Parte 1: Le Génie Nelson Piquet
Prost e Arnoux se revezam e
Piquet cai na tabela
O GP do Canadá não apenas marcou o fim da
aventura da F1 pela América naquela temporada, como também encerrou a primeira
parte do campeonato. Duas novidades para a pista canadiana: além de ter mudado
o nome do circuito para Gilles Villeneuve, Jacques Villeneuve, irmão de Gilles,
tentaria se classificar para aquela corrida a bordo do March da equipe RAM.
Infelizmente o irmão de Gilles não conseguira a classificação, repetindo o
feito de 1982...
René Arnoux mais uma vez pôs a Ferrari na
ponta do grid, mostrando o quanto que o carro italiano estava forte naquela
ocasião. Prost saiu em segundo com Piquet, Tambay, Patrese e Cheever fechando
os seis primeiros. A corrida foi de domínio amplo de René Arnoux que só perdeu
a liderança do GP durante a parada de box. Nelson Piquet estava numa boa
terceira colocação – estava logo a frente de Prost – e poderia pensar num pódio
naquela corrida se não fosse o cabo do acelerador quebrado, forçando o seu
abandono na volta 16. Patrese era outro que estava formidável na corrida: uma
vez pulando de sexto para segundo na largada, o italiano ensaiou uma reação
contra a liderança de Arnoux até que o câmbio do Brabham passou a ter
problemas, forçando assim o seu abandono na volta 57. Alain Prost fez uma prova
discreta, apesar de ter ficado na casa dos pontos por toda a corrida até que
Keke Rosberg – em mais uma bela corrida – o passou na disputa pelo quarto
lugar. René Arnoux acabou por vencer a prova, seguido por Cheever – que chegou
42 segundos depois – Tambay, Rosberg, Prost e Watson. Alain Prost aumentou em
mais dois pontos a sua vantagem para Piquet (30x27) e o piloto brasileiro tinha
naquele momento a compania de Tambay, que também somava 27 pontos; Keke Rosberg
era p quarto com 25; René Arnoux subira para quinto com 17 pontos e Watson o
sexto, com 16.
Silverstone recebeu a F1 após um mês de
recesso da categoria, e algumas equipes levaram evoluções de seus modelos para
a disputa do GP da Grã Bretanha: A Brabham – rebatizando o BT52 como versão B -
apresentou melhorias na aerodinâmica, suspensão, um novo bocal para o
reabastecimento e de “bônus” a BMW conseguiu mais alguns cavalos para o seu excepcional
motor Turbo de 4 cilindros. Indo na mesma toada que a rival, a Ferrari também
lançou a evolução do 126C2 que agora seria conhecido como 126C3, com uma
aerodinâmica e suspensão mais aperfeiçoada e também a distribuição de peso que
ficou mais uniforme. A Lotus contratou Gérard Ducarouge – que estava na Alfa
Romeo – e este conseguiu construir um carro em tempo recorde para substituir o
problemático 93T: o 94T, agora com motor Renault Turbo
também para Nigel
Mansell, passou a render bons frutos para De Angelis e Mansell. A Honda acabou
por ser a grande novidade da corrida – e do ano: voltando após 15 anos de
ausência, a fábrica do senhor Soichiro Honda colocava uma unidade V6 Turbo para
empurrar o chassi 201 da Spirit, equipe oriunda da Fórmula 2. Stefan Johansson,
assim como na estréia extra-oficial da equipe na Corrida dos Campeões, foi o
piloto escolhido para conduzir o bólido.
