quarta-feira, 30 de maio de 2018

Video: O encontro de gerações

Nas últimas 24 Horas de Nurburgring, realizadas entre os dias 10-13 de maio, a Porsche levou suas jóias ao mítico traçado do Nordschleife para uma volta de exibiçao: o lendário Porsche 956 com as cores da Rothmans, que detém o fabuloso recorde de 6'11'13 feito por Stefan Bellof em 1983, e o 919 Hybrid EVO, que está a tomar o seu lugar no panteão dos Porsches e que recentemente estabeleceu o novo recorde do circuito de Spa-Francorchamps (1'41''770) com Neel Jani ao volante.
Hans Stuck e Jani estiveram ao volante dos dois carros respectivamente e a Porsche resolveu fazer uma dupla homenagem aos carros e claro, aos recordes nestes dois lugares fabulosos. Especialmente em Nurburgring, onde a marca de Bellof completou exatos trinta e cinco anos no último 28 de maio.

domingo, 27 de maio de 2018

102a Indy 500: Sofri, Aprendi e Venci



A maestria de Will Power em circuitos mistos nunca foi posto em dúvida. Veloz, ágil e letal dos treinos até o fim da corrida, o australiano sempre foi um favorito disparado neste tipo de traçado. Talvez já o considerávamos um vencedor antecipado da etapa e ele apenas confirmava os prognósticos com uma pilotagem sensacional. Se Rick Mears é conhecido como o "Rei dos Ovais", não seria exagero dizer que Power é "Rei dos Mistos". Mas pilotos que se aventuram na América, precisam aprender os segredos dos circuitos ovais para conseguir um sucesso completo por aquelas bandas.
Power, aquele piloto temido nos circuitos mistos, virava uma presa fácil nos ovais. E às vezes até uma piada. O seu desempenho era pífio neste tipo de pista e isso lhe custou três perdas de campeonato: o que era conquistado brilhantemente nos mistos, se perdia quase que totalmente nos ovais e isso era preocupante, pois num campeonato como o da Indy que possuem estes dois tipos de pistas, o piloto precisa de um equilíbrio para conseguir tal êxito. É mais ou menos como um piloto que tem o costume de bons desempenhos nos ovais e quando é jogado nos mistos, sucumbe as variedades de curvas deste tipo de pista e tudo que foi conquistado no outro acaba se perdendo fácil neste. O equilíbrio é necessário.
Power conseguiu este equilíbrio de 2014 para cá, passando a andar bem entre os ponteiros e as vitórias em ovais longos, médios e curtos passaram a aparecer. Automaticamente, seu nome passou a ser inserido na lista de favoritos para a Indy 500.
Como bem disse, Power esteve bem nesta edição ao ficar constante entre os primeiros e saber o momento certo para escalar o pelotão. Quando a última bandeira amarela foi acionada, por conta do acidente de Tony Kanaan, Power estava em terceiro e não aparentava ter chances de alcançar as possíveis zebras Stefan Wilson e Jack Harvey, que estavam em primeiro e segundo respectivamente. Mas surgia a dúvida se eles não teriam que parar para um Splash&Go. Quando Stefan passou e abriu a volta 196, parecia que o inglês - irmão de Justin Wilson - venceria a prova e as imagens de uma possível homenagem ao seu irmão poderia acontecer, porém, tanto ele quanto Harvey, rumaram para os boxes e o caminho para Will Power estava aberto. Só precisava conduzir o Dallara Chevrolet para a sonhada quadriculada.
A vitória de Will Power talvez não tenha sido a mais espetacular como a de outros, sendo acossados ou sofrendo por não saber se o combustível daria para chegar ao final. Na verdade, o sofrimento de Power já havia passado, quando ele era apenas uma chacota e figurinha carimbada para sofrer nos ovais em seu tempo de aprendiz neste tipo de circuito.
E hoje Power deu uma amostra que aprendeu bem a guiar nos ovais americanos.

