segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Le génie Nelson Piquet - Parte 2

Parte 1: Le Génie Nelson Piquet


Prost e Arnoux se revezam e Piquet cai na tabela

O GP do Canadá não apenas marcou o fim da aventura da F1 pela América naquela temporada, como também encerrou a primeira parte do campeonato. Duas novidades para a pista canadiana: além de ter mudado o nome do circuito para Gilles Villeneuve, Jacques Villeneuve, irmão de Gilles, tentaria se classificar para aquela corrida a bordo do March da equipe RAM. Infelizmente o irmão de Gilles não conseguira a classificação, repetindo o feito de 1982...
René Arnoux mais uma vez pôs a Ferrari na ponta do grid, mostrando o quanto que o carro italiano estava forte naquela ocasião. Prost saiu em segundo com Piquet, Tambay, Patrese e Cheever fechando os seis primeiros. A corrida foi de domínio amplo de René Arnoux que só perdeu a liderança do GP durante a parada de box. Nelson Piquet estava numa boa terceira colocação – estava logo a frente de Prost – e poderia pensar num pódio naquela corrida se não fosse o cabo do acelerador quebrado, forçando o seu abandono na volta 16. Patrese era outro que estava formidável na corrida: uma vez pulando de sexto para segundo na largada, o italiano ensaiou uma reação contra a liderança de Arnoux até que o câmbio do Brabham passou a ter problemas, forçando assim o seu abandono na volta 57. Alain Prost fez uma prova discreta, apesar de ter ficado na casa dos pontos por toda a corrida até que Keke Rosberg – em mais uma bela corrida – o passou na disputa pelo quarto lugar. René Arnoux acabou por vencer a prova, seguido por Cheever – que chegou 42 segundos depois – Tambay, Rosberg, Prost e Watson. Alain Prost aumentou em mais dois pontos a sua vantagem para Piquet (30x27) e o piloto brasileiro tinha naquele momento a compania de Tambay, que também somava 27 pontos; Keke Rosberg era p quarto com 25; René Arnoux subira para quinto com 17 pontos e Watson o sexto, com 16.

