sexta-feira, 14 de junho de 2013

Foto 210: Os vencedores das 24 Horas de Le Mans – Parte 3



Devido a Segunda Guerra Mundial, muitas corridas e campeonatos deixaram de ser realizados por quase sete anos e até o final da década de 40, as competições automobilísticas tinham retomado as suas atividades.
As 24 Horas de Le Mans retornou em 1949, dez anos depois da sua última edição, e viu a lenda da Ferrari ser iniciada com a vitória da dupla Luigi Chinetti (a terceira dele em Le Mans) e Lord Seldson a bordo da Ferrari 166MM. A Ferrari seria a fábrica mais vitoriosa desta corrida pelos próximos vinte anos, período que conquistou dez vitórias em Sarthe. Esse recorde só seria batido pela Porsche em 1985.
Além da Ferrari, Jaguar e Mercedes também fizeram história nessa corrida com os seus duelos durante a primeira parte da década de 50. Em 1955 a maior tragédia do automobilismo moderno aconteceu por lá, com o voou da Mercedes de Levegh 300SL contra a multidão matando mais de 80 pessoas. Acidente que não somente forçou a retirada da Mercedes dessa prova, mas também das competições por inteiro.
De se destacar a resistência de ferro de Louis Rosier, que dividiu o volante de seu Talbot Lago com seu filho Jean-Louis Rosier que teve a oportunidade de pilotar o carro por apenas duas voltas... e Louis conduziu o carro pelas outras 254 voltas da edição de 1950.

1949 - Luigi Chinetti / Lord Seldson - (Ferrari 166 MM)

1950 - Louis Rosier - Jean-Louis Rosier - (Talbot Lago T26GS)

1951 - Peter Walker - Peter Whitehead - (Jaguar XK120C)

1952 - Hermann Lang - Fritz Reiss - (Mercedes 300SL)

1953 - Tony Rolt - Duncan Hamilton - (Jaguar C-Type)

1954 - José Froilán González - Maurice Trintignant - (Ferrari 375)

1955 - Mike Hawthorn - Ivor Bueb - (Jaguar D-Type)

1956 - Ron Flockhart - Ninian Sanderson - (Jaguar D-Type)

1957 - Ron Flockhart - Ivor Bueb - (Jaguar D-Type)
1958 - Olivier Gendebien - Phil Hill - (Ferrari 250 TR)
1959 - Carroll Shelby - Roy Salvadori - (Aston Martin DBR1)



quinta-feira, 13 de junho de 2013

Relembrando Riccardo Paletti






Apesar de ter sido uma temporada altamente competitiva, contando com um recorde de 11 vencedores, aquele ano de 1982 para Fórmula-1 foi também um tanto traumático. Não bastasse a batalha ao extremo que a categoria vivia entre a FISA e a FOCA pelo comando, aquele campeonato custou a vida de dois pilotos: Gilles Villeneuve deixou um punhado de fãs órfãos da sua pilotagem espetacular ao morrer num estúpido acidente, no momento em que estava tentando andar mais rápido que seu companheiro de equipe Didier Pironi nos minutos finais do treino em Zolder. Foi um duro golpe para a categoria, Ferrari e para os que o admiravam. Enquanto que a falta de Gilles era sentida, outro piloto, jovem e que estava no seu começo de carreira, também teve a sua vida encerrada por um acidente um mês depois: Riccardo Paletti tinha 23 anos e estava feliz naquele momento por estar realizando seu sonho de correr na Fórmula-1, quando o seu Osella chocou-se na traseira do Ferrari de Pironi na largada do GP da Canadá.

Riccardo Paletti, que nasceu em 15 de junho de 1958, teve uma juventude muito ativa na área dos esportes: aos 13 anos foi campeão italiano de karatê na categoria júnior e mais tarde, quando praticava esqui alpino, chegou a seleção juvenil italiana deste esporte. Somente aos 19 anos é que optou pela sua grande paixão: o automobilismo.

Com o apoio de seu pai, Arietto Paletti, um empresário do ramo de construção e importação de produtos da Pioneer, ele entrou para a Fórmula Ford em 1978 e teve bom desempenho naquela temporada, ao liderar 18 voltas logo na sua corrida de estréia e obter dois segundos lugares e encerrar o campeonato em terceiro na classificação. Ao final daquele ano, ele debutaria na F3 italiana com um March Toyota e em 1979 faria o campeonato inteiro sem obter grande sucesso. Ele veio a fazer uma corrida de F2 durante aquele ano, mas não a completou por problemas. O caminho rumo à F1 estava sendo trilhado de forma rápida por ele.

