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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

GP da Toscana – Cartão de Visitas

 

Lewis Hamilton num dos mais belo cenários desta temporada: vitória de número 90ª
(Foto: Mercedes/ Twitter)

Qualquer circuito que venha fazer sua estreia na Fórmula-1 sempre vai gerar uma grande curiosidade. Mugello não é tão desconhecida assim: além de ser uma das pistas de testes da Ferrari, é um das catedrais sagradas do motociclismo. Para os entusiastas, exclusivamente daqueles que acompanham apenas a Fórmula-1, era um novidade a ser observada com atenção: uma mistura de curvas velozes com partes mais estreitas e com caixas de brita por todos os lados, essa corrida servia como uma grande oportunidade de ver como seria esta primeira aparição da categoria neste circuito centenário.

A julgar pela primeira largada, a corrida passava um cenário interessante: a melhor largada de Bottas jogou Hamilton para segundo e isso trazia uma possibilidade de vermos como seria um possível duelo entre os dois pilotos da Mercedes, uma vez que Valtteri esteve muito bem nesta pista em todos os treinos – exceto na qualificação, onde Lewis mostrou mais uma vez seu passo de gigante ao anotar a sua 95ª pole na carreira. Mas o enrosco logo na segunda curva que eliminou Verstappen e Gasly, fez com que o SC fosse acionado para a retirada dos carros. Quando relargada foi autorizada, o múltiplo acidente na parte de trás envolvendo Lattifi, Giovinazzi, Magnussen e Sainz, fez com que a bandeira vermelha entrasse em ação. Dessa forma, assim como na última semana em Monza, teríamos um novo procedimento de largada parada.

Essa nova largada deu a Hamilton a chance de pular na dianteira, aproveitando-se bem do vácuo do Mercedes de Valtteri para contornar a curva por fora e assumir a liderança. Mesmo com Bottas tentando optar em usar compostos diferentes do de Hamilton, o finlandês acabou tendo de parar antes por conta do desgaste e também por ter reclamado de vibrações nos pneus e assim foi chamado antes, colocando os pneus duros. Hamilton  veio parar uma volta depois e colocar os mesmos compostos. O acidente de Lance Stroll na veloz Arrabiata 1 fez com que o SC entrasse mais uma vez e Bottas teve um oportunidade de parar e fazer sua parada para colocar os pneus macios, porém Hamilton, que havia passado pela reta dos boxes exatamente quando foi acionado o Safety Car, conseguiu ainda tempo para completar a volta, trocar para os macios e voltar na frente de Valtteri – para mais uma vez a bandeira vermelha entrar em ação e forçar uma nova largada parada. Desta vez, não teve nenhuma surpresa: Hamilton conseguiu controlar bem sua vantagem para Bottas – que oscilava entre 1.3 segundos até 2.0 segundos – para conquistar sua sexta vitória na temporada.

Apesar de toda a bagunça causada pelos acidentes, a corrida foi interessante do terceiro para baixo. Sem a presença de Max – que seria o terceiro ocupante natural do pódio – a terceira posição foi objeto de desejo: Charles Leclerc chegou ocupar essa posição por algum momento, mas todos sabiam que ele não teria muito o que fazer frente a carros mais velozes e se viu despencar pela tabela para terminar em oitavo; Lance Stroll era outro que podia muito bem ter levado este terceiro lugar, mas os problemas na seção traseira de seu carro acabou jogando-o no muro de pneus da Arrabiata 1 e fazendo um belo estrago em seu Racing Point; Daniel Ricciardo parecia ser o piloto da tarde e fez relembrar seus tempos de Red Bull, onde imprimia sempre boa velocidade após as relargadas e isso o fez subir para terceiro. Talvez até conquistasse o pódio, não fosse a bandeira vermelha e isso deixou caminho aberto para que Alex Albon subisse de produção e partisse para o ataque e ultrapassasse o australiano. O anglo-tailandês ainda deu uma perspectiva de que poderia alcançar as Mercedes, que foi logo rechaçada com o aumento de ritmo dos dois carros negros. Mas foi o suficiente para que Alex subisse, enfim, ao pódio pela primeira vez. Quem teve a oportunidade de marcar o primeiro ponto neste campeonato foi George Russell, que viu a oportunidade aparecer após a série de acidentes. Infelizmente não teve tempo – e nem folego – para conseguir atacar e ultrapassar Sebastian Vettel – este escapou duas vezes dos acidentes, sendo que na primeira teve a asa dianteira danificada após acertar o carro rodado de Sainz – que acabou em décimo. E para a Ferrari, que comemorou o seu GP de número 1000 em Mugello, o estrago bem reduzido frente a péssima temporada que é feita até aqui. 

Esta prova significou a 100ª vitória da Mercedes na Fórmula-1, enquanto Hamilton chegou a sua 90ª conquista e fica, assim, a uma vitória de igualar a marca de Michael Schumacher – que pode ser empatada já na prova da Rússia daqui quinze dias – e ainda teve o recorde de 222 GPs na zona de pontos.

Até o final da temporada a história estará feita.

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Foto 885: Ronnie Peterson, 24 Horas de Le Mans 1970

Ronnie Peterson nas 24 Horas de Le Mans de 1970: única participação

Ronnie Peterson durante o fim de semana das 24 Horas de Le Mans de 1970. Na foto, o sueco com a Ferrari 512S #7 da equipe oficial da Ferrari (SEFAC Ferrari) na freada para Arnage. Na ocasião ele dividiu o carro com Derek Bell, mas não tiveram grande sorte ao abandonarem na 39ª volta após um problema na válvula. Foi a unica aparição de Ronnie em Sarthe.

O piloto sueco ainda teve outras oportunidades de participar das 24 Horas de Le Mans, mas por alguns infortúnios acabou por não acontecer: em 1969 foi escalado como reserva nos carros da Scuderia Filipinetti; em 1971 esteve na lista de reserva pela mesma Scuderia Filipinetti, onde dividiria o Ferrari 512M com Jean Pierre Jabouille; e a última possibilidade foi em 1972 quando estava a serviço da Ferrari, onde conduziria uma 312PB com Tim Schenken e Mario Andretti, mas a inscrição foi retirada. 

Naquele mesmo ano de 1972, Ronnie esteve a serviço da Ferrari no Mundial de Marcas onde pilotou o Ferrari 312PB junto de Tim Schenken. A dupla conseguiu duas vitórias naquela temporada: nos 1000Km de Buenos Aires e nos 100Km de Nurburgring. 

Hoje completa exatos 42 anos da morte de Ronnie Peterson, após o terrível acidente de um dia antes no GP da Itália de 1978. 

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Foto 884: A primeira em Monza

 

(Foto: Alpha Tauri/ Twitter)


A vitória de Pierre Gasly nesse último domingo passa a ser uma dos melhores momentos da Fórmula-1 nos últimos anos. Uma vitória carregada de emoções e revitalizante para um piloto que passou por maus bocados em 2019 até o seu heroico pódio em Interlagos naquele ano.

Por outro lado, a sua conquista o coloca na lista de pilotos que venceram seu primeiro GP na Fórmula-1 no solo sagrado de Monza. Ele é o oitavo piloto a conseguir essa façanha e agora vamos aos outro sete que compõe esse grupo.

 


1960 – Phil Hill –
O campeonato daquele estava totalmente nas mãos das equipes britânicas, tendo vencido as oito primeiras etapas das dez programadas para aquele mundial. Para o GP da Itália, o traçado escolhido foi o completo – com a utilização do anel externo da pista de Monza. O piso de concreto utilizado na bancada do oval prejudicava bastante a performance dos carros ingleses – por causa dos fortes solavancos – e nisso acabou que as equipes oficiais da Lotus, Cooper e BRM se retiraram daquela etapa e apenas os Cooper de propriedade de alguns pilotos particulares é que participou.

Foi a deixa para a Ferrari chegar a sua primeira e única vitória naquele ano: inscreveu quatro carros, sendo três D246 para Phil Hill, Richie Ginther e Willy Mairesse e uma 156P de motor traseiro para Wolfgang Von Trips.

Hill largou da pole (a primeira dele) e passou para vencer pela primeira vez na Fórmula-1 após duelar com Ginther, que terminou em segundo e Mairesse em terceiro. Ele tornou-se o primeiro americano a vencer uma corrida oficial na Europa após 40 anos, quando Jimmy Murphy venceu o GP DA França de 1921 em Le Mans pilotando um Duesenberg. Foi também a última conquista de um carro com motor dianteiro na Fórmula-1.

Phil repetiria a vitória em Monza um ano depois, no trágico GP de custou a vida de Von Trips e que era seu rival na disputa pelo titulo em 1961. Hill acabou por ser o campeão.

 


1965 – Jackie Stewart
– A temporada de 1965 levava a marca de Jim Clark e Lotus, que até ali tinha vencido seis vezes no mundial – e ainda carregava a fabulosa conquista da Indy 500. Em Monza a batalha foi inteiramente entre os pilotos britânicos onde Clark, Graham Hill, Jackie Stewart (estes dois com a BRM) e uma rápida intervenção de John Surtees (Ferrari), deu o tom naquela corrida regada ao uso do vácuo com as constantes trocas na liderança entre Clark, Hill e Stewart até a 57ª volta quando Jackie assumiu a liderança de vez.

Jim Clark abandonou na volta 63 por problemas de vazamento de óleo e deixou a disputa para Jackie e Hill, com o inglês ainda incomodando o escocês em algumas oportunidades. Mas Stewart reassumiria a liderança de vez na volta 74 para vencer seu primeiro GP na Fórmula-1.



1966 – Ludovico Scarfiotti –
O piloto italiano era um dos melhores de sua geração naquela década de 60, tendo vencido provas no Mundial de Marcas – incluindo a conquista nas 24 Horas de Le Mans de 1963 com Lorenzo Bandini pilotando pela Ferrari – e também com dois títulos no Campeonato Europeu de Subida de Montanha em 1962 e 1965.

Scarfiotti tinha feito já algumas provas na Fórmula-1, tendo estreado no GP da Holanda de -1963 onde terminou em sexto e participou, também, de algumas provas extra-campeonato incluindo a famosa corrida em Syracuse no ano de 1967 onde ele dividiu a conquista com seu companheiro de Ferrari Mike Parkes após terem cruzado a linha de chegada juntos, computando a mesma velocidade (182,90 KM/H) e cravando um incomum empate.

No GP da Itália de 1966 Scarfiotti largou da segunda posição, com a pole ficando para seu companheiro de Ferrari Mike Parkes – que marcava a sua primeira pole na categoria. Após uma má largada que o jogou para sétimo, Ludovico escalou o pelotão aos poucos para assumir a liderança na 13ª volta e perde-la momentaneamente na 27ª passagem para Mike Parkes e recuperá-la em seguida, para se tornar o primeiro italiano a vencer o GP da Itália desde Alberto Ascari, que havia vencido em 1952 também pela Ferrari. E agora era vez de Ludovico herdar essa marca, ao ser o último italiano a vencer o GP italiano e com Ferrari.

Scarfiotti morreria dois anos depois numa prova de Subida de Montanha em Berchtesgaden (ALE) ao volante de um Porsche 910 durante os treinos.

 


1970 – Clay Regazzoni –
Vencer pela Ferrari é sempre um previlégio. Se for pela primeira vez, engrandece o piloto, mas se este pacote for todo num GP da Itália em Monza, eleva o piloto a imortalidade junto aos Tiffosi. Para o novato Clay Regazzoni, que passou parte daquele ano revezando o volante do 312B com o também novato Ignazio Giunti, a corrida foi um dos grandes presentes na sua carreira.

Apesar de todo clima tenso pela morte de Jochen Rindt durante os treinos, a corrida aconteceu e Regazzoni estava num ótimo terceiro lugar – com seu companheiro de Ferrari, Jacky Ickx, na pole e Pedro Rodriguez (BRM) em segundo.

As primeiras trinta voltas foram uma batalha visceral que envolveu Ickx, Rodriguez, Regazzoni, Jackie Stewart, Jackie Oliver e Denny Hulme no revezamento pela liderança, mas a partir da 31ª volta Stewart passou a batalhar exclusivamente com Regazzoni.  A partir da volta 54, Clay assumiu de vez a liderança para conquistar a sua primeira vitória na Fórmula-1 e ver a pista de Monza se transformar num mar de Tiffosi que agora tinham um novo ídolo.

Regazzoni ainda venceria em Monza cinco anos depois, quando levou o GP da Itália de 1975 com a Ferrari.




1971 – Peter Gethin –
Poderia um piloto sair de uma posição de meio de grid e vencer em Monza? Com um bom carro e conseguindo usar bem o beneficio do vácuo, essa chance cresceria consideravelmente.  Peter Gethin (BRM) marcou apenas o 11º tempo naquele grid para o GP da Itália que teve como pole Chris Amon com a Matra. Mas o britânico soube usar bem o turbilhão de vácuo em Monza naquele dia.

A corrida foi uma das mais disputadas da história, onde os seis primeiros passaram a corrida separados por meros meio segundo. Clay Regazzoni, Ronnie Peterson, Jackie Stewart, François Cevert, Mike Hailwood, Jo Siffert e Chris Amon foram os pilotos que trocaram a liderança até a 51ª passagem até que Peter Gethin, que havia ficado a corrida toda comboiando este grupo, começou a escalar o pelotão até chegar à liderança na volta 52. Ele perderia a liderança na passagem 54, mas recuperaria na volta 55 para vencer o seu único GP com a apertada vantagem de um centésimo para Ronnie Peterson.

A média horária alcançada por Peter Gethin foi de 242.616 KM/H . Em termos de comparação, naquele mesmo ano, Al Unser venceu a Indy 500 com a média de 253.850 KM/H.



2001 – Juan Pablo Montoya –
A fama do colombiano já estava em alta quando o GP da Itália daquele ano foi realizado. Sua coragem frente aos demais e, principalmente, Michael Schumacher, chamava atenção e credenciava o jovem piloto a ser um dos grandes astros.  

Aquele GP da Itália foi realizado sob forte tensão após o ataques as torres gêmeas em Nova York (11 de setembro) e do grave acidente sofrido por Alessandro Zanardi um dia antes na etapa de Lausitzring válida pelo campeonato da CART.