Silverstone recebeu a F1 após um mês de recesso da categoria, e algumas equipes levaram evoluções de seus modelos para a disputa do GP da Grã Bretanha: A Brabham – rebatizando o BT52 como versão B - apresentou melhorias na aerodinâmica, suspensão, um novo bocal para o reabastecimento e de “bônus” a BMW conseguiu mais alguns cavalos para o seu excepcional motor Turbo de 4 cilindros. Indo na mesma toada que a rival, a Ferrari também lançou a evolução do 126C2 que agora seria conhecido como 126C3, com uma aerodinâmica e suspensão mais aperfeiçoada e também a distribuição de peso que ficou mais uniforme. A Lotus contratou Gérard Ducarouge – que estava na Alfa Romeo – e este conseguiu construir um carro em tempo recorde para substituir o problemático 93T: o 94T, agora com motor Renault Turbo
A volta da Honda, com a equipe Spirit e Johansson ao volante
também para Nigel Mansell, passou a render bons frutos para De Angelis e Mansell. A Honda acabou por ser a grande novidade da corrida – e do ano: voltando após 15 anos de ausência, a fábrica do senhor Soichiro Honda colocava uma unidade V6 Turbo para empurrar o chassi 201 da Spirit, equipe oriunda da Fórmula 2. Stefan Johansson, assim como na estréia extra-oficial da equipe na Corrida dos Campeões, foi o piloto escolhido para conduzir o bólido.
A Ferrari continuou a dar as cartas nas classificações e René Arnoux fez a sua terceira pole consecutiva, agora tendo Tambay ao seu lado na primeira fila. Prost ficou em terceiro e De Angelis, mostrando a ótima evolução do novo Lotus 94T, fechou em quarto com Patrese e Piquet completando os seis primeiros. A corrida foi uma luta intensa pela liderança, em especial entre Prost, Tambay e Arnoux, mas Piquet conseguiu
quebrar essa trinca francesa após a sua parada de box na volta 42 quando conseguiu voltar a frente de Patrick. Arnoux sofreu com o desgaste dos pneus e um possível pódio acabou virando um quinto lugar. De se destacar a grande prova de Nigel Mansell que enfim tinha em mãos um bom carro. Saindo de 18º, subiu o pelotão aos poucos até conseguir um excelente quarto lugar. Niki Lauda também fez ótima corrida e voltou a pontuar com o sexto lugar, fato que não acontecia desde o GP de Long Beach quando terminou em segundo. Com mais uma vitória de Prost, o piloto francês chegou aos 39 pontos, seis a mais que Piquet e oito que Tambay; em quarto se manteve Rosberg com 25; Arnoux subiu para 19 na quinta posição e Watson continuou com os seus 16 pontos na sexta posição.
(Foto: Sutton-Images)
O GP da Alemanha, disputado no veloz Hockenheim, comprovou mais uma vez a ótima fase que a Ferrari passava naquele estágio da temporada: Patrick deu a quarta pole-position consecutiva para a “Rossa” e Arnoux fechou a dobradinha com a segunda posição. De Cesaris, apresentando uma boa pilotagem, repetiu a terceira posição conseguida em Spa e teve ao seu lado Nelson Piquet. Prost e Cheever fecharam a terceira fila para a Renault. Apesar de uma boa largada, a liderança de Tambay não passou da segunda volta quando este foi superado por René. Mas a corrida terminaria cedo para Patrick, já que o motor do seu Ferrari estourou na 9ª volta. Desse modo Piquet assumia a segunda colocação e mais tarde subiria para a ponta da corrida após a entrada de Arnoux para o seu pit-stop. Nelson liderou até a 31ª volta, quando também fez a sua parada voltando em segundo. A segunda posição parecia garantida quando o motor BMW estourou – com incêndio logo em seguida – forçando o seu abandono. Este resultado, caso acontecesse, deixaria o piloto brasileiro há um ponto de atraso para Prost que conseguia apenas o sexto lugar após enfrentar uma queda de rendimento do seu Renault. A sorte sorriu ao francês narigudo, porque além da quebra de Piquet, Cheever também enfrentou problemas vindo a abandonar e sendo assim ele subiu para quarto. Arnoux confirmou a vitória seguido por De Cesaris, Patrese – que conseguia, enfim, os seus primeiros pontos naquele ano – Prost, Watson e Laffite. Lauda seria o quinto, mas devido uma ajuda externa após uma rodada, o piloto austríaco foi desclassificado. Prost aumentou a vantagem para Piquet em nove pontos (42x33); Tambay seguiu em terceiro com 31; Arnoux passou Rosberg na pontuação somando três pontos mais que o atual campeão mundial (28x25) e Watson chegara aos 18 na sexta posição.
