terça-feira, 15 de outubro de 2013

Le génie Nelson Piquet - Parte final

Parte 2: Le Génie Nelson Piquet

Piquet vira o jogo e leva o bi-campeonato


O otimismo apresentado por Piquet nas duas últimas corridas ao dizer que ainda seria campeão, mesmo estando em desvantagem frente a horda francesa, começou a fazer sentido quando Patrese cravou a pole em Monza para a disputa do GP da Itália e isso foi um balde de água fria nos “tiffosi” que esperavam uma dobradinha de seus pilotos naquele treino. Tambay salvou a honra da Ferrari ao ficar em segundo com Arnoux em terceiro e Piquet em quarto. Prost fez apenas o quinto tempo – dois segundos pior que a pole de Patrese – e De Cesaris fechou os seis melhores. A largada foi perfeita para a Brabham, que teve Patrese segurando a dianteira e Piquet pulando de quarto para segundo e para completar, Prost saiu mal e virou a primeira curva em sétimo. Um início promissor para equipe de Bernie Ecclestone, que sofreria um revés com a perda de Patrese já na terceira volta devido uma quebra do motor BMW – que já incomodava a equipe. Piquet assumiu a liderança e tratou de abrir vantagem sobre Arnoux, tanto que quando ele foi para o seu
pit-stop, acabou voltando ainda em primeiro e assegurando a sua segunda vitória na temporada. Arnoux ficou em segundo, seguido por Arnoux, Cheever, Tambay, De Angelis – que marcara os seus primeiros pontos no ano – e Warwick em sexto, mostrando a boa forma do carro da Toleman projetado por Rry Byrne. Alain Prost, o líder do campeonato, havia optado por uma corrida burocrática afim de poupar o motor e tentar chegar nos pontos. Mas de nada disso valeu: o motor Renault pifou na volta 26. Um desaire que não estava nos planos da fábrica francesa. Alain viu a sua diferença para o segundo colocado despencar para dois pontos em relação à Arnoux (51x49); Piquet retomou o terceiro lugar ao subir para 46 pontos; Tambay o quarto com 40; Rosberg e Watson continuavam estáticos em quinto e sexto respectivamente com a mesma pontuação.
Com o cancelamento do GP de Nova Iorque, o GP da Europa entrou para completar o calendário daquele ano. A pista de Brands Hatch, que já havia acomodado a Race Of Champions no mês de abril e que revezava com Silverstone o direito de realizar o GP da Grã-Bretanha, foi palco da 14ª etapa daquela temporada. Uma oportunidade de ouro para os teams ingleses, já que o circuito era utilizado por elas para realizarem seus testes. E isso ficou claro quando a pole foi para a... Lotus, com De Angelis marcado a sua primeira pole-position na F1. Um desempenho animador para uma equipe que correu no pelotão intermediário por quase toda a temporada, devido o péssimo desempenho do 93T. Patrese ficou com a segunda colocação, seguido por Mansell – confirmando a melhora da Lotus – e Piquet em quarto. A quinta e sexta posições foram conquistadas por Arnoux e Tambay, com o duo da Renault, Cheever e Prost,
fechando em sétimo e oitavo respectivamente. Um grid dos sonhos para a Brabham e Piquet.
A corrida teve um duelo visceral entre Patrese e De Angelis – o piloto da Brabham conseguira a ponta após a largada - pela liderança, que acabaria num acidente entre os dois quando Elio tentou uma ultrapassagem e acabou batendo com Patrese. Piquet passou por eles e assumiu a liderança. Ricardo retornou para a corrida, terminando em sétimo e De Angelis abandonando a prova duas voltas depois com o motor estourado. Prost escalou o pelotão até chegar à segunda posição se beneficiando com os problemas de Mansell e Patrese e com a ajuda de Cheever, que teve que lhe entregar a terceira colocação devido a ordens de equipe. René Arnoux, em corrida bem discreta, enfrentou problemas com a sua Ferrari e via as suas chances de título diminuir após ele ir para os boxes e voltar em 11º. Ele acabaria a prova em nono. Outro que acabou por se dar mal foi Tambay: ele era o terceiro – há nove voltas do fim – quando os freios da Ferrari falharam e ele passou reto, vindo a bater de frente. Fim de corrida e de suas chances no mundial. Nelson Piquet venceu a prova em Brands Hatch, seguido por Prost, Mansell – em mais uma bela corrida do britânico –, De Cesaris e as duas Tolemans de Warwick e Bruno Giacomelli fechando os seis primeiros. O campeonato acabou ficando embolado para a última prova, em Kyalami: Prost viu a sua folga de 14 pontos para Piquet cair para apenas 2 (57x55); Arnoux aparecia em terceiro com remotas chances de vencer o mundial somando 49 pontos; fora da briga, Tambay era o quarto com 40; Rosberg o quinto com 25 e Watson o sexto com 22.
(Foto: Sutton Images)
A matemática para que um dos três chegassem ao titulo:

