(Foto: Getty Images) |
A Mercedes deu uma lição nas outras
equipes. Não apenas em relação ao seu desempenho, que foi nitidamente superior
aos demais me fazendo lembrar dos tempos da Williams no distante biênio
1992/93, mas sim com relação a disputa direta e aberta entre Hamilton e Rosberg
pela vitória em Sakhir.
A própria cúpula da Mercedes já havia
acenado para esta possibilidade caso seus dois pilotos se encontrassem na pista
numa luta direta, independentemente por qual fosse a posição em questão. E isso
foi reforçado com as criticas feitas por Niki Lauda após o episódio da Williams
para com os seus dois pilotos na Malásia. E o que vimos na pista barenita foi
algo digno de automobilismo puro, com apenas os pilotos a cuidarem de seus
equipamentos e se entregando numa luta direta pela posição de honra.
Lewis Hamilton e Nico Rosberg se conhecem
desde os tempos do kart, onde foram, inclusive, companheiros de equipe. Talvez
seja a dupla que mais conhecem um ao outro, sabendo exatamente as qualidades e
defeitos de cada um. Foi importante observar a maturidade de Lewis nesta
disputa, principalmente em momentos em que os dois estiveram próximos de um
acidente que poderia muito bem limar ambos da prova. Por outro lado, a vontade
de Nico Rosberg em mostrar que é um piloto que não deve ser subestimado em
nenhum momento e que está, sim, na batalha pelo título desta temporada.
O mais legal de tudo será observar o quanto
que a Mercedes terá trabalho em segurar o ímpeto de seus dois jovens – e
experientes – pilotos durante esta temporada, onde está florescendo a grande
chance da equipe da estrela de três pontas retornar ao topo da categoria após
60 anos do seu triunfal retorno à F1 em 1954.
A
corrida
(Foto: Reuters) |
Descontando o fato de a Mercedes ter feito
a sua corrida particular, deixando que Lewis e Rosberg resolvessem quem sairia vencedor,
esta foi surpreendentemente positiva, principalmente por ser uma pista que
normalmente não oferece grandes provas. E esta, de fato, foi a melhor da
história deste GP do Bahrein que é disputado desde 2004.
A Williams esteve em boa performance nesta
corrida, principalmente devido a ótima classificação de Bottas no sábado e a
largada – no melhor estilo Gilles Villeneuve – de Felipe Massa, que saiu de
sétimo para ganhar uma terceira posição no virar da segunda curva. Apesar da
presença perigosa dos Force India de Hulkenberg e Perez, os Williams estiveram
próximos de beliscarem um pódio com um dos seus pilotos. Uma pena que a entrada
do Safety Car para a retirada dos destroços e do carro de Gutierrez, tenha
quebrado a estratégia deles jogando-os para o meio do Top Ten. Mas foi legal
ver, também, que após o episódio de Sepang a equipe não interferiu nos breves
duelos que Massa e Bottas tiveram nessa corrida, deixando-os batalhar por conta
própria. Num todo, foi bom ver a equipe do Tio Frank andando entre os primeiros
após alguns anos.
A Force India com seus dois pilotos foram
os grandes nomes do dia em Sakhir. Fizeram de gato e sapato a concorrência – em
especial os Ferraris, passando os carros vermelhos do jeito que queriam – e
conseguiram posicionar se posicionar em terceiro (Perez) e em quinto
(Hulkenberg). Este último podia ter brigado fortemente pelo pódio, caso seu
carro não tivesse perdido performance nas últimas voltas, possibilitando a
ultrapassagem de Ricciardo.
A Red Bull sofreu problemas em retas,
problema este que foi alertado por Vettel, mas o RB10 parece ter achado um
pouco de downforce para melhor fazer as curvas, fato que tem sido – e será – o
grande desafio do ano para os engenheiros. Caso acerte este problema nas retas,
que talvez isto esteja ligado principalmente ao motor Renault, será um carro
páreo para a Mercedes na parte européia. Sebastian mais uma vez sofreu com o
ímpeto de Ricciardo, que peitou o tetra-campeão do mundo sem nenhuma cerimônia.
O momento em que Vettel teve um pedido da equipe para que deixasse Daniel
passá-lo, talvez tenha tirado algumas gargalhadas de Mark Webber, que agora
concentra as suas forças para a disputa do Mundial de Endurance a serviço da
Porsche.
A McLaren não fez nada de especial nesta
prova, assim como havia sido em Sepang. Aquele brilharete, comandado por
Magnussen em Melbourne, ficou pelo caminho e ao que parece a equipe de Ron
Dennis terá que remar bastante para tentar algo mais nas corridas seguintes. Os
seus dois carros não chegaram ao final da corrida.
A Ferrari teve um dia de cão em Sakhir: já
fazia um bom tempo que não víamos os carros vermelhos levar tanta porrada dos
adversários, como nesta corrida. Enquanto que Fernando Alonso levava
ultrapassagem até da sombra das Force India, Kimi Raikkonen sofria pressões de
Williams, Red Bull e em algum momento, teve que duelar com a... Lotus de Pastor
Maldonado. Fernando teve alguns problemas relacionados à potência do seu carro
já na classificação, e que voltou a se manifestar durante a corrida e isso
também pode ter acontecido com Raikkonen. Os dois Ferraris tiveram uma exibição
pífia em Sakhir e a cara de Luca De Montezemolo, ao ver seus dois carros serem
ultrapassados facilmente, não foi das melhores. Não é a toa que talvez o pau de
macarrão em Maranello comerá a solta por aqueles lados.
Além de ter sido uma corrida maravilhosa em
termos de disputas, não posso deixar de destacar como foi bom ver as equipes
deixarem seus pilotos disputarem as posições diretamente sem nenhuma
interferência mais forte, que coibisse o tal ato. A única recomendação que pôde
ser ouvida – e que o normal – é para que eles trouxessem os carros inteiros.
Acho que os episódios passados serviram de lição para que estas equipes
pensassem um pouco com relação a esta história de jogo de equipe. Não tenho
nada contra a esta situação. Até acho que, se caso algum dos dois ainda tenha
chances de conquistar um campeonato, ou até mesmo o da frente esteja numa
condição bem abaixo do seu parceiro, acredito que isto deva ser feito, mas que
seja conversado antes de cada corrida. Certamente, no caso de Lewis e Rosberg,
ambos dêem ter conversado muito sobre a possibilidade de um duelo e o que se
viu foi uma das melhores disputas pela liderança nos últimos tempos da
categoria. Cabe a equipe apenas recomendar aos seus pilotos que cuidem dos
carros, e o resto que eles resolvam na pista.
O que aconteceu na pista de Sakhir servirá
de lição para o resto deste campeonato e para os outros que ainda virão pelo
resto desta década. E quem ganhou com isso fomos nós, os fãs, e a própria F1.
O GP de número 900 não podia ter sido
melhor. Apesar do circuito...
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