Dando sequência as pistas de alta velocidade a F1 se deslocou para o majestoso Zeltweg para a realização do GP da Áustria, 11ª etapa. Já estava ficando fácil saber que a pole ficaria com a Ferrari devido a sua ótima velocidade neste treino oficial e coube à Tambay a honra de dar à equipe de Enzo Ferrari a marca histórica de 100 pole-positions e para a festa ficar completa, Arnoux se colocou em segundo. Nigel Mansell conseguiu uma bela terceira posição e teve ao seu lado na segunda fila, Nelson Piquet. Prost e Patrese fecharam a terceira fila. Tambay conseguiu se manter na frente de Arnoux e ao contrário do que acontecera na Alemanha, Patrick soube segurar o ímpeto do seu companheiro. Mansell despencou para quinto e ainda perderia a posição para Patrese. Piquet e Prost apareciam em 3º e 4º respectivamente. Tambay, que já havia feito a sua parada de box na 22ª volta, acabou por abandonar na volta 30 quando a pressão do óleo caiu. Nelson Piquet é quem aparecia com grande chance de vitória, afinal ele havia herdado a liderança na 28ª volta e quando fez a sua parada, ele conseguira voltar ainda frente de Arnoux. Um belo trabalho de Piquet e Brabham que teria dado resultado caso o motor BMW não apresentasse mais uma vez problemas, o que fez o rendimento cair drasticamente e dessa forma ele virou presa fácil para Arnoux e pouco depois para Prost. A luta ficou restrita ao dois franceses e quem levou a melhor foi Prost, que conseguiu a ultrapassagem a 48ª volta e garantiu a sua quarta vitória no mundial. Arnoux, Piquet, Cheever, Mansell – que ainda salvou dois pontos após sofrer com o baixo rendimento dos pneus Pirelli – e Lauda fecharam os seis primeiros. Prost ampliava naquele momento a diferença para Nelson em 14 pontos (51x37); Arnoux continuava a sua escalada na tabela de pontos e agora era terceiro, com 34 pontos; Tambay o quarto com 31; Rosberg o quinto com 25 e Watson em sexto com 18.
(Foto: Sutton-Images)
A Brabham, visando reverter o jogo contra o domínio de Renault e Ferrari naquele campeonato, levou para a Holanda melhorias que foram logo percebidas na classificação quando Piquet quebrou a sequência de cinco poles consecutivas da Ferrari. Mesmo na pole, o brasileiro ainda teve Tambay na primeira fila; Elio De Angelis marcou o terceiro tempo com Prost em quarto, Mansell em quinto – mostrando a crescente melhora da Lotus – e Patrese em sexto. Arnoux, que vinha sendo um dos mais velozes nas classificações, aparecia somente em décimo. A largada perfeita de Piquet lhe deu a chance de continuar na ponta após a Tarzan, ao contrário de Tambay que fez uma péssima largada e virou a primeira curva em 21º... um início desastroso para a Ferrari. Talvez o único consolo para o time italiano foi a largada de Arnoux que proporcionou a ele a chance de subir para sétimo. Prost ainda teve um trabalho com Cheever, que largara bem pulando de oitavo para segundo, mas que foi resolvido logo na segunda passagem.
O duelo entre Piquet e Prost, que mais parecia uma caça do gato ao rato, era o ponto alto da corrida, mas tinha outros dois atrativos naquele GP holandês que interessavam a todos também: as duas Ferraris vinham em franca recuperação, com René alcançando o terceiro posto e Tambay o oitavo lugar, mais uma vez mostrando o quanto que aquele 126C3 era bom. Os dois ponteiros ainda não haviam parado para os seus respectivos pit-stops, mas isso acabou nem acontecendo: Prost, na ânsia de tentar assumir a ponta, acabou arriscando uma ultrapassagem quando viu uma fresta se abrir quando Piquet começa a contornar a Tarzan. O problema é que Alain deixou para frear muito dentro da curva e as rodas bloquearam, fazendo com que o seu Renault deslizasse e acertasse o Brabham de Piquet que foi de encontro à barreira de pneus. Fim de prova para Nelson e Prost continuou, para abandonar depois de algumas voltas. René Arnoux ganhou a liderança de presente, que ele acabou conservando até o final. Tambay conquistou um brilhante segundo lugar após a sua desastrosa largada; Watson foi terceiro com a McLaren Cosworth, já que a equipe estreara naquele GP o TAG Porsche Turbo que foi utilizado apenas por Lauda que abandonou por causa da quebra deste. Derek Warwick foi o outro nome da prova, levando a Toleman a ganhar os primeiros pontos na temporada - e dele também – ao ficar em quarto; Mauro Baldi e Michele Alboreto fecharam o pódio. Alain Prost manteve a liderança com os seus 51 pontos, mas agora tinha René Arnoux em segundo com 43, Tambay alcançou Piquet e empatou com ele em 37 pontos; e Rosberg via agora a sua quinta posição ser ameaçada por Watson, que chegara aos 22 pontos contra 25 do finlandês.
Estas cinco corridas de domínio amplo de Prost e Arnoux, onde eles se revezaram nas vitórias, acabou por ser infrutífero para Piquet. Neste período Prost conquistou 23 pontos; Arnoux foi quem mais conseguiu pontos ao ganhar 35 e Tambay, que mesmo não ganhando nenhuma corrida, conseguiu somar 14 pontos. Piquet teve uma maré de azares que o fez conquistar apenas 10 pontos. Para os franceses, era só uma questão de tempo para festejar a primeira conquista de um piloto do seu país na F1, mas as três últimas corridas reservavam algo a mais para aquela reta final de campeonato.