Montoya largou da pole e viu em Rubens Barrichello (Ferrari) e no seu companheiro de Williams, Ralf Schumacher, seus dois grandes opositores naquela edição. Juan Pablo acabou por vencer a corrida, com uma margem de cinco segundos sobre Rubens e dezessete sobre Ralf.

Montoya voltaria a vencer no circuito em 2005, pela Mclaren.



2008 – Sebastian Vettel –
A estrela em ascensão do automobilismo alemão teve seu dia de rei em Monza ao cravar a pole em condições bem adversas, onde a chuva foi constante. Na corrida, a soberania do jovem Sebastian Vettel continuou e ele liderou quase todas as voltas, perdendo a liderança por apenas quatro voltas para Heikki Kovalainen (19-22) e retomando para vencer de modo convincente pela primeira vez na categoria – e também para a então jovem equipe Toro Rosso, que havia surgido do que era a Minardi.

Essa conquista de Vettel o credenciaria para a equipe principal, a Red Bull, em 2009, onde ele veio conquistar seus quatro campeonatos consecutivos (2010-13) e tornar-se um dos grandes da categoria.  

domingo, 6 de setembro de 2020

Foto 883: Clay Regazzoni, GP da Itália 1970


(Foto: Motorsport Images)

(Foto: Bernard Cahier)


Um dos grandes momentos de Monza, apesar de tudo.
Na primeira foto, o então novato Clay Regazzoni, entrou para imortalidade junto a Ferrari ao vencer o GP da Itália um dia após o trágico acidente que vitimou Jochen Rindt. Naquele mesmo fatídico dia 5 de setembro, foi o aniversário de Regazzoni que chegava aos 31 anos.
Na segunda foto, registro de Bernard Cahier, uma dos momentos que melhor simbolizam o que é o GP da Itália: a famosa invasão de pista, seja ela com vitória ou não da Ferrari, mas acontecerá e se for com vitória da Rossa - como no caso, a festejarem a conquista de Regazzoni- , certamente será ainda mais emblemática. É uma das melhores fotos de sempre da Fórmula.
Hoje completa exatos 50 anos deste feito.

sábado, 5 de setembro de 2020

Video: 24 Horas de Le Mans 1965 (Momentos Finais)

Os últimos minutos daquela que foi as 24 Horas de Le Mans de 1965, com o Ferrari #21 250LM d da NART (Nort American Racing Team), pilotado por Masten Gregory e Jochen Rindt que veio a conquistar aquela edição.
A principio essa corrida prometia um grande duelo entre Ferrari e Ford, com esta última trazendo seus GT40 revisados para tentar o assalto a grande prova do endurance mundial. Mas, assim como em 1964, na sua primeira tentativa, os seis Ford GT40 já estavam fora de combate com sete horas de prova pelos mais variados problemas. A Ferrari, com seus três 330 P2 Spyder oficiais, também não tiveram vida longa abandonaram já próximo do fim.
Mas ao menos, os Ferrari particulares honraram a marca: além da conquista da NART com o 250LM, outro Ferrari do mesmo modelo inscrito pela Pierre Dumay ficou em segundo (com Pierre Dumay e Gustave "Taf" Gosselin pilotando) e na terceira posição um Ferrari 275 GTB da Ecurie Francorchamps (conduzido por Willy Mairesse e Jean Blaton).
Essa corrida marcou a última conquista da Ferrari na geral em Le Mans. Por outro lado, foi a primeira da Goodyear em Sarthe.
Para Jochen Rindt, foi o seu melhor resultado em Sarthe. Ele disputou quatro edições das 24 Horas de Le Mans entre 1964 e 1967, tendo abandonado três vezes (64, 66 e 67) e pilotando por Ferrari (64 e 65), Ford (66) e Porsche (67).
Hoje completa exatos 50 anos da morte do austríaco, acidentado durante os treinos para o GP da Itália de 1970. Ao final da temporada foi coroado campeão post-mortem daquela temporada da Fórmula-1.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Foto 881: Fritz




Não devia ser comum um piloto novato chamar atenção de um campeão do mundo de Fórmula-1. Este campeão, sendo naquele momento, o detentor de cinco títulos mundiais, tornava qualquer descoberta valiosa e seja quem fosse o escolhido, certamente as pessoas olhariam com mais atenção. Quando o jovem Fritz D’Orey chamou atenção de Juan Manuel Fangio no I Triangular Sulamericano, realizado em Interlagos no ano de 1958, abriu-se uma importante porta para que o paulistano pudesse mostrar o seu talento que já era bem conhecido pelos entusiastas do automobilismo nacional.

Apesar de meteórica, fazendo sua estréia – com vitória numa prova de 15 voltas em Interlagos destinado a pilotos iniciantes – em 1955 após comprar um Porsche Spyder das mãos de Chico Landi e que pertenceu a Hans Von Stuck, Frederico José Carlos Themudo D’Orey começou a se firmar como um dos grandes nomes do automobilismo nacional. Mas foi em 1958 que o paulistano passou a domar as competições ao derrotar grandes nomes do automobilismo nacional como Celso Lara Barberis, Camilo Christófaro, Cyro Caires em categorias como o Campeonato Paulista de Automobilismo e também o Campeonato Brasileiro de Automobilismo. Foi neste mesmo ano que aconteceu o I Triangular Sulamericano em Interlagos onde ele desafiou Jose Froilan Gonzalez e por muito pouco não venceu, mesmo tendo dominado amplamente a competição com direito a quebra de recorde por parte do brasileiro, ao desbancar a melhor marca de Gonzalez  (3’47’’4) com uma volta em 3’42’’5 pilotando uma Siderato Ferrari. Infelizmente problemas mecânicos o tiraram da luta pela vitória, mas fez uma grande recuperação para terminar em quarto. Foi a deixa que Juan Manuel Fangio precisou para recrutar o jovem brasileiro para a sua equipe Centro-Sud que contava com pilotos argentinos e uruguaios – e agora com o brasileiro Fritz.

Voltou a impressionar no GP de Buenos Aires de 1959 quando estava liderando, mas a quebra de um dos eixos o deixou a pé quando faltava seis voltas para o fim. Sob a batuta de Fangio, foi para a Europa onde testou a Maserati 250F em Modena e em 5 de julho fez a sua estréia na Fórmula-1 ao comando da 250F da Centro-Sud. Largou em 18º e terminou em 10º, com dez voltas de desvantagem para o vencedor Tony Brooks da Ferrari. Para Fritz, essa corrida ficou marcada por um entrevero com Stirling Moss: em um dos estágios, quando estava para tomar uma volta de Moss, ele fez sinal para que o inglês o ultrapassasse e numa das fortes freadas após uma das longas retas do circuito de Reims, Moss acabou escapando e rodando – Stirling ainda retornou para a corrida e foi desclassificado mais tarde por ter recebido ajuda externa para retornar. Fritz ainda participou de outros dois GPs naquele ano, mas sem completar os GPs da Grã-Bretanha e dos EUA, quando pilotou um TEC-MEC F415 de motor Maserati inscrito pela equipe Camoradi. Um dia antes, na mesma Sebring, mas pela Fórmula Júnior, ele foi segundo na corrida com um Stanguelini. Ele ainda teve outras vitórias importantes naquele ano de 1959 quando venceu o GP de Messina pilotando uma Ferrari (com Christian Heins em segundo); ganhou o GP de Cadur na Fórmula Júnior.

As boas prestações de Fritz D’Orey lhe renderam a oportunidade de correr pela equipe oficial da Ferrari no Mundial de Carros Sport em 1960. Fez as 12 Horas de Sebring daquele ano com uma Ferrari 250GT SWB inscrito William Sturgis. Dividindo essa Ferrari com Bill Sturgis, eles terminaram na sexta colocação na geral e ficaram em quarto na classe para carros de 3.000cc. Infelizmente a sua carreira foi interrompida nos treinos para as 24 Horas de Le Mans, quando a sua Ferrari 250GT SWB da Scuderia Serenissima – que ele compartilhava com os italianos Carlo Maria Abate e Gianni Balzarini – foi fechada em plena Maison Blanche pelo Jaguar E-Type 2A Prototype do americano Walt Hansgen – com o qual, segundo o próprio Fritz, teve um desentendimento na corrida de 1959 de Fórmula Junior em Sebring – e com isso o Ferrari de D’Orey acabou escapando para fora da pista e batendo contra uma árvore, que dividiu o carro ao meio e deixando o piloto brasileiro gravemente ferido – e com grave traumatismo craniano. Ficou vários dias em coma e oito meses internado e logo após, acabou encerrando a sua carreira de piloto e passou a se dedicar ao ramo da construção civil.

A carreira de Fritz D’Orey podia ter sido a que alavancaria o sucesso de pilotos brasileiros no exterior. Sua pilotagem agressiva e espetacular chamava bastante atenção e impressionava os melhores ases de seu tempo, como Fangio e Gonzalez e certamente ele seria um dos grandes do automobilismo internacional naqueles anos 60. Mas infelizmente isso não foi possível e o que ficou foi apenas essa forte impressão.

Fritz D’Orey morreu hoje em Cascais, Portugal, aos 82 anos após lutar contra um câncer.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Foto 880: Carlos Reutemann, GP da Espanha 1978



As fotos do impressionante acidente de Carlos Reutemann durante o GP da Espanha de 1978, realizado em Jarama. O piloto argentino, apesar de ter saído normalmente do carro, foi levado ao hospital do circuito apenas por precauções onde nada foi constatado.
Reutemann havia largado da terceira posição e ficado ali até a 29ª volta, quando precisou ir aos boxes para trocar os pneus - muitos pilotos sofreram com o desgaste de pneus naquela corrida - e quando o argentino ainda estava na sua recuperação - tinha voltado em décimo e estava em sétimo na volta 58 - acabou escapando numa das curvas, levando as telas de proteção e indo parar atrás do guard-rail.
Este acidente acabou causando um  mal estar na Ferrari, uma vez que o problema que ocasionou a saída repentina de Carlos foi a quebra do semi-eixo. Porém a equipe, junto de Mauro Forghieri, acreditavam em erro de Reutemann, enquanto o argentino apontava a falha mecânica como causadora de seu acidente.
Sobre a corrida, Mario Andretti venceu com Ronnie Peterson em segundo - fazendo a segunda dobradinha da Lotus no campeonato - e Jacques Laffite em terceiro com o Ligier.

domingo, 16 de agosto de 2020

GP da Espanha – Sem sustos

Hamilton durante o final de semana em Barcelona
(Foto: Mercedes/ Twitter)

É claro que a vitória de Max Verstappen no GP dos 70 anos da Fórmula 1 deu uma animada e automaticamente abriu uma possibilidade de que o GP da Espanha pudesse ter algo na mesma linha, principalmente quando foi verificado que a prova espanhola seria com forte calor. As simulações que foram feitas nos treinos livres de sexta-feira indicavam que Verstappen tinha uma ligeira vantagem sobre as Mercedes no uso dos pneus macios e médios, o que aumentava ainda mais a possibilidade de um desafio como o da corrida anterior. Apesar de toda essa expectativa, devemos lembrar que a Mercedes estará sempre pronta para um contra ataque após uma derrota como aquela em Silverstone.

O apagar das luzes vermelhas acabaram revelando um cenário já bem conhecido por todos, mas com o detalhe apresentado por Hamilton que procurou poupar os pneus macios e controlar qualquer ataque por parte de Max Verstappen, que fez um boa largada e pulou para segundo. Para Bottas, que não teve uma boa partida, lhe restou procurar lutar com Stroll para recuperar, ao menos, o terceiro lugar.

A estratégia pareceu funcionar bem quando a diferença, que estava em torno 1 segundo a 1 segundo e meio, começou aumentar um pouco antes da décima volta elevando a diferença até os seis segundos entre Hamilton e Max. Se a esperança era de que os Mercedes tivessem problemas de pneus, foi o holandês quem teve os primeiros sinais de desgaste e precisou parar nos boxes para colocar os pneus médios. Mesmo com Lewis parando algumas voltas depois, ele conseguiu voltar com quatro segundos de vantagem sobre Max, onde a diferença chegou descer paras os três segundos e meio e depois voltou aumentar. Esse aumento na diferença ficaria ainda maior mesmo após o segundo pit-stop, quando Hamilton passou para vencer com 24 segundos sobre Verstappen. Porém é preciso dizer que o holandês não teve incomodo por parte de Bottas, que passou toda a corrida em terceiro e mesmo quando parecia ter chances, após colocar pneus macios, não conseguiu se aproximar de Max. Para Hamilton, que venceu seu 88º GP, essa corrida lhe deu a liderança absoluta de pódios ao chegar a marca de 156 e passar Michael Schumacher. Uma bela volta por cima após o desastroso GP de 70º aniversário d categoria.

Como de costume, a corrida em Barcelona não nos deu grandes emoções. Alguns duelos no meio do pelotão, como o de Norris vs Leclerc e Sainz vs Albon, deu uma breve animada, mas não o suficiente para sair do normal marasmo que este circuito. Até mesmo uma possível chuva, que esteve nos arredores do circuito – e que chegou a chover há cerca de 1km do local do autódromo – não chegou, o que poderia ajudar bastante no ganho de alguma emoção.

Este GP foi mais um calvário na epopeia que tem sido a relação conturbada entre Vettel e Ferrari, onde o piloto alemão não conseguiu passar para o Q3, mas na corrida conseguiu maximizar o que teve em suas mãos para poder salvar um heroico sétimo lugar após a Ferrari deixá-lo na pista com pneus macios por 36 voltas – ele largou e fez o primeiro stint de 30 voltas com os médios. Apesar de tudo, foi uma ótima apresentação de Sebastian. Charles Leclerc acabou abandonando com problemas, após seu motor parar de funcionar na chicane e fazê-lo rodar. Conseguiu ir para os boxes, onde acabou sendo o único piloto a abandonar hoje.

A Fórmula-1 voltará no GP da Bélgica, que será realizado no dia 30 de agosto, com a esperança de que seja bem melhor do que este GP espanhol.


domingo, 2 de agosto de 2020

GP da Grã Bretanha - Quem estourar por último...

