sábado, 13 de abril de 2013

“Um tiro psicológico na concorrência.”




No último 11 de abril completou-se 20 anos da magnífica vitória de Ayrton Senna em Donington Park, quando ele conquistou cinco posições na primeira volta numa pista totalmente molhada devido à chuva que caíra minutos antes e disparando para uma de suas melhores performances na categoria.
Como de costume, os grandes pilotos brasileiros tinham uma coluna na Revista Quatro Rodas onde falavam sobre as suas corridas e as perspectivas para as próximas etapas e Ayrton Senna relatou aquele GP da Europa que foi publicada na edição de maio de 1993.

Ayrton Senna – Depoimento Exclusivo

Parece que a Ford não está interessada em ganhar muitas corridas na F1

Cheguei a mais uma vitória na Fórmula 1, a 101ª da McLaren, que está quase igualando o recorde de 103 corridas da Ferrari. Não preciso provar mais nada para conseguir um motor igual ao da Benetton. Só espero que algum iluminado da Ford perceba que ela mesmo está perdendo a grande chance de ganhar mais provas. O propulsor fornecido à Benetton é bem superior ao nosso. Num teste realizado em Silverstone, a diferença chegou a três quartos de segundo. Depois da vitória no Brasil, pensei que dificilmente teria outra satisfação semelhante. Mas Donington Park foi incrível. Naquele autódromo, pela primeira vez em minha carreira, pilotei um carro de Fórmula 1 e, por ironia do destino, um Williams. Lembro que o próprio Frank Williams estava presente e anotou todos os meus tempos. Até hoje guardo as cópias dessas anotações. Depois do GP da Europa, tenho mais uma ótima recordação para arquivar na memória. Tudo influiu na minha vitória: a chuva, a primeira volta, as paradas de boxes, os retardatários...
A primeira volta foi um tiro psicológico na concorrência. Não larguei tão bem assim como comentaram e fui espremido pelo Schumacher no canto da pista. Tive que colocar duas rodas para fora, mas recuperei a posição antes da primeira curva. Mas aí havia o Wendlinger, que largou uma posição atrás de mim. Passei por fora no trecho seguinte, um mergulho, o trecho mais veloz da pista. Ainda restavam os dois FW15 e, atrás de Damon Hill, atrasei a freada e logo fiquei em segundo. A próxima vítima era Prost e tive de esperar os “esses”, onde há uma chicane. Ele freou bem antes do normal e abriu uma brecha perfeita para mim.
Na volta seguinte, eu estava  com boa vantagem sobre os demais. Não demorou muito para que a chuva parasse e a pista começasse a secar. Não tive outra opção, senão entrar nos boxes no final da 18ª volta e colocar pneus slick. Prost fez o mesmo na volta seguinte e mantive a liderança. Todos sabem: os Williams são muito melhores do que qualquer outro carro, que se nivelam um pouco debaixo de chuva. Quando saí dos boxes com slick, resolvi puxar o máximo para garantir uma vitória. Mas eu estava entre a cruz e a espada, porque é preciso tomar muito cuidado ao dirigir com pneus de pista seca num asfalto úmido. Por outro lado, se diminuísse o ritmo, os pneus perderiam pressão e temperatura. Quanto mais frio, menor a aderência e o carro fica sem estabilidade.
Guiar no úmido com slick em dois momentos da prova definiu a minha vitória. A pressão é indescritível. Não se pode relaxar nem mesmo nas retas e Donington Park tem algumas curvas “cegas”, que não colaboram nos aspecto da segurança. Por isso, redobrei a preocupação com quem estava à minha frente. Também tive problemas no pit stop. Na terceira troca de pneus, a roda traseira direita não queria sair de jeito nenhum e a demora parecia uma eternidade. O Prost, que foi para os boxes no mesmo instante, retornou ao local cinco vezes mais tarde. Então recuperei a liderança – com slick em pista úmida! Segurei a até a volta 57, quando, literalmente, fiz uma visita aos boxes. Por culpa do nosso novo sistema de rádio, ninguém compreendeu quando avisei que estava chegando para colocar pneus de chuva. Ao encostar o carro, vi os mecânicos saindo da garagem com os pneus nas mãos. Passei reto, não tinha outro jeito.
Esse não foi o único problema provocado pelo mau funcionamento do rádio. Demorei um tempo razoável para entender o que os mecânicos me avisavam a respeito de problemas de consumo. No grid, antes da largada, quando meu engenheiro Giorgio Ascanelli e eu achamos que seria melhor adicionar um pouco mais de combustível, fomos avisados sobre a impossibilidade da operação. Devido a um problema de vazamento e a falta de tempo em repará-lo, os mecânicos selaram meu tanque. Portanto, o meu consumo ficaria no limite. Mudei meu estilo de dirigir, trocando as marchas em rotações mais baixas. Tirava o pé do acelerador um pouco antes da entrada das curvas e freava com menos ímpeto. Pequenos detalhes que pouparam litros preciosos no final. Em piso seco, a briga será dura até com os Benetton. E não há piloto ou pista que possa superar no relógio a diferença a favor dos Williams.