Parte Final: Le Génie Nelson Piquet

Vídeo: Fittipaldi F5A em Zolder, 2013

Muito bom ver o velho Fittipaldi F5A andando forte - se bem que em testes - na pista de Zolder, na Bélgica. O que me chama a atenção é que por lá os carros andam todos juntos. Fórmulas, Turismo, Protótipos... uma salada bem doida que deve dar um trabalho puxado para os bandeirinhas e resgate.
Mas o vídeo é ótimo. Divirtam-se!

GP do Japão - Corrida - 15ª Etapa

Sim, e mais uma corrida você estará junto de Alain Prost no quadro dos tetra-campeões da F1
(Foto: Getty Images)
Gosto do circuito de Suzuka, mas às vezes eu comparo o belo traçado feito por John Hulgenholz a uma bela mulher: linda, deslumbrante, mas que você sai com ela acaba percebendo que não tem nada de especial, apesar da beleza. Suzuka é desafiadora e isso pode ser visto em inúmeras on-boards espalhadas pelo Youtube, mas ela peca em proporcionar corridas memoráveis pelo fato de não haver bons pontos de ultrapassagem. Ok, a FIA inventou a idéia do KERS e asa-móvel, mas mesmo assim, principalmente nos últimos anos, elas nos proporcionou corridas bem entendiantes. Ah... claro, a prova de 2005 é um caso à parte...
Bem, mas ontem as coisas foram diferentes por lá e fiquei muito satisfeito com o que vi: bons duelos e um suspense - combinado com estratégias - nos deu uma corrida bem animada naquele circuito. Foi bom ver Grosjean pilotando o corretinho, sem fazer nenhuma burrada e a sua largada foi genial e isso acabou dando o interesse a uma prova que parecia fadada a ser outro passeio de Sebastian Vettel. Aliás, este ontem fez um primeiro stint sofrível quando precisou poupar pneus. Achei ele um tanto nervoso na pilotagem, bloqueando as rodas principalmente brigando com o carro em alguma situação da prova, quando estava entrando na reta dos boxes. Com o ok da equipe para poder acelerar a vontade após o seu último pit-stop, Vettel conseguiu exibir a sua velha forma de sempre ao ultrapassar rapidamente Grosjean e esperar apenas a terceira parada de Webber e assumir a ponta, para vencer a sua oitava corrida no ano, a quarta consecutiva. Já o Mark, apresentou uma boa pilotagem - coisa que não fazia há tempos - e  por pouco não venceu o GP se não tivesse que realizar a sua terceira parada. Acabou por dar um vacilo enorme ao não arriscar e tentar completar a corrida com aqueles pneus, já que ele tinha 14 segundos de vantagem sobre Vettel faltando 11 voltas para o fim. Perderia até um segundo por volta e ainda teria uma folguinha no final do GP...
De se destacar, mais uma vez, a performance de Hulkenberg que foi uma pedreira das brabas para Alonso e Raikkonen que tiveram que passar pelo alemão da Sauber na "marra". Gutierrez também fez boa corrida e conseguiu seus primeiros pontos na temporada, e isso mostra que o carro da Sauber se acertou após as mudanças de pneus introduzidas no GP húngaro. Para a Ferrari restou apenas a quarta colocação de Alonso e o décimo de Massa, que poderia ter chegado mais à frente caso não tivesse tomado um Drive & Throught que o jogou para o pelotão intermediário.
Foi uma boa corrida, como eu disse. E por isso fiquei satisfeito em acordar no meio da madrugada e constatar que Vettel também sabe jogar o jogo quando não está a seu favor, o que corrobora toda aquela história de que só sabe ganhar quando parte da pole. Não é à toa que está próximo do seu quarto título mundial.

sábado, 12 de outubro de 2013

Le génie Nelson Piquet - Parte 1



(Foto: autosauer.blogspot.com)