Lewis Hamilton passando para vencer em Silverstone em três rodas

Antes de mais nada, o GP da Grã Bretanha foi bem abaixo do que se podia esperar. Não por conta das Mercedes, que ultimamente tem feito um sério revival da Williams na temporada de 1992, mas por não ter tido nenhuma batalha interessante nas primeiras posições. Fora a largada, onde Charles Leclerc tentou animar a contenda ao ultrapassar Max Verstappen e logo em seguida tomou o troco do holandês, a corrida naquelas posições abaixo das Mercedes foram bem insossas.
As melhores, talvez, tenha sido no pelotão intermediário onde as Mclarens batalharam contra a Racing Point de Lance Stroll, as Renault de Daniel Ricciardo e Esteban Ocon e mais a Ferrari de Sebastian Vettel, que mais parecia um outro carro se for comparar com o de Charles que conseguiu um ótimo quarto lugar no grid e ficou por ali na corrida toda. Até mesmo a Alpha Tauri de Pierre Gasly esteve bem, conseguindo aplicar uma bela ultrapassagem sobre a Ferrari de Vettel na últimas curvas antes da entrada da reta dos boxes. Parafraseando Cristiano Da Matta no GP do Brasil de 2003, quando foi perguntado sobre o carro da Toyota, o brasileiro falou que "se o carro estivesse de ré, talvez fosse melhor". Bem provável que o caso de Vettel neste fim de semana tenha sido bem próximo dessa situação do Da Matta.
Os acidentes de Magnussen logo no início da corrida - ao ser tocado por Albon - e depois a forte batida de Kvyat, que destruiu o Alpha Tauri, podiam ter mexido no status da prova - pelo menos nas posições intermediárias -, mas isso não aconteceu.
Mas as duas últimas voltas foram as mais importantes da corrida, uma vez que Bottas apareceu na tela da TV se arrastando com o pneu dianteiro esquerdo estourado. Isso lhe valeu um grande prejuízo, jogando-o de um confortável segundo lugar para 11o na classificação. Para prevenir, a Red Bull chamou Max Verstappen para os boxes e colocou pneus macios para o holandês. No mesmo instante a tv mostrava Carlos Sainz com o mesmo problema e do mesmo lado, fazendo relembrar os acontecimentos de sete anos antes na mesma Silverstone onde uma série de pneus estouraram. Carlos foi aos boxes. Ainda como se fosse um filme de suspense, a última volta ainda reservou drama para Lewis e Mercedes quando o inglês apareceu na metade do circuito com o pneu dianteiro esquerdo estourado. Para a sua (grande) sorte, Max se encontrava com mais de trinta segundos de atraso para ele o que deu ao inglês a oportunidade de fazer o resto do trajeto em três rodas para anotar mais uma vitória no campeonato. Apesar de muitos apontarem a chance desperdiçada pela Red Bull, ficou claro que o holandês também estava com problemas nos pneus, como bem declarou Christian Horner. Para a Ferrari foi um presente o terceiro lugar de Leclerc, que ainda está sem ritmo para acompanhar os dois melhores carros da temporada (Mercedes e Red Bull) e podemos dizer, também, que para Vettel foi um presente o décimo lugar, num dos finais de semana mais sofríveis do tetracampeão.
Apesar das condições de temperatura na próxima semana ser sol, espera-se que os pneus tragam ainda mais variáveis já que será utilizados pneus mais macios.

4 Horas de Interlagos – Uma grande prova de abertura do Endurance Brasil

A vitória do AJR #5 da MC Tubarão na abertura do Endurance Brasil em Interlagos
(Foto: Endurance Brasil)


A retomada de corridas no autódromo de Interlagos não podia ter sido melhor: a abertura do Endurance Brasil nos reservou uma grande prova nesta que foi a primeira da categoria em 2020.

Uma das coisas que precisamos falar é sobre o poder do AJR: o carro desenvolvido pela família Moro e que é usado por seis equipes mostrou que está em franca ascensão no cenário do endurance brasileiro e neste final de semana, em Interlagos, nos deu um pouco do que esperar para este certame do campeonato. Os tempos de volta alcançados desde os treinos livres foram os mais velozes, principalmente o tempo marcado pelo AJR #11 de Emilio Padron/ Vitor Genz que chegaram marcar 1’26’’869 no quarto treino livre. Mas por ser um treino extra-oficial, a marca não foi considerada como recorde oficial. Porém, na qualificação, Vitor Genz cravou a marca de 1’27’’140 que lhe rendeu, enfim, o recorde oficial. Para a pole, no combinado dos tempos, ficou para o AJR #113 de Pedro Queirolo/ David Muffato. O tempo de volta dos AJR levaram muitos a comparar com as marcas alcançadas pelos LMP2, quando estes passaram por aqui em 2014 quando aconteceu as 6 Horas de São Paulo: naquela ocasião, o tempo da pole foi feito pelo Ligier JS P2 da G-Drive com a marca de 1’24’’463 foi 2’’406 melhor que o tempo não oficial alcançado pelo AJR #11 no quarto treino livre. Uma incrível marca que mostra muito bem a evolução deste protótipo.

Sobre a corrida, esta se manteve bem normal até o inicio da última hora de prova: o AJR #113 de Pedro Queirolo/ David Muffato pareciam absolutos, tamanho o domínio que conseguiram nas horas anteriores ao manter-se na liderança com alguma folga sobre os AJR#175 (Henrique Assunção/ Anderson Toso/ Carlos Kray) e AJR #5 (Tiel Andrade/ Julio Martini/ Nelson Ângelo Piquet). Mas na abertura da última hora, as coisas mudaram de figura: Muffato assumiu o comando do #113 e Nelson Piquet – que substituiu Paulo Sousa, que teve problemas musculares na sexta – pegou o AJR #5 e passou a caçar David Muffato. Por mais de quarenta minutos Muffato e Piquet duelaram pela liderança, mas nunca sem se esquecer de dobrar os retardatários com cuidado. E foi em duas dessas situações onde houve trocas de posições entre eles, quando Muffato ficou encaixotado num protótipo MRX e Piquet conseguiu assumir a liderança indo para o Laranjinha e algumas voltas depois foi a vez de Piquet ficar preso no tráfego da reta dos boxes e ser ultrapassado por Muffato. Uma disputa insana onde David conseguia se defender usando a asa móvel nas retas e Piquet encostava no miolo do circuito, mas sem ter tempo para conseguir armar o bote para assumir a liderança. Faltando em torno de quinze minutos para o fim da corrida, quando iam dobrar o Mercedes AMG GT4 #15 de Leonardo Sanches/ Átila Abreu, Muffato seguiu por fora e Piquet por dentro, mantendo o Mercedes de Átila no meio. Quando chegaram na freada do final da reta oposta, Nelsinho conseguiu se impor e levar a liderança. Daí pra frente foi um passeio de Piquet, que passou a fazer voltas bem mais velozes que David Muffato para garantir sua primeira vitória no Endurance Brasil e também a primeira da MC Tubarão em dois anos.

Na GT3, a disputa parecia estar reservada ao Mercedes AMG GT3 #9 da família Negrão, mas problemas de saúde com Xandy Negrão fez com que chamassem para seu lugar André Negrão que fez dupla com Xandinho. Desse modo surgiu um pequeno problema, dificultaria bastante o andamento da dupla: como são pilotos de categoria ouro, seria adicionado a cada parada de box 1 minuto, o que deixaria os primos Xandinho/ André com chance reduzidas nesta classe. Mesmo assim, ainda conseguiram fazer um bom papel ao liderarem por três horas esta classe, mas por conta das punições ficaram em segundo. A vitória da classe ficou para o Porsche 911 GT3 R #55 de Marcel Visconde/ Ricardo Mauricio, logo na estreia do carro da Stuttgart Motorsport. Na GT3 Light a vitória ficou para o Ferrari 458 #155 de Ricardo Mendes/ Tom Filho e a segunda colocação para o Aston Martin Vantage de Sergio Ribas/ Guilherme Ribas  

Na P2 foi mais uma questão de sobrevivência do que qualquer coisa. A vitória ficou para o MRX #44 pilotado por Ruben Ghisleni/ Hardy Kohl/ Lucas que teve problemas algumas voltas após a largada. Foram levados ao box, perderam algumas voltas e retornaram para a corrida, onde não apresentaram mais problemas. Seu grande rival certamente era o Sigma P2 #12 de Jindra Kraucher/ Ney Faustini, que também tiveram problemas e logo na volta de apresentação quando ficaram parados no grid e a exemplo do #44 também voltou à pista e acabou fechando em segundo na classe.
Na P3 a vitória ficou para o MRX #7 de Aldoir Sette/ Marcelo Campagnolo que fizeram boa parte da corrida com a asa traseira quebrada. A segunda posição ficou para o MRX #75 de Henrique Assunção/ Emilio Padron/ Fernando Ohashi/Fernando Fortes e a terceira para o Spyder #73 Jose Vilella/ Leonardo Yoshi.

Na GT4 os Mercedes AMG GT4 dominaram as ações ocupando as três primeiras posições da classe, com a vitória ficando para Alexandre Auler/ Guilherme Salas, a segunda posição ficando para Leonardo Sanches/ Átila Abreu e a terceira para  Andre Moraes Jr/ Ricardo Rodrigues/ Cassio Homem de Mello/ Kreis Jr. O Mclaren 570S GT4, pilotada por Flavio Abrunhoza/ Leandro Ferrari, terminou na quarta colocação nessa que foi a corrida de estreia do carro nas provas aqui no Brasil. Para os Ginetta GT4 não foi uma grande jornada: o melhor deles, o #57 de Felipe Tozzo/ Renan Guerra, terminou com 15 voltas de desvantagem na quinta posição. Na GT4 Light, vitória de Junior Victorette/ Marcelo Karam com Audi RS.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Grandes Atuações: Rubens Barrichello, Hockenheim 2000

O grande dia de Rubens Barrichello em Hockenheim

Os anos 90 para Rubens Barrichello foi um carrossel de emoções: enquanto que ele foi a revelação da temporada de 1993, o ano de 1994 foi uma mistura agridoce lhe daria a oportunidade de subir ao pódio pela primeira vez (Aida); um acidente brutal e a perda de sua maior referência (Ímola) e uma espetacular Pole Position no chuvoso qualificatório em Spa-Francorchamps. O saldo daquela temporada de 1994 resumiu num brilhante sexto lugar na tabela de pilotos ao somar 19 pontos. Porém, os dois anos que se seguiram, 1995 e 1996, não marcaram a evolução que se esperava do jovem paulistano - o que também foi ajudado pela estagnação da Jordan neste mesmo período, que não entregou a ele e seus companheiros, carros competitivos que pudessem a boa escalada que a equipe aparentava ter em 1994. O término da sua trajetória com a Jordan no final de 1996 parecia ser o final melancólico de uma uma grande história, quando Barrichello se viu sem equipe para 1997 e até cogitou uma saída para a IndyCar, que florescia cada vez mais naqueles dias. O aparecimento de Jackie Stewart e sua equipe - a Stewart Grand Prix - foi a luz no fim do túnel que o brasileiro esperava. Como ele mesmo destacou na ocasião, "foi preciso dar dois passos atrás, para dar um a frente!".

De certa forma a chance de pilotar por uma nova equipe e ajudá-la a crescer no hostil terreno da Fórmula-1, foi o ponto alto: Rubens conseguiu brilhar em algumas oportunidades em 1997, como a ótima segunda colocação no molhado GP de Mônaco e no GP da Áustria, onde andou por algumas voltas entre os três primeiros; passou maus bocados com o baixo rendimento do SF02 e as quebras constantes do motor Ford Zetec, que lhe permitiram marcar magros quatro pontos no campeonato de 1998. A reformulação técnica na equipe para 1999, que trouxe para as pranchetas Gary Anderson, ajudou a melhorar e muito o rendimento do elegante SF03  que, mesmo com um motor Ford CR-1 que ainda tinha seus problemas - mas ainda melhor que o Zetec - deu a Barrichello e Johnny Herbert a oportunidade de conquistar os melhores resultados para a Stewart Grand Prix que incluíram uma pole (com Barrichello na França) e uma vitória (com Herbert em Nurburgring, no GP da Europa), ajudaram o time de Jackie a chegar a honrosos 36 pontos e ficar na quarta posição no Mundial de Construtores. Para Barrichello foi a grande oportunidade de confirmar seu grande talento, que lhe rendeu a oportunidade de chegar a uma equipe grande e logo naquela que é a maior ambição de boa parte dos pilotos que ingressam na categoria: a Ferrari.

Apesar de todos saberem que a Ferrari era o feudo de Michael Schumacher e a chance de conquistar algo grandioso era quase impossível, não se podia ignorar que as chances de vitória eram reais para Rubens Barrichello. No GP da Austrália ele terminou em segundo, com vitória de Michael Schumacher; abandonou no Brasil; 4º em San Marino; foi pole na Inglaterra, mas abandonou com problemas hidráulicos; foi 3º na Espanha; quarto na Europa; segundo em Mônaco; segundo no Canadá; terceiro na França e repetiu a mesma colocação na Áustria.

Quando a categoria chegou à Alemanha, Rubens Barrichello somava 36 pontos e estava em quarto na tabela de pilotos que era liderado por Michael Schumacher com 56, porém ele se aproveitara bem da gordura que havia feito naquelas primeiras etapas para ainda estar na liderança do campeonato mesmo tendo zerado as duas últimas etapas (França e Áustria) onde David Coulthard e Mika Hakkinen acabaram vencendo. Portanto, Hockenheim seria o palco perfeito para Schumacher retomar o caminho das vitórias e aumentar a diferença para seus contendores. Mas as coisas foram diferentes naquele final de semana.

Numa época onde o treino de qualificação era de uma hora e limite de doze voltas para cada piloto, qualquer instabilidade significava que que praticamente todos saíssem de imediato para tentar suas melhores voltas. Naquele treino em Hockenheim, onde o tempo estava chuvoso, não foi diferente: com o box aberto os pilotos foram tentar seus melhores tempos já num asfalto úmido e David Coulthard achou a melhor aderência quando cravou 1’45’’697 contra 1’47’’063 de Michael Schumacher para estabelecer uma importante pole. Rubens Barrichello teve problemas elétricos na Ferrari  assim que saiu dos boxes, antes marcasse algum tempo. Isso significou que ele teria de esperar um tempo para poder ir à pista e tentar a sorte usando o carro de Schumacher, uma vez que o alemão acidentara pela manhã e acabou pegando o único carro reserva. Com a pista molhada e em posse do carro de Schumacher, Barrichello conseguiu um lugar no grid quando fez a marca de 1’49’’544 e ficou com a 18ª posição. Isso significava que o brasileiro precisava realizar uma corrida de recuperação no domingo.