Se Ayrton foi magistral naquela tarde fria de Donington, o que dizer da condução de Rubens Barrichello? Ele estava em sua terceira corrida na F1 a serviço da Jordan e as suas duas primeiras corridas tinham sido frustrantes devido a quebras do carro, mas a sua habilidade já tinha sido demonstrada nas corridas de Kyalami e Interlagos. 
A sua largada foi tão brilhante quanto a que Senna fez, ao sair de 12º para quarto na primeira volta, e mostrou qualidades nas constantes mudanças de condições de pista e tempo que foi aquele GP europeu. Correu boa parte da prova entre os cinco primeiros e faltando seis voltas para o fim, estava em terceiro até que o carro parou com problemas.
Assim como Ayrton, ele também escreveu sobre a sua corrida para a Quatro Rodas:

O pódio escapou de Rubinho

“De um lado, estava Jean Alesi. Do outro, Michael Schumacher. Aí eu pensei ‘Vai ser dureza’. Comecei a acelerar e abrir distância. Peguei confiança e me achei o máximo. Em Donington, eu tinha um carro acertado para a chuva, resultado da confiança mútua entre mim e Jordan. Penso que estou progredindo. Ao rememorar o GP da África do Sul, sinto que aprendi demais. Tenho um entendimento muito especial com o Gary Anderson e isso reflete no acerto do carro, que, na terceira prova, melhorou demais. Por exemplo: em sete trocas de pneus, só faltou a sintonia uma vez. Eu ia parar, mas resolvi dar mais duas voltas, porque achava que ainda estava andando rápido. Aí cometemos um engano ao colocar pneus para pista seca, quando o certo seria justamente o contrário. Poderíamos esperar mais um pouco para a troca. Infelizmente, enfrentamos o problema da bomba de gasolina, na sucção do combustível para o motor.
Minha maior dificuldade é a falta de tempo. Ainda não pude fazer uma corrida simulada, rodar uns 300Km para desenvolver o carro, experiência que proporcionaria mais informações sobre a máquina. Afinal, a meta é preparar o Jordan e ambicionar um terceiro ou segundo lugar. Nosso objetivo é competir com as escuderias favoritas, como fizemos no GP da Europa, onde larguei bem, ultrapassei o Herbert e Alesi e depois alcancei Schumacher. Foi um susto, porque meti o carro por dentro e só não batemos porque ele notou a minha presença e puxou o Benetton de lado. Pedi desculpas aos Senna pela bobagem no momento em que ele me passou. Eu pensava estar em terceiro, à frente dele. Os comissários não deram bandeira azul (ultrapassagem obrigatória) e, por isso, mantive a minha trajetória.
Levei em conta que não adiantava estar em terceiro lugar e dar uma rodada. Puxa vida, eu havia arriscado tudo até ali e achava que era o momento de maneirar. Mas eu era tão mais rápido que Damon Hill e acabei não resistindo a uma ultrapassagem. Eu até me imaginei subindo ao pódio quando estava na terceira posição. Mentalizei meu pai assistindo à corrida. Nesse instante, me distraí, cometi um erro e disse: ‘Pai, saí fora’. Também pensei no pessoal do Brasil no instante que em que deixei o Schumacher passar na 22ª volta para rodar logo em seguida, bem na minha dianteira. Suspirei e disse: ‘É hoje. É hoje o dia da minha realização. Não vou marcar só um ponto, vou marcar um monte. Até que o carro pifou... Tudo bem, vamos em frente.”