Após uma temporada conturbada como foi a de 1982, onde o noticiário mais corrente era sobre a batalha da FISA contra a FOCA pelo comando da categoria e também pelos dois acidentes fatais que aconteceram naquele ano – Gilles Villeneuve e Ricardo Paletti -, a Fórmula-1 dava início ao seu 34ª Campeonato Mundial de Pilotos em 1983.
Mas apesar de ter sido traumático devido a todos estes acontecimentos, o ano de 1982 não foi de todo mal: dentro da pista, onde era o que importava, a competição esteve em seu mais alto nível com 11 pilotos dividindo as vitórias nos 16 GPs disputados daquele ano, sete pilotos marcando poles e 10 conquistando melhores voltas nas corridas. O resultado final foi uma disputa acirrada entre Keke Rosberg, Didier Pironi, John Watson e Alain Prost pelo título, mas apenas Pironi, que até a altura do GP da Suíça ainda ostentava a liderança do campeonato, é que não podia fazer mais nada para defender a sua colocação já que estava de fora do campeonato desde o seu acidente que quase lhe custou as pernas em Hockenheim. Coube a Keke Rosberg a conquista do campeonato com cinco pontos de vantagem sobre Didier e Watson que fecharam na segunda posição empatados com 39 pontos. Um prêmio e tanto para Keke, que até um ano antes mal conseguia colocar o carro da Fittipaldi nos grids de largada em 1981 e que agora desfrutava de um inédito título mundial para o automobilismo finlandês.
Do lado técnico a FISA continuava a sua cruzada contra o efeito-solo – que foi o estopim da batalha contra a FOCA. Um ano antes, em 1981, ela já havia limitado o uso deste artifício quando proibiu o uso das mini-saias móveis. Isso levou as equipes em 1982 a usarem a mini-saias fixas com uma altura de seis centímetros com relação ao asfalto, mas para obter um melhor uso do efeito-solo as equipes endureceram as suspensões para conseguir máximo de pressão do carro-asa. De certa forma o resultado era dos melhores com os carros a continuarem “pregados” no asfalto mesmo quando estavam curvando, mas o efeito colateral desse atalho criado pelos teams era que qualquer saliência no piso resultaria em possíveis decolagens. A morte de Villeneuve em Zolder foi a gota d’água que a FISA precisava para que o dispositivo fosse proibido de vez.
Apesar do eterno “disse que disse” sobre a proibição do efeito-solo, nada foi dito e as equipes trabalharam normalmente em seus carros desenvolvendo essa tecnologia quando a FISA soltou o comunicado proibindo o uso desta para a temporada de 1983. Isso não apenas pegou todas as equipes de calça na mão, como também foi um balde de água gelada nas costas dos times que usavam motores Ford Cosworth. O efeito-solo foi um grande aliado para essas equipes que dispunham dos Cosworth no duelo direto contra o crescente desempenho dos Turbos que aos poucos iam conquistando o seu espaço. Apenas em circuitos onde a altitude era bem maior – caso de Interlagos e Osterreichring- é que os motores aspirados não tinham grande chance contra os Turbos, mas nos outros o desempenho se equiparava. Sem efeito-solo os carros de motores aspirados teriam uma perda considerável de performance e os motores Turbos eram caros à beça. Ou seja: o jeito era se virar como podia em 1983 com os Cosworth e já começar a tecer contatos com as grandes fabricantes que possuíam os Turbos – como foi o caso da McLaren com a Porsche – em parceria com a TAG (Téchniques d’Avant-Garde); a Lotus com Renault e a Williams com a Honda.
Quinze equipes deram início ao campeonato e todas com novidades: a Williams manteve o campeão reinante Keke Rosberg e trouxe um velho conhecido para fazer dupla com o finlandês: Jacques Laffite retornava a equipe que lhe deu a chance de estrear na F1 nove anos antes no GP da Áustria de 1974. A equipe ainda contava com a evolução do FW08C que ainda utilizaria por boa parte do mundial os motores Cosworth até que estreasse o novo FW09 com o Honda Turbo; a Brabham confiou a Gordon Murray a construção do BT52 que foi feito em apenas três meses. Um esforço hercúleo comparado apenas ao da Mercedes nos anos 30 quando esta fez o lendário W165 para competir em Trípoli, uma vez que carros mais potentes tinham sido proibidos para aquela prova. Voltando para a Brabham, Bernie Ecclestone, que era avesso aos motores turbo, acabou tendo que render-se a nova tecnologia e acabou por designar a Hans Joachim Stuck o desenvolvimento do motor BMW Turbo durante 1982. Esta usina, segundo fontes da época, chegava a debitar mais 1.400cv de potência em sua versão de classificação. Uma jóia que se fundiu a obra prima de Gordon Murray e tornou-se uma das máquinas mais impressionantes da sua época. Nelson Piquet - sedento por retomar o seu título mundial - e Ricardo Patrese, ficaram a cargo de levar o BT52 às vitórias. Na Tyrrell o 011 teve a sua versão B com os motores Cosworth, mas Ken Tyrrell manteve Michelle Alboreto na equipe e Danny Sullivan – estreando na F1 - passou a ser o seu companheiro.