Apesar do tempo nublado, fazia calor quando a largada foi autorizada. David Coulthard fechou a passagem sobre Michael Schumacher que precisou mudar a trajetória para o lado esquerdo, o que culminou num toque com Giancarlo Fisichella. O incidente levou os dois pilotos a abandonarem e para Schumacher significava a terceira corrida seguida sem pontuar. Com a manobra de Coulthard sobre Schumacher, Hakkinen aproveitou-se para assumir a liderança. Mais atrás, Rubens realizava uma bela saída e completava a primeira volta em décimo.

Com um carro mais leve, justamente para aproveitar-se das longas retas de Hockenheim para efetuar as ultrapassagens, Barrichello foi escalando aos poucos o pelotão e na 10ª volta já era o quinto enquanto que na dianteira Hakkinen continuava líder, com Coulthard em segundo e Jarno Trulli em terceiro. Até a 15ª volta, Barrichello já se encontrava na terceira posição com 14 segundos de atraso para o duo da Mclaren. Uma boa parte do prejuízo adquirido no sábado tinha ficado para trás.

Na 16ª volta, Barrichello fez a sua parada e voltou na sexta colocação logo atrás de Heinz Harald Frentzen e Pedro De La Rosa que vinha em grande jornada naquele final de semana após assinalar um ótimo quinto lugar na classificação com a Arrows, e que agora ocupava a quarta posição. As coisas começavam a mudar na 25ª volta quando um manifestante, ex-funcionário da fábrica da Mercedes na França, entrou na primeira grande reta do circuito alemão e começou a andar em direção aos carros. De imediato foi acionado a entrada do Safety Car e isso implicou em alguns pit stops, como foram os casos de Trulli e De La Rosa, Hakkinen e Barrichello na volta seguinte. David Coulthard acabou sendo o mais prejudicado, sendo que precisou ficar na pista por mais uma volta e quando fez sua parada acabou voltando em sexto.  Dessa forma Hakkinen era o líder, Trulli o segundo, Barrichello o terceiro, De La Rosa em quarto, Frentzen em quinto e Coulthard em sexto.
A relargada foi dada na 29ª volta e a presença de Trulli na segunda posição foi interessante para Hakkinen, que agora abria boa vantagem para Jarno que segurava Barrichello e os demais formando um grande pelotão. Na última chicane, quando estava para ser completada a 30ª volta, Pedro Paulo Diniz e Jean Alesi se tocaram na freada para a tomada da curva com Prost de Jean indo direto para o guard-rail. Isso forçou uma nova entrada do Safety Car, que durou apenas uma volta e tendo a retomada da prova na 32ª passagem.

Com aprova transcorrendo normalmente, Hakkinen continuou a abrir vantagem sobre Trulli e os demais, porém a chuva começou de forma tímida na área dos boxes e foi aumentando gradativamente até que na 35ª volta a chuva aumentou naquele local. Isso obrigou a ida de Hakkinen, Trulli e De La Rosa aos boxes, deixando o caminho aberto para Barrichello assumir a liderança do GP.

Por algumas voltas Barrichello e Ross Brawn discutiram a hipótese de parar nos boxes se era válida, uma vez que a chuva estava concentrada na parte do Stadium e reta dos boxes e seca no restante. O fato do pneu de chuva ter um alto desgaste em pista seca, levou os dois lados a não trocar e isso foi crucial para as voltas que viriam a seguir: Rubens conseguia fazer voltas melhores ou iguais a de Hakkinen que vinha em segundo com pneus biscoito e isso foi ajudando a manter uma diferença confortável de dez segundos que foi caindo de forma branda pelas voltas seguintes.

O fato de conseguir tempos melhores na segunda parcial dois, onde estava mais seco, e na primeira parte perder menos tempo, deu a Barrichello todo conforto para seguir a frente e perder o mínimo de tempo possível. Quando a última volta foi feita, a chuva estava forte na parte do estádio quando Rubens chegou naquele ponto para contorná-la de forma imaculada para vencer seu primeiro Grande Prêmio na carreira. A decisão de ficar na pista foi comentada por Rubens após a corrida: “O Ross (Brawn) deu-me a chance de ficar na pista (sem trocar para pneus de chuva) porque ainda havia algumas partes da pista ainda seca. Eu queria ficar mais duas voltas para ver que tempos o Mika (Hakkinen) fazia na primeira volta. Então o Ross falou: ‘Se você continuar fazendo esses tempos e conseguir manter o carro na pista vai ganhar a corrida.’. Essas palavras dele foram o melhor momento da minha vida. Ele até estava emocionado.”

No pódio, quando o Hino Brasileiro foi tocado, Barrichello foi ao choro compulsivo. Esta cena no
(Foto: The Race)
pódio – onde ele foi levantado por Hakkinen e Coulthard – e mais os inúmeros cumprimentos que recebera de várias pessoas, mostravam que até eles esperavam por aquele momento onde o talento de um piloto que estava no mundo da Fórmula 1 há sete anos não tinha sido recompensado, mas que era reconhecido por todos quase que de forma unanima.

Apesar de ter demorado por tanto tempo, ela veio. E em grande estilo.   

domingo, 12 de julho de 2020

GP da Estíria – De volta a doce rotina

(Foto: autox.com)


A pole de Lewis Hamilton naquele aguaceiro que foi a qualificação no Red Bull Ring, indicava que a o inglês estaria no seu nível normal de pilotagem: 1’’2 segundos de vantagem sobre Max Verstappen – que ainda teve a oportunidade de tentar diminuir ou até mesmo eclipsar a pole – mostrou que ele estava disposto a redimir-se do final de semana desastroso que havia feito na semana anterior ali mesmo, quando a corrida era nomeada como GP da Áustria. Melhor ainda: o duelo dele contra Verstappen naquelas condições da qualificação passa a ser como um dos momentos mais marcantes da temporada com os dois melhores pilotos em pista molhada da atualidade trocando os melhores tempos a cada passagem. Uma aula de como conduzir um monoposto em situações extremas que ainda foi brindado com uma volta magistral de Hamilton que, acompanhada pela onboard, mostrou a tamanha suavidade de como levar o carro com precisão e velocidade a uma pole fenomenal.
A corrida de Hamilton foi apenas uma corrida de... Hamilton! Não existiu qualquer ameaça que lhe desse alguma preocupação e nem mesmo a presença de Verstappen ao seu lado, pareceu dar ao hexacampeão algum receio tamanha segurança com a qual largou e também relargou, assim que o rápido Safety Car saiu após a limpeza pista por conta do entrevero das duas Ferraris. Lewis manteve uma boa diferença de três segundos para Max e passou aumentá-la assim que a sua parada de box aproximava, e isso foi importante para que ele voltasse do único pit-stop na frente de Max – que parara algumas voltas antes.
Hamilton precisou apenas administrar e ampliar a vantagem sobre Max e depois sobre Valtteri para voltar ao lugar mais alto do pódio, numa das vitórias mais tranquilas de suas 85 conquistadas até aqui.
Uma forma bem convincente de redimir-se da corrida de abertura alí mesmo no Red Bull.

Os demais

(Foto: Times Famous)

O fator principal para que o GP da Áustria fosse bem movimentada, tinha sido a presença do Safety Car que proporcionou o embaralhamento nas estratégias ao beneficiar alguns e deixar outros mais expostos. Mas desta vez, no mesmo local, mas levando o nome de GP da Estíria, um dos estados da Áustria, tudo corre de forma normal sem ter grandes mudanças nas primeiras posições. Mercedes e Red Bull não tiveram adversários e do mesmo modo, não se ameaçaram.
O cenário deste GP foi bem parecido com que vimos na última semana, quando a Mercedes dominou com Bottas na liderança e viu Hamilton procurar se recuperar após largar em quinto. Desta vez era o inglês quem estava soberano na dianteira e Valtteri procurando subir na classificação após marcar o quarto tempo. Max Verstappen, assim como tinha sido no GP austríaco, ficou entre os dois Mercedes, mas sem conseguir aproximar-se de Hamilton e sem dar muitas chances para Bottas tirar a diferença entre eles que estava em sete segundos e foi baixando aos poucos. A solução foi resolvida nas paradas de box, quando Valtteri ficou na pista dez voltas mais e teve pneus médios em dia para poder atacar Max. Foi um duelo interessante que durou uma volta e meia, com o finlandês superando e tomando o troco de Verstappen para depois, na infame curva 4, tomar de vez o segundo lugar e dar a Mercedes a primeira dobradinha na temporada. Em uma corrida realizada em condições normais, fica claro, mais uma vez, que a Red Bull e Honda precisarão remar bastante para poder encostar um pouco mais na Mercedes.
Se o pelotão dianteiro foi tranquilo, da quinta colocação para baixo foi uma corrida bem disputada. Descontando apenas Albon, que ficou na quarta colocação e teve certo período de pressão vinda de Sergio Perez sem ter resultado em nada, o restante travou bons duelos: o próprio mexicano da Racing Point fez uma corrida de recuperação muito boa ao realizar boias ultrapassagens e até com boa dose de arrojo, como fez em Carlos Sainz na curva cinco. Mas ao chegar em quinto – largara em 17º - empacou em Albon e numa tentativa de ultrapassar o anglo –tailandês na curva quatro, acabou danificando a asa dianteira após tocar em Alex fazendo com que seu carro perdesse rendimento. Isso possibilitou para que o trio formado por Daniel Ricciardo, Lance Stroll e Lando Norris se aproximassem e colocasse o mexicano no bolo da disputa, onde o jovem Norris conseguiu ganhar três posições nas duas últimas voltas e terminar num ótimo quinto lugar. Carlos Sainz era outro que poderia ter feito muito mais, mas o péssimo pit-stop o jogou de quinto para nono e com um ritmo mais lento teve que deixar Lando Norris ultrapassá-lo. Foi uma oportunidade muito boa para a Mclaren ter somado mais pontos e sair da Áustria com uma vantagem maior para a Red Bull no
(Foto: Planet F1)
Mundial de Construtores. Isso serve, também, para a Racing Point que desperdiçou bons pontos nestes dois primeiros GPs visto o ótimo carro que tem em mãos. E a Renault, mesmo não tendo um carro veloz, tem marcado seus pontos com Ocon na primeira prova e agora com Ricciardo, com o australiano finalizando em oitavo e salvando três pontos para os franceses que perderam Esteban por conta de problemas de arrefecimento.
Apesar de sua ótima qualificação, era sabido que George Russell não conseguiria algo de muito concreto nessa corrida. Como não teve a série de quebras do último GP e nem chuva, o jovem inglês terminou na 16ª posição, mas antes disso conseguira uma boa largada que lhe deu a nona posição por um breve momento até que escapou na curva cinco e despencou na classificação.
Já a Ferrari teve um final para esquecer: a batida entre Leclerc e Vettel na largada, por conta de uma manobra ousada de Charles em tentar passar Sebastian na curva três, que resultou num salto do carro do monegasco para cima de Sebastian que resultou na quebra da asa traseira do alemão que ainda foi aos boxes para abandonar. Charles, que depois assumiria toda culpa pelo acidente, abandonou na segunda volta por conta de danos no assoalho. Porém, as melhorias levadas pela Ferrari, principalmente com o uso de um novo assoalho, não deu o salto que a equipe pensava deixando ainda mais difícil o final de semana de seus pilotos que terminou da forma mais bizarra possível.
Essas duas semanas no Red Bull Ring serviu para dar um panorama que pode muito bem atravessar esse campeonato mundial, onde a Mercedes continua a ser batida; Red Bull tentando alcançar como pode a Mercedes; uma batalha interessante entre Mclaren, Racing Point e Renault; uma Ferrari claramente em queda livre e, portanto, perdida; e Alpha Tauri, Alfa Romeo, Haas e Williams tentando lutar para pegar as migalhas que aparecerem.

domingo, 5 de julho de 2020

GP da Áustria – Uma retomada interessante

(Foto: Mercedes)