Alain Prost
1 – Precisaria apenas chegar à frente de Piquet.
2 – Caso Piquet chegasse em segundo, ele deveria terminar em terceiro. Assim os dois empatariam em 61 pontos e ele ganharia o campeonato por ter conseguido mais vitórias.
3 – Qualquer outro resultado em que ambos ficassem abaixo da terceira posição, o título seria de Prost.

Nelson Piquet
1 – Somente a vitória interessava ao brasileiro. Conseguindo isso, não importava a posição que chegasse Prost.
2 – Terminando em segundo, Alain teria que fechar de quarto para baixo.
3 – Terminando em terceiro, Prost não poderia chegar além da sexta posição.
4 – Terminando em quarto e Alain não pontuando, o campeonato já seria dele.

René Arnoux
1 – Vencer e torcer para que Piquet chegasse de quinto para baixo e Prost nem pontuar.
2 – Vencer e torcer para que nenhum dos seus dois rivais pontuasse.

Em 15 de outubro a F1 iniciava a sua última corrida da 34ª Temporada da sua história e estava prestes a presenciar o primeiro piloto campeão do mundo a bordo de um carro com motor Turbo. Todo desenvolvimento técnico iniciado pela Renault ainda na metade dos anos 70, quando ela trouxe esta novidade para a F1 em 1977, seriam jogada naquela tarde em Kyalami durante o GP da África do Sul. Mas os oponentes não seriam dos mais fáceis, como a própria fábrica francesa havia constado durante toda a temporada: a Ferrari esteve forte em quase todas as corridas e era um adversário a ser respeitado e do outro lado a arracada sensacional da Brabham com Nelson Piquet ao volante, saindo de um moribundo quarto lugar na classificação para ficar a dois pontos de Prost. A batalha estava prestes a começar.
Alheio a tudo isso, Tambay marcou a pole com Piquet em segundo. A terceira posição ficou a cargo de Patrese, com Arnoux em quarto, Prost em quinto e Rosberg, estreando o motor Honda no novo Williams FW09, em sexto. Um grid de largada perfeito para Piquet. Quando a luz verde se apagou, Nelson conseguiu sair melhor que Tambay e virou a primeira curva na liderança e Patrese também aproveitou a
ocasião para deixar a Ferrari do francês para trás. Mais atrás, Arnoux caía algumas posições e Prost continuava em quinto, mas atrás de De Cesaris que fizera uma ótima largada pulando de nono para quarto.
Arnoux deu adeus as suas remotas chances de título quando o motor Ferrari apresentou problemas na 9ª volta. Nesta altura Piquet liderava com certa folga e Patrese tratava de atrasar ao máximo Prost. A sorte sorriu para Piquet quando Alain foi para os boxes na volta 35 e acabou abandonando a prova após problemas no Turbo. O título mundial já estava praticamente garantido, mas ainda faltava terminar a prova e Nelson abrandou o ritmo permitindo que Patrese, De Cesaris e Lauda o ultrapassassem. O quarto lugar que agora era ocupado pelo piloto brasileiro já lhe dava o título, mas uma falha no motor TAG Porsche do McLaren de Lauda tirou o austríaco de combate e permitiu que Piquet subisse e terminasse em terceiro para garantir, de vez, o seu segundo título mundial. Patrese venceu a sua primeira corrida no ano – tornando-se o oitavo vencedor daquela temporada – De Cesaris foi o segundo, Warwick quarto em mais outra boa apresentação com a Toleman; Rosberg o quinto e Cheever fechando em sexto.
A pontuação final do campeonato fechou com Piquet dois pontos à frente de Prost (59x57); Arnoux em terceiro com 49; Tambay em quarto com 40; Rosberg quinto com 27 e Watson sexto com 22.