Com a ajuda de seu pai, que manteve contatos com equipes de F2, o nome de Riccardo chegou aos ouvidos de Robin Herd, então projetista e um dos fundadores da March. Foi ele quem recomendou Paletti a Mike Earle, então dono da equipe Onyx na F2, dizendo-lhe que o piloto italiano estava interessando em uma vaga em alguma equipe daquela categoria. Com isso, Mike, que nunca havia ouvido falar em Riccardo, aceitou conversar com o jovem piloto. Earle relembra a conversa que teve com Paletti: “Um jovem pálido e de aparência frágil, entrou em meu escritório e, para meu horror não falava uma palavra de inglês, o que era ligeiramente melhor que o meu italiano, conseguimos resolver alguns detalhes e o colocamos para competir em algumas etapas no final de 1980. Então o levamos à Monza onde Riccardo se classificou bem no grid de largada e ocupou a segunda colocação por algum tempo.”

Com o contrato acertado, Paletti tratou de fazer uma boa pré-temporada ao testar intensivamente pela equipe Onyx no inverno de 1980-81. Isso lhe rendeu bons frutos quando estreou bem em Silverstone ao marcar a décima colocação no grid e ficar em segundo ao final desta, atrás apenas de Mike Thackwell. 

Apesar de ter feito um bom início de campeonato, ficando uma parte dele em segundo, junto de Stefan Johansson e apenas três pontos atrás de Thackwell, o restante da temporada foi de azares para ele e isso resultou numa queda na tabela de pontos terminando em décimo. Ao final daquele ano Paletti decidiu que queria entrar para a F1 já em 1982, e com isso ele contava estar junto da Onyx. Mas Earle foi contra desde o início: “No final de 1981, Paletti queria ir para a F1, mas nós não estávamos prontos, não tínhamos um carro. Fui contra e disse ao seu pai: ‘Melhor fazer outro ano de F2, ganhar e então ir para a F1’. Mas Riccardo era jovem, tinha somente 22 anos.” Riccardo tinha aquele ímpeto juvenil, normal para a idade, em decidir tudo no calor da emoção e da vontade. Portanto, ele acabou por assinar um contrato com a Osella para o ano de 1982, garantindo seu lugar por cerca de 1 Milhão de dólares. O que para Riccardo seria a realização de um sonho, Earle considerou “um desastre”.

Riccardo Paletti, então com 23 anos, agora era parte da F1. Correria por uma equipe pequena, italiana como ele: a Osella estava para iniciar sua terceira temporada na categoria. Tinha certa experiência em dar primeiras oportunidades para pilotos novatos. Foi assim com Eddie Cheever, Beppe Gabbiani, Miguel-Angel Guerra, Piercarlo Ghinzani e Giorgio Francia. Paletti teria a companhia do experiente Jean Pierre Jarier na equipe, que estava na Osella desde a metade de 1981. De certa forma, uma boa referência. Apesar de sua inexperiência na categoria, Paletti era profissional. Talvez tenha sido um dos primeiros a levar um preparador físico para as corridas. Este preparador cuidava da sua alimentação, estudava toda a reação do corpo franzino do piloto italiano ao colocar pequenos sensores que monitoravam sua pressão arterial e batimentos cardíacos. Apesar de ninguém ter dado importância, inicialmente, esta seria uma prática muito comum nos anos seguintes.

Paletti foi para a África do Sul, para tentar correr o seu primeiro GP. Esta corrida ficou conhecida, principalmente, pela famosa greve que os pilotos fizeram por causa da obrigatoriedade e da alta taxa cobrada pela FISA para fazer a Super-Licença, um modo que a entidade achou para barrar a entrada de pilotos amadores na categoria e também coibir a mudança de equipe no meio de uma temporada. Riccardo acabou por falhar em sua primeira tentativa de levar o FA1C #32 para grid: ele foi quase dois segundos mais lento e ficou de fora. Jarier largou em último, mas abandonou antes de completar a primeira volta.