A exemplo da Williams, a McLaren continuaria com os Cosworth até certa parte do mundial para depois partir para os TAG Porsche que chegariam na metade da temporada. A genialidade de John Barnard foi buscar na aeronáutica espacial a tecnologia da fibra de carbono e construiu o monocoque com este material. O MP4-1 causou certo espanto quando foi apresentado, mas o seu conceito de construção acabaria por ser copiado por todos. Niki Lauda e John Watson continuavam na equipe. Seguindo a mesma linha de Williams e McLaren, a Lotus – agora órfã de seu criador Colin Chapman, que morrera (?) no final de 1982 devido uma ataque cardíaco – continuaria com a Cosworth até certa altura e depois seguiria com os Renaults. Comandados por Peter Warr, Nigel Mansell e Elio De Angelis seriam os responsáveis pelos resultados do (já) problemático 93T. Para a Ferrari, atual campeã de construtores, o trabalho foi feito numa evolução do 126C (126C2B) e que mais tarde seria substituída pelo 126C3 projetado por Harvey Posthlewaite. René Arnoux se juntou a Patrick Tambay para formar a dupla da “Rossa” naquele ano.
A ATS designou a Gustav Brunner a construção do seu carro – o D06 com motor BMW Turbo -, mas a falta de dinheiro acabou deixando a equipe sem um desenvolvimento decente e Manfred Winkelhock não pode fazer muito com aquele carro que muitos julgavam ser um bom projeto; a Ligier, que esteve muito bem cotada nas temporadas anteriores, não dava sinais de grande desempenho em 1983. Ainda com o uso dos Cosworth, o JS21 foi entregue a Raul Boesel e ao veterano de guerra Jean Pierre-Jarier. Na Alfa Romeo, que iniciava a sua empreitada na era dos motores Turbo, a construção do 183T ficou a cargo de Gérard Ducarouge e a pilotagem com os italianos Mauro Baldi e do destruidor Andrea De Cesaris. A Renault via nesta mudança de regulamento a grande chance de conquistar o título mundial e por mais que iniciassem o mundial com um repaginado RE30 (RE30C), era no RE40 que todas as fichas estavam depositadas. Alain Prost já havia mostrado os seus dotes nas temporadas anteriores e já se mostrava preparado para conduzir a equipe ao seu primeiro título mundial – e dele também, naturalmente – e como parceiro do francês, a equipe trouxe Eddie Cheever – uma manobra que gerou boatos de que isso era apenas uma forma da marca conquistar mais espaço no território norte americano.
A March fundiu-se com que sobrara da RAM e não aspirava grandes possibilidades naquela temporada. Apenas um carro foi alinhado pelo time e que foi entregue a Elizeo Salazar – mais tarde este carro seria conduzido por Jacques Villeneuve Snr. e Kenny Acheson. Na Arrows as coisas também não iam muito bem: apenas com Marc Surer confirmado, a equipe trabalhou com Chico Serra, o ex-campeão Alan Jones e por último com Thierry Boutsen, com quem o time chefiado por Jackie Oliver continuou até o fim da temporada. A Osella continuaria o seu calvário na F1 com o F1AD que foi entregue aos italianos Corrado Fabi e Piercarlo Ghinzani. Seguindo a mesma idéia da March, a Theodore se uniu a Ensign e deu a dupla sul-americana Roberto Guerrero e Johnny Cecotto – ex-campeão mundial de motociclismo que estreava na F1 – a chance de pilotar o N183 com motor Cosworth. Na Toleman - única equipe pequena a ter um motor Turbo - vinha com um bom projeto de Rory Byrne, o TG183B com radiador dianteiro, e o motor Hart prometia ser uma das boas surpresas do ano e para isso confiou o carro a uma dupla muito boa, formada por Derek Warwick e Bruno Giacomelli.
No meio da temporada a equipe Spirit, oriunda da Fórmula 3, chegou à F1 com o apoio da Honda que voltava à categoria após quinze anos, mas agora como fornecedora de motor. Inicialmente a equipe fez o seu debut na Corrida dos Campeões realizada em Brands Hatch no mês de abril, mas correu oficialmente um GP em Silverstone.
Com relação ao calendário, este havia 15 corridas programadas e uma extra-oficial (a Corrida dos Campeões, realizada em Brands Hatch). Inicialmente falava-se muito de uma corrida em Nova Iorque, mas esta possibilidade foi desfeita a dez semanas de sua realização após uma série de problemas. Com isso, o GP da Europa, realizado em Brands Hatch, apareceu como uma salvação para que o mundial daquele não ficasse “apenas” com catorze GPs. As principais mudanças no calendário era a transferência do GP sul-africano do início para o fim do campeonato; Jacarepaguá abriria o mundial e as saídas do GP da Suíça (Dijon-Prenois) e do horrendo circuito de Caesar’s Palace, que não deixou nenhuma saudade. De se festejar o retorno do remodelado Spa-Francorchamps ao calendário como a casa do GP belga, após 13 anos de ausência. 