GP de Mônaco: Dívida e Fantasma dissipados. E no braço


Aquela corrida de 2016 ainda estava engasgada. O seu desempenho naquela dia em Monte Carlo havia sido hipnotizante a ponto de botar as dominantes Mercedes no bolso com uma facilidade imensa. O péssimo trabalho de box da Red Bull o privou de uma vitória certa naquela tarde de 29 de maio. Foi uma das poucas vezes que ninguém viu o australiano brilhar seu já marcante sorriso.
Passados quase dois anos daquela desastrosa e frustrante tarde, Daniel Ricciardo chegou ao Principado disposto a tirar a limpo aquela tarde. Desde a quinta, atravessando até as fases do qualifying e chegando a uma pole respeitável, Daniel dominara todos os treinos com autoridade. A sua segunda pole - repetindo o mesmo feito de dois anos antes - lhe dava uma condição perfeita para tentar dissipar aquele fantasma de 2016.
A largada foi muito boa: conservou a posição e passou a somar a corrida do seu jeito, sempre pronto a responder qualquer que fosse o ataque de Sebastian Vettel. Conseguiu trocar os pneus e ainda voltar com certa folga na frente de seu ex-companheiro de Red Bull e até ali, a metade do caminho já havia sido cumprida a risca. Mas e aquele fantasma reapareceu: se não foi em forma de Pit-Stop como em 2016, agora viera com a perda de potência do motor Renault. Certamente aquele problema poderia se agravar, mas... Havia uma disposição impressionante por parte do australiano nesta tarde em Monte Carlo.
Por mais que Vettel tenha se aproximado em alguns momentos, parecendo esperar um momento de vacilo do australiano ou que o problema piorasse, Ricciardo ignorou qualquer prognóstico e passou a manter a diferença no braço. A diferença entre eles nunca esteve abaixo dos cinco décimos e isso foi primordial. É verdade que caso estivesse num autódromo, a dificuldade em manter Vettel na segunda posição seria quase impossível, mas o modo que ele conseguiu manter uma distância decente e manter-se concentrado, foi o grande momento de Ricciardo nestas suas sete vitórias.
O acionamento do Virtual Safety Car por conta do acidente entre Leclerc e Hartley, podia deixar as derradeiras voltas ainda mais tensas. Porém, a saída de Vandoorne dos boxes e se posicionando na frente de Vettel, acabou que aliviando o trabalho que talvez Ricciardo viesse ter com Vettel. A relargada praticamente decidiu a prova: Daniel foi embora e Vettel despencou vertiginosamente o desempenho - subindo de 1 segundo para nove segundos de atraso para o australiano. Ricciardo apenas levou seu Red Bull a uma conquista fabulosa em Monte Carlo.
As lágrimas e sorrisos de Daniel Ricciardo ao descer do carro, traduziu o tamanho do peso que ele tirou das costas.
E a tal dívida está paga. E o fantasma exorcizado!

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Foto 690: Rosberg's






Uma homenagem justa... As duas gerações de Rosberg, Keke e Novo, cada um em seus respectivos carros que lhe valeram seus únicos mundiais de Formula-1: Keke no Williams FW08 de 1982 e Nico no Mercedes W07 Hybrid com o qual venceu o mundial de 2016, fazendo algumas voltas de demonstração hoje cedo em Monte Carlo.
Ambos possuem, juntos, quatro conquistas no Principado sendo uma de Keke (1983) e três de Nico (2013, 14 e 15).
E o que é sempre legal é ver dois carros de diferentes épocas na pista. 