Em Jacarepaguá Paletti passou pela Pré-classificação, mas uma roda solta por causa de uma falha na suspensão traseira, o deixou de fora mais uma vez. O FA1C era um belo carro, mas era uma grande porcaria. Frágil, principalmente na suspensão traseira que viria a trazer grandes dores de cabeça para a dupla da Osella nas corridas seguintes.

Na terceira etapa, em Long Beach, parecia que algo estava a melhorar: Jarier conseguiu um bom acerto e colocou-se entre os dez primeiros na classificação. Um resultado surpreendente, diga-se, mas Paletti, sem conhecer um centímetro sequer daquela pista citadina, foi horrorosos três segundos e meio mais lento e não se classificou. A prova seguinte era em San Marino. Algo animador, afinal ele conhecia o traçado.

Ímola assistiu mais um capítulo deprimente da luta FISA vs FOCA, onde apenas 14 carros de equipes que apoiavam a FISA alinharam e as demais, que estavam do lado da FOCA, boicotaram o GP devido à desclassificação de Piquet e Rosberg do GP do Brasil por causa do uso de tanques d’água como lastro, que eram esvaziados no decorrer da prova. Era uma boa chance de Riccardo tentar qualificar-se para a sua primeira corrida. Isso aconteceu e por mais que Enzo Osella tenha dito que aquele feito fora “heróico” tem que ser dito, também, que Paletti conhecia bem aquele traçado de visitas anteriores quando corria nas F2 e 3 italianas. Mas a sorte não estava a seu favor e no domingo: quando se preparava para a sua primeira largada, o Osella não consegue sair do lugar e Paletti perde um bom tempo. Quando conseguiu sair, já era tarde: o pelotão já estava alinhado e partiu para prova e Riccardo atravessou a linha de chegada com uma larga desvantagem para o 13º colocado. A sua prova duraria sete voltas, quando abandonou por problemas na suspensão traseira.

A maré de azar de Riccardo continuou em Zolder, quando ele não passou na pré-classificação. Foi naquele mesmo fim de semana que Gilles Villeneuve perdeu a vida ao tentar bater o seu desafeto Pironi no final da classificação do sábado. Um final de semana para ser esquecido, em todos os sentidos.

Detroit foi uma mistura de sentimentos para Riccardo. Ele havia feito um bom treino e levara o seu carro o grid de largada. Um bom resultado, sinal que estava acertando-se, mas a falta de sorte resolveu dar as caras novamente: ao fazer o warm-up pela manhã, um grave problema na suspensão traseira fez com que Paletti perdesse uma das rodas. Voltou aos boxes, e os mecânicos trabalhavam a toda para que ele pudesse utilizar aquele carro ainda na corrida e caso não conseguisse, o reserva estava pronto. O problema é que o carro titular de Jarier acabou por ter o extintor explodido naquela sessão e ele teve que usar o reserva, que já estava acertado para ele. Os mecânicos trabalharam pesado no carro de Paletti e conseguiram, a tempo, resolver o problema. O piloto italiano já estava para entrar no carro quando Jarier apareceu com a suspensão dianteira arrebentada, devido uma pancada no muro. A Osella acabou por desalojar Paletti de seu carro, que foi entregue à Jarier para que este pudesse largar. Riccardo era a frustração em pessoa.

Já em Montreal, aquela era a primeira corrida no Canadá sem Gilles, que agora dava nome a aquela pista. Justa homenagem. Enquanto isso, Paletti estava feliz, pois havia conseguido um lugar no grid de largada e aquele final de semana parecia que tudo estava a dar certo. Mike Earle também estava em Montreal, onde seu piloto, Emilio de Villota, não havia conseguido tempo para qualificar-se. Também já rolava algumas negociações para que Paletti pudesse pilotar para ele em breve. A mãe de Riccardo, Gianna, também estava em Montreal e havia jantado com seu filho no sábado onde ele tratou de acalmá-la: Eu sei que você fica mais descansada quando não me classifico para o grid, mas também sei que quer minha felicidade”. Gianna murmurou “Quero só sua felicidade. No domingo Paletti estava relaxado. Havia feito uma brincadeira com alguém no grid e conversou com Raul Boesel minutos antes da largada. Gianna, que havia conversado rapidamente com Riccardo, estava numa área para convidados no Paddock com visão para a reta de largada. Os pilotos foram para seus carros e depois partiram para a volta de apresentação.

