sábado, 19 de setembro de 2020

88ª 24 Horas de Le Mans - 5ª Hora

A grande disputa desta edição: Aston Martin vs Ferrari
(Foto: Aston Martin/ Twitter)



Sem dúvida alguma as grandes batalhas nesta prova está reservada a LMGT-PRO, onde a Aston Martin e Ferrari tem se confrontado fortemente desde a primeira hora. 

O Aston Martin #97, pilotado por harry Thincknell, resistiu como pode dos ataques das duas Ferrari da AF Corse: primeiramente foi ultrapassado por Dvide Rigon com a Ferrari #71 e depois por Daniel Serra, que está no comando do #51. Aliás, foi uma batalha que estendeu desde a quarta hora quando os dois estavam disputando a segunda posição. 

Houve um enrosco no incio da quinta hora quando o #16 da G-Drive rodou na saída da Indianapolis e acabou sendo acertado pelo Porsche #57 da Project 1. Os dois foram aos boxes, onde o Porsche precisou trocar o pneus dianteiro direito furado e o Oreca da G-Drive arrumar a dianteira. A liderança na LMP2 #37 da Jackie Chan DC Racing.

Na LMP1 a liderança continua tranquila com a Toyota, sempre com o #7 na ponta e o #8 logo em seguida. e na LMGTE-AM liderança para o Aston Martin #90 da TF Sport.

88ª 24 Horas de Le Mans - 4ª Hora

O Eurasia #35 que enfrentou problemas no inicio da prova e que ocupa agora 22º lugar na LMP2

Mais uma hora tranquila em Sarthe, onde a Toyota continua a dominar as ações sem ser incomodada. O #8 da equipe lidera com 16 segundo de vantagem sobre o #7, enquanto que os Rebellion #1 e #3 aparecem em terceiro e quarto com um volta de desvantagem. O ByKolles teve problemas e chegou a ficar na garage, mas retornou com sete voltas de atraso.

Na LMP2 a disputa continua e neste momento a liderança está com o #32 da United Autosport que leva 19 segundos sobre o #38 da JOTA Sport. O #30 da Duqueine Team aparece em terceiro, com meio segundo de atraso para o #38 da JOTA.

A disputa entre Aston Martin e Ferrari na LMGTE-PRO continua interessante, com os quatro carros a se alternarem na liderança - muito por conta da das paradas de box. Mas a diferença entre eles não é tão grande, o que dá boas oportunidades de disputa. O #71 da AF Corse segue em primeiro, com o #97 da Aston Martin em segundo e o Ferrari #51 em terceiro. 

A Ferrari lidera na LMGTE-AM, onde o #83 da AF Corse lidera com o Porsche #56 em segundo e o Aston Martin #90 da TF Sport é o terceiro.   

88a 24 Horas de Le Mans - 2a e 3a Horas


Estas duas últimas horas foram bem tranquilas nas quatro classes. A Toyota manteve a dobradinha, ora com o #7 na liderança, pra com o #8 na ponta, mas nunca sem dar chances a Rebellion que aparece em terceiro e quarto com os #1 e #3 - este último teve que trocar a parte traseira do carro, mas sem perder grande tempo. 

A LMP2 teve boas disputas e entremeadascom as paradas de boxes, acabou mexendo com a liderança dessa classe, que no momento está com o #5 da JOTA Sport. Mas a batalha entreos dois carros da United Autosport, High Class e Graff agitaram bastante o segundo turno da prova.

Na LMGT-PRO a disputa continua acirrada entre Ferrari e Aston Martin, com as duas a tomarem conta das quatro primeiras colocações. A Porsche, infelizmente, não tem ritmo suficiente para alcançá-los - por enquanto. A liderança neste momento é do Aston Martin #97 que tem sete segundos de vantagem sobre o Ferrari #51. 

Na LMGTE-AM também sofreu algumas mudanças, com a liderança ficando por um tempo com o Porsche #56 da Team Project 1 e depois passando para o Aston Martin #37 da TF Sport - que continua no comando da classe com dois segundos sobre o Porsche 56. E a terceira posição, com 17 segundos de atraso, é do Aston Martin #98.

88ª 24 Horas de Le Mans - 1ª Hora

(Foto: Toyota)


A 88ª edição das 24 Horas de Le Mans já está rolando. Uma bela largada de Bruno Senna quase deu a Rebellion #1 a liderança, que foi muito rechaçada por Mike Conway que esta ao volante do Toyota #7. Porém a disputa entre Toyota e Rebellion continuou pela primeira volta, agora com TS050 #8 ameaçando segunda colocação do Rebellion #1 que foi muto defendida pelo piloto brasileiro. Mas com as paradas de box com trinta minutos de corrida, acabou colocando a dobradinha da Toyota na ponta, sempre com o #7 liderando. 

Já perto de encerrar a primeira hora de corrida, o Toyota #8 - com Buemi ao volante - teve que ir aos boxes com um dos pneus furado. Caiu para quarto na classificação, que tem o Toyota #7 na liderança, o Rebellion #1 em segundo e o Rebellion #3 em terceiro. 

Na LMP2 a batalha pela liderança começou cedo entre o o #22 da United Autosport e o #29 da Racing Team Nederland, mas o carro dos holandeses acabou tendo problemas e ficando lento pela pista, forçando a sua ida aos boxes. Quem não teve um bom inicio foi o #36 da Signatech Alpine, que foi recolhido para os boxes ainda na primeira volta e depois teve que pagar um Drive & Through por ter queimado a faixa de entrada dos boxes. O #35 da Eurasia acabou rodando e ficando parado na caixa de brita da Dunlop, sendo este o primeiro carro da P2 a ter um incidente e causando uma slow zone. 

A liderança nessa classe pertence ao #22 da United Autosport.

Na LMGTE-PRO, a corrida começou com grande disputa entre o Aston Martin #97 e o Ferrari #51 onde o carro ingles assumiu a liderança antes do término da primeira meia hora. A Porsche não tem mostrado grande ritmo até aqui, mesmo tendo largado na pole, mas não aguentando os ataques de Ferrari e Aston Martin. A liderança é do Aston Martin #97.

Na LMGTE-AM a liderança é do Aston Martin #98. Foi nesta classe onde aconteceu o incidente entre o Ferrari #61 da Luzich que rodou na Dunlop e por muito pouco não acertou o Porsche #88 da Dempsey-Proton, que precisou escapar para a area de escape para não ser batido pelo Ferrari. Os dois carros retornaram para a prova. 

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Foto 889: Jose Froilan Gonzalez e Maurice Trintgnant, Le Mans 1954

 

Chove, chuva! A Ferrari deu o troco na Jaguar e levava a edição de 1954, debaixo de muita chuva

Apesar de uma intervenção da Mercedes em 1952 e de alguns incômodos causados pela Talbot em algumas das últimas edições, ficava mais do que claro que o duelo real mesmo era entre a Jaguar e a Ferrari pelo monopólio em Le Mans. A corrida de 1953 tinha sido disputada de forma brutal pelas duas fábricas ao levarem seus carros ao extremo, tanto que foi decidida horas antes com a desistência da Ferrari de Ascari/ Villoresi quando estes estavam no encalço do Jaguar dos futuros vencedores Rolt/ Hamilton. Com a evolução natural de uma edição para a outra, as duas fábricas apresentaram as suas armas: a Jaguar contava agora com o modelo XK D, uma clara evolução do XK C (Type C), que agora tinha uma aerodinâmica bem mais refinada contanto com uma adoção de uma barbatana na seção traseira, além dos freios a disco já utilizados no seu antecessor – e com sucesso. A Ferrari trouxe, também, uma evolução de sua 375MM que agora seria denominada de 375 Plus. Mas a grande vedete mesmo estava no motor V12, que subia de seus originais 340cv para 345cv: uma sensível melhora que dava a eles uma potência de 95cv sobre os 250 do seis cilindros da Jaguar. Portanto, se os ingleses investiam em aerodinâmica, os italianos apostavam na boa e velha força bruta.