Enfim a Fórmula-1 retomou suas atividades e logo num circuito que nos ofereceu uma das melhores provas da temporada passada, mas desta vez, no Red Bull Ring, pode não ter sido tão emocionante como a de 2019, mas pelo serviu para dar um inicio de campeonato bem interessante.
A vitória da Mercedes em solo austríaco já era dada como certa por conta de seu ritmo desde os treinos livres, com pelo menos meio segundo mais veloz que os demais. Bottas e Hamilton tiveram um carro esplêndido desde os primeiros minutos do primeiro treino livre na sexta e nem mesmo a fúria de um Max Verstappen, que tem feito corridas consistentes na casa de sua equipe, parecia ter uma chance de ameaçar uma possível dobradinha da agora “Black Arrow”. Mas, ao menos, a oportunidade de tentar algo poderia aparecer assim como algum problema mecânico que desse a equipe dos touros uma chance de atacar a Mercedes. O problema realmente apareceu, mas foi com Verstappen que parecia ter ritmo suficiente para acompanhar Bottas após largar da segunda posição – herdada após a punição a Hamilton sobre ter desrespeitado as bandeiras amarelas na saída de pista de Valtteri durante a qulificação. De inicio, o inglês não foi punido por isso, mas perdeu a sua melhor volta por conta de ter excedido os limites de pista. Perdeu a melhor volta, mas se manteve em segundo porque a sua segunda ainda lhe garantia a segunda posição, mas o protesto movido pela... Red Bull um pouco antes do GP acabou fazendo com que os comissários revissem o acontecido e punissem o inglês com a perda de três posições, o rebaixando para quinto no grid. Ms o jovem holandês nem teve tanto tempo para conseguir colocar em prática alguma estratégia que desse a ele um poder de fogo para tentar atacar Valtteri e, certamente, com essas relargadas, teriam aumentado bastante suas chances contra o duo mercediano.
Por outro lado, por tudo que já foi mencionado acima, um final de semana que se desenhava para ser perfeito para Lewis, se ruiu com sua queda para quinto no grid, mas mesmo assim ele conseguiu avançar na classificação ao superar Norris e Albon para pegar o terceiro lugar e mais tarde herdar o segundo lugar após a quebra de Verstappen. Conseguiu diminuir a diferença que o separava de Bottas – que chegou a quase sete segundos – e passou ter hipóteses de tentar um ataque sobre seu companheiro, mas falhas nos sensores dos Mercedes e mais tarde pequenas falhas no câmbio coibiram qualquer chance dele tentar algo. O enrosco com Albon após a última relargada acabou rendendo a ele uma punição de cinco segundos, que a primeiro momento ele havia conseguido salvar um terceiro lugar, mas com uma volta brilhante Lando Norris salvou o seu primeiro pódio e rebaixou Lewis ao quarto lugar. Sem duvida não foi um dia bacana para o hexacampeão.
Se para Hamilton não foi um bom dia, Bottas conseguiu sair de coadjuvante para peça principal nesta prova já no sábado quando cravou uma bela volta que lhe deu a pole e foi perfeito na largada e nas duas relargadas, ao não dar nenhum espaço para quem vinha atrás tentar alguma manobra: no inicio da corrida aproveitou-se bem do uso dos pneus macios para criar uma boa gordura frente a Max que usava os médios, mas o abandono do holandês podia significar uma pequena paz para ele se não fosse Hamilton assumir o segundo lugar e conseguir descontar a diferença que beirava quase sete segundos. Podemos dizer, também, que o aparecimento de problemas com os sensores e câmbio nos Mercedes ajudou bastante, mas Bottas estava muito bem e com ritmo suficientemente bom para se manter a frente e até mesmo dar a Hamilton uma luta interessante pela vitória. Mas temos que dizer que a estratégia da Mercedes em não trocar os pneus de seus pilotos naquele último Safety Car foi de certa forma arriscada, principalmente pelo grande ritmo apresentado por Alex Albon e Charles Leclerc naquelas voltas pós Safety Car. Outra coisa que trás certa preocupação são os problemas apresentados nos motores dos dois Mercedes, pelo que revelou Toto Wolf. Com uma semana apenas entre as duas corridas, será um desafio interessante para saber o que de fato terá acontecido e trazer as devidas soluções.
Para o piloto anglo-tailandês era uma oportunidade de ouro: sem a presença de Max para eclipsá-lo, as atenções da equipe foram voltadas para ele e a troca para os macios naquele último Safety Car foi uma sacada importante para que ele voltasse forte e foi bem isso que aconteceu quando o SC liberou a prova, com ele atacando Lando Norris e indo à caça de Hamilton onde os dois acabariam por bater rodas e o Albon se dar mal. Vai saber o que ele teria conquistado caso a ultrapassagem tivesse sido concretizado, mas temos que levar em conta que o voltas depois de ter caído na classificação ele abandonou com problemas no motor. No caso de Charles Leclerc as condições que pintavam após uma classificação decepecionante por parte da Ferrari, eram de tentar diminuir ao máximo os prejuízos que aquele treino tinha proposto, mas as entradas do SC e principalmente o último, deram a ele e Ferrari a chance de colocar novos pneus e partir para o ataque e salvar um impressionante segundo lugar – este por conta da punição de cinco segundos a Hamilton – e fazer um número de pontos que talvez nem ele mesmo sonhasse. Foi uma estratégia muito bem vinda, mas que não mascara o final de semana tenso que a equipe italiana teve m Spielberg. Sebastian Vettel estava numa situação bem parecida de Charles e poderia, também, ter se dado bem nas variáveis que prova apresentou mais para frente, mas o sua rodada ao perceber que acertaria Sainz na forte freada para a segunda curva acabou o jogando para o fundo do pelotão – porém, ele salvou ainda um ponto. A bem da verdade, os carros que usaram motores Ferrari não foram bem nessa estreia e devem sofrer um pouco mais no próximo fim de semana caso o cenário seja parecido.  
A Racing Point poderia muito bem ter dado um passo interessante nesta prova, caso tivessem feito a troca de pneus no carro de Perez no Safety Car. Isso teria deixado o mexicano numa situação privilegiada para tentar atacar os dois Mercedes, mas ter deixado Sergio com os pneus antigos o deixou vulnerável para os ataques de Charles e Lando – e ainda tomaria punição por saída perigosa
Lando Norris conquistou seu primeiro pódio
(Foto: Mclaren)
dos pits. A equipe perdeu Stroll ainda nas primeiras voltas quando o carro do canadense teve problemas no motor Mercedes. Mas é claro que, por outro lado, a Force India podia ter feito um melhor trabalho neste GP, mas ainda é cedo e podem muito bem ter outras chances no decorrer do campeonato.
 Se para alguns foi frustrante ou especial, para Lando Norris o final de semana foi espetacular a começar pela sua bela qualificação que lhe rendeu um quarto posto e que viraria terceiro já um pouco antes da prova. E mesmo que não tenha ritmo suficiente para lutar contra carros bem melhores como a Mercedes e Red Bull, ele conseguiu ser o melhor do resto numa tarde onde a Mclaren foi muito bem com seus dois pilotos, mesmo que Carlos Sainz não estivesse no mesmo ritmo do jovem inglês. A sua espetacular volta na que lhe rendeu a melhor ao final da prova, foi suficiente para tirar Hamilton do pódio e dar a Mclaren o segundo pódio em três corridas – contando com a do Brasil onde Sainz foi terceiro, mas que foi ser confirmada bem depois da corrida já terminada. De certa forma, foi um GP interessante para a Mclaren que aos poucos tem marcado seu território e, quem sabe, sonhar com voos mais altos a partir de 2022.
O número de abandonos foi o mais alto dos últimos anos com um total de nove, seja por parte mecânica ou incidente. Mas com os carros enfrentando uma temperatura mais alta, acaba sendo até compreensível que tenha tido esse número até alto numa tempo onde os carros são quase a prova de bala – e também temos que lembrar  que foi a primeira corrida após meses onde fizeram apenas testes, no já distante mês de fevereiro.
Como o cronograma da próxima semana será o mesmo, é de se esperar que o cenário seja bem parecido com este, mas talvez com uma gana bem maior por parte dos pilotos que esperavam um final de semana bem melhor nesta primeira etapa. Para um campeonato curto e que pode reservar boas surpresas, foi um inicio bem interessante.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Os 50 anos da vitória da Porsche em Le Mans

(Foto: Motorsport Images)

A simbiose entre Porsche e Le Mans chega a ser palpável, tamanha ligação que os dois nomes possuem. Independente se a pessoa esteja lá em Sarthe ou a quilômetros de distância, acompanhando a clássica prova do conforto de sua casa, ou até mesmo lendo algum artigo sobre uma das duas, chega ser impressionante o quanto que se completam. Um exemplo que ilustra isso é a edição de 2014 que marcou o retorno da Porsche na classe principal após 16 anos de ausência em Sarthe: os inúmeros problemas enfrentados pelas suas rivais Audi e Toyota deram a Porsche a oportunidade de chegar com chances de vitória faltando duas horas para o final com o Porsche 919 Hybrid #20 conduzido por Mark Webber/ Timo Benhard/ Brendon Hartley, mas problemas na bomba de combustível – mesmo problema que teve o #14 da fábrica alemã algumas horas antes – acabou por adiar o sonho em um ano quando puderam comemorar a conquista em seu território favorito.
Porém, essa simbiose foi sendo maturada no decorrer dos anos: desde a sua estreia em 1951, a Porsche colecionou vitórias em quase todos os anos em diferentes classes. Em 1951 venceram na classe para carros de até 1100cc com a dupla Auguste Vevillet/ Edmond Mouche que pilotaram um Porsche 356. Foi um inicio promissor que se estendeu pelos anos seguintes e de 1951 até 1969, um ano antes de vencerem na geral em Le Mans, a Porsche venceu 29 vezes nas subclasses, ficando apenas em 1959 sem conquistar nenhuma vitória. Estes números foram inflados, principalmente, em anos onde a Porsche venceu em mais de uma classe como os casos de 1955, 58, 61, 65 e 67 onde venceram em duas classes e depois em 1966, 68 e 69 conquistando em três classes. A segunda parte dos anos 60 foi importante para que a Porsche começasse a perseguir a sua já tão sonhada conquista na geral das 24 Horas de Le Mans: em 1968 posicionou em segundo e terceiro na geral com os Porsche 907 LH da Squadra Tartaruga (Rico Steineman/ Dieter Spoerry) e 908 da equipe oficial com Jochen Neerpasch e Rolf Stommelen, em prova vencida pelo Ford GT40 da J.W Engineering de Pedro Rodriguez/ Lucien Bianchi; já em 1969 a grande chance que acabou ficando pelo caminho, com a lendária perseguição de Jacky Ickx, a bordo do seu Ford GT40 - compartilhado com Jackie Oliver -, ao Porsche 908 LH de Hans Hermann e Gerard Larousse, quando Ickx bateu Hermann por 100 metros numa das chegadas mais apertadas da história de Sarthe. Os problemas de freios que Hermann enfrentou no final da prova foi um fator decisivo, uma vez que ele acreditava que Jacky também teria estes problemas na parte final da prova e por isso decidiu não ir aos boxes para repará-los: “A decisão foi minha. Eu pensei que Jacky também poderia ter problemas. Por isso fiquei na pista ”, relatou Hermann alguns anos depois em entrevista a News Room Porsche.

O selvagem 917
Uma das fotos do livro de apresentação do novo Porsche 917 em 1969. A nomenclatura 917 era a junção de 912 (12 cilndros
do motor) mais o 5 do número de marchas, levando a soma que originou o 917
(Foto: Primotipo)

Existiu um homem na Porsche que teve participação importante nos sucessos da marca a partir daquela década de 60: Hans Mezger entrou na Porsche em 1956 quando passou a trabalhar na melhoria do motor boxer de quatro cilindros. Esteve também na empreitada da fábrica na Fórmula-1 no início da década de 1960 e na metade desta passou a trabalhar de vez no departamento de corridas da marca – justamente num dos períodos onde a Porsche passou a vencer em mais classes nas 24 Horas de Le Mans. Os trabalhos realizados nos modelos 906, 910, 907, 908 e 909 foram importantes não apenas para que a Porsche crescesse no cenário automobilístico de primeira classe – algo que já estava bem consolidado na classe dos GTs – mas também para a criação de um carro que marcaria época para eles e na história do motorsport: o Porsche 917, seja em sua forma LangHeck (LH) ou KurtHeck (KH), o Porsche 917 teve um papel fundamental para que, enfim, a fábrica alemã entrasse de vez para o panteão das grandes vencedoras das 24 Horas de Le Mans. “O 917 era uma evolução do que vínhamos fazendo antes. O motor evoluiu dos boxers de quatro, seis e oito cilindros com um novo projeto de virabrequim e sistema de lubrificação de baixa pressão. O chassi evoluiu a partir dos coupês 907 e 908. Era apenas o próximo passo para o chassi, que teria mais força, rodas mais largas e assim por diante.”, relata Mezger.
Em 1969 a Porsche utilizava o modelo 908 que havia estreado durante a campanha do Mundial de Marcas de 1968, onde a esquadra alemã perdeu o título para a Ford por apenas três pontos. Porém, sabia-se que o carro tinha potencial, mas ainda não era páreo para o Ford GT40 quando se encontravam em Le Mans. Segundo Hans Mezger, “Depois da experiência com o Ford GT40 em 1968, acreditávamos que o 908 talvez não fosse capaz de vencer a competição de Le Mans. Em 1969, ele se mostrou um projeto mais acabado, mas o 908 ainda não era o suficiente.”  Como forma de revisar o Porsche 908, a fábrica fez uma longa sessão de testes em Monza que duraram um total de 18 horas para que pudesse identificar possíveis problemas – apesar deles terem pontuado em todas as provas do campeonato de 1968, o 908 apresentou uma série de problemas no decorrer do ano e o longo teste servia para sanar estas duvidas. Apesar de mudarem de uma caixa de câmbio de seis marchas para uma de cinco, que era mais leve e igualmente resistente, o teste acabou não indo muito longe depois que Hans Hermann bateu num dos trechos do circuito italiano, mas ainda sim conseguiram tirar algum proveito.
Porém, àquelas horas perdidas em Monza fariam muita falta quando os quatro 908 que foram enviados para a etapa de abertura do Mundial de Marcas de 1969, as 24 Horas de Daytona, não completaram a prova por problemas na transmissão e também na bomba de óleo. Mesmo que o desempenho destes tenham sido fortes em Daytona – onde o último Porsche em pista conduzido por Jo Siffert e Hans Hermann abandonaram quando tinham 45 voltas de avanço sobre o Lola T70 de Mark Donohue/ Chuck Parsons na 18ª hora – a expressão de Rico Steinemann, então diretor de provas da Porsche, ao falar que eles “tinham os melhores carros, mas que não era o suficiente”, foi reavivado na etapa seguinte para a disputa das 12 Horas de Sebring onde quase todos os 908 Spyder, que faziam sua estréia, sucumbiram por problemas de rachaduras no chassi – o 907 pilotado por Rolf Stommelen/ Joe Buzzeta também sofreu do mesmo problema, mas foi reparado e ainda salvou um honroso terceiro lugar na prova logo atrás do Ferrari 312P de Chris Amon/ Mario Andretti e do vencedor Ford GT40 pilotado por Jacky Ickx/ Jackie Oliver. Outros dois 908 chegaram entre os dez primeiros: o conduzido por Gerard Mitter/ Udo Schutz ficou em quinto e o pilotado por Vic Elford/ Richard Attwood – estes não sofreram com os problemas de chassi, mas no entanto tiveram um furo no tanque de combustível – fecharam em sétimo. As explicações para este desaire em
As duas versões de cauda do 917 e com o uso de
flaps móveis que foram proibidos ao final das 24 Horas
de Le Mans de 1969.
(Foto: Primotipo)
Sebring foram relacionados as fortes vibrações do asfalto do antigo aeródromo.
Enquanto que o 908 apresentava ritmo, mas faltava confiabilidade, a nova máquina estava a ser preparada: o 917 teve como base o 908 e ao contrário do irmão mais velho, este utilizaria um V12 de 4.494cm3 e em março de 1969 ele foi apresentado no Salão do Automóvel de Genebra e em abril eles apresentaram 25 modelos montados para a inspeção de Dean Delamont (então representante da CSI) que homologou o Porsche 917 para competição – uma outra inspeção tinha sido feita meses antes, mas apenas três carros estavam montados e outros 18 na linha de montagem, o que não deixou o carro ser homologado de imediato. Os primeiros testes do 917 se deu em Le Mans num final de semana, já no final de março. Lá, Rolf Stommelen conseguiu uma volta quatro milhas mais veloz que os 908LH e atingiu uma marca de 347, 544Km/h na Hunaudières/ Mulsanne. Porém, descobriu-se o mau comportamento do carro em velocidades elevadas e ali começava uma saga para tentar descobrir o que de fato fazia com que o carro tivesse tal instabilidade.
O mês de maio, mais precisamente nos 1000km de Spa-Francorchamps, então sexta etapa do Mundial de Marcas, a Porsche resolveu inscrever um 917 que inicialmente seria usado por Jo Siffert e Brian Redman. No entanto, as costumeiras chuvas nas Ardenes atrasaram um pouco o cronograma e quando enfim as atividades iniciaram, Siffert e Redman compartilharam da mesma opinião em relação ao novo carro quando foram à pista belga, com o piloto suíço declarando que o 917 era “não apenas instável, como também perigoso!”, sendo que este tinha péssimo comportamento em curvas de alta e nas longas retas de Spa – isso que ainda conseguiram um tempo de volta veloz num dos treinos livres, que poderiam lhe dar a pole para a corrida. Siffert deixou de lado o 917 e foi pilotar um 908LH com Redman, enquanto que o novo carro ficou sob os cuidados de Gerhard Mitter e Udo Schutz. Mas a prova dos dois não foi muito longe, sendo o que motor do 917 apresentou falhas ainda na primeira volta e forçou o abandono da dupla. Por outro lado, Siffert e Redman acabariam por vencer a corrida em Spa, com a Ferrari 312P de Pedro Rodriguez e David Piper em segundo e o Porsche 908LH de Vic Elford e Khurt Ahrens Jr. em terceiro.
Procurando ainda uma resposta para o indecifrável problema de instabilidade do 917, a equipe técnica da Porsche resolver instalar novos jogos de molas e amortecedores na suspensão e levar o carro para competir nos 1000km de Nurburgring. Apesar de nenhum dos pilotos titulares terem sido escalados para pilotá-lo, a solução foi conseguir a liberação dos pilotos da BMW Hubert Hahne e Dieter Quester para pudessem conduzir o carro, mas a BMW de imediato – talvez já sabendo da fama do 917 – proibiu que eles pilotassem a máquina. O jeito foi recrutar David Piper e Frank Gardner para conduzir o Porsche 917 e lá perceberam que as mudanças feitas não surtiram efeito, fazendo a equipe técnica voltar a mesa de projetos para continuar a saga frente aquele grande desafio. Mas o resultado na corrida ainda foi decente, sendo que largaram em oitavo e finalizaram na mesma colocação, com quatro voltas de atraso para os vencedores Siffert/ Redman que conduziram um 908LH e decidiram a fatura do Mundial de Marcas à favor da Porsche – aliás, foi um grande final de semana para a Porsche, que colocou 11 carros entre os quatorze primeiros.