Os carros pararam no grid. A luz vermelha foi acesa, as rotações aumentaram e na troca para a vermelha os carros dispararam. Menos a do pole Pironi, que de imediato levantou um dos braços acenando que estava com problemas. A sua embreagem havia queimado e o Ferrari ficou estático no meio de uma manada de carros. Quem conseguiu vê-lo, saiu por todos os cantos possíveis. Raul Boesel acabou por desviar, mas um dos pneus acertou a traseira do carro de Didier. Eliseo Salazar e Jochen Mass também se envolveram na batida quando tentavam escapar, mas Paletti não teve a mesma sorte e acabou por encher a traseira do Ferrari, que se deslocou alguns metros acertando, sem nenhuma gravidade, o Theodore de Geoff Lees. 

Didier Pironi saiu do carro e foi até o Osella de Paletti, assim como Sid Watkins que chegou ao local e rapidamente desceu do carro que saiu atrás do pelotão para os primeiros socorros. Ao chegar ele e viu que os estado de Riccardo não era dos melhores: o volante estava cravado em seu peito e as pernas totalmente esmagadas. Situação crítica, que só piorou quando a gasolina que estava vazando pegou fogo no momento em que Watkins tentava retirar o capacete do piloto italiano. Foram minutos agonizantes para Paletti e para quem via toda a cena ou tentava salvá-lo. Gianna apareceu desesperada no meio de todo aquele caos, mas acabou por ser retirada de lá. Após 28 minutos, Riccardo foi retirado do carro e levado de helicóptero par o Royal Victoria Hospital. Sid Watkins, no seu livro “Viver nos Limites”, conta como era o estado do piloto italiano e o seu resgate: “Ele estava profundamente desacordado e coloquei um tubo de ventilação em sua boca. As suas pupilas estavam dilatadas. Tive consciência então de ouvir embora distante o barulho de um líquido escorrendo, que imaginei ser combustível. Nesse momento o eco de uma explosão de chama disparou no ar. Foi muito difícil tirar o rapaz de um carro que mais parecia uma sanfona. Não havia pulsação detectável no pulso.” Mike Earle, que viu tudo pela TV de um hotel, foi para o circuito, mas Paletti já não estava mais no autódromo. De imediato ele confortar a mãe de seu amigo. A corrida reiniciou, tendo como vencedor Nelson Piquet.

Paletti, que deu entrada no hospital inconsciente, morreu horas depois. Segundo boatos daquela época, o fato de ter inalado a espuma dos extintores ajudou na aceleração da sua morte, já que seu tórax tinha se afundado por causa do acidente e a respiração tornara-se muito difícil. Foi o último piloto a morrer em um fim de semana de corrida até o pavoroso final de semana de abril/maio de 1994.

Aquele cara magricela, tímido, que começou a praticar esportes para poder se aproximar das pessoas e que depois prometeu ao seu pai que, caso não conseguisse entrar na F1 poria todas as forças na empresa, faleceu dois dias antes de completar 24 anos. Mas conseguiu realizar o seu sonho de correr na Fórmula-1, sonho que foi despertado em Monza, 1976, quando seu pai o levou para ver o GP da Itália. 

Como o próprio Paletti disse certa vez que “quando estava no cockpit tudo parecia bonito, sentia-se feliz”. Riccardo morreu fazendo o que mais gostava.

*Este texto foi publicado na primeira edição da Revista Speed, que foi ao ar em julho de 2012

Foto 209: Os vencedores das 24 Horas de Le Mans – Parte 2

Apesar de ter sido uma década fantástica no âmbito das corridas, em especial as de Grand Prix, devido o envolvimento maciço das fábricas alemãs nesta competição, as “Flechas de Prata” não se aventuraram nas 24 Horas de Le Mans daquela década o que deixou caminho aberto para que italianos e franceses dominassem esta prova.
O destaque vai para a última vitória da Bentley em Le Mans – fato que aconteceria somente 73 anos depois – e para a vitórias da Alfa Romeo com o seu modelo 8C Monza e depois um domínio repartido entre os franceses da Bugatti e Delahaye - com apenas uma intervenção da britânica Lagonda, que venceu em 1935.
A prova de 1936 não foi realizada devido as greves no setor automobilístico.