As duas fábricas levaram juntas seis carros de fábrica, sendo três para cada uma: a Jaguar disponibilizara o Type-D para Stirling Moss/ Peter Walker (#12), Tony Rolt/ Duncan Hamilton (#14) e Peter Whitehead/ Ken Wharton (#15). A Ferrari entregou o 375 Plus para Umberto Maglioli/ Paolo Marzotto (#3), Jose Froilan Gonzalez/ Maurice Trintgnant (#4) e Louis Rosier/ Robert Manzon (#5). Já os franceses teriam que contentar-se em serem os coadjuvantes, isso se conseguissem: a Talbot teve três T 26 GS inscritos por equipes particulares, com Jean-Louis Rosier/ Pierre Meyrant (#9), Pierre Levegh/ Lino Fayen (#10) e Jean Blanc/ Serge Nercessiant (#10).

Aquela edição de 1954 teve a presença da chuva que foi constante por quase toda as 24 horas, mas isso não impediu que Jaguar e Ferrari sumissem na frente quando a largada foi autorizada debaixo de um verdadeiro pé d’água. A disputa entre os seis carros foi tão intensa quanto o do ano anterior, mas os problemas logo limariam quatro carros destas fábricas: o Ferrari #3 de Maglioli/ Marzoto teve problemas em um dos eixos, enquanto que o #5 de Rosier/ Manzon abandonou na madrugada com avaria no câmbio. A Jaguar também teve seus contratempos quando o #15 de Whitehead/ Wharton deixou a prova com câmbio quebrado e o #12 de Moss/ Walker teve problemas nos freios. Com apenas um carro de cada fábrica na pista, ambas continuaram a batalha que foi facilitada a favor dos italianos quando o Jaguar #14 da dupla atual vencedora (Rolt/ Hamilton) escapou em um dos trechos do circuito francês e demorou a voltar. Isso foi mais que suficiente para que os ponteiros Froilan Gonzalez/ Trintgnant abrissem boa vantagem sobre eles, a ponto de sustentarem essa primeira colocação até a bandeirada, com quase uma volta de vantagem para o Jaguar #14. A dupla da Ferrari tinha sido impecável naquela edição, com a segurança de Maurice e a velocidade de Gonzalez que veio baixar a marca da melhor volta em onze segundos - a marca anterior era de Ascari, feita em 1953 com o tempo de 4’27. A segunda colocação ficou com o Jaguar #14 de Rolt/ Hamilton e a terceira do Cunningham #2 de William Spear/ Sherwood Johnston. A Gordini honrou os donos da casa ao posicionar o seu Gordini T15 na quinta posição no geral com André de Guelfi/ Jacques Pollet ao volante – essa marca serviu para garantir a vitória deles na classe 2001/3000cc. Menção também para a Bristol que colocou seus três modelos 450 entre os dez primeiros (7º, 8º e 9º) e ainda arremataram a trinca na classe 1501/2000cc tendo como vencedores a dupla Peter Wilson/ Jim Mayers.

A Porsche continuou a expandir o seu domínio nas subclasses ao vencer em duas: Johnny Claes/ Pierre Stasse com o Porsche 550 na classe 1001/1500cc e Zora Arcus-Duntov/ Gonzaque Olivier com o Porsche 356 na classe 751/1100cc.

88ª 24 Horas de Le Mans: O que esperar desta edição

O Oreca 07-Gibson da United Autosport do trio formado por Phill Hanson/ Filipe Albuquerque/ Paul Di Resta, 
que largará da pole na LMP2
(Foto: United Autosport/ Twitter)

 Teremos uma grande oportunidade de ver como será essa última incursão dos protótipos híbridos, que tomaram de assalto o Mundial de Endurance desde a sua retomada no já distante ano de 2012. Mas o momento é de deixar a nostalgia de lado e atentar para o que podemos ter a partir deste sábado quando a bandeira francesa for baixada em Sarthe: pode a Rebellion desafiar a Toyota? Apesar de todo o favoritismo da equipe japonesa, os suíços também podem sonhar em sair daquele local sagrado ostentando a marca de ter vencido a mais famosa e importante prova de endurance no mundo.

Apesar de todo peso que está levando nesta edição e mais algumas restrições em torno do combustível, a Toyota parece não ter sentido tanto essas imposições, mas devemos observar como será o seu passo de corrida nas mais variadas situações que esta prova nos reserva. A volta canhão de Kamui Kobayashi foi quatro décimos mais lento que o recorde que ele estabeleceu em 2017, quando também fez a pole – e ficou chateado por não ter quebrado este recorde, uma vez que uma de suas voltas foi anulada por exceder o limite de pista e extamente nessa ele estava bem abaixo. Porém ficará a duvida, que será sanada durante a corrida, de como será o comportamento dos dois TS050 por conta do peso e da pequena demora em reabastecê-los, já que o diâmetro do tubo de reabastecimento é de 19mm – a mesma medida do último ano – enquanto que a Rebellion terá mais velocidade neste quesito, já que a medida é de 24mm. Outro ponto favorável para a Rebellion é o kg de combustível por stint: enquanto os suíços terão 55,4 kg, a Toyota terá 35,1. Isso dará um bom ganho em autonomia para os Rebellion, influenciando bastante na hora trabalhar estratégias para a corrida que costumam variar bastante. Isso sem contar os problemas mecânicos, que costumam aparecer bastante e outras situações como toques, escapadas de pista que pode comprometer bastante o andamento. Um outro trunfo para a Rebellion é o fato do carro #1 ter trocado o motor durante o segundo treino livre, o que significa que tenha uma quilometragem bem mais baixa e que pode forçar mais durante o certame.

Enquanto que a Toyota e Rebellion vão discutir a vitória, a ByKolles terá a missão de completar a sua primeira 24 Horas de Le Mans que foi sempre abreviada por inúmeros problemas. Em relação a seu ritmo, comparado em outras oportunidades, onde os carros da LMP2 ficaram próximos ou até mesmo mais velozes, teve uma pequena melhora.  

O fator chuva também deve ser levado em conta, já que se espera uma chuva mais moderada no sábado – no decorrer da prova – e outra mais pesada para o domingo.

A LMP2 sempre promete boas emoções e desta vez não estará reduzida a uma batalha entre G-Drive e Signatech Alpine, como aconteceu no ano passado: a presença da United Autosport, Racing Team Nederland, Jackie Chan DC Racing e JOTA Sport, promete trazer uma boa disputa naquela classe – isso sem contar com outras equipes que possam aparecer durante a corrida para tentar beliscar uma parte ou até mesmo todo bolo.

Em comparação aos outros anos, onde a classe estava bastante concorrida com a presença de Ford, Corvette e BMW, a LMGTE-PRO aparece reduzida apenas aos carros oficiais da Aston Martin, Ferrari e Porsche e mais o Ferrari da Wheater Tech Racing. Mas isso não tira o brilho, uma vez que durante os treinos livres e classificação a Aston Martin ter dado o ar da graça como a principal favorita. Porém, a categoria ganhou um fôlego com a reação da Porsche que não foi muito bem no primeiro treino livre, mas que reagiu nas atividades seguintes para arrancar em direção a uma grande pole conquistada por Gianmaria Bruni no Porsche #91. A Porsche ainda teve uma pequena mudança após a Hyperpole, onde a capacidade do tanque foi aumentada em 1 litro. Mesmo sem mostrar o brilho de outras edições, é sempre bom ficar de olho na Ferrari que é a atual vencedora desta classe em Le Mans.