O início promissor dos Turbos e os últimos suspiros dos Cosworth
O ingresso para o GP do Brasil de 1983

O saudoso Jacarepaguá, com o típico calor carioca, abria a temporada de 1983 e verificou-se naquele final de semana que, por mais que houvesse uma mudança no regulamento que desfavorecia os Cosworth, foi um carro com este motor que esteve na ponta do grid para aquela primeira etapa: Keke Rosberg, o campeão reinante, colocara o FW07 na pole, seguido por Prost, Tambay, Piquet e um surpreendente Warwick que posicionara o Toleman na quinta posição.
A corrida foi um passeio de Nelson Piquet que assumira a liderança na sétima volta, após ultrapassar Keke Rosberg no final da reta oposta. Falando no finlandês, este deu mais uma vez mostras da sua genial velocidade: após um pit-stop desastroso – onde o seu Williams acabou se incendiando durante o reabastecimento – ele voltara em nono e escalaria incrivelmente o pelotão até retomar a segunda colocação na fase final da corrida. Infelizmente o seu esforço não foi recompensado, uma vez que recebera ajuda externa na sua volta à corrida após o incêndio. De se destacar nessa prova os desempenhos de Jacques Laffite e Marc Surer, que largaram em posições intermediárias (18º e 20º) e conseguiram terminar nos pontos (4º e 6º). Estranhamente, mesmo com a desclassificação de Keke, a segunda posição ficou vaga e apenas cinco carros pontuaram naquela prova de abertura: Lauda foi 3º; Laffite 4º, Tambay 5º e Surer 6º. Ferrari e Renault apareceram bem nessa corrida, mas problemas de rendimento com os turbos jogaram os carros para trás no pelotão.
Em Long Beach, segunda etapa, Patrick Tambay marcou a pole e estava liderança da corrida até a 25ª volta quando se enroscou com Rosberg – que o tentava passar – e Jarier, limando os três da corrida e a liderança ficou com Jacques Laffite, que aparecia em grande forma naquele GP. A batalha pela vitória estava polarizada entre Laffite e Patrese e muitos acreditavam que a vitória ficaria com um dos dois, mas ao olharem a tabela de classificação da prova pode-se perceber que os Mclarens de Watson e Lauda estavam próximos e já haviam subido incrivelmente na tabela. Era algo surpreendente, já que os dois carros partiram da 22ª e 23ª posições respectivamente devido a uma desastrosa classificação, mas os dois conseguiram cuidar integralmente dos seus Michelin e ganharam posições com desistências e paradas de boxe dos outros. Devido o duelo, os pneus de Laffite e Patrese começaram a se desgastar e isso possibilitou a chegada de Watson e Lauda, que não demoraram a superar o italiano após uma escapada deste durante uma tentativa de passar por Jacques. Após as duas Mclarens subirem para segundo e terceiro, não demorou
muito para que atacassem a Williams de Laffite que perdia rendimento devido aos pneus e não foi muito difícil ultrapassá-la na 45ª volta. Com as duas Mclarens na dianteira, Watson construiu calmamente uma vantagem de 27 segundos sobre Niki e passou tranquilamente para dar a McLaren a primeira – e única – vitória na temporada. Em terceiro fechou René Arnoux; em quarto Jacques Laffite; Marc Surer mais uma vez levou o Arrows a casa dos pontos ao chegar em quinto e Johnny Cecotto marcou o seu primeiro ponto na F1 – e da Theodore-Ensign na temporada – com a sexta colocação. Esta corrida não foi das melhores para Piquet: problemas com os pneus durante a classificação e mais um motor estourado, que o forçou a usar o carro reserva, limitou as possibilidades de conseguir algo melhor e assim partiu da 20ª posição. Na prova, Piquet não conseguiu um bom rendimento da sua Brabham e veio abandonar na volta 51 após o acelerador ter travado. Após duas etapas, a liderança do mundial pertencia a Lauda que somava 10 pontos, em segundo Piquet e Watson estavam empatados com 9; em quarto Laffite com 6; Arnoux era o quinto com 4 pontos e Surer o sexto, com três pontos.
A magnifíca vitória de Watson em Long Beach