1930: Woolf Barnato/ Glen Kidston – Bentley Speed Six 6.6 Litros


1931: Earl Howe/ Tim Birkin – Alfa Romeo 8C



1932: Raymond Sommer/ Luigi Chinetti – Alfa Romeo 8C


1933: Raymond Sommer/ Tazio Nuvolari – Alfa Romeo 8C


1934: Luigi Chinetti/ Phillipe Étancelin - Alfa Romeo 8C



1935: John Hindmarsh/ Luis Fontes – Lagonda Rapide


1937: Jean Pierre-Wimille/ Robert Benoist – Bugatti 57G


1938: Eugéne Chaboud/ Jean Tremoulet – Delahaye 135M


1939: Jean Pierre-Wimille/ Pierre Veyron – Bugatti 57C

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Foto 208: Os vencedores das 24 Horas de Le Mans - Parte 1

E aqui começa uma série de posts sobre todos os carros e pilotos vencedores desta mítica prova que completa neste 2013, 90 anos de existência.
Começo pela década de 20, precisamente em 1923, quando 33 carros partiram para a primeira 24 Horas de Le Mans. Os primeiros vitoriosos, após 128 voltas, foram os franceses André Lagache e René Leonard pilotando um Chenard & Walcker Sport 3 Litros.
Na mesma década, começava o domínio britânico nesta prova com a Bentley comandando as ações com seus modelos de 3, 4.4 litros e Speed Six.
1923: André Lagache/ René Léonard - Chenard & Walcker Sport 3 Litros
1924: John Duff/ Frank Clemente - Bentley Sport 3 Litros
1925: Gérard Courcelles/ André Rossingnol - Lorraine Dietrich B3-6
1926: Robert Bloch/ André Rossingnol - Lorraine Dietrich B3-6
1927: John Benjafield/ Sammy Davis - Bentley Sport 3 Litros
1928: Woolf Barnato/ Bernard Rubin - Bentley Sport 4.4 Litros
1929: Woolf Barnato/ Tim Birkrin - Bentley Speed Six 6.6 Litros



WEC: O novo Porsche LMP1 na pista

Uma continuação do lendário 962 ou uma nova nomenclatura? Não importa: o novo Porsche LMP1 já foi para a pista
(Foto: Porsche AG)
Sem saber qual nomeclatura será usada para a sua estréia no próximo ano, a Porsche apresentou e fez as primeiras voltas do seu novo LMP1 que nasceu de uma idéia plantada em 2011. E o resultado desses dois anos de gestação do novo bólido, pôde ser visto hoje na pista de testes da fábrica situada em Weissach, na Alemanha.
Timo Bernhard, um dos pilotos da fábrica ao lado de Romain Dumas, testou o carro e ficou feliz por ser o primeiro a andar com o carro em Weissach: “Estou muito orgulhoso por ter sido aquele que levou o nosso bebê a dar os primeiros passos, hoje. Já se sente que o carro é muito bom. Estou ansioso por testar o carro nas próximas semanas e meses com o meu amigo e colega Romain Dumas.”
Fritz Enziger, chefe do projeto LMP1 da marca, destacou o trabalho da equipe que vem trabalhando no bólido desde 2011: “A nossa recém-formada equipe tem trabalhado com o máximo de concentração de forma a colocar este altamente complexo carro em pista o mais rápido possível. Tal irá permitir mais algumas semanas adicionais para testes e desenvolvimento. A partir de 2014, as regras são baseadas principalmente na eficiência. Isso torna a concorrência entre engenheiros mais interessante e apresenta-nos desafios totalmente novos.”
E Matthias Müller, Presidente do Conselho Executivo da Porsche AG, também exaltou o bom trabalho dos engenheiros: “Os engenheiros foram capazes de começar de uma folha em branco o design no nosso novo LMP1, que hoje podemos ver aqui na pista de Weissach pela primeira vez. Foram capazes de aplicar muitas das nossas tecnologias no âmbito dos regulamentos que irão também beneficiar os clientes dos nossos carros de estrada no futuro. Afinal, existe um carro de corridas em cada Porsche.”
A Porsche dará continuidade ao desenvolvimento do LMP1 no decorrer do ano com Romain Dumas e Timo Bernhard e talvez, quem sabe, esteja presente nos tesets coletivos de fim de ano em Sebring.  