Mesmo com essa diminuição no contingente, é de se esperar que a batalha nesta classe seja tão boa quanto as dos anos anteriores. E ficará difícil arriscar quem possa ser o favorito real nessa luta.

Por último a LMGTE-AM que aparenta ter uma das edições mais equilibradas. A Aston Martin também apareceu forte por lá nos treinos, mas a reação das equipes com carros da Ferrari e da Porsche dão um tom diferente para esta corrida. E é sempre uma classe onde as coisas nem sempre estão resolvidas até a última passagem, mesmo quando se aparenta total tranquilidade.

Quando a quadriculada for baixada ao final do domingo, saberemos que entrou mais uma vez a rica história de Le Mans.

88a 24 Horas de Le Mans - Pole para a Toyota e algumas surpresas


 

A Toyota sairá da pole position nesta 88a edição das 24 Horas de Le Mans com uma sensacional volta de Kamui Kobayashi, que levou o TS050 ao primeiro lugar nesta primeira Hyperpole que estreou seu formato de apenas 30 minutos, para os seis melhores de cada classe, em Sarthe. O japonês atingiu o tempo de 3'15"267 e terá ao seu lado o trio do Rebellion RB13 #1 que, através de Gustavo Menezes, fez o ótimo tempo de 3'15"822 e rebaixou o Toyota #8 para terceiro no grid. Sem dúvida uma grata surpresa, já que esperava-se uma dobradinha japonesa na primeira fila.

Na LMP2 a United Autosport, através do #22 conduzido por Paul Di Resta, chegou a pole position nessa classe ao fazer 3'24"528, eclipsando o favorito #29 da Racing Team Nederland que foi muito bem nos treinos de quinta, mas a escapada de Nick De Vries logo no início do treino atrapalhou um pouco as ações e o belo carro amarelo sairá em terceiro. A segunda posição nessa classe ficou para o #26 da G-Drive. 

Na LMGT-PRO, sem dúvida a maioria apostava numa dobradinha da Aston Martin para está classe, precisando apenas adivinhar qual dos dois carros sairia na pole. Mas a Porsche conseguiu uma grande volta através de Gianmaria Bruni (3'50"874) para colocar o Porsche #91 na pole desta classe. O Ferrari #51 da AF Corse também esteve em boa forma e sairá em segundo, enquanto o primeiro Aston Martin, o #95, aparece em terceiro.

Assim como na PRO, esperava-se uma pole vinda da Aston Martin na LMGTE-AM, mas igualmente foi uma bela surpresa ver que a Ferrari #61 da Luzich Racing fez a melhor marca dessa classe e desbancou até além da Aston outros favoritos que poderiam bater os carros ingleses. Côme Ledogar fez uma bela volta com o tempo de 3'51"266 - que inclusive o colocou em quarto entre os PRO - e fez a pole para a Ferrari nesta classe, seguida pelo Porsche #77 da Dempsey-Proton Racing e pelo Porsche #56 do Team Project 1. 

A largada será amanhã, às 9:30 (horário de Brasília).


Foto 888: Luigi Chinetti e Lord Seldson, Le Mans 1949

 

A primeira vitória da Ferrari em Sarthe. E logo na sua primeira aparição.

Ainda com a Europa a se recuperar dos traumas da Segunda Guerra Mundial, as provas foram sendo retomadas aos poucos. Le Mans teve o seu retorno em 1949 e como a maioria das competições, contou com carros de dez anos antes.

A maioria dos carros ainda eram franceses, mas os britânicos se fizeram presentes com um bom número de carros inscritos somando um total de 15 carros, sendo que três não eram da casa. Justamente um desses, um Ferrari 166/M, que estava aos comandos de Luigi Chinetti e Lord Seldson, correria sob bandeira britânica. Havia mais um Ferrari 166/M que era de parceria de Chinetti com J.A. Plisson e que ficara para Jean Lucas/ Pierre-Louis Dreyfus. Apesar de ser um carro totalmente novo, frente a carros com mais de uma década, o que pesava contra o bólido vermelho era a sua fragilidade para uma prova daquele porte e por isso Enzo Ferrari recusou-se ir para Sarthe com a sua equipe. A prova não contou com equipes alemãs, mas um motor BMW estava equipando o único Frazer-Nash da corrida – que levou o mesmo nome do carro. Pelo lado dos britânicos a grande novidade remontava ao único carro de fábrica inscrito por eles, um Aston Martin DB2 com o motor do Lagonda 2.6. Apesar da boa expectativa, este não passou da sexta volta ao ter problemas na bomba d’água e deixar a dupla Leslie Johnson/ Charles Brachenburry na mão.

As novidades para aquela edição de 1949 eram do uso de combustível contendo gasolina, benzol e etanol, o que acabou por causar inúmeros problemas para vários competidores. Ainda no campo dos combustíveis, teve a primeira aparição de um carro movido a diesel: o Delettrez Diesel de Jean e Jacques Delettrez participou da corrida, mas acabaria por abandonar na 123ª volta por... Falta de diesel! A outra novidade foi um teste de transmissão carro/box via rádio com o Simca de Norbert Jean Mahé/ Roger Crovetto. A dupla fechou em 14º no geral.

Sobre a corrida, os temores do novo carro italiano foram dissipados ao final das 24 horas: Luigi Chinetti comandou o Ferrari 166/M por quase toda a prova, tendo pilotado por 23 horas! O motivo pelo qual ele tivera que fazer tal trabalho remonta ao fato de seu companheiro Seldson ter ingerido uma alta dose de conhaque antes da prova, e com isso ficando impossibilitado de andar com o Ferrari. Mas para Chinetti aquilo não era novidade, já que em 1932 ele pilotara por vinte horas quando venceu a sua primeira 24 Horas de Le Mans.

Enquanto que para Chinetti era a última conquista em Sarthe, para a Ferrari era o início de uma história de nove conquistas naquela prova.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

88ª 24 Horas de Le Mans – Toyota comanda o primeiro dia de atividades em Sarthe

 


Três meses após o adiamento da edição deste 2020 por conta da pandemia do Covid-19, os carros do Mundial de Endurance puderam, enfim, invadir a pista de Sarthe para dar inicio às atividades para esta edição de número 88 das 24 Horas de Le Mans.

As atividades constituíram em quatro fases: a realização de dois treinos livres (de três horas cada), seguido pela qualificação que serviu para definir o grid de largada do sétimo para trás de cada classe e definindo os seis primeiros das quatro classes que passaram para a Hyperpole, que será realizada na sexta. Por fim, a terceira sessão de treinos livres que durou quatro horas começando a tarde e invadindo a noite.

LMP1

(Foto: Toyota Gazoo Racing/ Twitter)

A Toyota ditou o ritmo nessa classe sem tomar conhecimento das demais. Desde o primeiro treino livre já mostrava que, mesmo com o peso adicional, parecia ter afetado em nada a sua performance. Kazuki Nakajima, com o Toyota #8, fez a melhor marca do primeiro treino livre ao chegar em 3’21’’656 e colocar 0’’334 décimos sobre o gêmeo #7 que fez o tempo de 3’21’’990. A Rebellion, com seu #1, ficou em terceiro naquele treino com a marca de 3’23’’155 e a quarta colocação ficando para o outro Rebellion #3 que fez o tempo de 3’25’’216. A ByKolles aparece em quinto com seu ENSO CLM P1/01-Gibson em quinto, atingindo o tempo de 3’28’’442.