A volta da Honda, com a equipe Spirit e Johansson ao volante |
A Ferrari continuou a dar as cartas nas
classificações e René Arnoux fez a sua terceira pole consecutiva, agora tendo
Tambay ao seu lado na primeira fila. Prost ficou em terceiro e De Angelis,
mostrando a ótima evolução do novo Lotus 94T, fechou em quarto com Patrese e
Piquet completando os seis primeiros. A corrida foi uma luta intensa pela
liderança, em especial entre Prost, Tambay e Arnoux, mas Piquet conseguiu
quebrar essa trinca francesa após a sua parada de box na volta 42 quando
conseguiu voltar a frente de Patrick. Arnoux sofreu com o desgaste dos pneus e
um possível pódio acabou virando um quinto lugar. De se destacar a grande prova
de Nigel Mansell que enfim tinha em mãos um bom carro. Saindo de 18º, subiu o
pelotão aos poucos até conseguir um excelente quarto lugar. Niki Lauda também
fez ótima corrida e voltou a pontuar com o sexto lugar, fato que não acontecia
desde o GP de Long Beach quando terminou em segundo. Com mais uma vitória de
Prost, o piloto francês chegou aos 39 pontos, seis a mais que Piquet e oito que
Tambay; em quarto se manteve Rosberg com 25; Arnoux subiu para 19 na quinta
posição e Watson continuou com os seus 16 pontos na sexta posição.(Foto: Sutton-Images) |
O GP da Alemanha, disputado no veloz
Hockenheim, comprovou mais uma vez a ótima fase que a Ferrari passava naquele
estágio da temporada: Patrick deu a quarta pole-position consecutiva para a
“Rossa” e Arnoux fechou a dobradinha com a segunda posição. De Cesaris,
apresentando uma boa pilotagem, repetiu a terceira posição conseguida em Spa e
teve ao seu lado Nelson Piquet. Prost e Cheever fecharam a terceira fila para a
Renault. Apesar de uma boa largada, a liderança de Tambay não passou da segunda
volta quando este foi superado por René. Mas a corrida terminaria cedo para
Patrick, já que o motor do seu Ferrari estourou na 9ª volta. Desse modo Piquet
assumia a segunda colocação e mais tarde subiria para a ponta da corrida após a
entrada de Arnoux para o seu pit-stop. Nelson liderou até a 31ª volta, quando
também fez a sua parada voltando em segundo. A segunda posição parecia
garantida quando o motor BMW estourou – com incêndio logo em seguida – forçando
o seu abandono. Este resultado, caso acontecesse, deixaria o piloto brasileiro
há um ponto de atraso para Prost que conseguia apenas o sexto lugar após
enfrentar uma queda de rendimento do seu Renault. A sorte sorriu ao francês
narigudo, porque além da quebra de Piquet, Cheever também enfrentou problemas
vindo a abandonar e sendo assim ele subiu para quarto. Arnoux confirmou a
vitória seguido por De Cesaris, Patrese – que conseguia, enfim, os seus
primeiros pontos naquele ano – Prost, Watson e Laffite. Lauda seria o quinto, mas
devido uma ajuda externa após uma rodada, o piloto austríaco foi
desclassificado. Prost aumentou a vantagem para Piquet em nove pontos (42x33);
Tambay seguiu em terceiro com 31; Arnoux passou Rosberg na pontuação somando
três pontos mais que o atual campeão mundial (28x25) e Watson chegara aos 18 na
sexta posição.
Dando sequência as pistas de alta
velocidade a F1 se deslocou para o majestoso Zeltweg para a realização do GP da
Áustria, 11ª etapa. Já estava ficando fácil saber que a pole ficaria com a
Ferrari devido a sua ótima velocidade neste treino oficial e coube à Tambay a
honra de dar à equipe de Enzo Ferrari a marca histórica de 100 pole-positions e
para a festa ficar completa, Arnoux se colocou em segundo. Nigel Mansell
conseguiu uma bela terceira posição e teve ao seu lado na segunda fila, Nelson
Piquet. Prost e Patrese fecharam a terceira fila. Tambay conseguiu se manter na
frente de Arnoux e ao contrário do que acontecera na Alemanha, Patrick soube
segurar o ímpeto do seu companheiro. Mansell despencou para quinto e ainda
perderia a posição para Patrese. Piquet e Prost apareciam em 3º e 4º
respectivamente. Tambay, que já havia feito a sua parada de box na 22ª volta,
acabou por abandonar na volta 30 quando a pressão do óleo caiu. Nelson Piquet é
quem aparecia com grande chance de vitória, afinal ele havia herdado a
liderança na 28ª volta e quando fez a sua parada, ele conseguira voltar ainda
frente de Arnoux. Um belo trabalho de Piquet e Brabham que teria dado resultado
caso o motor BMW não apresentasse mais uma vez problemas, o que fez o
rendimento cair drasticamente e dessa forma ele virou presa fácil para Arnoux e
pouco depois para Prost. A luta ficou restrita ao dois franceses e quem levou a
melhor foi Prost, que conseguiu a ultrapassagem a 48ª volta e garantiu a sua
quarta vitória no mundial. Arnoux, Piquet, Cheever, Mansell – que ainda salvou
dois pontos após sofrer com o baixo rendimento dos pneus Pirelli – e Lauda
fecharam os seis primeiros. Prost ampliava naquele momento a diferença para
Nelson em 14 pontos (51x37); Arnoux continuava a sua escalada na tabela de
pontos e agora era terceiro, com 34 pontos; Tambay o quarto com 31; Rosberg o
quinto com 25 e Watson em sexto com 18.
