segunda-feira, 3 de maio de 2021

GP de Portugal - Marcação

O momento em que Hamilton supera Verstappen na briga pela segunda posição
(Foto: Autosport/ Twitter)


Talvez este GP português, no sempre belo e desafiador circuito de Portimão - que já caiu nas graças dos fãs - não tenha sido tão emocionante quanto o do 2020, mas foi palco de mais uma batalha entre Hamilton e Verstappen. A marcação cerrada entre os dois foi a marca registrada no inicio e no fim da prova, mesmo que o ritmo da Mercedes de Hamilton tenha melhorado consideravelmente - mesmo usando os pneus duros no único pit-stop feito pelo sete vezes campeão, a exemplo de Max, Bottas e Perez.

O vacilo de Lewis na relargada - originada pelo SC que entrou após o toque entre as duas Alfa Romeo, com Kimi Raikkonen levando a pior - deu a oportunidade para Max conseguisse a ultrapassagem no final da grande reta. Porém, com um ritmo bem melhor, Hamilton aproveitou para começar a tirar a diferença e aproveitar-se mais tarde de um erro de Verstappen para ultrapassá-lo no final da reta dos boxes. Não demorou muito ao inglês chegar e passar Bottas que vinha com um ritmo um pouco abaixo de seu companheiro. É bem provável que tenha havido intervenção de Toto Wolff nessa situação, mas a melhor velocidade do inglês era evidente e bastava algum tempo para que ele superasse o finlandês - mas ha de se dizer que a intervenção seria necessária, uma vez que Max ainda estava por perto e não valia a pena deixar Valtteri travando o rendimento de Lewis. 

A real disputa pela vitória ficou no passado com essa manobra de Lewis superando Bottas e o finlandês trabalhando no que podia para segurar o ritmo de Max, que não estava no melhor dos dias do Red Bull - e isso ele reconheceu nas entrevistas. Tanto antes da troca de pneus, quanto depois, Hamilton esteve rápido o suficiente para manter-se a frente e contra-atacar qualquer que fosse a reação de Max que parara antes e tinha conseguido ganhar a posição de Bottas nos boxes. Se não dava para alcançar Hamilton, o jeito era se preocupar com Valtteri, mas o pobre finlandês teve o azar do escapamento apresentar problemas e limitar seu rendimento e o tirar da luta pelo segundo lugar - ao menos teve um pingo de sorte nesta situação, já que Sergio Perez estava longe de alcançá-lo. 

Abrindo um pequeno adendo ara uma corrida morna como esta de Portugal, é de se destacar o bom rendimento de Fernando Alonso após uma qualificação sofrível onde o espanhol ficou na 13ª posição e seu companheiro de Alpine, Esteban Ocon, ficando num ótimo sexto lugar. Alonso conseguiu esticar a sua parada de box realizando ela quando estava em sexto e quando voltou para corrida, já estava em 11º e daí em diante foi escalar o pelotão até terminar em oitavo com um pouco mais de 1 segundo de atraso para Ocon que terminou em sétimo. Como o próprio Alonso chegou falar, ele concentrou toda raiva pela má classificação na corrida e salvou bons pontos e ainda diminuiu o prejuízo para Ocon. Foi um final de semana muito bom para uma equipe que na sua encarnação passada, a Renault, fechou com bons resultados o ano de 2020.

Voltando para a batalha na dianteira, tanto para a Mercedes quanto para a Red Bull esta temporada será pautada por jogos de equipe justamente por ter um cenário tão apertado que está nesse momento e que pode muito bem se estender por toda a temporada. Numa corrida pode ser a Mercedes a dominante, como em outra pode ser a Red Bull e em outras um parelhamento nos desempenhos que será decidido nos detalhes. 