O segundo treino livre foi ainda melhor para a Toyota, quando o #8, agora conduzido por Sebastien Buemi, chegou a melhor marca desta atividade ao fazer 3’19’’719. Foi quase um segundo (0’’8 décimos, precisamente) que o Toyota #7 que ficou na casa de 3’20. Para a Rebellion foi uma sessão que eles contaram apenas com a presença do carro #3 na pista que marcou o terceiro tempo. O #1 da equipe, conduzido por Bruno Senna/ Norman Nato/ Gustavo Menezes, ficou praticamente de fora deste segundo treino já que precisou trocar o motor. O ByKolles ficou em quarto nessa classe e quinto no geral, uma vez que ficou atrás do Oreca LMP2 da Racing Team Nederland que ocupou o quarto posto na classificação geral.

No treino classificatório, foi a vez do Toyota #7 dar as cartas e fazer a marca de 3’17’’089 vindo pelas mãos de Kamui Kobayashi que colocou dois décimos sobre o seu compatriota Kazuki Nakajima que fez o segundo melhor tempo. O Rebellion #1 aproveitou bem da saúde do novo motor para cravar o terceiro tempo, mesmo que ainda tenha ficado quatro segundos de atraso em relação aos Toyotas. A Bykolles mostrou alguma velocidade e se meteu entre as duas Rebellion ao ficar em quarto. O Rebellion #3 ficou em quinto. Como a classe tem apenas cinco carros, eles passaram automaticamente para a Hyperpole.

A terceira sessão de treinos, que incluiu a parte da tarde e a noite em Sarthe, viu a Rebellion tomar de assalto a primeira colocação quando Louis Deletraz pôs o #3 da equipe suíça no topo com a marca de 3’19’’158. A Rebellion ainda mostraria força nesta sessão, quando o #1, com Gustavo Menezes no comando, ficou em terceiro com o tempo de 3’19’’775. A segunda colocação foi ocupada pelo Toyota #7 que fez o tempo de 3’19’’638 com Kamui Kobayashi ao volante. O Toyota #8 ficou em quarto e o ByKolles #4 acabou em quinto na classe e 18º na geral, após ter tido a frente danificada numa escapada na Tertre Rouge quando Bruno Spengler pilotava.

Apesar do maior peso que é levado pelos dois Toyotas, a equipe japonesa não pareceu sentir os efeitos e dominou com certa folga estas atividades que aconteceram mais cedo. A esperança dos entusiastas é que a Rebellion esteja escondendo o jogo, justamente para jogar as cartas na mesa quando realmente precisa que é na maratona das 24 Horas, mas sua performance no terceiro treino joga uma luza de esperança  nesta expectativa.. Em relação a ByKolles, a única expectativa é que consigam, ao menos, ter um breve melhora nas próximas atividades e que tenham uma jornada decente.

 

LMP2

(Foto: Racing Team Nederland/ Twitter)

A Racing Team Nederland aparece como a favorita neste primeiro dia em Sarthe, após liderar as primeiras atividades do dia especialmente o segundo treino livre e a qualificação.

No primeiro treino livre eles tinham a liderança até pouco antes do final, quando Keita Yamashita, da High Class Racing, ao fazer o tempo de 3’29’’873 contra 3’29’’918 que alcançado por Giedo Van Der Garde no Oreca 07 da Racing Team Nederland. A terceira colocação ficou para o #38 da JOTA Sport.

O segundo treino livre teve a liderança absoluta do time holandês, que fez o tempo de 3’27’’185 com Nicky De Vries ao volante. Este tempo foi suficiente para coloca-los na quarta posição na geral, superando o ByKolles. Com quase um segundo de atraso, apareceu na segunda posição o #37 da Jackie Chan DC Racing e em terceiro o #38 da JOTA Sport. Esta atividade foi marcada pelos dois acidentes com os dois Oreca 07 da IDEC Sport que se acidentaram em momentos distintos do treino: o #28, pilotado por Paul Lafargue, bateu na saída da segunda chicane, danificando bem a dianteira do carro ainda na primeira hora de treino. Quando este estava sendo levado aos boxes, o #17 conduzido por Dwight Merriman, bateu um pouco antes de chegar na entrada dos boxes e, a exemplo do #28, também danificou bem a dianteira. Será um trabalho bem puxado para a equipe que, logicamente, não participou da qualificação.

 Na qualificação a Racing Team Nederland continuou a andar forte e estabelecer a melhor marca dessa classe com o tempo de 3’26’’648, feito novamente por De Vries. O #37 da Jackie Chan DC Racing, #22 da United Autosport, #26 da G-Drive Racing, #32 da United Autosport e o #33 da High Class Racing, passaram para a Hyperpole.

No terceiro treino livre foi o Oreca 07 #30 da Duqueine Racing que fez a melhor marca desta atividade, com o tempo de 3’28’’013 feito por Tristan Gommendy. A segunda posição ficou para o #32 da United Autosport e a terceira posição para o #26 da G-Drive.

 

LMGTE-PRO

(Foto: Aston Martin Racing/ Twitter)

Assim como foi em 2019, a Aston Martin teve um bom inicio de trabalhos em Sarthe ao liderar a primeira sessão de treinos e a qualificação, sempre com dobradinhas. A única equipe a importunar os carros ingleses foram os Porsche no segundo treino livre.

Na primeira atividade os dois Aston Martin Vantage ocuparam as duas primeiras colocações, com o #97 chegando a marca de 3’’53’’930 – com Alex Lynn ao volante – e o #95 ficando em segundo com o tempo de 3’54’’992, que foi alcançado por Nick Thiim. A terceira posição foi do Ferrari 488 GTE Evo da AF Corse #51 com 3’55’’186.

A Porsche apareceu muito bem após ocupar as duas últimas posições dessa classe no primeiro treino livre, sentindo bem a falta de um treino que pudesse ambientar o novo 911 RSR-19 antes da batalha que é em Sarthe. No entanto, o segundo treino livre foi uma lufada de ar fresco para eles, que puderam se colocar em primeiro e terceiro na segunda prática, com o #92 e #91 respectivamente. O Porsche #91 fez o tempo de 3’52’’783 com Michael Christensen ao volante. A segunda posição ficou com o Aston Martin #97.

A qualificação voltou a ver os Aston Martin Vantage ditarem o ritmo com o #95 ficando em primeiro (3’50’’872) e o #97 em segundo (3’50’’925). As demais posições foram ocupadas pelos dois Ferrari da AF Corse e pelos dois Porsche da Porsche GT Team que avançaram para a Hyperpole.

O terceiro treino livre voltou ver a Porsche em primeiro na tabela de tempos, com o #92 liderando com o tempo de 3’52’’177 feito por Kevin Estre. Os dois Aston Martin vieram em seguida, com o #97 fazendo a marca de 3’52’’442 e o #95 com o tempo de 3’52’’632.

 

LMGT-AM

(Foto: Aston Martin Racing/ Twitter)

Assim como na PRO, a Aston Martin teve uma boa jornada com seu carro oficial, o #98 pilotado por Paul Dalla Lana/ Ross Gunn/ Augusto Farfus, que lideraram o primeiro treino livre (3’55’’484) e o classificatório (3’52’’778). A Porsche, através do #77 da Dempsey-Proton Racing, liderou a segunda sessão de treinos com a marca de 3’53’’961 – inclusive, se colocando entre os carros da PRO ao ficar atrás dos quatro mais rápidos daquela classe.