Apesar de ter ficado pelo caminho, a atuação de Barrichello rendeu elogios de Senna no final do GP: “Rubinho conduziu o Jordan sem tomar conhecimento de máquinas mais potentes. Seu talento dispensa comentários”.
Assim como acontecera em 1938, quando Tazio Nuvolari venceu com a Auto Union naquela pista, Donington nunca mais realizou uma corrida em grande nível. Mas fora abençoada com o espetáculo que foi aquele Grande Prêmio.

*Retirado da Revista Quatro Rodas, publicado na edição de maio de 1993

GP da China - Classificação - 3ª Etapa

A primeira pole: Hamilton foi absoluto nos três estágios do treino, ao marcar o melhor tempo em todos eles.
É a sua primeira pole pela Mercedes.
(Foto: EFE)
Devido o alto desgaste dos pneus macios na pista chinesa, o treino que definiu o grid para o GP chinês foi modorrento pelo fato dos pilotos terem arriscado pouco visando economizarem os compostos. Tanto que o número de voltas que cada piloto deu, em especial aqueles que passaram para a Q3, somando os três estágios do treino, deve ter girando em torno de 5 a seis voltas para garantir uma boa classificação. E isso refletiu em alguns posicionamentos neste treino.
Hamilton levou a sua primeira pole pilotando pela Mercedes ao fazer a marca de 1'34''484, contra 1'34''761 de Raikkonen que levou a Lotus um ótimo segundo lugar. Alonso fez o terceiro tempo e Rosberg o quarto, com Massa ficando em quinto e Grosjean em sexto.
Com um olhar direcionado para a estratégia, Vettel ficou apenas com a nona colocação, mas sairá com pneus médios enquanto que os ponteiros largarão com os macios. Button também teve uma boa apresentação neste treino ao colocar a Mclaren em oitavo e assim como Sebastian, ele largará com os médios. A surpresa foi o desempenho de Daniel Ricciardo com a sua Toro Rosso, ao levá-la ao sétimo posto. Mark Webber, que teve ficou pelo caminho na Q2 por falta de combustível, sairá na última posição devido a falta de 1 litro de gasolina que é usado para análise.
A Mercedes ratificou a boa apresentação feita nos treinos livres e a pole de Hamilton só confirmou o seu favoritismo para a corrida de amanhã. Eu particularmente apostava numa dobradinha da equipe, mas Raikkonen e Alonso estiveram em melhor forma que Nico. Mas apesar do favoritismo da Mercedes, o bom mesmo é olhar atentamente para a Lotus, principalmente a de Kimi Raikkonen. Eles não apareceram tão bem nos treinos anteriores e o finlandês fez um ótimo trabalho ao conseguir essa segunda colocação. O fato de largar na frente diminui bastante o perigo de ficar preso em um duelo, como aconteceu na Malásia com os dois carros negros. Kimi e Romain fizeram três paradas cada, uma a menos dos que ia à frente, mas o atraso com disputas deixou o duo de fora da briga pela vitória em Sepang, sendo que tinham um bom ritmo. Largando mais a frente, é de se esperar que possam fazer bons stints e surpreender a por enquanto favorita Mercedes.
Já a Ferrari esteve bem e aparentemente seria a segunda força nos treinos, mas a aparição das Lotus deixará o trabalho ainda mais pesado para Alonso e Massa que se mostraram satisfeitos com o ritmo dos dois carro. Com relação a Red Bull, eles optaram pela estratégia em tentar pegar os seus rivais durante a corrida, tanto que Vettel abdicou da pole ao usar um jogo de pneus médios enquanto boa parte usava os macios. Sairá em 9º e apostará no desgaste excessivo dos demais para subir de posições.

Grid de Largada para o Grande Prêmio da China - 3ª Etapa

1º Lewis Hamilton (ING/Mercedes) - 1min34s484
2º Kimi Raikkonen (FIN/Lotus) – 1min34s761
3º Fernando Alonso (ESP/Ferrari) – 1min34s788
4º Nico Rosberg (ALE/Mercedes) – 1min34s861
5º Felipe Massa (BRA/Ferrari) – 1min34s933
6º Romain Grosjean (FRA/Lotus) – 1min35s364
7º Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso) - 1min35s998
8º Jenson Button (ING/McLaren) – 2min05s673
9º Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) – sem tempo
10º Nico Hulkenberg (ALE/Sauber) – sem tempo
11º Paul Di Resta (ESC/Force India) – 1min36s287
12º Sergio Pérez (MEX/McLaren) – 1mi36s314
13º Adrian Sutil (ALE/ Force India) – 1min36s405
14º Pastor Maldonado (VEN/Williams) – 1min37s139
15º Jean-Eric Vergne (FRA/Toro Rosso) – 1min37s199
16º Valtteri Bottas (FIN/Williams) – 1min37s769
17º Esteban Gutiérrez (MEX/Sauber) – 1min37s990
18º Jules Bianchi (FRA/Marussia) – 1min38s780
19º Max Chilton (ING/Marussia) – 1min39s537
20º Charles Pic (FRA/Caterham) – 1min39s614
21º Giedo van der Garde (HOL/Caterham) – 1min39s66
*22º Mark Webber (AUS/Red Bull) – 1min36s679