Em Barcelona, por mais que seja um circuito modorrento para a Fórmula-1, dará um cenário importante de como está a real força das equipes.

domingo, 2 de maio de 2021

Grandes Atuações: Henri Toivonen & Sergio Cresto, Rally de Montecarlo 1986

Henri Toivonen e Sergio Cresto durante o Rally de Monte Carlo
(Foto: Motorsport Images)

Existe uma unanimidade entre os fãs de automobilismo que a década de 1980 foi uma das mais espetaculares para o esporte. Com o uso dos motores turbo pelas categorias de ponta, criou-se uma áurea de superpotência e desafio que perdura até os dias de hoje onde o piloto precisava de algo a mais para domesticar os carros de corrida daquele tempo, onde a variação de potência imposta por aquelas máquinas podiam chegar e até mesmo ultrapassar os 1000cv – indo até os estratosféricos 1500cv de potência usada em qualificações, especialmente na Fórmula-1. Foi uma época dourada onde a busca pela potência significava um ganho importante frente os rivais, ao mesmo tempo em que o estudo em túneis de vento aumentava consideravelmente e os carros passariam a ser esculpidos cada vez mais em busca da melhor força descendente. Aqueles anos 1980 foram o último elo com o automobilismo puro em sua concepção, onde o público lotava os autódromos e/ou invadiam as pistas para ver de perto os pilotos desafiarem a gravidade e a física em busca de seu melhor em carros que pareciam bestas enjauladas, tamanha potência que eram empregadas ali. Essa competição heroica agora começava a dar lugar a um automobilismo que entrava numa era de eletrônicas e supercomputadores, que ajudariam ainda mais os engenheiros e pilotos a chegarem próximos da perfeição, mas que tiraria o encanto da boa e velha corrida de carros. Bom, isso é uma discussão para uma outra oportunidade.

Sobre as categorias, o WRC foi uma destas que mais se destacaram naquela década. Talvez a que mais tenha se destacado, para ser mais direto. A adoção do regulamento do Grupo B em 1982 foi a porta de entrada para um dos períodos mais espetaculares de uma das disciplinas mais completas do esporte a motor no mundo. A generosidade deste regulamento, onde o desenvolvimento, introdução de novas tecnologias e potência eram praticamente ilimitadas, dava as fabricantes um horizonte a ser explorado de forma inesgotável – o público também fazia parte do show numa irresponsabilidade tresloucada em busca da melhor imagem, que às vezes custava muito caro. Nesta toada em busca do melhor, a competição foi premiada com carros que se tornaram referências quando se fala no nome do Grupo B: Audi Sport Quattro  S1, Lancia 037 e Delta S4, Peugeot 205 T16, Renault 5 Turbo, Ford RS200, apenas para citar alguns, foram as grandes estrelas de um período curto, mas de muito sucesso, que ajudou a popularizar e imortalizar pilotos como Ari Vatanen, Marku Alen, Michèle Mouton, Walter Röhr, Hannu Mikkola, Juha Kankkunen e tantos outros. Mas houve um em especial que parecia pertencer a uma classe a parte, onde suas prestações já davam nas vistas desde 1980 e em 1986 parecia estar pronto para chegar ao olimpo: Henri Toivonen já era reconhecido como um dos melhores e a temporada de 1986 parecia ser o momento ideal para que o jovem finlandês chegasse ao título mundial.

Henri Toivonen teve o seu primeiro resultado a nível mundial quando disputou o Rally Artict de 1978 – que foi a segunda etapa do Campeonato Europeu de Rally e também da Copa FIA para Pilotos, que foi a precursora do WRC que entraria em vigor a partir de 1979 – com um Chrysler Avenger e terminou em segundo, com a vitória ficando para Ari Vatanen e o terceiro para Markku Alén.  Toivonen não demorou muito a conquistar a sua primeira vitória no WRC, que aconteceu no Lombard RAC Rally de 1980 quando ele, em parceria com o navegador Paul White, venceu ao volante de um Talbot Sunbeam Lotus e tornou-se o mais jovem a vencer uma prova do WRC quando tinha 24 anos – tal recorde durou até 2008 quando Jari-Matti Latvala, aos 22 anos, venceu o Rally da Suécia. A velocidade e virtuosidade de Toivonen passaram a ser sua marca registrada no decorrer dos anos, assim como alguns acidentes: o principal e mais grave até então foi quando Henri já estava pela Lancia em 1985 quando bateu forte num muro de tijolos durante o Rally da Costa Smeralda, então oitava etapa do Campeonato Europeu. Isso custou a Toivonen alguns ferimentos nas costas e três vertebras quebradas que o deixou fora de combate até que voltasse no mês de agosto a competição, quando participou do 1000 Lakes Rally (Finlândia) e terminou em quarto . O finlandês ainda teria outros bons resultados naquele resto de 1985 ao terminar em terceiro no Rally de Sanremo e vencendo o Lombard RAC Rally – 12ª e última etapa daquele mundial – justamente na estréia do Lancia Delta S4 que substituía o 037 – foi também a única dobradinha da Lancia naquele ano com Markku Alén ficando em segundo com o outro Delta S4. O título de 1985 do WRC ficou para Timo Salonen com o Peugeot 205 16 marcando 127 pontos.