Além do Aston Martin #98, passaram para a Hyperpole o Aston Martin #90 da TF Sport, o Porsche #86 da Gulf Racing, o Ferrari #61 da Luzich Racing, o Porsche #77 da Dempsey-Proton Racing e o Porsche #56 da Team Project 1.

A terceira atividade foi dominada novamente pela Aston Martin #98 que fez o tempo de 3’54’’590, seguido pelo Ferrari #60 da Iron Lynx e pelo Porsche #88 da Dempsey-Proton Racing. Essa classe ainda viu o acidente do Ferrari #62 da Red River Sport se acidentar na freada para a primeira chicane, quando Bonamy Grimmes estava ao volante.

As atividades continuam amanhã, com a definição das três primeiras filas de cada classe na Hyperpole e depois com o quarto treino livre que terá duração de 1 hora.

Resultados: Treino Livre 1, Treino Livre 2, Qualificação e Treino Livre 3

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Foto 887: François Cevert e Jean Pierre Beltoise, Le Mans 1973


 

François Cevert no comando do Matra MS 670B da Matra-Simca durante um dos estágios das 24 Horas de Le Mans de 1973. Ele dividiu o carro #10 com Jean Pierre Beltoise, mas não completaram a prova depois que Beltoise teve um estouro num dos pneus e acabou batendo quando ocupavam a quinta colocação já na 12ª hora de prova. 
Além do carro de Cevert e Beltoise, a Matra inscreveu dois modelos MS 670B e um MS670: Henri Pescarolo/ Gerard Larousse (#11) e Jean Pierre Jabouille/ Jean Pierre Jassaud (#12) pilotaram os MS 670B e Patrick Depailler/ Bob Wollek (#14).
A corrida foi um verdadeiro duelo entre Matra e os três 312PB inscritos pela Ferrari, que foi pautado pelos problemas mecânicos dos dois lados. As coisas começaram a se resolver pela manhã, quando o Ferrari 312PB de Jacky Ickx/ Brian Redman apresentou problemas no escapamento e logo em seguida apareceu o Matra #11 de Pescarolo/ Larousse com os freios defeituosos. Ambas equipes consertaram os problemas, mas a Matra foi mais rápida na ação e entregou o carro #11 na liderança da prova. Finalmente, já perto do fim, o Ferrari de Ickx/ Redman abandonou com o motor avariado. Pescarolo e Larousse acabaram por vencer com seis voltas de vantagem sobre o Ferrari 312PB de Arturo Merzario e José Carlos Pace e com 24 voltas sobre o outro Matra de Jean Pierre Jabouille e Jean Pierre Jassaud. 
Para a Matra foi a segunda conquista consecutiva em Sarthe, após ter vencido em 72 com Henri Pescarolo e Graham Hill com o MS 670.
Na ocasião as 24 Horas de Le Mans completava 50 anos de existência. 

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Foto 886: Vic Elford e Kurt Ahrens Jr., Le Mans 1970

 


Belissima foto do Porsche 917 LH pilotado por Vic Elford e Kurt Ahrens Jr. durante as 24 Horas de Le Mans de 1970. O carro foi inscrito pela KG Salzburg ao lado do outro que foi conduzido por Hans Hermann e Richard Attwood. A equipe era comandada pela mãe de Ferdinand Piëch, Louise Piëch e isso causou certo desconforto e surpresa para John Wyer que estava à frente do desenvolvimento do Porsche 917 desde o final de 1969 e a sua equipe, a J.W. Engineering, era tida como a oficial da Porsche. 
Enquanto que o Porsche 917 LH de Elford/ Ahrens ficou pelo caminho na 18ª hora por um problema no motor - após ter completado 225 voltas -, o #23 conduzido por Hermann/ Attwood passou para dar a fábrica alemã a sua primeira conquista na geral em Le Mans. 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

GP da Toscana – Cartão de Visitas

 

Lewis Hamilton num dos mais belo cenários desta temporada: vitória de número 90ª
(Foto: Mercedes/ Twitter)

Qualquer circuito que venha fazer sua estreia na Fórmula-1 sempre vai gerar uma grande curiosidade. Mugello não é tão desconhecida assim: além de ser uma das pistas de testes da Ferrari, é um das catedrais sagradas do motociclismo. Para os entusiastas, exclusivamente daqueles que acompanham apenas a Fórmula-1, era um novidade a ser observada com atenção: uma mistura de curvas velozes com partes mais estreitas e com caixas de brita por todos os lados, essa corrida servia como uma grande oportunidade de ver como seria esta primeira aparição da categoria neste circuito centenário.

A julgar pela primeira largada, a corrida passava um cenário interessante: a melhor largada de Bottas jogou Hamilton para segundo e isso trazia uma possibilidade de vermos como seria um possível duelo entre os dois pilotos da Mercedes, uma vez que Valtteri esteve muito bem nesta pista em todos os treinos – exceto na qualificação, onde Lewis mostrou mais uma vez seu passo de gigante ao anotar a sua 95ª pole na carreira. Mas o enrosco logo na segunda curva que eliminou Verstappen e Gasly, fez com que o SC fosse acionado para a retirada dos carros. Quando relargada foi autorizada, o múltiplo acidente na parte de trás envolvendo Lattifi, Giovinazzi, Magnussen e Sainz, fez com que a bandeira vermelha entrasse em ação. Dessa forma, assim como na última semana em Monza, teríamos um novo procedimento de largada parada.

Essa nova largada deu a Hamilton a chance de pular na dianteira, aproveitando-se bem do vácuo do Mercedes de Valtteri para contornar a curva por fora e assumir a liderança. Mesmo com Bottas tentando optar em usar compostos diferentes do de Hamilton, o finlandês acabou tendo de parar antes por conta do desgaste e também por ter reclamado de vibrações nos pneus e assim foi chamado antes, colocando os pneus duros. Hamilton  veio parar uma volta depois e colocar os mesmos compostos. O acidente de Lance Stroll na veloz Arrabiata 1 fez com que o SC entrasse mais uma vez e Bottas teve um oportunidade de parar e fazer sua parada para colocar os pneus macios, porém Hamilton, que havia passado pela reta dos boxes exatamente quando foi acionado o Safety Car, conseguiu ainda tempo para completar a volta, trocar para os macios e voltar na frente de Valtteri – para mais uma vez a bandeira vermelha entrar em ação e forçar uma nova largada parada. Desta vez, não teve nenhuma surpresa: Hamilton conseguiu controlar bem sua vantagem para Bottas – que oscilava entre 1.3 segundos até 2.0 segundos – para conquistar sua sexta vitória na temporada.