segunda-feira, 10 de junho de 2013

GP do Canadá - Corrida - 7ª Etapa


Vettel e o belo trófeu no pódio do GP canadense: foi brilhante durante as 70 voltas e agora tem uma
bela folga de 36 pontos sobre o segundo colocado, Fernando Alonso.
(Foto: EFE)

Após um treino classificatório realizado em condições difíceis no sábado, onde a chuva deu o ar da graça na Ilha de Notre Dame, o domingo amanheceu com sol e algumas nuvens que eram de longe ameaçadoras. Portando a corrida no circuito Gilles Villeneuve fora realizada com piso seco, mas com aquele sol a pergunta que começava a ser levantada era como seria o comportamento dos Red Bulls e Mercedes que reconhecidamente são verdadeiros monstros comedores de pneus, mas que haviam dominado as ações durante a classificação aproveitando bem o fato da chuva. Será que agüentariam o ritmo? A Ferrari e a Lotus estariam no páreo pela vitória, mesmo largando mais atrás?
As questões foram dissipadas com a largada segura e ritmo alucinante de Vettel durante as 70 voltas no circuito canadense. Lewis não teve muito que discutir com Sebastian e apenas tentou acompanhar o ritmo do alemão, mas aos poucos a imagem do Red Bull foi desaparecendo da sua visão para apenas encontrá-lo estacionado no parque fechado após a corrida e ainda com uma Ferrari entre eles: Fernando Alonso acordou da sua corrida tosca no Principado, onde estava mais dormindo no ponto do que correndo – talvez se lembrando da noitada com a russa – para realizar em Montreal uma ótima prova, travando bons duelos com Bottas, Rosberg, Webber e principalmente com Lewis, com quem teve uma disputa visceral contra o seu ex-parceiro de McLaren exatamente num local onde ele viu do que o piloto inglês era capaz há seis anos. Mas dessa vez, em lados opostos, Alonso conseguiu pressionar Hamilton e ganhar a segunda colocação quase que na marra. Um duelo limpo e emocionante por parte dos dois.
Felipe Massa fez uma boa corrida de recuperação ao escalar o pelotão com velocidade e se aproveitando bem do uso do DRS nas duas retas para chegar à casa dos pontos. Seus duelos com Sutil e Raikkonen, onde ele garantiu a oitava posição no final da prova, foram os seus grandes momentos nesta prova. Infelizmente, para Valteri Bottas, a sua corrida não foi como talvez ele e a Williams esperasse, mas o seu desempenho mágico nos treinos ao levar o problemático FW35 ao terceiro lugar é de louvar, mostrando o que este jovem finlandês pode fazer no futuro. Kimi Raikkonen não teve uma das melhores tardes este ano por causa do fraco desempenho da sua Lotus, mas ao menos conseguiu um recorde – o que para ele tanto faz, tanto fez – que foi de igualar o recorde de 24 corridas na casa dos pontos, estabelecido por Michael Schumacher entre 2002 e 2003. Vergne fez um trabalho ao andar constantemente entre os dez primeiros e mais uma vez chegar à frente do seu companheiro de Toro Rosso Daniel Ricciardo. Outro que também fez uma boa corrida foi Paul Di Resta que conseguiu se agüentar na pista por 53 voltas com os pneus médios com que havia largado, fazendo o mais longo stint do ano com estes pneus de farinha da Pirelli. Isso mostra que com um bom acerto, talvez consiga elevar a vida útil dessa borracha.
A temperatura na Ilha de Notre Dame não estava tão alta – 24° graus ambiente e 31° graus no asfalto na maior parte da corrida – e isso talvez tenha ajudado um pouco o desempenho de Red Bull e Mercedes. No caso de Vettel, é uma situação à parte, uma vez que ele não aparentou ter nenhum problema de pneus, exceto um toque em um dos muros do circuito – que não foi no famoso “Muro dos Campeões” – e uma escapada na entrada para a primeira curva. Lewis apresentou um bom ritmo, mas caiu no final da prova possibilitando a aproximação e ultrapassagem de Alonso. Webber e Rosberg também aparentaram desgaste, mas nada absurdo. Essa temperatura baixa talvez tenha influenciado no desempenho de Ferrari e Lotus, mas os italianos estiveram bem melhor com Fernando aumentando a velocidade conforme passava as voltas e Felipe travando bons duelos nas posições intermediárias, enquanto que a Lotus penava com Raikkonen pelas últimas posições pontuáveis e com Grosjean, que até fez uma boa corrida – nos mesmos moldes de Paul Di Resta – mas teve que trocar mais uma vez de pneus pero do fim da corrida. Acreditava numa prova mais acirrada devido o alto desgaste dos pneus naquela pista, que foi muito comum nos últimos anos, e que acabou sendo este o destaque para mim. A baixa temperatura do asfalto contribuiu para isso.
Vettel sai de Montreal com uma folga de 36 pontos sobre Alonso, que agora é o novo vice-líder do mundial, mas a pista de Silverstone aparenta ser mais favorável aos Ferraris por causa da curvas mais velozes. Mas o fator tempo pode jogar a favor dos rubro-taurinos e flechas de prata, uma vez que a temperatura por aquelas bandas da Inglaterra costuma ser instável.
Infelizmente a corrida canadense terminou de modo trágico com a morte de um fiscal de pista, que trabalhava no resgate do carro de Sebastian Gutierrez. Mark Robinson foi atropelado, quando estava ajudando no equilíbrio do carro quando tropeçou e caiu, pelo guincho que levava o Sauber. Ele foi atendido e levado para o hospital, onde acabou por morrer horas depois. Mark era um fiscal experiente, com dez anos de trabalho naquela função. Tinha 38 anos. 