Para 1986, a temporada se desenhava da melhor forma e era possível imaginar a grande disputa que se avizinhava ao olhar a constelação que as três principais fabricantes dispunham: Peugeot com Timo Salonen, Juha Kankkunen, Michèle Mouton e Bruno Saby; Audi contava com Walter Röhrl e Hannu Mikkola; e a Lancia com Markku Alén, Henri Toivonen e Miki Biasion. Ari Vatanen ficaria de fora daquela temporada, ainda recuperando-se do grave acidente que teve no Rally da Argentina de 1985.

 

Uma aula de Henri Toivonen em Monte Carlo

 


O Rally de Monte Carlo, que estava em sua 54ª edição, abriu a temporada de 1986 sendo realizado entre os dias 18 e 24 de janeiro. Bem diferente dos dias atuais, este Rally era colossal com seus 36 estágios especiais  divididos em quatro etapas(atualmente são 15 estágios) e um total de 881.20km de distância. Apesar de ser um local bem conhecidos por todos, há de convir que as condições de tempo e traçado tornam este rally num dos mais desafiadores do calendário. Um teste vigoroso logo na abertura do campeonato, saudando um dos mais prestigiados e importantes rallys do mundo.

Para a Lancia e, principalmente Henri Toivonen, era a oportunidade de medir forças com seus rivais diretos já com o S4 muito bem desenvolvido e com uma vitória no bolso, conquistada no derradeiro evento de 1985 e justamente com o finlandês ao volante. Para Henri, que começaria a partir daquele evento em Monte Carlo a sua parceria com Sergio Cresto – ex-navegador de Attilio Bettega, que falecera no Rally da Córsega de 1985 – era também a grande chance de iniciar o campeonato em pé de igualdade com seus rivais e a sua vitória no Lombard RAC Rally de 1985 lhe dava as devidas credenciais para ser um dos principais favoritos ao título. O reconhecimento de seus companheiros de Lancia, Alén e Biasion, mais do chefe de equipe Cesare Fiorio, sobre a facilidade que Toivonen havia encontrado com aquele Lancia Delta S4 desde a estreia do carro no rally inglês, reforçava ainda mais esta imagem de que o finlandês seria um dos grandes favoritos para 1986. Fiorio relembra um pouco sobre o desenvolvimento do Delta S4 e também sobre Henri: “O nível ao qual desenvolvemos o S4 foi algo absolutamente incrível. Demorava 2,8 segundos para ir de zero a 100 quilômetros por hora, que era o desempenho de um carro de F1 ”, diz Fiorio. “Toivonen era o único motorista que poderia usar todo o potencial deste carro.”. Aquele Rally de Monte Carlo mostraria o quanto que Toivonen e Lancia Delta S4 estavam em perfeita sintonia, formando uma poderosa – e impressionante – simbiose.