A maestria de Piquet e a controvérsia com relação ao seu título


Quem visse o campeonato mundial até a altura do GP da Holanda certamente diria que Piquet e Brabham estariam fora da batalha pelo campeonato. A baixa produtividade da trinca formada por Piquet/Brabham/BMW havia sido totalmente baixa frente a grande forma que os franceses apresentaram desde a corrida de Long Beach. A Renault, com Alain Prost, sempre esteve bem. Foram poucas as falhas – em especial os dois primeiros GPs do ano – e durante boa parte da temporada Prost não teve do que se queixar. Do outro lado a Ferrari, com o duo de franceses formado por Arnoux e Tambay, fez bem o papel que lhes foram confiados e o número de poles e as vitórias conseguidas durante o ano, mostraram o quanto que o trabalho realizado por Harvey Posthlewaite e Mauro Forghieri foi positivo na construção dos modelos 126C2 e 126C3.
Mas Gordon Murray guardou bem a evolução do seu ótimo – e belo – BT52 para a hora certeira: as melhorias introduzidas a partir do GP da Holanda deu à Piquet a chance de brigar pau a pau contra os seus adversários e manobra de Prost para cima dele naquela corrida, pode ser interpretada como o primeiro ataque de desespero já que a tendência de um carro daquele naipe melhorar a cada GP é bem maior. Portanto, uma vitória de Alain naquela prova holandesa seria vital para as suas pretensões ao título. Mas aí houve a batida, a saída de Piquet, o seu abandono... e os temores de da curva crescente que a Brabham já apresentava, foi visto perfeitamente por todos nos GPs da Itália e Europa com Piquet pilotando de forma brilhante e irretocável para desespero da imprensa francesa, que já cravava o título para um dos seus pilotos. Kyalami acabou por ser o balde d’àgua final no sonho francês com os abandonos de Arnoux e Prost. 
Para a Renault o sonho de conquistar o título mundial, ou melhor, ser a primeira a ganhar com motor turbo, acabou gerando uma crise que definhou a equipe até os seus últimos dias da temporada de 1985, quando ela saiu de cena. Foi um forte pancada que foi agravada ainda mais com a perda do mundial de construtores para a Ferrari. Mas a Renault ainda chiou bastante com relação a conquista da Brabham, acusando a equipe de Bernie Ecclestone de ter usado gasolina ilegal naquela época, em especial na fase final do campeonato. Na época nada foi comprovado, mas demorou alguns anos até descobrirem que a equipe inglesa tinha usado o tal combustível e que este fora desenvolvido por cientistas alemães em Peenemunde. Aí já era tarde... e a Renault teria que esperar por mais nove anos para ver um motor da sua fábrica vencer o mundial de F1 (1992 com a Williams) e outros vinte e dois para que a sua equipe vencesse o campeonato.
Para Nelson Piquet, ele esperou por mais quatro anos até chegar ao tri-campeonato após – mais – uma guerra, desta vez dentro da própria equipe. E para a Brabham as glórias foram ficando para trás e com o pouco tempo de Bernie Ecclestone em cuidar da equipe, frente ao seu trabalho com a FOCA, a equipe ficou largada e após um período que ficara de fora da F1 (1988), a equipe retornou em 1989 para encerrar de vez as suas atividades em 1992.