Apesar de toda a bagunça causada pelos acidentes, a corrida foi interessante do terceiro para baixo. Sem a presença de Max – que seria o terceiro ocupante natural do pódio – a terceira posição foi objeto de desejo: Charles Leclerc chegou ocupar essa posição por algum momento, mas todos sabiam que ele não teria muito o que fazer frente a carros mais velozes e se viu despencar pela tabela para terminar em oitavo; Lance Stroll era outro que podia muito bem ter levado este terceiro lugar, mas os problemas na seção traseira de seu carro acabou jogando-o no muro de pneus da Arrabiata 1 e fazendo um belo estrago em seu Racing Point; Daniel Ricciardo parecia ser o piloto da tarde e fez relembrar seus tempos de Red Bull, onde imprimia sempre boa velocidade após as relargadas e isso o fez subir para terceiro. Talvez até conquistasse o pódio, não fosse a bandeira vermelha e isso deixou caminho aberto para que Alex Albon subisse de produção e partisse para o ataque e ultrapassasse o australiano. O anglo-tailandês ainda deu uma perspectiva de que poderia alcançar as Mercedes, que foi logo rechaçada com o aumento de ritmo dos dois carros negros. Mas foi o suficiente para que Alex subisse, enfim, ao pódio pela primeira vez. Quem teve a oportunidade de marcar o primeiro ponto neste campeonato foi George Russell, que viu a oportunidade aparecer após a série de acidentes. Infelizmente não teve tempo – e nem folego – para conseguir atacar e ultrapassar Sebastian Vettel – este escapou duas vezes dos acidentes, sendo que na primeira teve a asa dianteira danificada após acertar o carro rodado de Sainz – que acabou em décimo. E para a Ferrari, que comemorou o seu GP de número 1000 em Mugello, o estrago bem reduzido frente a péssima temporada que é feita até aqui. 

Esta prova significou a 100ª vitória da Mercedes na Fórmula-1, enquanto Hamilton chegou a sua 90ª conquista e fica, assim, a uma vitória de igualar a marca de Michael Schumacher – que pode ser empatada já na prova da Rússia daqui quinze dias – e ainda teve o recorde de 222 GPs na zona de pontos.

Até o final da temporada a história estará feita.

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Video 500cc: Kenny Roberts vs Barry Sheene, GP da Grã-Bretanha 1979


A grande disputa entre o holandês Wil Hartog (Suzuki #3), o americano Kenny Roberts (Yamaha #1) e o britânico Barry Sheene (Suzuki #7) pela liderança no GP da Grã-Bretanha de 1979, então 11ª etapa das 500cc. No decorrer da prova a disputa ficou entre Sheene e Roberts com os dois se alternando na liderança em algumas oportunidades, até que o americano conseguiu uma boa distância a parecia ter uma conquista relativamente com folga. Mas Sheene conseguiu diminuir bem a distância na última volta para cruzar a linha de chegada lado a lado com Roberts. A vitória ficou com Kenny por três centésimos e em terceiro ficou Hartog, com quatro segundos de atraso. Este GP é considerado com um dos melhores da história da categoria.
Essa prova marcou o retorno da Honda a classe principal, inscrevendo duas NR500 para Mick Grant e Takazumi Katayama. Ambos não completaram a prova.
Barry Sheene completaria hoje 70 anos. 

Foto 885: Ronnie Peterson, 24 Horas de Le Mans 1970

Ronnie Peterson nas 24 Horas de Le Mans de 1970: única participação

Ronnie Peterson durante o fim de semana das 24 Horas de Le Mans de 1970. Na foto, o sueco com a Ferrari 512S #7 da equipe oficial da Ferrari (SEFAC Ferrari) na freada para Arnage. Na ocasião ele dividiu o carro com Derek Bell, mas não tiveram grande sorte ao abandonarem na 39ª volta após um problema na válvula. Foi a unica aparição de Ronnie em Sarthe.

O piloto sueco ainda teve outras oportunidades de participar das 24 Horas de Le Mans, mas por alguns infortúnios acabou por não acontecer: em 1969 foi escalado como reserva nos carros da Scuderia Filipinetti; em 1971 esteve na lista de reserva pela mesma Scuderia Filipinetti, onde dividiria o Ferrari 512M com Jean Pierre Jabouille; e a última possibilidade foi em 1972 quando estava a serviço da Ferrari, onde conduziria uma 312PB com Tim Schenken e Mario Andretti, mas a inscrição foi retirada. 

Naquele mesmo ano de 1972, Ronnie esteve a serviço da Ferrari no Mundial de Marcas onde pilotou o Ferrari 312PB junto de Tim Schenken. A dupla conseguiu duas vitórias naquela temporada: nos 1000Km de Buenos Aires e nos 100Km de Nurburgring. 

Hoje completa exatos 42 anos da morte de Ronnie Peterson, após o terrível acidente de um dia antes no GP da Itália de 1978. 

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Foto 884: A primeira em Monza

 

(Foto: Alpha Tauri/ Twitter)


A vitória de Pierre Gasly nesse último domingo passa a ser uma dos melhores momentos da Fórmula-1 nos últimos anos. Uma vitória carregada de emoções e revitalizante para um piloto que passou por maus bocados em 2019 até o seu heroico pódio em Interlagos naquele ano.

Por outro lado, a sua conquista o coloca na lista de pilotos que venceram seu primeiro GP na Fórmula-1 no solo sagrado de Monza. Ele é o oitavo piloto a conseguir essa façanha e agora vamos aos outro sete que compõe esse grupo.

 


1960 – Phil Hill –
O campeonato daquele estava totalmente nas mãos das equipes britânicas, tendo vencido as oito primeiras etapas das dez programadas para aquele mundial. Para o GP da Itália, o traçado escolhido foi o completo – com a utilização do anel externo da pista de Monza. O piso de concreto utilizado na bancada do oval prejudicava bastante a performance dos carros ingleses – por causa dos fortes solavancos – e nisso acabou que as equipes oficiais da Lotus, Cooper e BRM se retiraram daquela etapa e apenas os Cooper de propriedade de alguns pilotos particulares é que participou.

Foi a deixa para a Ferrari chegar a sua primeira e única vitória naquele ano: inscreveu quatro carros, sendo três D246 para Phil Hill, Richie Ginther e Willy Mairesse e uma 156P de motor traseiro para Wolfgang Von Trips.

Hill largou da pole (a primeira dele) e passou para vencer pela primeira vez na Fórmula-1 após duelar com Ginther, que terminou em segundo e Mairesse em terceiro. Ele tornou-se o primeiro americano a vencer uma corrida oficial na Europa após 40 anos, quando Jimmy Murphy venceu o GP DA França de 1921 em Le Mans pilotando um Duesenberg. Foi também a última conquista de um carro com motor dianteiro na Fórmula-1.

Phil repetiria a vitória em Monza um ano depois, no trágico GP de custou a vida de Von Trips e que era seu rival na disputa pelo titulo em 1961. Hill acabou por ser o campeão.

 


1965 – Jackie Stewart
– A temporada de 1965 levava a marca de Jim Clark e Lotus, que até ali tinha vencido seis vezes no mundial – e ainda carregava a fabulosa conquista da Indy 500. Em Monza a batalha foi inteiramente entre os pilotos britânicos onde Clark, Graham Hill, Jackie Stewart (estes dois com a BRM) e uma rápida intervenção de John Surtees (Ferrari), deu o tom naquela corrida regada ao uso do vácuo com as constantes trocas na liderança entre Clark, Hill e Stewart até a 57ª volta quando Jackie assumiu a liderança de vez.

Jim Clark abandonou na volta 63 por problemas de vazamento de óleo e deixou a disputa para Jackie e Hill, com o inglês ainda incomodando o escocês em algumas oportunidades. Mas Stewart reassumiria a liderança de vez na volta 74 para vencer seu primeiro GP na Fórmula-1.



1966 – Ludovico Scarfiotti –
O piloto italiano era um dos melhores de sua geração naquela década de 60, tendo vencido provas no Mundial de Marcas – incluindo a conquista nas 24 Horas de Le Mans de 1963 com Lorenzo Bandini pilotando pela Ferrari – e também com dois títulos no Campeonato Europeu de Subida de Montanha em 1962 e 1965.