Havia outro fato que talvez não passasse pela cabeça de Henri Toivonen naquele momento, mas que seu pai, Pauli Toivonen, conhecia muito bem. A principio é preciso destacar que Pauli foi um dos melhores rallymen da Europa na década de 1960, vindo a conquistar o título europeu de 1968, mas antes disso ele teve uma vitória controversa em Monte Carlo dois anos antes: Pauli, que pilotava um Citröen DS21, terminou em quinto naquele evento, mas irregularidades nos faróis dos carros de Timo Mäkkinen, Rauno Aaltonen, Paddy Hopkirk – estes sendo os três primeiros colocados e pilotando carros da Mini Morris – e Roger Clark (Ford Cortina) o quarto colocado, renderam a eles a desclassificação do Rally. Automaticamente, a vitória ficou para Pauli que ficou um tanto constrangido com a tal situação de ter vencido um Rally tão importante quanto aquele de Monte Carlo sob a luz da polêmica. Pauli teve outros dois bons resultados em Monte Carlo: foi segundo em 1963 com um Citröen DS19 e voltou a ficar em segundo na edição de 1968, desta vez pilotando um Porsche 911. Mas aquela vitória de 1966, do modo como foi conquistada, ainda incomodava Pauli Toivonen e dessa forma a edição de 1986 seria uma boa oportunidade de Henri cravar o sobrenome dos Toivonen de forma correta no histórico de vencedores do Rally de Monte Carlo.

O Rally começou da melhor forma possível para a Lancia, tendo em Miki Biasion o líder do curto estágio de 2,60km de Aillon-Le-Jeune. Mas a partir do segundo estágio Henri Toivonen e Sergio Cresto assumiram a dianteira marcando um grande desempenho. Do segundo estágio em La Soffaz – Samuaz até o 22º realizado em Col de Garcinets, Toivonen/ Cresto venceram sete estágios e tinham uma boa vantagem sobre o Audi de Walter Rohrl, porém um fato que atrapalharia bastante o andamento da dupla acontecera entre os estágios 12 e 13: entre as cidades de Burzet (12º estágio) e Saint Montan (13º estágio), o Lancia de Toivonen e Cresto foi acertado por um carro civil e isso custou ao S4 um punhado de problemas como numa das rodas, chassi entortado e carenagem dianteira bem danificada. Apesar destes danos, Toivonen – que ainda teve uma das pernas machucada no acidente –  foi capaz de conduzir o carro pelos estágios seguintes mantendo a liderança, mas perdendo a diferença conforme iam parando nos postos programados para fazer os reparos. Cesare Fiorio recorda a situação: “Não tivemos tempo de consertar completamente”, lembra Fiorio. “Tínhamos apenas alguns minutos em cada parque de serviço - 5 minutos aqui, 5 minutos ali. O carro ainda estava funcionando e ele foi capaz de continuar, mas o S4 não foi capaz de atingir o desempenho máximo.

“Em todos os parques de manutenção, fomos consertando aos poucos.” Porém, os mecânicos da Lancia conseguiram fazer o máximo para que o carro pudesse voltar a competir de forma honesta, mesmo que o desempenho deste não fosse o mesmo de antes do incidente. Mas todos sabiam que aquele enorme problema poderia custar-lhes uma vitória que parecia caminhar certamente para o finlandês.

 

Como era de se esperar, a liderança foi arrematada por Timo Salonen – que veio escalando a classificação de modo preciso – a partir do 23º estágio que foi realizado entre Sisteron-Thoard. Masisso foi possível após mais um revés que a Lancia sofreria: no 22º estágio Toivonen fez a sua parada para continuar os reparos no S4, mas ali mesmo deveria ter sido feito uma troca de pneus que consistia na retirada dos pneus cravejados para uso em neve para os slicks, afinal eles entrariam em pista asfaltada. Mas com o atraso de Toivonen, apenas os reparos foram feitos e ele resolveu fazer aquele estágio de Col de Garcinets com os pneus para neve. Como relembra Fiorio, o resultado não foi dos melhores: “Uma troca de pneu levaria 40-50 segundos. Ele chegou atrasado e tivemos que consertar o carro, o que não deu tempo de trocar os pneus ”, conta o italiano. “Ele disse, 'Me deixa ir, eu quero fazer a etapa com esses pneus', que não eram os melhores para aquela etapa. Ele não recebeu nenhuma penalidade no Time Control, mas não foi uma atuação vitoriosa naquele local. ” Miki Biasion venceu aquele estágio para a Lancia, mas para Toivonen/ Cresto acabou saindo caro o uso daquele tipo de pneu no asfalto, vindo causar um furo e permitir que Timo Salonen assumisse a liderança a partir do 23º estágio.