Parte 1: Le Génie Nelson Piquet

Parte 2: Le Génie Nelson Piquet

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Le génie Nelson Piquet - Parte 2

Parte 1: Le Génie Nelson Piquet


Prost e Arnoux se revezam e Piquet cai na tabela

O GP do Canadá não apenas marcou o fim da aventura da F1 pela América naquela temporada, como também encerrou a primeira parte do campeonato. Duas novidades para a pista canadiana: além de ter mudado o nome do circuito para Gilles Villeneuve, Jacques Villeneuve, irmão de Gilles, tentaria se classificar para aquela corrida a bordo do March da equipe RAM. Infelizmente o irmão de Gilles não conseguira a classificação, repetindo o feito de 1982...
René Arnoux mais uma vez pôs a Ferrari na ponta do grid, mostrando o quanto que o carro italiano estava forte naquela ocasião. Prost saiu em segundo com Piquet, Tambay, Patrese e Cheever fechando os seis primeiros. A corrida foi de domínio amplo de René Arnoux que só perdeu a liderança do GP durante a parada de box. Nelson Piquet estava numa boa terceira colocação – estava logo a frente de Prost – e poderia pensar num pódio naquela corrida se não fosse o cabo do acelerador quebrado, forçando o seu abandono na volta 16. Patrese era outro que estava formidável na corrida: uma vez pulando de sexto para segundo na largada, o italiano ensaiou uma reação contra a liderança de Arnoux até que o câmbio do Brabham passou a ter problemas, forçando assim o seu abandono na volta 57. Alain Prost fez uma prova discreta, apesar de ter ficado na casa dos pontos por toda a corrida até que Keke Rosberg – em mais uma bela corrida – o passou na disputa pelo quarto lugar. René Arnoux acabou por vencer a prova, seguido por Cheever – que chegou 42 segundos depois – Tambay, Rosberg, Prost e Watson. Alain Prost aumentou em mais dois pontos a sua vantagem para Piquet (30x27) e o piloto brasileiro tinha naquele momento a compania de Tambay, que também somava 27 pontos; Keke Rosberg era p quarto com 25; René Arnoux subira para quinto com 17 pontos e Watson o sexto, com 16.

