Um shoey para a Mclaren e Daniel Ricciardo (Foto: Mclaren) |
É sempre bom rever uma equipe tradicional de volta ao lugar mais alto do pódio, ainda mais com uma dobradinha. A última vez que tivemos algo tão interessante a este ponto, foi quando Pastro Maldonado gastou seu talento para vencer o GP da Espanha de 2012 num dos melhores momentos daquele campeonato que ainda é o melhor da categoria nos últimos onze anos. Essa conquista da Mclaren, a primeira dela após a conquista de Jenson Button no GP do Brasil de 2012, ainda tem um fator a ser considerado que é a volta de Daniel Ricciardo ao círculo dos vitoriosos, algo que não acontecia desde o GP de Mônaco de 2018 quando ainda estava na Red Bull.
Como um exercício de adivinhação - ou premonição - os comentários mais recorrentes apontavam que e Monza as coisas para a Mclaren podiam se alinhar à favor dos papayas, uma vez que o layout veloz do circuito italiano pendia um pouco para o carro da Mclaren. Uma pequena amostra disso foi vista em Spa-Francorchamps quando Lando Norris estava em forma e poderia muito bem ter conquistado a pole se não fosse o acidente, mas Daniel Ricciardo estava em quarto e sabe-se lá o que poderiam ter conquistado se a prova belga tivesse, de fato, acontecido. Mas o recado tinha sido dado.
Em Monza as coisas foram na mesma linha: Norris e Ricciardo conquistaram boas posições na qualificação para a Sprint Race (4º e 5º respectivamente) e a atuação de ambos na corrida para definição de grid no sábado foi exemplar com os dois se beneficiando bem da má largada de Lewis Hamilton e mantendo-se firmemente em terceiro com Daniel e em quarto com Lando, que teve de suportar em algumas situações a pressão de Hamilton. Com estas posições conquistadas, que tornariam-se segundo e terceiro para eles com a punição do vencedor Valtteri Bottas por conta da troca de motor, a condição para o domingo era das melhores. Sonhar não custa...
A ótima largada de Daniel Ricciardo no domingo o colocou numa situação muito mais confortável, já que a sua melhor velocidade de reta não deixava Max se aproximar o suficiente para usufruir do benefício do DRS. O ótimo trabalho de box da Mclaren também ajudou para que Daniel continuasse na frente e isso melhoraria com o péssimo pit-stop de Verstappen que jogou o holandês para o meio do pelotão - mais tarde o incidente entre Max e Lewis na "Variante Del Rettifilo" deixariam as coisas ainda mais encaminhadas.
O assédio de Lando Norris em busca de sua primeira vitória foi brecada pela equipe, em vista de preservarem a possível dobradinha, mas ainda tinha a ótima recuperação de Valtteri Bottas que era alguém a considerar numa tarde onde o finlandês esteve em grande forma. Ele ficou barrado em Sergio Perez na luta pela terceira posição - uma luta que era virtual, já que Perez precisava abrir cinco segundos para pode ficar com aquela posição uma vez que estava com a punição de cinco segundos por ter demorado em devolver a posição a Charles Leclerc numa batalha anterior.
A vitória de Daniel Ricciardo veio num momento crucial para o australiano que passava a ser questionado. O seu desempenho frente ao apresentado por Lando Norris até aqui, deixava bastante a desejar e isso levantava questões do que poderia ser o seu futuro dentro da equipe. Mas a sua melhora nas últimas corrida e agora com essa conquista, da forma como veio, apenas ratifica que o australiano parece estar se encontrando e as provas seguintes é que vão nos dar o real idéia de onde Ricciardo pode chegar dentro da equipe chefiada por Zak Brown.
Para a Mclaren foi um doce reencontro com as vitórias, sendo a última conquistada há quase nove anos com Button em Interlagos. O retorno da parceria com a Mercedes já voltou a render os frutos nesse ano, apenas culminando numa melhora que foi vista já em 2018 quando a equipe estava usando os motores Renault. Essa conquista foi uma tremenda quebra de tabus para a tradicional equipe: primeira vitória com a lendária cor papaya desde a conquista de Denny Hulme no GP do México de 1969 e a primeira da equipe sem a presença de Ron Dennis, sendo que a última havia sido no GP do Japão de 1977 com James Hunt.
Uma retomada importante para uma das equipes mais clássicas da categoria.