 

Com todos estes problemas enfrentados por Toivonen/ Cresto desde o incidente, há de se destacar o grande trabalho da Lancia em torno de tudo isso. A estrutura montada com o uso de helicópteros, que sobrevoavam os trechos adiante para que trouxessem informações sobre as condições do traçado, de olheiros que tinham uma visão mais apurada sobre tudo que acontecia nos locais onde os carros passariam, deu uma sobrevida para que Toivonen e Cresto continuassem no páreo. Mas após cinco estágios de liderança por parte de Timo Salonen, a queda de braço passou a pender para Toivonen.

 

Henri passou a entender como tirar proveito de um carro que estava com sérios problemas de condução devido o entortamento do chassi e a partir daí ele começou a se aproximar aos poucos de Salonen, sempre tirando uma boa diferença. O ponto de virada começou já no inicio da quarta e última etapa que foi aberta no 26º estágio em Col de La Madone com vitória de Salonen e depois no 27º estágio em Col de Turini, onde Henri Toivonen passou para vencer e mais tarde reassumir a liderança no estágio seguinte em Saint Savour. A escolha dos pneus é que deu o tom final daquele Rally, uma vez que a diferença entre Toivonen e Salonen beirava os 30 segundos – o que é uma diferença irrisória tratando-se de provas de rally. A segunda parte dos estágios de Col De La Madone (31º estágio) e Col de Turini (32º estágio) mudou o rumo da história a favor do piloto da Lancia frente a batalha que estava a empregar contra o Peugeot de seu compatriota Salonen: antes de realizar a última parada para manutenção no carro, Fiorio pediu para que os mecânicos colocassem faróis amarelos ao invés dos brancos no Lancia.


Ele acreditava que ao verem as luzes amarelas, os fãs franceses não jogariam neve na pista por pensarem que o carro que se aproximasse pudesse ser o Peugeot de Salonen. Essa foi a primeira jogada de Cesare, que logo depois, contrariando as informações de Vittorio Caneva –  navegador de rally e que estava naquela etapa a serviço da Lancia – de que não necessitaria do uso de pneus cravejados para o carro de Toivonen pois o trecho não tinha neve. Com essa informação em mãos e acreditando que a Peugeot estava ouvindo a conversa, Fiorio pediu para que seus mecânicos montassem os jogos de pneus cravejados... apesar do estranhamento de Caneva ao ouvir exatamente o contrário do que ele havia dito, a troca dos pneus se deu por Slicks para Toivonen poder enfrentar Salonen na parte noturna. E isso foi uma cartada de mestre: mesmo tendo que se segurar em trechos onde a pista estava úmida, Henri conseguiu apanhar a parte seca mais adiante para abrir uma vantagem de 4 minutos que acabou lhe dando a vitória naquele Rally de Montecarlo.

 

No meio daquela intensa batalha contra Salonen, Henri chegou a declarar que “se não tiver problemas mecânicos, vencerei o rali. O Timo é um piloto que gosta de jogar pelo seguro nunca correndo grandes riscos. Não creio que ele vá atacar a minha posição.”. Henri conhecia muito bem seu compatriota e isso ficou reforçado nas palavras do próprio Timo Salonen logo após a prova: “Monte Carlo faz parte do estilo de provas que pessoalmente não me agrada: quando tenho que conduzir no asfalto molhado, é uma verdadeira catástrofe. (…) Nesse aspeto o Henri tem uma vantagem grande pois, antes de vir para os ralis, disputou provas em circuito, pelo que sabe as trajetórias que há-de tomar. Pela minha parte e como só sei andar de lado, quando tenho que conduzir nesse tipo de piso, nunca consigo estar à vontade.”