Silverstone recebeu a F1 após um mês de recesso da categoria, e algumas equipes levaram evoluções de seus modelos para a disputa do GP da Grã Bretanha: A Brabham – rebatizando o BT52 como versão B - apresentou melhorias na aerodinâmica, suspensão, um novo bocal para o reabastecimento e de “bônus” a BMW conseguiu mais alguns cavalos para o seu excepcional motor Turbo de 4 cilindros. Indo na mesma toada que a rival, a Ferrari também lançou a evolução do 126C2 que agora seria conhecido como 126C3, com uma aerodinâmica e suspensão mais aperfeiçoada e também a distribuição de peso que ficou mais uniforme. A Lotus contratou Gérard Ducarouge – que estava na Alfa Romeo – e este conseguiu construir um carro em tempo recorde para substituir o problemático 93T: o 94T, agora com motor Renault Turbo
A volta da Honda, com a equipe Spirit e Johansson ao volante
também para Nigel Mansell, passou a render bons frutos para De Angelis e Mansell. A Honda acabou por ser a grande novidade da corrida – e do ano: voltando após 15 anos de ausência, a fábrica do senhor Soichiro Honda colocava uma unidade V6 Turbo para empurrar o chassi 201 da Spirit, equipe oriunda da Fórmula 2. Stefan Johansson, assim como na estréia extra-oficial da equipe na Corrida dos Campeões, foi o piloto escolhido para conduzir o bólido.
A Ferrari continuou a dar as cartas nas classificações e René Arnoux fez a sua terceira pole consecutiva, agora tendo Tambay ao seu lado na primeira fila. Prost ficou em terceiro e De Angelis, mostrando a ótima evolução do novo Lotus 94T, fechou em quarto com Patrese e Piquet completando os seis primeiros. A corrida foi uma luta intensa pela liderança, em especial entre Prost, Tambay e Arnoux, mas Piquet conseguiu
quebrar essa trinca francesa após a sua parada de box na volta 42 quando conseguiu voltar a frente de Patrick. Arnoux sofreu com o desgaste dos pneus e um possível pódio acabou virando um quinto lugar. De se destacar a grande prova de Nigel Mansell que enfim tinha em mãos um bom carro. Saindo de 18º, subiu o pelotão aos poucos até conseguir um excelente quarto lugar. Niki Lauda também fez ótima corrida e voltou a pontuar com o sexto lugar, fato que não acontecia desde o GP de Long Beach quando terminou em segundo. Com mais uma vitória de Prost, o piloto francês chegou aos 39 pontos, seis a mais que Piquet e oito que Tambay; em quarto se manteve Rosberg com 25; Arnoux subiu para 19 na quinta posição e Watson continuou com os seus 16 pontos na sexta posição.
(Foto: Sutton-Images)
O GP da Alemanha, disputado no veloz Hockenheim, comprovou mais uma vez a ótima fase que a Ferrari passava naquele estágio da temporada: Patrick deu a quarta pole-position consecutiva para a “Rossa” e Arnoux fechou a dobradinha com a segunda posição. De Cesaris, apresentando uma boa pilotagem, repetiu a terceira posição conseguida em Spa e teve ao seu lado Nelson Piquet. Prost e Cheever fecharam a terceira fila para a Renault. Apesar de uma boa largada, a liderança de Tambay não passou da segunda volta quando este foi superado por René. Mas a corrida terminaria cedo para Patrick, já que o motor do seu Ferrari estourou na 9ª volta. Desse modo Piquet assumia a segunda colocação e mais tarde subiria para a ponta da corrida após a entrada de Arnoux para o seu pit-stop. Nelson liderou até a 31ª volta, quando também fez a sua parada voltando em segundo. A segunda posição parecia garantida quando o motor BMW estourou – com incêndio logo em seguida – forçando o seu abandono. Este resultado, caso acontecesse, deixaria o piloto brasileiro há um ponto de atraso para Prost que conseguia apenas o sexto lugar após enfrentar uma queda de rendimento do seu Renault. A sorte sorriu ao francês narigudo, porque além da quebra de Piquet, Cheever também enfrentou problemas vindo a abandonar e sendo assim ele subiu para quarto. Arnoux confirmou a vitória seguido por De Cesaris, Patrese – que conseguia, enfim, os seus primeiros pontos naquele ano – Prost, Watson e Laffite. Lauda seria o quinto, mas devido uma ajuda externa após uma rodada, o piloto austríaco foi desclassificado. Prost aumentou a vantagem para Piquet em nove pontos (42x33); Tambay seguiu em terceiro com 31; Arnoux passou Rosberg na pontuação somando três pontos mais que o atual campeão mundial (28x25) e Watson chegara aos 18 na sexta posição.