Scarfiotti tinha feito já algumas provas na Fórmula-1, tendo estreado no GP da Holanda de -1963 onde terminou em sexto e participou, também, de algumas provas extra-campeonato incluindo a famosa corrida em Syracuse no ano de 1967 onde ele dividiu a conquista com seu companheiro de Ferrari Mike Parkes após terem cruzado a linha de chegada juntos, computando a mesma velocidade (182,90 KM/H) e cravando um incomum empate.

No GP da Itália de 1966 Scarfiotti largou da segunda posição, com a pole ficando para seu companheiro de Ferrari Mike Parkes – que marcava a sua primeira pole na categoria. Após uma má largada que o jogou para sétimo, Ludovico escalou o pelotão aos poucos para assumir a liderança na 13ª volta e perde-la momentaneamente na 27ª passagem para Mike Parkes e recuperá-la em seguida, para se tornar o primeiro italiano a vencer o GP da Itália desde Alberto Ascari, que havia vencido em 1952 também pela Ferrari. E agora era vez de Ludovico herdar essa marca, ao ser o último italiano a vencer o GP italiano e com Ferrari.

Scarfiotti morreria dois anos depois numa prova de Subida de Montanha em Berchtesgaden (ALE) ao volante de um Porsche 910 durante os treinos.

 


1970 – Clay Regazzoni –
Vencer pela Ferrari é sempre um previlégio. Se for pela primeira vez, engrandece o piloto, mas se este pacote for todo num GP da Itália em Monza, eleva o piloto a imortalidade junto aos Tiffosi. Para o novato Clay Regazzoni, que passou parte daquele ano revezando o volante do 312B com o também novato Ignazio Giunti, a corrida foi um dos grandes presentes na sua carreira.

Apesar de todo clima tenso pela morte de Jochen Rindt durante os treinos, a corrida aconteceu e Regazzoni estava num ótimo terceiro lugar – com seu companheiro de Ferrari, Jacky Ickx, na pole e Pedro Rodriguez (BRM) em segundo.

As primeiras trinta voltas foram uma batalha visceral que envolveu Ickx, Rodriguez, Regazzoni, Jackie Stewart, Jackie Oliver e Denny Hulme no revezamento pela liderança, mas a partir da 31ª volta Stewart passou a batalhar exclusivamente com Regazzoni.  A partir da volta 54, Clay assumiu de vez a liderança para conquistar a sua primeira vitória na Fórmula-1 e ver a pista de Monza se transformar num mar de Tiffosi que agora tinham um novo ídolo.

Regazzoni ainda venceria em Monza cinco anos depois, quando levou o GP da Itália de 1975 com a Ferrari.




1971 – Peter Gethin –
Poderia um piloto sair de uma posição de meio de grid e vencer em Monza? Com um bom carro e conseguindo usar bem o beneficio do vácuo, essa chance cresceria consideravelmente.  Peter Gethin (BRM) marcou apenas o 11º tempo naquele grid para o GP da Itália que teve como pole Chris Amon com a Matra. Mas o britânico soube usar bem o turbilhão de vácuo em Monza naquele dia.

A corrida foi uma das mais disputadas da história, onde os seis primeiros passaram a corrida separados por meros meio segundo. Clay Regazzoni, Ronnie Peterson, Jackie Stewart, François Cevert, Mike Hailwood, Jo Siffert e Chris Amon foram os pilotos que trocaram a liderança até a 51ª passagem até que Peter Gethin, que havia ficado a corrida toda comboiando este grupo, começou a escalar o pelotão até chegar à liderança na volta 52. Ele perderia a liderança na passagem 54, mas recuperaria na volta 55 para vencer o seu único GP com a apertada vantagem de um centésimo para Ronnie Peterson.

A média horária alcançada por Peter Gethin foi de 242.616 KM/H . Em termos de comparação, naquele mesmo ano, Al Unser venceu a Indy 500 com a média de 253.850 KM/H.



2001 – Juan Pablo Montoya –
A fama do colombiano já estava em alta quando o GP da Itália daquele ano foi realizado. Sua coragem frente aos demais e, principalmente, Michael Schumacher, chamava atenção e credenciava o jovem piloto a ser um dos grandes astros.  

Aquele GP da Itália foi realizado sob forte tensão após o ataques as torres gêmeas em Nova York (11 de setembro) e do grave acidente sofrido por Alessandro Zanardi um dia antes na etapa de Lausitzring válida pelo campeonato da CART.

Montoya largou da pole e viu em Rubens Barrichello (Ferrari) e no seu companheiro de Williams, Ralf Schumacher, seus dois grandes opositores naquela edição. Juan Pablo acabou por vencer a corrida, com uma margem de cinco segundos sobre Rubens e dezessete sobre Ralf.

Montoya voltaria a vencer no circuito em 2005, pela Mclaren.



2008 – Sebastian Vettel –
A estrela em ascensão do automobilismo alemão teve seu dia de rei em Monza ao cravar a pole em condições bem adversas, onde a chuva foi constante. Na corrida, a soberania do jovem Sebastian Vettel continuou e ele liderou quase todas as voltas, perdendo a liderança por apenas quatro voltas para Heikki Kovalainen (19-22) e retomando para vencer de modo convincente pela primeira vez na categoria – e também para a então jovem equipe Toro Rosso, que havia surgido do que era a Minardi.

Essa conquista de Vettel o credenciaria para a equipe principal, a Red Bull, em 2009, onde ele veio conquistar seus quatro campeonatos consecutivos (2010-13) e tornar-se um dos grandes da categoria.  

domingo, 6 de setembro de 2020

GP da Itália: Quando Monza escolhe os seus

Pierre Gasly após a sua grande vitória em Monza
(Foto: James Moy)


É verdade que circuitos clássicos oferecem quase que sempre uma boa dose de emoções e surpresas. Tudo bem que nem sempre é assim, mas em algumas situações as coisas desenrolam de forma abrupta e mexem com o Status Quo para que o imponderável se aproprie de tal situação. O circuito de Monza, com seus quase 100 anos de existência, está no panteão daqueles locais "que escolhem seus vencedores" ao lado de seus co-irmãos Indianápolis e Le Mans, onde nem sempre o certo é dado como vencedor.
Dificilmente ninguém apostaria em Pierre Gasly hoje para ganhar em Monza e muito menos numa disputa com Carlos Sainz para ver quem ganharia seu primeiro GP na categoria. E essa aposta seria ainda mais doida se alguém dissesse que Hamilton lideraria com folga as primeiras voltas e tomaria um Stop&Go por ter entrado nos boxes quando este estava fechado após o carro de Magnussen ter parado ali próximo da entrada. Pior: que a corrida teria uma bandeira vermelha por causa do enorme acidente de Charles Leclerc após a relargada, quando perdeu o controle de sua Ferrari e bateu na Parabólica. Para a Ferrari foi mais um final de semana infernal, com ritmo muito abaixo e com seus dois pilotos ficando de fora - Vettel por problemas nos freios já nas primeiras voltas e o acidente de Charles.
A nova largada, com os carros parados, deu uma outra perpectiva com a ida de Hamilton aos boxes para pagar a sua punição - e ainda recuperar-se para chegar em sétimo, mostrando que tinha equipamento suficiente para vencer com folga em Monza. Lance Stroll parecia ser o cara do momento, mas um misto de má largada com escapa logo após a segunda partida, jogou por terra a chance de ganhar pela primeira vez na Fórmula-1. Melhor para Pierre Gasly que assumiu a liderança e conseguiu gerir bem a distância para Carlos Sainz, que ainda chega próximo, para vencer uma corrida histórica para ele e a Alpha Tauri que repetiram o feito de Vettel e Toro Rosso que venceram ali 12 anos atrás com exibição de gala. Foi também a primeira conquista de um piloto francês desde Olivier Panis, que venceu o caótico GP de Mônaco de 1996.
Para Pierre Gasly, que passou por todo aquele inferno astral, a sua conquista foi uma das melhores voltas por cima que poderia acontecer a um piloto, já iniciado no seu lendário pódio no GP do Brasil de 2019. A sua imagem, sentado no pódio, é sem dúvida de ter tirado um peso gigantesco, misturado com várias emoções e alívio. E claro, as lembranças do amigo Anthoine Hubert deve ter vindo com total força. Sem dúvida o momento mais belo desta temporada.
Se existe um jeito de calar os críticos - e seus algozes - ela foi feita da melhor forma hoje em Monza.