Henri Toivonen e Sergio Cresto venceram um Rally de Monte Carlo desgastante, mas acima de tudo haviam mostrado o potencial do Delta S4 frente aos rivais e isso era algo a temer. Para Toivonen, aquela conquista, a terceira de sua carreira no WRC, significava o que há muito tempo já se sabia que era o seu talento impressionante na condução de um carro de rally. Mesmo com um carro torto por conta do incidente, ainda conseguiu tirar o que pôde e ainda mudar a pilotagem para ir além e buscar uma vitória quase que improvável. Foi também uma conquista que deixou o nome dos Toivonen imortalizado de vez na lista de vencedores em Monte Carlo e dessa vez com o real gosto de ter sido feita da melhor forma possível, sem desclassificações e nada. Pauli Toivonen, sem duvida alguma, se sentiu aliviado com aquela conquista de seu filho.

Enquanto que aquela vitória seria festejada e Henri apontado como o grande candidato ao título, era se tornaria melancólica pelo que viria acontecer três meses depois.

Hoje completa exatos 35 anos da morte de Henri Toivonen e Sergio Cresto durante o Rally da Córsega.



sábado, 1 de maio de 2021

Foto 916: Ayrton Senna, 1000km de Nurburgring 1984

 



A famosa participação de Ayrton Senna na sua única aparição em uma prova de Endurance. Na foto, o brasileiro nos boxes de Nurburgring com o Porsche 956 do Joest Racing que ele compartilhou com Henri Pescarolo e Stefan Johansson durante os 1000km de Nurburgring de 1984, então quarta etapa do World Sportscar Championship.

Ayrton pilotou o carro na parte da tarde onde a chuva se fez presente, mas conseguiu tirar uma boa impressão do protótipo: “É mais pesado que um F-1, mas é bastante rápido”. Para a qualificação, foi o sétimo - ainda em pista molhada - e levou o Porsche ao nono lugar pela soma de tempos de Pescarolo e Johansson.

Apesar do bom desempenho nas primeiras voltas da corrida, o Porsche enfrentou problemas na embreagem e isso fez a equipe Joest trabalhar no mesmo para devolvê-lo à pista com um bom par de voltas de atraso para o líder.
Restou ao trio recuperar e fechar em oitavo - e pelas contas da equipe, caso o problema não tivesse atrasado eles em 15 minutos para o reparo, seria possível chegar ao pódio. A vitória ficou para o Porsche 956 da Rothmans Porsche, conduzido por Stefan Bellof e Derek Bell.

Dois personagens teceram elogios ao brasileiro: Reinhold Joest e Domingos Piedade. O ex-piloto alemão e dono da Joest Racing relembrou a participação do brasileiro na sua equipe: “Ele foi rápido logo nos primeiros treinos. Depois da corrida, ele ficou umas quatro horas conversando conosco, dando sugestões para deixar o carro mais rápido. Senna queria conhecer tudo sobre o 956. Trabalhou de maneira muito profissional para nós”

Domingos Piedade, que era o Diretor Esportivo da equipe Joest Racing e que foi o principal responsável em levar Ayrton para competir na equipe, também recorda sobre a passagem de Senna naquele final de semana: "O seu comportamento com o Porsche 956 de Grupo C da minha equipe foi simplesmente exuberante, divino. Depois de sete voltas ao volante de um carro que lhe era totalmente desconhecido, numa categoria nova para ele, Ayrton alcançou todo o mundo em pista e nas 65 voltas que pilotou o carro da New Mann foi simplesmente o mais rápido em pista, batendo senhores destes carros, como Bellof, Mass, Ickx, Bell, Pescarolo, Winkelhock, Boutsen, Wollek, Patrese e outros."

Hoje completa 27 anos da morte do grande piloto.

terça-feira, 27 de abril de 2021

Foto 915: Ari Vatanen, Colin McRae Forest Stages 2008

(Foto: Rumple Fugly/ Flickr)


Revivendo uma grande parceria... Ari Vatanen ao volante do Ford Escort 1800 MKII em 2008, durante o evento tributo a Colin McRae intitulado de "Colin McRae Forest Stages". Na ocasião, Vatanen teve David Richards como navegador, reeditando a parceria que fizeram no inicio dos anos 1980 no WRC. 