O quase em Le Mans

Depois do desfecho do campeonato a favor da Porsche, as atenções foram voltadas para Sarthe onde a fábrica alemã era a grande favorita. Além dos quatro Porsche 908LH, ainda foram levados dois 917LH – todos os seis em caráter oficial – e um 917LH que foi inscrito de forma particular pela John Woolfe Racing, que foi conduzido por John Woolfe e Herbert Linge. Teve um terceiro Porsche 917LH que ficou como carro reserva, apesar de ter recebido as inscrições de Herbert Linge/ Brian Redman/ Rudi Lins. Os 917LH continuaram a receber modificações na suspensão dianteira, além de reparos no sistema de combustível.
Os treinos ficaram marcados pela grande velocidade do 917LH que fez a pole com a marca de 3’22’’900 estabelecido por Rolf Stommelen com o #14, sendo quase quatro segundos mais veloz que o outro 917LH que marcou 3’26’’700 pelas mãos de Vic Elford. O terceiro 917LH da John Woolfe aparecia em nono, com o tempo de 3’35’’800. A Porsche posicionara outros três 908LH entre os dez primeiros naquela classificação, sendo o 908LH #20 semi-oficial da Hart Ski Racing Team – pilotado por Jo Siffert/ Brian Redman em terceiro no grid.
Toda expectativa criada em torno daquela que poderia ser a primeira vitória da Porsche em Le Mans, começou a se desfazer já na infeliz primeira volta onde John Woolfe, após boa largada, acabou batendo o seu 917LH na Maison Blanche e vindo a morrer. Aquela situação poderia ter sido tratada como um presságio já que Rico Steinemann pedira a Woolfe que entregasse o carro a Linge para que este, já com certa experiência com o 917, pilotasse na primeira perna da prova. Com Woolfe ignorando o conselho, ele foi para a largada e ao passar com as duas rodas na grama acabou rodopiando, batendo e explodindo – um pouco antes John foi lançado para fora do carro, já que não tinha afivelado o cinto de segurança. Um inicio nada interessante para um carro que tinha já sua fama de inguiável. No entanto, foi nesta mesma edição que ficou registrado o momento em que Jacky Ickx, em sinal de protesto pela famosa “Largada Le Mans”, caminhou lentamente para seu Ford GT40 e saiu apenas quando estava corretamente afivelado.
Porém, o 917LH ainda teve uma boa jornada pelas mãos das duplas Stommelen/ Ahrens Jr. e Elford/ Attwood, mas um par de Porsche enfrentaria os mais variados problemas no decorrer das horas seguintes – inclusive o carro de Stommelen/ Ahrens que tiveram vazamento de óleo da transmissão, que acabaria por atrasá-los e mais tarde causar o abandono na 15ª volta.
A liderança passou para as mãos do duo britânico do 917LH #12 de Vic Elford e Richard Attwood, que conduziram o carro de forma magnifica, mas que acabariam por abandonar por problemas no câmbio quando eram lideres e a corrida já estava na sua 22ª hora. Mais um pouco o 917LH, de tantos problemas e criticas, teria vencido logo na sua primeira visita à Le Mans. Hans Mezger relembra aquela situação: “Em 1969, o 917 de cauda longa não era fácil de pilotar, mas Vic Elford teria vencido em Le Mans se a caixa de velocidades não tivesse quebrado. Ele tinha uma grande vantagem quando isso ocorreu. Isso aconteceu porque não havíamos tido tempo para fazer o teste de resistência habitual. Tivemos de apresentar os 25 carros para a FIA no final de abril e finalmente recebemos os documentos de homologação em 1 de maio. Seis semanas mais tarde, tivemos de ir para a corrida mais severa de todas. Foi uma grande pena, porque Elford teria vencido, mesmo com a força vertical descendente não sendo a ideal.”. Além dos problemas de embreagem, os freios do Porsche #12 eram praticamente inexistentes, sendo a uma má ventilação fazia o fluído superaquecer – isso sem contar que um dos cabos tinha se rompido. Para Rico Steinemann, a condução suave do duo permitiu que a longevidade do 917LH #12 fosse tão prolongada.
A Porsche ainda teve uma última cartada que foi o Porsche 908 #64 de Hans Hermann/ Gerárd Larousse que lideraram até a volta final, mas os problemas de freios acabaram dificultando a condução de Hermann – que optara em não parar para trocar o sistema – e acabou sendo presa fácil para o Ford GT40 #6 de Jacky Ickx/ Jackie Oliver – que parara algumas voltas antes para reparos nos freios – e passou o Porsche 908 #64 para vencer por míseros 100 metros.
Foi uma derrota para lá de dolorosa para a Porsche, mas ao menos serviu para que as impressões sobre o 917 fossem reforçadas: com melhorias pontuais, seria um carro de corrida de primeira linha.

Mais modificações para o 917 e vitória em Zeltweg

Após o desaire em Le Mans, a Porsche deixou de ir de forma oficial para as duas provas restantes que seriam as 6 Horas de Watkins Glen e os 1000km de Zeltweg, mas teriam seus 908 nestas provas todos em caráter particular.
O 917 não foi levado para Glen, mas a Porsche levou a máquina para Nurburgring onde foram feitas mais mudanças. Os resultados foram bons, mas o carro nem se aproximou do tempo feito pelo 908 meses atrás. Em Glen, a Porsche venceu com a dupla Siffert/ Redman que estava a serviço da Porsche Austria e tivaram a companhia dos outros dois Porsche 908 conduzidos por Elford/ Attwood (AG Dean Racing) e Joe Buzzeta/ Rudi Lins (Porsche Austria).
Em Zeltweg, além do punhado de Porsche 908 que foram inscritos, dois 917 apareceram: um de #29 foi inscrito por Karl Freiherr e entregue a Jo Siffert e Kurt Ahrens Jr. e um de #30 inscrito pela David Pipper Racing e pilotada por Richard Attwood e Brian Redman. Os técnicos
Siffert e Ahrens Jr. no Porsche 917 que venceu os
1000km de Zeltweg
(Foto: porsche917.com)
da Porsche fizeram mudanças nos freios – apesar deste não estar totalmente ok, a exemplo da instabilidade que, apesar de ter melhorado bastante ao que os pilotos relatavam, ainda não estava no ponto. Novos escapes foram colocados, e isso reduziu o consumo de combustível; a dianteira foi modificada e o carro teve uma melhor ventilação para o interior do cockpit, que sofreu em algumas situações com gases do escape.
Na qualificação, o 917 de Siffert/ Ahrens Jr. foi o melhor dos Porsche ao se colocar em quarto – numa classificação que viu o Mirage M30 Ford de Ickx/ Oliver marcar a pole (1’47’’600) e ser seguido pelo Lola T70 de Jo Bonnier/ Herbert Muller e pelo Matra MS650 de Johnny Servoz-Gavin e Pedro Rodriguez.
A corrida acabou marcando a primeira vitória do 917 vinda pelas mãos de Siffert/ Ahrens Jr. após 170 voltas, terminando quase dois minutos a frente de Bonnier/ Muller. O outro 917 de Attwood/ Redman ficou em terceiro, com uma volta de atraso. Além de ter sido uma tarde proveitosa para o 917, marcou também a estreia de uma categoria internacional naquele novo circuito. O Porsche 917 ainda venceu as 9 Horas de Kyalami através de David Pipper e Richard Attwood no final do ano.
Apesar dos pesares, o 917 tinha chegado a sua primeira vitória, mas todos sabiam que ainda faltava muita coisa para aquele carro chegar ao ponto e poder destravar todo seu potencial. E isso seria feito para já, ainda naquele 1969, em vista ao campeonato de 1970.

Um outro 917 e domínio da Porsche
Talvez a principal mudança que veio a dar o que faltava no 917, foi a mudança na parte traseira do carro, com a adição da asa traseira retratada nesta foto de John Horsman, então engenheiro da JW Engineering, onde chapas de aluminio e flaps do mesmo material foram inseridos e colocado na pista com Brian Redman ao volante. O piloto inglês gostou dos resultados após sete voltas. Mudanças na carroceria foram feitas após isso e com o feedback adquirido nestes testes e mais um que foi realizado de forma secreta em Daytona em novembro de 1969, o carro retornou a Alemanha onde foi enviado à Universidade de Sttugart e foi feito testes no túnel de vento. O resultado final, onde concluiu que não precisaria de mais nenhum tipo de modificações, mostrou um carro com aparência ao que inciaria o campeonato em 1970.