domingo, 6 de maio de 2018

WEC: Sobre as 6 Horas de Spa




A vitória da Toyota nas 6 Horas Spa-Francorchamps, na abertura desta inédita Super Temporada, já era cantada em verso e prosa desde as movimentações que mudaram um pouco a cara da LMP1 com a saída da Porsche ao final de 2017. Sendo a única equipe de fábrica que possui a tecnologia híbrida em seus TS050, todos os prognósticos apontavam uma conquista fácil para os japoneses frente a uma (nova) horda de protótipos não Híbridos que entraram para tentar salvar uma categoria que até tempos atrás era a coqueluche do WEC. As ações da ACO e FIA em não darem tanta atenção aos construtores particulares em detrimento as grandes fabricantes nestas últimas temporadas, acabaram deixando as duas entidades totalmente perdidas em não saber o que fazer para compor uma categoria que começava a emagrecer com a saída da Audi ao final de 2016. O quase golpe de misericórdia veio com a saída da Porsche e isso fez as luzes amarelas piscarem constantemente para que alguma coisa fosse feita de imediato. A solução foi olhar para aqueles que foram esquecidos e a partir daí, com motores convencionais, fabricantes como Oreca e Ginetta, puderam aparecer nas fileiras da LMP1. Com isso, o retorno da simpática Rebellion - que esteve na LMP1 até 2016 - pode ser festejado, assim como a vinda da SMP, DragonSpeed e TRSM Racing - esta última, que utiliza os Ginetta G60-LT-P1, nem chegou qualificar-se devido problemas financeiros. Ainda que o abismo tenha sido diminuído por conta do regulamento, os tempos de volta dos Toyota para os demais, ainda gira na casa dos dois segundos. Algo animador uma vez que, nos testes de Paul Ricard, a diferença estava acima dos cinco segundos...
A corrida foi um passeio da Toyota com o #8 comandado pelo trio Buemi/ Nakajima/ Alonso e o #7, tripulado por  Lopez/ Conway/ Kobayashi, fazendo uma corrida de recuperação para terminar com 1,8 segundo de desvantagem para o seu gêmeo #8. A controvérsia nos minutos finais da prova, onde a Toyota optou em não deixar que os dois TS050 duelassem (Fernando Alonso estava no #8 e Mike Conway no #7) gerou um mal estar entre os entusiastas do Mundial de Endurance. Por outro lado, é de entender que a atitude da Toyota era de ser esperada: a grande mídia que teria - e como teve - numa possível vitória de Fernando Alonso, justamente na sua estréia, pode ter pesado nesta decisão do corpo técnico da equipe japonesa liderada por Pascal Vasselon. Segundo o chefe francês, já havia tido um acordo prévio de que eles poderiam lutar até último pit-stop e depois manter as posições para que não houvesse um grande risco nas voltas finais. Mas a melhor performance do carro #7 - que havia marcado a pole e mais tarde desclassificado dessa posição, por conta de irregularidades no fluxo de combustível, forçando-os a largarem dos boxes - foi reconhecida por Pascal. Mas a polêmica continuará por um tempo...
Entre os não Híbridos, boa performance da Rebellion com seus dois carros, especialmente com o #1 de Lotterer/ Senna/ Jani que fecharam em terceiro e que seriam desclassificados mais tarde por conta do alto desgaste do assoalho. Bom trabalho também dos carros da SMP e isso nos leva crer que entre eles os duelos no decorrer da temporada serão interessantíssimos. Se os dois segundos de desvantagem para a Toyota chegar a cair, a briga promete ser das boas em Sarthe.
Na LMP2 o #26 da GDrive, pilotado por Rusinov/ Vergne/ Pizzitola, iniciou bem os trabalhos nesta classe ao vencer até com certa folga sobre o #38 da Jackie Chan Racing (Tung/ Aubry/ Richelmi). Em terceiro o #36 da Signatech Alpine, pilotado por Lapierre/ Negrão/ Thiriet.
Na LMGTE-PRO o duelo ficou restrito a Porsche e Ford. Aliás, foi bem legal ver os 911 em grande forma em Spa ao desafiar a Ford. Esta última sofreu grande susto ao perder o #67 na volta 26 quando Harry Tincknel escapou na Raddillion/ Eau Rouge e bateu forte, no mesmo local que acidentou Pietro Fittipaldi. Apesar da frente do Ford GT ter ficado brutalmente destruída, Tincknel - que fez trio com Priaulx e Kanaan - saiu sem nenhum arranhão. A Ford, com o #66 pilotado por Pla/ Mücke/ Jonhson, garantiu a vitória após superar o Porsche #91 (Lietz/ Bruni) na última hora de corrida. Estes estiveram muito bem nesta prova, mas uma queda de rendimento acabou jogando-os para a quarta colocação. Quem não apareceu bem foi a Ferrari com os seus 488 GTE EVO e os novos BMW M8  GTE e Aston Martin Vantage AMR por conta do BOP adotado para esta etapa inicial - que não deixou a Ferrari muito satisfeita.
E na LMGTE-AM a vitória ficou para o trio Lamy/ Lana/ Lauda com o Aston Martin Vantage #98, mas conquista não foi das mais fáceis uma vez que eles tiveram que confrontar com o outro Aston Martin Vantage #90 da estreante TF Sport (Yoluc/ Alers-Hankey/ Eastwood) na hora final, com este ultimo terminando colado no câmbio do Aston Martin de Pedro Lamy.
Foi um bom início desta Super Temporada e agora as atenções se voltarão para Sarthe, onde a grande prova do Endurance acontecerá daqui um pouco mais de um mês.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

GP da China: O pulo do Touro

Se pudéssemos classificar a prova da China, seria em três fases:

1a - O domínio amplo da Ferrari com os pneus macios sobre a Mercedes é imenso, a ponto de deixar os prateados totalmente perdidos.
Mesmo com a diferença oscilando entre 2,5 a 3,5 segundos, ficava claro que Vettel podia dar a resposta a hora que quisesse, principalmente por saber que o carro de trás terá problemas para atacar o da frente por conta da turbulência. Aliás, Mercedes sofre com isso há anos, mesmo quando o apoio aerodinâmico não era tão forte (2014-2016). Esta primeira parte do GP chinês foi bem morno, tendo apenas duelos intensos nas posições intermediárias (a zona da briga de foice), onde Alonso andou desafiando os carros da Haas. Na dianteira viu-se uma procissão, sem que ninguém atacasse ninguém.