Vatanen e Richards participaram dos campeonatos de 1980 e 1981 sempre com o Ford Escort 1800 e venceram quatro etapas juntos: os rallies de Acrópole (1980/81); Rally do Brasil e Rally dos Mil Lagos em 1981. No campeonato, Vatanen foi quarto em 1980 com 50 pontos (o campeonato ficou para Walter Röhrl com 118 pontos) e em 1981 Vatanen chegou ao título com 96 pontos. A partir de 1982 Richards aposentou e procurou montar sua equipe de rally, que mais tarde - 1984 - passaria a se chamar Prodrive. Vatanen seguiu no WRC, mas agora com Terry Harryman como navegador. 

Sobre o evento de 2008, os dois veteranos terminaram em 30º na geral e em 5º na classe 12 que foi vencida por Alister McRae (irmão de Colin) e Roy Campbell que pilotavam também um Ford Escor 1800 MKII.

Hoje Ari Vatanen completa 69 anos.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Foto 914: Jean Pierre Beltoise, Zandvoort 1968

 



Jean Pierre Beltoise com o Matra MS11 durante o GP da Holanda de 1968. A prova realizada em Zandvoort foi a quinta do mundial de 1968.

A corrida foi dominada amplamente por Jackie Stewart que levou o outro Matra a vitória, liderando 87 voltas das 90 programadas. Beltoise terminou com mais um minuto e meio de atraso para Stewart após batalhar para terminar em segundo, sendo que estava em terceiro até a volta 23 quando teve uma escapada por conta da pista molhada. A parada foi para limpeza do acelerador e isso lhe custou algumas posições, ao voltar em sétimo. Conseguiu escalar o pelotão para terminar em segundo, neste que foi o seu primeiro pódio e também a primeira dobradinha da Matra na Fórmula 1. Pedro Rodriguez ficou em terceiro com o BRM.

Beltoise completaria 84 anos hoje. 

domingo, 25 de abril de 2021

Foto 913: Michele Alboreto, Mônaco 1982

 



Michele Alboreto com o Tyrrell 011 durante o final de semana do GP de Mônaco de 1982. Na foto o italiano contornando a Lowes do traçado de Monte Carlo, que recebia a sexta etapa daquele mundial. Foi também a primeira prova após o trágico final de semana do GP Bélgica realizado em Zolder, que vitimou o canadense Gilles Villeneuve.

Alboreto partiu na nona colação e chegou ficar em duas oportunidades ocupando a quarta posição, onde revezou com Keke Rosberg. Quando estava em quarto, teve problemas na suspensão que acabou encerrando a sua participação na corrida na volta 69. A vitória ficou para Ricardo Patrese, após um verdadeiro caos nas voltas finais quando os primeiros - incluindo o próprio Patrese - sofreram alguns problemas e a vitória ficando para Ricardo após ter rodado na Lowes faltando três voltas para o final.

Hoje completa 20 anos da morte de Michele Alboreto, ocasionada por um furo no pneu do Audi R8 durante testes na pista de Lausitz em 2001.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Foto 912: Greg Moore, Long Beach 1995

 

(Foto: Racer)

A estrela em ascensão Greg Moore #99 - e Akira Ishikawa no #35 - durante a etapa de Long Beach de 1995, que foi a terceira do Campeonato da Indy Lights. O canadense venceu com 3,5 segundos de vantagem para Robbie Buhl que terminou em segundo e a terceira colocação ficando para Dave DeSilva. Akira ficou em décimo. 

Foi uma temporada quase que perfeita de Moore naquele campeonato, onde ele venceu 10 das 12 etapas programadas e nas duas únicas que não venceu, ficou em terceiro (Detroit) e em quinto (Vancouver) - estas provas foram vencidas por Robbie Buhl e Pedro Chaves, respectivamente. 

Greg venceu o campeonato somando 242 pontos contra 140 de Buhl e 122 de Affonso Giaffone. A partir de 1996 o canadense faria parte da CART pela mesma Forsythe com a qual conquistara aquele título na Indy Lights e daí em diante escreveria a sua breve -e brilhante - história na categoria.

Hoje Greg Moore completaria 46 anos.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...