Novo ano, novos horizontes. Todos da Porsche sabiam bem do potencial que o 917 possuía, mas como todo potro selvagem ele precisava ser domesticado para poder chegar onde a Porsche queria. As modificações que foram feitas no decorrer de 1969 ajudaram amansar um pouco aquele carro e em Zeltweg, quando venceram a derradeira prova do Mundial de Marcas, sabiam que tinham dado um belo passo rumo a liberar o potencial do carro, mas ainda faltava mais para que ele pudesse ser estável e aproveitar toda força bruta (leia-se velocidade) que o 917 tinha. Dessa forma, um novo personagem entrava para o quadro daqueles que foram importantes para moldar a história da máquina: a JW Engineering Automotive já era bem conhecida por todos – principalmente pela própria Porsche – já que estava desde a metade dos anos 60 no comando dos Ford GT e depois passou a comandar de forma integral o projeto após a Ford encerrar o programa  FAV (Ford Advance Vehicles) e desde então passaram a colecionar um grande número de vitórias e títulos – inclusive duas 24 Horas de Le Mans onde a Porsche foi vice, a de 1968 e na famosa e já citada edição de 1969. Em setembro de 1969 Porsche e JWA – representada pelos sócios John Wyer e John Willmente – firmaram um acordo de cooperação onde consistia num contingente de sete carros. Os testes para melhoramento do 917 com a nova equipe inciou já naquele final de 1969.
As primeiras providências tomadas assim que os testes se iniciaram em Zeltweg – pegaram esta pista como parâmetro, pois foi onde o 917 se deu melhor e acabou vencendo – foi modificações nas suspensões; dois flaps de alumínio em cada lado da asa traseira; e mudança dos pneus Dunlop para os Firestone – o olhar clinico de John Horsman, então engenheiro chefe da JWA, em observar a má passagem de ar por sobre a seção traseira do 917, foi o fator que mudaram os rumos da máquina. "Eu notei que quase não havia mosquitos mortos nos spoilers traseiros. Como são muito pequenos e leves, eu sabia que os mosquitos fluiriam sobre a carroceria exatamente como o ar fluia, e semelhante à fumaça das varinhas usadas nos túneis de vento.”, como bem relata John em suas anotações que deram vida ao seu livro “Racing in The Rain”. Horsman deu mais detalhes “Soube imediatamente que tínhamos que levantar o convés traseiro e depois anexar pequenos spoilers ajustáveis ​​à borda traseira. Era óbvio para mim que, se toda a superfície traseira do corpo estivesse na corrente de ar, seria capaz de exercer alguma força descendente. ”
 Essas modificações trouxeram uma melhora absurda na estabilidade do carro, não lembrando em nada o “cavalo” indomável que havia se mostrado nos primeiros teste do primeiro semestre. Além do 917LH, outro modelo esteve presente em Zeltweg para auxiliar no desenvolvimento: um 917PA, que foi usado por Jo Siffert em algumas etapas da Can-Am de 1969, e que ajudou bastante para a evolução dos carros que iriam para o Mundial de Marcas de 1970. Mais para frente, continuaria a ser tão importante quanto, após servir como mula para o poderoso motor biturbo que equiparia o futuro 917/30 na Can-Am a partir de 1972.
Além das melhorias encontradas na pista, outras para o chassi foram feitas internamente como reforço no chassi, tubos flexíveis para melhorar a lubrificação e consequentemente evitar vazamentos; proteções para evitar entrada de sujeiras nos radiadores; sistema anti incêndio; com a entrada da Firestone no lugar da Dunlop, os pneus traseiros subiram de 12’’ para 15’’ e isso interferiu em modificações na cauda do carro.
Apesar do 917 passar a ser a aposta da Porsche para vencer o campeonato e, claro, as 24 Horas de Le Mans, o 908 não foi abandonado: foi feito uma releitura para o novo chassi (agora denominado 908/03) que tornou-se mais curto e ágil e seria usado em provas de estrada como a Targa Florio e em pistas mais sinuosas como Nurburgring, locais onde o maior volume dos Porsche 917LH e 917K não teriam grande chance. Contando com o apoio da JWA e em seguida da Porsche Salzburg (ou Porsche Austria) – equipes teriam total autonomia na parte de escolha de pilotos e gestão, além de receberem apoio da própria Porsche no manuseio, manutenção e evolução dos 917 –, a fábrica alemã estava pronta para enfrentar o desafio que seria aquela temporada de 1970. O seu maior oponente era a Ferrari, que havia desenvolvido o elegante 512S e que estava à espera da homologação junto a CSI e FIA – que saiu apenas no final de janeiro.
O Porsche 917K de Piper e Redman em Buenos Aires
(Foto: porsche917.com)
A Porsche iniciou a sua temporada de provas em dois eventos extra-oficiais na Argentina, onde um 917K foi confiado a equipe de David Piper. Piper e Redman alinharam o carro para os 1000KM de Buenos Aires em 11 de janeiro e marcaram a pole frente uma horda de outros Porsches 908 particulares e dos carros oficiais da Matra e Autodelta, que alinhou os Alfa Romeo T33/3. Mas o que poderia ser uma vitória, acabou se tornando um grande decepção, quando perderam o controle do Porsche 917K em um dos pontos dos circuito e acabou danificando a suspensão causando, assim, o abandono. A vitória coube a Jean Pierre Beltoise e Henri Pescarolo com o Matra-Simca MS630/650. Após alguns reparos no carro – que foi feito por Horacio Steven, um dos grandes construtores do motorsport argentino – Piper e Redman se inscreveram para as 200 Milhas de Buenos Aires, mas não foram muito felizes na competição: não tiveram tempo para acertar o carro, largaram apenas em sétimo para a primeira bateria e a corrida durou apenas duas voltas por causa de quebra do câmbio – a prova foi vencida por Andrea De Adamich e Piers Courage com o Alfa Romeo T33/3 da Autodelta. Mas o carro já havia apresentado outros problemas, como alto desgaste de pneus – por conta da diferença de medida dos rolamentos, foi mudada a geometria da suspensão e com isso o desgaste foi enorme o que valeu algumas visitas aos boxes antes que Redman escapasse da pista durante os 1000km. Descobriu-se depois que tudo isso era por conta da calda curta que foi usada por eles na Argentina e isso valeu um bom par de horas de testes feitos pela JWA para resolver este problema de configuração.
Sobre Hans Mezger, este faleceu no último dia 10 de junho aos 90 anos. Sem dúvida alguma, ao lado de John Horsman, que falecera em abril deste 2020, foram duas peças extremamente essenciais para o sucesso da linhagem dos 917.



O inicio do duelo entre Porsche e Ferrari

As 24 Horas de Daytona abriram o calendário do Mundial de Marcas de 1970 com a disputa direta entre os 917K e os 512S, estes últimos recebendo a homologação dias antes. A JWA inscreveu dois 917K para Pedro Rodriguez/ Leo Kinnunen e o segundo para Jo Siffert/ Brian Redman. Ainda tinha outros dois 917K: um inscrito pela Porsche Salzburg para Kurt Ahrens Jr./ Vic Elford e outro por Tony Dean que compartilhou a pilotagem com Peter Gregg – mas estes dois não largaram por conta de uma quebra de motor antes da prova.
A Ferrari inscreveu três 512S para Nino Vaccarella/ Ignazio Giunti; Jacky Ickx/ Peter Schetty; Mario Andretti/ Arturo Merzario. Outros dois 512S ficaram sob os cuidados da NART (North American Racing Team) e Scuderia Picchio Rosso.
Apesar da corrida ter mostrado uma grande velocidade para os 512S, foram os Porsche 917K da JWA que deram o tom ao mostrar grande resistência e agilidade durante as 24 Horas da prova. Enquanto que a Porsche passeava, a Ferrari enfrentava um grave problema de consumo de combustível que obrigava os pilotos entrarem para reabastecer constantemente – isso sem contar com a deficiência dos freios, esterçamento e até fragilidade do chassi, que foi vista na parte de trás do Ferrari de Andretti/ Merzario quando apareceu um fissura que o fez perder um bom par de voltas. Mas a terceira posição, para um carro que não teve tanto tempo para ser testado, foi uma vitória.
Por outro lado, a Porsche saiu vencedora das 24 Horas de Daytona através de Rodriguez/ Kinnunen e ainda teve o segundo lugar conquistado por Siffert/ Redman – enquanto que o 917K da Porsche Salzburg não completou por problemas na bomba de gasolina –, mas a grande vitória foi ter observado que todo o esforço gasto para transformar um indomável 917 num carro extremamente estável e veloz tinha surtido efeito. Uma era dourada para a Porsche estava apenas começando.  
As corridas seguintes foram quase que um passeio total da Porsche frente a Ferrari, excetuando as 12 Horas de Sebring onde os principais 917K inscritos pela JWA acabaram
O Porsche 917K de Rodriguez/ Kinnunen a frente do
Ferrari 512S de Vaccarella/ Giunt/ Amon
durante os 1000km de Monza
tendo os mais variados contratempos iniciando por problemas elétricos, suspensão e no cubo da roda, justamente num local onde doze meses antes a Porsche tinha sofrido comas rachaduras nos chassi. Porém, um Porsche 908/02 inscrito pela Solar Productions e que contou com Steve McQueen – que iniciava seu projeto de filmagens para o seu futuro filme, que retrataria as 24 Horas de Le Mans – e Peter Revson estavam com a grande chance de levar a prova, mas isso não foi possível por conta de um inspirado Mario Andretti que pode recuperar-se na prova para ultrapassar o duo e vencer de forma espetacular a prova – Mario sofrera com problemas no câmbio de seu carro e foi forçado a abandonar, mas a Ferrari acabou por coloca-lo ao lado de Nino Vaccarella/ Ignazio Giunti para buscar uma resultado que parecia já perdido. O melhor Porsche 917K na prova ficou por conta de Siffert/ Redman, que terminaram em quarto com quatro voltas de atraso para os vencedores.
A Porsche recuperou o posto de grande vencedora ao levar o chuvoso 1000km de Brands Hatch, onde Pedro Rodriguez/ Leo Kinnunen desfilaram sua finesse (principalmente o mexicano, que levara uma punição por ultrapassar em bandeira amarela e recuperou-se) sobre o encharcado circuito e conseguindo uma vitória imponente frente aos demais. A Ferrari chegou marcar a pole com Chris Amon – que dividiu o carro com Arturo Merzario – e uma breve liderança com Jacky Ickx, que apresentou falhas no motor que o atrasaram por demais na corrida. Ele e Jackie Oliver terminaram em oitavo. Para a Porsche foi um grande dia num cinzento e chuvoso Brands Hatch, onde eles conseguiram colocar quatro carros nas quatro primeiras posições sendo o Porsche de Rodriguez/ Kinnunen em primeiro com cinco voltas de vantagem sobre o 917K da Porsche Salzburg pilotado por Vic Elford/ Denny Hulme e na terceira posição o outro carro da Porsche Salzburg, que foi conduzido por Richard Attwood/ Hans Hermann. A quarta colocação ficou para o Porsche 908/02 da AAW Racing Team, que contou com Hans Laine e Gijs Van Lennep no comando. O outro Porsche da JWA de Siffert e Redman abandonou na volta 176 após um acidente.
No território ferrarista – os 1000km de Monza – a Porsche estreou o seu novo motor de 4907cc que dava a eles 20cv a mais de potência, além de uma boa melhoria no torque. Foi mudanças consistiam na troca de freios, com a Porsche passando a usar os Girling e abandonando os ATE. Apesar da pole ter sido obtida com o uso do novo motor por Siffert, essa foi descartada para a corrida depois que um vazamento de óleo foi descoberto. Dessa forma, os motores de 4494cc foram usados na prova. Siffert/ Redman tiveram problemas e a corrida tornou-se uma batalha de Rodriguez/ Kinnunen contra os três Ferrari 512S que o perseguiam por todo certame. Pedro Rodriguez mostrou mais uma fez sua finesse ao duelar contra os Ferrari e levar a Porsche a mais um vitória com o Ferrari de Vaccarella/ Giunti em segundo e o outro Ferrari de John Surtees – que substituiu Mario Andretti – e Peter Schetty em terceiro. Um outro Porsche 917K apareceu apenas na 10ª posição, que foi inscrito pela Gesipa Racing Team e pilotado por Jurgen Neuhaus/ Helmut Kelleners. Aproveitando a estadia na Itália, foi realizado a Targa Florio que marcou a estreia dos novos 908/03 e que acabou vencendo através de Jo Siffert/ Brian Redman – não antes de duelarem primeiramente contra o Ferrari 512S de Vaccarella/ Giunti e mais tarde contra o Porsche gêmeo de Rodriguez/ Kinnunen. Um 917K foi usado nos treinos por Vic Elford, mas foi descartado seu uso devido a dificuldade de manuseio deste no sinuoso traçado da Sicília. Elford e Hermann usaram um chassi 908/03, mas abandonaram antes de completar a primeira volta devido um acidente.
Os 1000km de Spa foi uma das melhores corridas do ano, colocando face a face Porsche e Ferrari numa grande disputa que já iniciou pela disputa da pole – que foi vencida por Rodriguez/ Kinnunen com a marca de 3’19’’800 contra 3’23’’900 de Siffert/ Redman e que ainda contavam com a Ferrari de Ickx/ Surtees na terceira colocação. A corrida já iniciou com o duelo entre Siffert e Rodriguez que por muito pouco não limou os dois Porsche da JWA da corrida e esta diputa durou um bom par de voltas, sempre assistida pela Ferrari 512S de Ickx/ Surtees. Os dois Porsches se distanciaram exatamente quando o de Rodriguez teve um pneu furado e ele teve que ir aos boxes, deixando o caminho aberto para que Ickx buscasse a liderança quando Siffert teve uma parada de box mais lenta. Siffert teve dificuldades em chegar próximo de Ickx, mas as coisas melhoraram de cenário quando Surtees assumiu a comando do Ferrari e Redman o do Porsche. Brian se beneficiou das lentas negociações de John com os retardatários e assumiu a liderança para conseguir boa vantagem e entregar o carro a Siffert ainda na liderança e mesmo com os esforços de Ickx nas voltas finais, não foi possível tirar a vitória de Siffert e Redman em Spa. Além do segundo lugar conquistado pela Ferrari de Ickx/ Surtees, a Porsche ainda teve o carro da equipe Porsche Salzburg em terceiro com Vic Elford/ Kurt Ahrens Jr. O Porsche de Rodriguez/ Kinnunen abandonou na volta 44 por problemas no câmbio.
Nos 1000km de Nurburgring a Porsche voltou a usar os 908/02, sendo dois por parte da JWA e dois pela Porsche Salzburg. A fabrica alemã não teve adversários, uma vez que a Ferrari, com o seu 512S, não era páreo. Os dois carros da JWA não completaram a prova – Siffert/ Redman tiveram problemas com a pressão do óleo enquanto que Rodriguez/ Kinnunen saíram após 11 voltas. A Porsche Salzburg conseguiu uma dobradinha com a vitória ficando para Vic Elford/ Kurt Ahrens Jr. e a segunda colocação indo para Hans Hermann/ Richard Attwood – essa conquista selou o Mundial de Marcas à favor da Porsche. A terceira colocação ficou para a Ferrari de John Surtees/ Nino Vaccarella. O final de semana destes 1000km de Nurburgring ficou marcado pela morte de Hans Laine durante os treinos, quando seu carro despistou-se capotou após a reta Antonius. O carro pegou fogo em seguida e o piloto finlandês acabou morrendo.