Dando sequência as pistas de alta velocidade a F1 se deslocou para o majestoso Zeltweg para a realização do GP da Áustria, 11ª etapa. Já estava ficando fácil saber que a pole ficaria com a Ferrari devido a sua ótima velocidade neste treino oficial e coube à Tambay a honra de dar à equipe de Enzo Ferrari a marca histórica de 100 pole-positions e para a festa ficar completa, Arnoux se colocou em segundo. Nigel Mansell conseguiu uma bela terceira posição e teve ao seu lado na segunda fila, Nelson Piquet. Prost e Patrese fecharam a terceira fila. Tambay conseguiu se manter na frente de Arnoux e ao contrário do que acontecera na Alemanha, Patrick soube segurar o ímpeto do seu companheiro. Mansell despencou para quinto e ainda perderia a posição para Patrese. Piquet e Prost apareciam em 3º e 4º respectivamente. Tambay, que já havia feito a sua parada de box na 22ª volta, acabou por abandonar na volta 30 quando a pressão do óleo caiu. Nelson Piquet é quem aparecia com grande chance de vitória, afinal ele havia herdado a liderança na 28ª volta e quando fez a sua parada, ele conseguira voltar ainda frente de Arnoux. Um belo trabalho de Piquet e Brabham que teria dado resultado caso o motor BMW não apresentasse mais uma vez problemas, o que fez o rendimento cair drasticamente e dessa forma ele virou presa fácil para Arnoux e pouco depois para Prost. A luta ficou restrita ao dois franceses e quem levou a melhor foi Prost, que conseguiu a ultrapassagem a 48ª volta e garantiu a sua quarta vitória no mundial. Arnoux, Piquet, Cheever, Mansell – que ainda salvou dois pontos após sofrer com o baixo rendimento dos pneus Pirelli – e Lauda fecharam os seis primeiros. Prost ampliava naquele momento a diferença para Nelson em 14 pontos (51x37); Arnoux continuava a sua escalada na tabela de pontos e agora era terceiro, com 34 pontos; Tambay o quarto com 31; Rosberg o quinto com 25 e Watson em sexto com 18.
(Foto: Sutton-Images)
A Brabham, visando reverter o jogo contra o domínio de Renault e Ferrari naquele campeonato, levou para a Holanda melhorias que foram logo percebidas na classificação quando Piquet quebrou a sequência de cinco poles consecutivas da Ferrari. Mesmo na pole, o brasileiro ainda teve Tambay na primeira fila; Elio De Angelis marcou o terceiro tempo com Prost em quarto, Mansell em quinto – mostrando a crescente melhora da Lotus – e Patrese em sexto. Arnoux, que vinha sendo um dos mais velozes nas classificações, aparecia somente em décimo. A largada perfeita de Piquet lhe deu a chance de continuar na ponta após a Tarzan, ao contrário de Tambay que fez uma péssima largada e virou a primeira curva em 21º... um início desastroso para a Ferrari. Talvez o único consolo para o time italiano foi a largada de Arnoux que proporcionou a ele a chance de subir para sétimo. Prost ainda teve um trabalho com Cheever, que largara bem pulando de oitavo para segundo, mas que foi resolvido logo na segunda passagem.
O duelo entre Piquet e Prost, que mais parecia uma caça do gato ao rato, era o ponto alto da corrida, mas tinha outros dois atrativos naquele GP holandês que interessavam a todos também: as duas Ferraris vinham em franca recuperação, com René alcançando o terceiro posto e Tambay o oitavo lugar, mais uma vez mostrando o quanto que aquele 126C3 era bom. Os dois ponteiros ainda não haviam parado para os seus respectivos pit-stops, mas isso acabou nem acontecendo: Prost, na ânsia de tentar assumir a ponta, acabou arriscando uma ultrapassagem quando viu uma fresta se abrir quando Piquet começa a contornar a Tarzan. O problema é que Alain deixou para frear muito dentro da curva e as rodas bloquearam, fazendo com que o seu Renault deslizasse e acertasse o Brabham de Piquet que foi de encontro à barreira de pneus. Fim de prova para Nelson e Prost continuou, para abandonar depois de algumas voltas. René Arnoux ganhou a liderança de presente, que ele acabou conservando até o final. Tambay conquistou um brilhante segundo lugar após a sua desastrosa largada; Watson foi terceiro com a McLaren Cosworth, já que a equipe estreara naquele GP o TAG Porsche Turbo que foi utilizado apenas por Lauda que abandonou por causa da quebra deste. Derek Warwick foi o outro nome da prova, levando a Toleman a ganhar os primeiros pontos na temporada - e dele também – ao ficar em quarto; Mauro Baldi e Michele Alboreto fecharam o pódio. Alain Prost manteve a liderança com os seus 51 pontos, mas agora tinha René Arnoux em segundo com 43, Tambay alcançou Piquet e empatou com ele em 37 pontos; e Rosberg via agora a sua quinta posição ser ameaçada por Watson, que chegara aos 22 pontos contra 25 do finlandês.
Estas cinco corridas de domínio amplo de Prost e Arnoux, onde eles se revezaram nas vitórias, acabou por ser infrutífero para Piquet. Neste período Prost conquistou 23 pontos; Arnoux foi quem mais conseguiu pontos ao ganhar 35 e Tambay, que mesmo não ganhando nenhuma corrida, conseguiu somar 14 pontos. Piquet teve uma maré de azares que o fez conquistar apenas 10 pontos. Para os franceses, era só uma questão de tempo para festejar a primeira conquista de um piloto do seu país na F1, mas as três últimas corridas reservavam algo a mais para aquela reta final de campeonato.

Parte Final: Le Génie Nelson Piquet

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...