2a - Após a únicas paradas de box dos dianteiros, a perca da liderança de Vettel para Bottas nos mostrou um cenário bem interessante, com o finlandês conseguindo andar no mesmo ritmo de Sebastian, mas agora ambos usando o mesmo composto (médio), e dando a Mercedes uma chance de vencer. Mesmo com a Ferrari deixando Raikkonen mais tempo na pista e ele dando uma pequena ajuda para que Vettel chegasse em Bottas, antes que fosse para os Boxes, as coisas não pareciam tão fáceis e o alemão precisaria de ir para a batalha na pista para retomar a dianteira. Lewis, também calçado com os médios, começava achar uma melhor performance. Neste momento a prova ganhava uma nova situação, onde as voltas finais poderiam reservar bons duelos.

3a - Essa parte foi a virada: o enrosco das duas Toro Rosso - com Gasly tocando em Hartley, fazendo-a rodar - forçou a entrada do Safety Car para que o gancho pós reta oposta fosse limpo. Neste momento os dois Red Bull foram ao box para se livrarem dos médios e calçar os macios, o que dava a eles a chance de atacar as Ferrari e Mercedes.
Foi o momento que apareceu a genialidade de Ricciardo, ao escalar o pelotão com agressividade e ultrapassagens bem calculadas. Max também trilhava um caminho bem interessante e que poderia ter lhe rendido uma vitória, caso não batesse em Vettel no hairpin. A mudança de rumos definiram um desfecho que era bem pouco provável até minutos antes do incidente dos dois Toro Rosso.

Este GP chinês deu mais uma prova do que é feito Daniel Ricciardo. Das suas seis vitórias na categoria, ao menos quatro delas foram em situações onde a corrida parecia resolvida e onde entra num momento de "acomodamento" dos demais. Ele sabe explorar bem este momento, atacando de forma impiedosa os adversários ao extrair o máximo de seu equipamento. E olha que passou perto de quase largar do fundo do grid após a sua quebra de motor no terceiro treino livre. O trabalho hercúleo dos mecânicos em reaver o motor e entregar o australiano para o classificatório, foi recompensado com a vitória dele.
E sem dúvida, a sua ultrapassagem sobre Bottas já é um dos grandes momentos do ano.


domingo, 15 de abril de 2018

O que esperar - GP da China

Visto a ótima forma dos Ferraris em Xangai, fica difícil não apontá-los para uma vitória acompanhada de dobradinha, sempre com Vettel na frente de Raikkonen. Neste momento, é o melhor conjunto deste início de campeonato sobrepondo os seus rivais e até então dominantes Mercedes, que não se encontraram com os pneus ultramacios. Aliás, fica, ao menos para este escriba aqui, a impressão de que a Mercedes está segurando as rédeas após os problemas de motor e câmbio que o Hamilton teve nas duas primeiras etapas, e isso acaba capando - e muito - a sua performance. A política de três motores nesta temporada já incomoda a Mercedes neste início. A Rede Bull aparece bem e é deles que esperamos um salto melhor neste início de GP chinês, onde podem muito bem bagunçar - no bom sentido - a ordem das forças para esta corrida.
Para os demais, a batalha será bem interessante no pelotão intermediário, uma vez que do sétimo - Nico Hulkenberg - até o 14o - Stoffel Vandoorne - a diferença está no mesmo segundo. Um pelotão bem equilibrado e que pode ter ainda a visita de uma Toro Rosso, que foi muito bem com Pierre Gasly em Sakhir, mas em Xangai, até agora, não foi nem sombra.
Para que tenhamos uma análise mais precisa, é importante que nem chuva, quebras ou Safety Car, interfiram no andamento desta prova. Será importante para vermos algumas ações na dianteira da prova, coisa que não podemos ver na Austrália e no Bahrein, onde as variáveis - quebras, punições e SC - interferiram um pouco nos resultados.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...