Foto 883: Clay Regazzoni, GP da Itália 1970


(Foto: Motorsport Images)

(Foto: Bernard Cahier)


Um dos grandes momentos de Monza, apesar de tudo.
Na primeira foto, o então novato Clay Regazzoni, entrou para imortalidade junto a Ferrari ao vencer o GP da Itália um dia após o trágico acidente que vitimou Jochen Rindt. Naquele mesmo fatídico dia 5 de setembro, foi o aniversário de Regazzoni que chegava aos 31 anos.
Na segunda foto, registro de Bernard Cahier, uma dos momentos que melhor simbolizam o que é o GP da Itália: a famosa invasão de pista, seja ela com vitória ou não da Ferrari, mas acontecerá e se for com vitória da Rossa - como no caso, a festejarem a conquista de Regazzoni- , certamente será ainda mais emblemática. É uma das melhores fotos de sempre da Fórmula.
Hoje completa exatos 50 anos deste feito.

sábado, 5 de setembro de 2020

Video: 24 Horas de Le Mans 1965 (Momentos Finais)

Os últimos minutos daquela que foi as 24 Horas de Le Mans de 1965, com o Ferrari #21 250LM d da NART (Nort American Racing Team), pilotado por Masten Gregory e Jochen Rindt que veio a conquistar aquela edição.
A principio essa corrida prometia um grande duelo entre Ferrari e Ford, com esta última trazendo seus GT40 revisados para tentar o assalto a grande prova do endurance mundial. Mas, assim como em 1964, na sua primeira tentativa, os seis Ford GT40 já estavam fora de combate com sete horas de prova pelos mais variados problemas. A Ferrari, com seus três 330 P2 Spyder oficiais, também não tiveram vida longa abandonaram já próximo do fim.
Mas ao menos, os Ferrari particulares honraram a marca: além da conquista da NART com o 250LM, outro Ferrari do mesmo modelo inscrito pela Pierre Dumay ficou em segundo (com Pierre Dumay e Gustave "Taf" Gosselin pilotando) e na terceira posição um Ferrari 275 GTB da Ecurie Francorchamps (conduzido por Willy Mairesse e Jean Blaton).
Essa corrida marcou a última conquista da Ferrari na geral em Le Mans. Por outro lado, foi a primeira da Goodyear em Sarthe.
Para Jochen Rindt, foi o seu melhor resultado em Sarthe. Ele disputou quatro edições das 24 Horas de Le Mans entre 1964 e 1967, tendo abandonado três vezes (64, 66 e 67) e pilotando por Ferrari (64 e 65), Ford (66) e Porsche (67).
Hoje completa exatos 50 anos da morte do austríaco, acidentado durante os treinos para o GP da Itália de 1970. Ao final da temporada foi coroado campeão post-mortem daquela temporada da Fórmula-1.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Foto 882: Lembranças

A grande equipe: os anos 90 foi a grande década da Williams.
Na foto, a equipe em Hockenheim em 1992.
(Foto: Autosport)



Confesso que não iria escrever sobre a Williams por agora. Tinha deixado essa missão assim que o mundial fosse encerrado, esperando que a equipe ainda pudesse conquistar ao menos um ponto para que fechasse essa passagem de bastão de forma honrosa. Mas não deu tempo. O anúncio do desligamento da família da equipe Williams imediatamente após o GP da Itália deste final de semana, pegou todo mundo de surpresa –algo que poderia acontecer, até com certa naturalidade, no apagar das luzes do mundial deste ano. Chega ser estranho, mas você cria laços e com uma noticia dessas, automaticamente, surgem as boas lembranças.

Do alto dos meus nove anos de idade em 1992, a Williams era equipe a equipe do momento. Tal qual a Mercedes nos dias atuais, ficava impressionado como Nigel Mansell tirava vitórias fáceis do bolso e abria uma eternidade de tempo contra quem fosse. Até mesmo Ricardo Patrese não era páreo para o “Leão”, como ficou bem demonstrado no GP da Grã Bretanha daquele ano quando Mansell abria distância para o italiano tendo o mesmo equipamento . Em torno de seis ou sete voltas, Nigel já levava nove ou dez segundos de vantagem sobre Ricardo e a conta foi aumentando até que ao final do GP o inglês venceu a corrida com incríveis 39 segundos de vantagem sobre Patrese. Uma exibição para lá de dominadora que contribuiu muito para sintetizar o que era aquela Williams – que o Ayrton tão bem apelidou de “carro de outro planeta”. Essa demonstração de força continuou por 1993, teve uma pausa - trágica - em 1994 e 1995 (dois anos interrompidos pelo talento estelar de Michael Schumacher) e retomado com Damon Hill em 1996 e por último com Jacques Villeneuve em 1997. Apesar de na época nem imaginarmos, mas era o fim de uma época vitoriosa para a equipe de Frank Williams iniciada em 1980.

A grande história de garra de Frank Williams em erguer a sua equipe é que cativa. E isso fica ainda mais forte quando foi afastado por Walter Wolf do controle da primeira encarnação da equipe – a Frank Williams Racing Cars – e retorna em 1977 com a Williams Grand Prix Engineering para trilhar um caminho de sucesso que começaria já em 1979, com a primeira vitória, e depois seria coroada com os títulos de pilotos e construtores em 1980. Daí em diante, sempre tendo Patrick Head no comando técnico e Frank no da equipe, a Williams passou a ser a grande força da categoria até os anos 90.

Imagino como deve ter sido para o fã da Tyrrell, aquele que acompanhou a equipe desde os tempos de ouro com os títulos de Jackie Stewart, quando esta fechou as portas ao final de 1998 para dar lugar a BAR que comprara a equipe meses antes. Sem dúvida alguma, as lembranças dos bons tempos da equipe chefiada por Ken Tyrrell devem ter aflorado de forma natural e forte. E deve ter sido assim com equipes como a Lotus e Brabham, que também conquistaram suas legiões de fãs e que sumiram quando estavam definhando do meio para o fundo do grid, tentando se equilibrarem em orçamentos cada vez mais apertados frente uma Fórmula-1 que já era incrivelmente faminta por dinheiro.

A Williams, como tão bem conhecemos, assistiu a todas as transformações que a categoria passou e sobreviveu bem, mas como quase tudo nessa vida, chegou a hora de se despedir. O nome Williams continuará lá – até quando os novos donos quiserem – mas a presença da família não fará mais parte do dia a dia e infelizmente não veremos outra renascença como aquela de 1977. Mas os grandes momentos da equipe ficarão para sempre.

A página final das equipes garagistas, que ajudaram a formar a Fórmula 1, foi encerrada.