(Foto: Sutton-Images) |
A Brabham, visando reverter o jogo contra o
domínio de Renault e Ferrari naquele campeonato, levou para a Holanda melhorias
que foram logo percebidas na classificação quando Piquet quebrou a sequência de
cinco poles consecutivas da Ferrari. Mesmo na pole, o brasileiro ainda teve
Tambay na primeira fila; Elio De Angelis marcou o terceiro tempo com Prost em
quarto, Mansell em quinto – mostrando a crescente melhora da Lotus – e Patrese
em sexto. Arnoux, que vinha sendo um dos mais velozes nas classificações,
aparecia somente em décimo. A largada perfeita de Piquet lhe deu a chance de
continuar na ponta após a Tarzan, ao contrário de Tambay que fez uma péssima
largada e virou a primeira curva em 21º... um início desastroso para a Ferrari.
Talvez o único consolo para o time italiano foi a largada de Arnoux que
proporcionou a ele a chance de subir para sétimo. Prost ainda teve um trabalho
com Cheever, que largara bem pulando de oitavo para segundo, mas que foi
resolvido logo na segunda passagem.
O duelo entre Piquet e Prost, que mais
parecia uma caça do gato ao rato, era o ponto alto da corrida, mas tinha outros
dois atrativos naquele GP holandês que interessavam a todos também: as duas
Ferraris vinham em franca recuperação, com René alcançando o terceiro posto e
Tambay o oitavo lugar, mais uma vez mostrando o quanto que aquele 126C3 era
bom. Os dois ponteiros ainda não haviam parado para os seus respectivos
pit-stops, mas isso acabou nem acontecendo: Prost, na ânsia de tentar assumir a
ponta, acabou arriscando uma ultrapassagem quando viu uma fresta se abrir
quando Piquet começa a contornar a Tarzan. O problema é que Alain deixou para
frear muito dentro da curva e as rodas bloquearam, fazendo com que o seu
Renault deslizasse e acertasse o Brabham de Piquet que foi de encontro à
barreira de pneus. Fim de prova para Nelson e Prost continuou, para abandonar
depois de algumas voltas. René Arnoux ganhou a liderança de presente, que ele
acabou conservando até o final. Tambay conquistou um brilhante segundo lugar
após a sua desastrosa largada; Watson foi terceiro com a McLaren Cosworth, já que
a equipe estreara naquele GP o TAG Porsche Turbo que foi utilizado apenas por
Lauda que abandonou por causa da quebra deste. Derek Warwick foi o outro nome
da prova, levando a Toleman a ganhar os primeiros pontos na temporada - e dele
também – ao ficar em quarto; Mauro Baldi e Michele Alboreto fecharam o pódio.
Alain Prost manteve a liderança com os seus 51 pontos, mas agora tinha René
Arnoux em segundo com 43, Tambay alcançou Piquet e empatou com ele em 37
pontos; e Rosberg via agora a sua quinta posição ser ameaçada por Watson, que
chegara aos 22 pontos contra 25 do finlandês.
Estas cinco corridas de domínio amplo de
Prost e Arnoux, onde eles se revezaram nas vitórias, acabou por ser infrutífero
para Piquet. Neste período Prost conquistou 23 pontos; Arnoux foi quem mais
conseguiu pontos ao ganhar 35 e Tambay, que mesmo não ganhando nenhuma corrida,
conseguiu somar 14 pontos. Piquet teve uma maré de azares que o fez conquistar
apenas 10 pontos. Para os franceses, era só uma questão de tempo para festejar
a primeira conquista de um piloto do seu país na F1, mas as três últimas
corridas reservavam algo a mais para aquela reta final de campeonato.
Parte Final: Le Génie Nelson Piquet
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