Enfim, Le Mans
A largada em Le Mans 1970, com o Porsche 917LH #25 de Vic Elford/ Kurt Ahrens Jr. liderando o pelotão ao lado do
Porsche 917K #20 de Jo Siffert/ Brian Redman

Foram meses duros até que a oportunidade de correr novamente em Le Mans reaparecesse. Era o momento de colocar tudo que havia sido testado em jogo, e nada teria valido nas etapas anteriores se caso um novo fracasso viesse na mais importante prova de endurance do mundo. Assim como em 1969 a Porsche era a grande favorita, mas os trabalhos para que não houvesse a mesma decepção do ano foram ampliados para aquele gosto amargo dos 100 metros que o separaram da vitória desaparecessem de vez.
A Porsche teve um contingente de respeito para aquela 38ª edição das 24 Horas de Le Mans: nada mais que oito modelos 917 (seis 917K e dois 917LH) distribuídos em quatro equipes. A J.W. Engineering inscreveu três 917K para Jo Siffert/ Brian Redman; Pedro Rodriguez/ Leo Kinnunen; David Hobbs/ Mike Hailwood – um quarto Porsche seria inscrito por eles e pilotado por Steve McQueen e Jackie Stewart, mas a inscrição não foi aceita. David Piper teve um Porsche 917K inscrito para ele e Gijs Van Lennep; a Porsche Salzburg – que foi comandada por Louise Piech, irmã de Ferry Porsche e mãe Ferdinand Piech, indicando que equipe recebia apoio da fábrica -  inscreveu dois 917K para Richard Attwood/ Hans Hermann e Rico Steinemann/ Dieter Spoerry – este último não competiu deixando a Porsche com um total de sete modelos 917 na pista. O terceiro carro da Porsche Salzburg era o 917LH que foi desenvolvido em conjunto com o SERA (Société d’Études et de Réalisations Automobiles) sob
O icônico Porsche 917LH #3 "Psicodelic"
de Gerard Larousse/ Willy Kauhsen.
Os Porsche 917LH também receberam
o apelido de "Batmobile".
os cuidados do engenheiro francês Robert Choulet – que já havia trabalhado na concepção do Matra M640 que competiu nas 24 Horas de Le Mans de 1968 – afim de repaginar o conceito de cauda longa que tanto deu dor de cabeça aos engenheiros da Porsche quando o 917 apareceu em 1969 e dessa vez, o carro era bem mais estável e veloz que os 917K na longa reta da Hunaudières/ Mulsanne. O 917LH da Porsche Salzburg foi conduzido por Vic Elford/ Kurt Ahrens Jr. . A Martini Racing, que vinha competindo nas ultimas etapas com o uso de 908/02, inscreveu um outro 917LH nas cores verde e azul que foi logo apelidado de “Psicodélico” pela imprensa e este foi pilotado por Gerard Larousse/ Willy Kauhsen.
A Ferrari não ficou para trás em termos de inscrição. Aliás, os italianos foram mais ousados a inscreverem onze modelos 512S distribuídos em cinco equipes. A equipe oficial da Ferrari inscreveu quatro carros para Jacky Ickx/ Peter Schetty; Nino Vaccarella/ Ignazio Giunti; Ronnie Peterson/ Derek Bell – este último fazendo sua estreia em Le Mans em substituição a Jean Guichet, que sofrera um acidente de avião - ; Arturo Merzario/ Clay Regazzoni. A Scuderia Filipinett teve três carros que foram conduzidos por Jo Bonnier/ Reine Wisell; Mike Parkes/ Helmuth Muller; Corrado Manfredini/ Gianpiero Moretti. A Escuderia Montjuich teve apenas um 512S que foi para José Maria Juncadella/ Juan Fernandez. A última equipe com dois 512S era a NART que teve como pilotos Helmut Kelleners/ Georg Loos e Sam Posey Ronnie Bucknun.
A qualificação marcou o duelo entre Porsche e Ferrari: os alemães msotraram grande passo quando os 917LH mostraram a sua velocidade, porém Ricardo Rodriguez, com o 917K, é que conseguiu a pole provisória em 3’21 para depois ser superado por Nino Vaccarella com a Ferrari, mostrando que os italianos também tinham chances de sair na frente. Mas o 917LH mostrou o poder de fogo através de Vic Elford, que fechou a batalha pela pole com a marca de 3’19’800 contra os 3’20’’000 feito por Vacarella.
Dessa forma, a Porsche era a pole para a prova com o #25 de Elford/ Ahrens Jr. seguido pelo Ferrari #6 de Vaccarella/ Giunti. As demais posições ficaram para o Porsche #20 de Siffert/ Redman; Ferrari #8 de Merzario/ Regazzoni; Porsche #21 de Rodriguez/ Kinnunen; Ferrari #5 de Ickx/ Schetty; Ferrari #7 de Bell/ Peterson; Ferrari #15 de Muller/ Parkes; Ferrari #14 de Bonnier/ Wisell e o Porsche #22 de Hobbs/ Hailwood que fechou os dez primeiros. O último dos Porsche 917K na lista era o #23 da Porsche Salzburg, aparecia apenas na 15ª posição e era tripulado por Hans Hermann/ Richard Attwood que tiveram alguns problemas de freios na tomada de tempos. Porém a sorte destes dois pilotos seria bem diferente nas 24 Horas que prometiam ser das melhores.
A Porsche chega ao Olimpo em Le Mans
Sem dúvida alguma, aquelas prova em Le Mans prometiam ser das melhores. Tanto a Porsche, quanto a Ferrari, estavam bem preparadas para aquele duelo que prometia ser visceral pelas próximas 24 horas e apenas grandes infortúnios é que poderiam tirar as duas grandes fábricas da batalha que se avizinhava.
Às 16:00 horas Ferry Porsche, convidado pela ACO para baixar a bandeira francesa e iniciar as 24 Horas de Le Mans em comemoração ao 20º ano da sua fábrica na prova, viu a  Porsche liderar desde o inicio com o Porsche 917LH de Vic Elford/ Kurt Ahrens Jr. e sempre escoltado pelo #21 de Rodriguez/ Kinnunen, pelo #20 de Siffert/ Redman e pelo Porsche #3 de Larousse/ Kauhsen. A Ferrari teve uma parte de seu contingente limada até a quarta hora, seja por problemas mecânicos ou por acidente – só a Ferrari mesmo teve três dos seus quatro carros oficiais limados neste período. Os demais ficaram por conta da Scuderia Filipinetti, que teve dois abandonos. A Porsche, especialmente com a JW, teve dois abandonos no mesmo período, com o #21 de Rodriguez/ Kinnunen abandonando por problemas no motor e o #22 de Hobbs/ Hailwood por acidente.
Até aquela exata quarta hora, houve uma interessante disputa entre os Porsche #20 de Siffert/ Redman contra o Porsche 917LH de Elford/ Ahrens que se revezaram na liderança até aquele momento, mas que cessari da quinta hora em diante quando o duo do Porsche #20 comandou as ações. O Porsche #25 teve que ir aos boxes na oitava hora quando um pneu furado os fizeram descer de segundo para quinto na geral. Isso possibilitou que Ickx, se beneficiando da forte chuva já durante a noite, conseguisse chegar ao segundo lugar da corrida que era liderado pelo Porsche #20. Mas a corrida de Ickx/ Schetty terminou quando já decorria a 11ª hora quando sofreu o grave acidente na Ford Curve que acabou custando a vida do bandeirinha Jacques Argoud após o Ferrari explodir em chamas, com Ickx saindo ileso exatamente no instante que tentava alcançar Siffert. Sobre o Porsche #20, este teve que abandonar com problemas no motor. Porsche e Ferrari tinham já perdido alguns carros, sendo o pior saldo para os italianos que perderam seus quatro carros oficiais, enquanto que a Porsche ainda tinha alguns 917 na pista para tentar a vitória. Na 11ª hora o Porsche #23 da Porsche Salzburg, conduzido por Hermann/ Attwood, se beneficiava dos problemas que os demais tiveram a frente para subir o pelotão e assumir a liderança.
Hermann e Attwood para a Porsche
A corrida transcorria com certa normalidade quando chegou a sua metade, marcando uma hora que o Porsche #23 de Attwood e Hermann estavam liderando. Era uma situação de paciência que aquele dois pilotos experientes imprimiram até chegar aquele posto, visto que as primeiras onze horas tinham sido difíceis por conta dos mais variados acidente e problemas que os carros que iam à frente deles sofreram. “Não era absolutamente o que eu queria”. "Com tudo o que aconteceu, além do clima, a única coisa de que não precisávamos era a pressão adicional de liderar.", recorda Richard Attwood num evento de carros clássicos em Silverstone, para uma matéria feita pelo site goodwood.com. .
Richard e Hans tinham passado bem perto de vencer um ano antes ali mesmo: o inglês, ao lado de seu compatriota Vic Elford, lideraram por um bom tempo com o problemático 917 até
O Porsche 917K #23de Hermann/ Attwood em disputa com
o Ferrari 312P Coupe de Tony Adamowicz/ Chuck Parsons
abandonarem coma embreagem danificada na 22ª hora, enquanto que Hans Hermann e Gerard Larousse ficaram no quase ao perderem a corrida por 100 metros para o Ford GT40 de Jacky Ickx/ Jackie Oliver. Dessa forma, a liderança para aqueles dois parecia uma segunda chance para poderem conquistar a vitória que ficou pelo caminho um ano antes. Mas ainda tinham que batalhar contra o Porsche #25 de Vic Elford e Kurt Ahrens Jr, que ficaram em segundo da 13ª até a 16ª hora e que viriam abandonar na 18ª hora por problemas no motor. A chuva foi um momento complicado para os dois pilotos, tanto fora quanto dentro do carro, como relembra Attwood
"O carro estava basicamente bom, mas a água estava chegando a todos os lugares, principalmente na ignição e nos plugues, então tivemos que trabalhar o motor  para mantê-lo mais quente e, portanto, mais seco".
Para a Porsche foi um momento especial: além do Porsche #23 da Salzburg na liderança, ainda tinha o Porsche 908 #27 de Rudi Lins/ Helmut Marko em segundo – entre a 17ª e a 19ª hora – e depois o Porsche 917LH #3 de Larousse/ Kauhsen em terceiro, que assumiria a segunda posição na 20ª hora. Mesmo que Hermann/ Attwood tivessem cinco voltas de avanço sobre o Porsche #3, a cúpula da Porsche preferiu não liberar uma possível situação de caça onde poderiam jogar tudo por terra – apesar de que logo em seguida ainda houvesse o Porsche #27 que estava com uma diferença enorme de voltas sobre o Ferrari 512S #11 da NART na quarta colocação. Todo cuidado era pouco para a tão sonhada conquista da Porsche em Sarthe.
Finalmente, após uma maratona onde apenas nove carros completaram a prova, o Porsche #23 de Hans Hermann/ Richard Attwood receberam a quadriculada e automaticamente colocaram a fábrica alemã no rol das vencedoras na geral das 24 Horas de Le Mans. Mas a festa da Porsche ainda iria bem além daquela conquista na geral: o pódio foi completado pelo Porsche #3 de Gerard Larousse/ Willy Kauhsen e a terceira para o Porsche #27 de Rudi Lins/ Helmut Marko. Além do terceiro lugar, Lins e Marko venceram a sua classe destinada aos Protótipos  até 3000cc. A classe dos GTs entre 2000cc e 2500cc foi vencida pela Ecurie Luxembourg com o Porsche 911 S pilotado por Erwin Kremer/ Oliver Koob. A derradeira classe de GTs até 2000cc foi vencida pelo Porsche 914/6 da Etablissiment Sonauto, que foi conduzido por Guy Chasseuil/ Claude Ballot-Léna. Sem dúvida alguma, um final de semana para a história da Porsche.
Por mais que agora a vitória tenha, enfim, chegado as suas mãos, Attwood acreditava que aquela edição seria bem difícil deles ganharem: "Do meu ponto de vista, antes de começarmos a qualificação, não íamos ganhar esta corrida". “Nos qualificamos em 15º, os carros de 5 litros pareciam à prova de bala e para ganharmos tínhamos necessidade não só de ultrapassar um monte de carros. Em comparação com um carro de cauda longa de 5 litros, éramos 30 mph mais lentos na reta… Não só tivemos uma corrida clara, mas também esperamos que 14 carros à nossa frente quebrassem ou tivessem problemas antes que pudéssemos pensar em ganhar o corrida. Não era uma chance pequena, de onde eu estava sentado, não havia chance.”.
Hans Hermann e Richard Attwood
(Foto: Motorsport Images)
Assim como Attwood, Hermann enfim encontrou a vitória em Sarthe na classe geral. Antes disso, o veterano piloto, que estreara pela Porsche em 1952, tinha vencido nas subclasses das 24 Horas de Le Mans em 1958, 1962, 67 e 69, justamente nessa onde ficara em segundo no geral, mas desta vez, um ano depois, ele teve a chance de conquistar a tão esperada vitória na geral. "É claro que vencer em Le Mans exatamente um ano depois de perder o primeiro lugar significou muito para mim", recorda Hermann que teve naquela edição de 1970 a sua última corrida, sendo que havia prometido para a sua esposa que aquela seria a última, caso vencesse em Le Mans. Porém, ele teve que resolver um problema junto a Ferdinand Piech para que pudesse se retirar das pistas: “Eu disse a Herrn Piech que havia prometido a minha esposa que me aposentaria se vencesse a corrida, mas ele me disse que meu contrato com o Porsche Salzburg era para toda a temporada e se eu queria me aposentar, cabia a mim encontrar um piloto adequado para tomar meu lugar. Conversei com o campeão mundial Denny Hulme, que havia pilotado um dos Porsches de Salzburgo em uma das corridas e ele e Ferdinand Piech concordaram em Denny me substituir ”.
Após a grande jornada que tiveram em Le Mans, o campeonato ainda teve suas duas últimas provas: nas 6 Horas de Watkins Glen, o Porsche da JWA pilotado por Pedro Rodriguez/ Leoo Kinnunen saíram vencedores e no dia seguinte a esta prova, a Porsche entrou com um total de seis Porsche 917K para enfrentar os monstros da Can-Am – em especial os dominantes Mclaren M8D Chevrolet. Denny Hulme, pela Mclaren Cars, foi o vencedor com Jo Siffert em segundo e Richard Attwood em terceiro. Dos seis Porsche 917K inscritos, cinco terminaram entres os dez e o único a abandonar foi Georg Loos após quebra do câmbio. A derradeira prova do Mundial de Marcas foi os 1000km de Zeltweg, que foi vencida por Jo Siffert/ Brian Redman
O ano de 1970 foi terminado da melhor forma possível. Com a Porsche entrando de vez para o grande clube de vencedores das 24 Horas de Le Mans – cujos números seriam aumentados no decorrer das próximas décadas até chegar as 19 vitórias na geral, estabelecendo um recorde. Por outro lado, a confirmação do potencial do 917, seja com a com a sua cauda curta ou longa, marcou a era dos grandes protótipos tornando-se o carro por excelência da marca quando se fala em 24 Horas de Le Mans. Ainda repetiriam o sucesso em 1971 até que os grandes carros de motores de cinco litros fossem banidos do Mundial de Marcas para 1972, mas a Porsche não abriu mão e deu sobrevida o grande carro com a criação do poderoso 917/30 biturbo que destroçou os rivais na Can-Am em 1972 e 1973.
Foi o inicio de uma saga que completa seus 50 anos neste 2020.
O glorioso final das 24 Horas de Le Mans de 1970 e ao mesmo tempo o inicio de uma grande jornada, que
renderia a Porsche mais outras 18 conquistas na geral em Sarthe.
(Foto: newsroom.porsche.com)
Principais fontes:







Foto 1041 - José Carlos Pace, 1000km de Osterreichring 1972

  (Foto: David Phipps/ 4Quatro Rodas) Não é tão fácil ingressar numa equipe de ponta de uma grande categoria, e a coisa parece ainda mais co...