*Desclassificado

quinta-feira, 11 de abril de 2013

E vai começar...

E neste domingo, em Silverstone, a segunda temporada do Mundial de Endurance, o WEC, terá o seu início com as 6 Horas de Silverstone. E no canal do FIAWEC no youtube foi disponibilizado agora pouco um vídeo promocional da categoria, que mostra as batalhas que teremos este ano nas 4 categorias que participam do mundial. Mas claro que o duelo a ser acompanhado de perto é da Audi vs Toyota, que terá um capítulo à parte em Sarthe no mês de junho.
 

Jim Clark, Indy 500, 1965

E depois de duas tentativas frustradas, mas que deixaram a comunidade automobilística americana boquiaberta devido a performance apresentada por eles num carro de motor central, Jim Clark, Colin Chapman e a lendária Lotus-Ford #82 venceram o desafio e levaram um carro de motor traseiro à vitória na Indy 500 de 1965, derrubando os monstros de motores dianteiros.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Grand-Am: Alabama, 3ª Etapa

E aqui fica os melhores momentos da terceira etapa da Grand-Am, disputada no sábado no Alabama. A vitória entre os DPs ficou com a dupla Max Angelelli e Jordan Taylor com o Corvete DP da Wayne Taylor Racing. A segunda posição ficou com John Fogarty e Alex Gurney (Gainsco/Bob Stallings Racing) e a terceira com Ricky Taylor e Richard Westbrook (Spirit of Daytona Racing), todos pilotando Corvetes DP.
Entre os GTs, John Edwards e Robin Liddell venceram com o Camaro GTR da Stevenson Motorsports e na GX Jim Norman e Spencer Pumpelly, com o Porsche Cayman da BGB Motorsports, foram os vencedores.
Abaixo os melhores momentos da Porsche 250, disputada no sábado.

domingo, 7 de abril de 2013

Crash: SuperCar V8 e WTCC

E dois acidentes até de certo ponto parecidos aconteceram no final de semana da Supercar V8 australiana e no WTCC,
Na etapa disputada em Symonns Plains (Tasmania), Scott Pye, com o seu Holden, escapou forte na primeira curva do circuito indo bater na guard-rail do outro lado da pista. Apesar da forte pancada, que chegou a levantar o carro, o piloto saiu bem.

Já no warm-up para a etapa de Marrocos do WTCC, disputado nas ruas de Marrakesh, Tom Boardman, pilotando um SEAT, passou reto e acertou a barreira de pneus, destruindo a frente de seu carro. Alex MacDowalls, com um Chevrolet, foi acertado pelo SEAT de Boardman, mas sem grandes danos para o piloto e o carro.
Boardman foi levado ao Hospital Militar de Marrakesh onde foi examinado, mas nada constatado.
Aparentemente, tanto no acidente em Symonns Plains como no de Marrakesh, os freios falharam.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Vídeo: O final do GP do Brasil, 1978

Foi a corrida onde o saudoso circuito de Jacarepaguá recebeu a F1 pela primeira vez, sediando o GP do Brasil de 1978. E assim com em 1972, quando Interlagos teve a sua corrida extra-campeonato, Carlos Reutemann, com Ferrari, a venceu.
Mas a grande festa foi o segundo lugar de Emerson Fittipaldi com o Copersucar F5A, que subia ao pódio pela primeira vez com o carro brasileiro. A terceira posição foi de Niki Lauda com a Brabham.
Legal ter encontrado essas belas imagens, com o autódromo carioca lotado e a reta dos boxes quase tomada pelo público para festejar aquele segundo lugar do Bi-Campeão mundial com o belo F5A. Bons tempos.


Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...