partir do GP da Alemanha, pois neste horário o canal levava uma sova das concorrentes. E já haviam aparecido textos especulando que isso já seria uma manobra de colocar a categoria no Sportv no futuro. E caso se confirme o tal boato, as especulações foram certeiras.
Mas será uma boa? Talvez sim. Pelo que leio, os eventos esportivos em canais fechados tem um tratamento diferente. O produto é mais bem cuidado, afinal um público específico estará a postos sempre para assistí-lo. Talvez o aparecimento de um novo "messias", que venha a se destacar na F1 no futuro e vencer, possa alavancar a categoria por aqui novamente. Mas no momento isso é um pouco distante.
Para a maioria que cresceu vendo a F1 na TV aberta, isso representará o fim de um ciclo. Já os demais que gostam da categoria, mas não tem acesso a internet e TV à cabo, será ainda mais complicado. Porém recorro à 1980, quando a Globo desistiu de passar a F1 por causa da audiência, exatamente pela falta de resultados de Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet. A Bandeirantes passou a transmitir as provas, Nelson começou a vencer e foi lutar pelo mundial contra Alan Jones. E vendo isso, a Globo comprou de volta os direitos que estão com ela até hoje.
Pode ser que isso aconteça. Mas não por agora e nem tão cedo...

Adendo: Hoje pela manhã foi divulgado no site UOL que a Fórmula-1 continuará na grande de programação da Globo para 2015, indo contra o que foi informado pela Quatro Rodas ontem a noite. 
A emissora tem um contrato com a categoria até 2020 e nela fica expressa a obrigação de transmissão de todas as corridas até lá no canal aberto. 
Sinceramente havia me esquecido de um fato que ocorreu em 2007 quando a Record, vendo que a Globo havia abdicado do GP da Espanha para a transmissão da missa do Papa Bento XVI, que estava por estas bandas, a emissora do Edir Macedo tentou fisgar a F1 para ela usando essa regra. Na época não deu certo...
Mas foi uma bela "barrigada" da Quatro Rodas em divulgar algo assim. Mas também não ficaria surpreso de ter sido uma jogada da Globo em tentar despertar a ira dos fãs e ver qual a reação deles com relação a essa notícia. 
Silvio Santos fez isso algumas vezes ao tirar o seriado "Chaves" do ar e deixá-lo de fora por algum tempo. Isso deixava os fãs em pavor, a ponto de mandar email, fazer telefonemas, atazanar até que o SBT voltasse a transmitir o seriado. Mostrava o quanto que o programa ainda é popular, sendo que os números no IBOPE giram em torno de 6 à 10 pontos. 
Talvez a Globo tenha feito o mesmo e visto que a categoria ainda tem público cativo, resolveu "apagar o incêndio" que se alastrou pela internet.  

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