Resultado Final 
Grande Prêmio do Canadá - Circuito Gilles Villeneuve  
Montreal - 70 Voltas 
7ª Etapa - 9/6/2013


1 - Sebastian Vettel (ALE/RBR) - 1h32m09s143
2 - Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - 1m26s504 - a 14s408
3 - Lewis Hamilton (ING/Mercedes) - a 15s942
4 - Mark Webber (AUS/RBR) - 1m26s208  - a 25s731
5 - Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - 1m26s008 - a 1m09s725
6 - Jean-Eric Vergne (FRA/STR) - 1m26s543 - a 1 volta
7 - Paul di Resta (ESC/Force India) - a 1 volta
8 - Felipe Massa (BRA/Ferrari) - 1m30s354 - a 1 volta
9 - Kimi Raikkonen (FIN/Lotus) - a 1 volta
10 - Adrian Sutil (ALE/Force India) - a 1 volta
11 - Sergio Pérez (MEX/McLaren) - a 1 volta
12 - Jenson Button (ING/McLaren) - a 1 volta
13 - Romain Grosjean (FRA/Lotus) - a 1 volta
14 - Valtteri Bottas (FIN/Williams) - a 1 volta
15 - Daniel Ricciardo (AUS/STR) - a 2 voltas
16 - Pastor Maldonado (VEN/Williams) - a 2 voltas
17 - Jules Bianchi (FRA/Marussia) - a 2 voltas
18 - Charles Pic (FRA/Caterham) - a 2 voltas
19 - Max Chilton (ING/Marussia) - a 3 voltas
20 - Esteban Gutiérrez (MEX/Sauber) - a 7 voltas
 
Melhor volta: Mark Webber (RBR) - 1m16s182 - na volta 69
 
Não completaram:
Nico Hulkenberg (ALE/Sauber) - na volta 46
Giedo van der Garde (HOL/Caterham) - na volta 44

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Foto 207: Caçada

(Foto: Rainer Schlegelmilch)
Talvez o maior duelo da história das 24 Horas de Le Mans onde Jacky Ickx, com o seu Ford GT40 #6 (que dividiu com Jackie Oliver) perseguiu de forma alucinada o Porsche 908 #64 de Hans Hermann (que teve como parceiro Gerard Larousse) nas últimas horas da prova para travar uma batalha épica pela primeira posição, com os pilotos a trocarem de posição constantemente.
Ickx conseguiu superar Hermann, que vinha com problemas nos freios, faltando 5 Km para receberem a quadriculada. Jacky venceu por míseros 120 metros de vantagem sobre Hans.
E pensar que o piloto belga quase morreu na semana da corrida, quando seu Porsche 911 de passeio bateu em um poste ficando totalmente destruído. Ickx saiu ileso.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...