A F1 aportou em Le Castelet abrindo a temporada européia com a realização do GP da França e como de costume, a Renault se preparou com esmero para a sua corrida caseira: Alain Prost e Eddie Cheever foram absolutos na tomada de tempos e fizeram a dobradinha para a fábrica com total folga para com os rivais. A prova em si foi um passeio solitário de Prost pelo belo circuito de Paul Ricard e em nenhum momento teve oposição a sua liderança. No entanto da segunda posição para baixo a disputa foi ferrenha: Nelson Piquet, que largara em sexto, conseguiu ganhar posições até chegar em Cheever e ultrapassar o piloto estadunidense na briga pela segunda colocação, e essa posição foi ratificada quando Eddie teve problemas na sua parada de box e Piquet não sofreu mais nenhuma ameaça. Nas quatro primeiras posições, carros equipados com motores Turbo mostraram, enfim, a sua força. Mas é impossível não deixar de destacar o brilhante trabalho do duo da Williams: Rosberg mais uma vez foi genial ao sair de uma posição intermediária e subir o pelotão com toda garra até conseguir um impensável quinto lugar e Laffite, que saiu em 19º - três posições abaixo de Keke – e marcar presença mais uma vez na casa dos pontos, desta vez com um sexto lugar. Patrick Tambay, com a Ferrari, ficou em quarto. Com a segunda colocação no GP francês, Piquet reassumia liderança do mundial com 15 pontos; Lauda era segundo com 10; Watson e Prost estavam empatados com 9 na terceira posição; Laffite era quinto com 7 e Tambay assumia a sexta colocação com 5.
O GP de San Marino foi o quarto daquela temporada e, ao contrário da vergonhosa corrida de 1982 – que contou apenas com as equipes que apoiavam a FISA -, a de 1983 contou com todas as equipes e acabou por ser uma das melhores daquele ano. Dos treinos à corrida, o domínio foi todo franco-italiano: René Arnoux venceu o duelo contra Nelson Piquet na disputa pela pole, colocando o Ferrari #28 na ponta do grid. Tambay aparecia em terceiro, com Prost em quarto, Patrese em quinto e Cheever em sexto. A corrida teve um início perfeito para a Ferrari que já avistava seus dois carros fazendo a dobradinha naquele momento, com Arnoux em primeiro e Tambay logo em seguida. Mas a vida de Patrick foi facilitada com o problema de embreagem que foi apresentado pela Brabham de Piquet no momento da largada, deixando-o parado no grid. Em último, Piquet partiu para uma recuperação sensacional que por muito pouco não resultou em uma vitória espetacular – ou no mínimo um pódio - em solo italiano, uma vez que ele era o mais veloz da pista. Mas o motor BMW estourou na 42ª volta quando estava em sexto.
Arnoux e Tambay tinham um rival à altura naquela tarde: Ricardo Patrese estava em grande forma naquele dia e ameaçou constantemente o duo ferrarista e por um breve momento assumiu a liderança, quando ultrapassou Tambay na volta 52. Os tiffosi não gostaram muito da manobra e vaiaram o seu conterrâneo que duas voltas depois perderia o controle de sua Brabham e a enterraria na barreira de pneus da Acqua Minerale. A torcida veio abaixo com o acontecido, mas a perda de rendimento de Arnoux proporcionou a Alain Prost subir para o segundo posto e quebrar a possível dobradinha. Mas nada disso abalaria os tiffosi: Tambay venceu a corrida, seguido por Prost, Arnoux, Rosberg, Watson e Surer. Foi uma grande festa no Autódromo Enzo & Dino Ferrari, que seria comparável apenas ao que aconteceria cinco anos depois em Monza. No mundial de pilotos, Piquet passou a ter a compania de Prost no topo da tabela de pontos: agora eles somavam 15 pontos. Tambay aparecia em terceiro com 14; Watson em quarto com 11; Lauda em quinto com 10 e Arnoux em sexto com oito pontos.
Para Tambay, foi uma das vitórias mais emocionantes de sua carreira. Principalmente por levar o número 27 de seu amigo Gilles Villeneuve no carro
Mônaco foi a quinta parada daquele ano e acabou por reservar uma surpresa desagradável para a McLaren: Lauda e Watson ficaram de fora do GP após marcarem a 22ª e 23ª colocações no grid que foi formado já na pré-qualificação da quinta-feira. O problema é que naquela ocasião apenas 20 carros largavam em Monte Carlo - contra os 26 dos outros GPs – e quando eles poderiam ter melhorado o seus tempos, a chuva caiu no traçado monegasco no sábado impossibilitando que acontecesse alguma melhora. Alain Prost cravou a pole, seguido pelo seu conterrâneo René Arnoux, Eddie Cheever, Patrick Tambay, Keke Rosberg e Nelson Piquet. No domingo, com a pista levemente molhada devido uma garoa, não intimidou Keke Rosberg que partiu feito um tiro da quinta posição para a dianteira da prova, da qual ele não largou mais até a quadriculada. Uma pilotagem precisa de um dos grandes destaques daquela temporada. Alguns acidentes aconteceram devido a pista estar escorregadia e por isso Nelson Piquet procurou guiar com cautela – principalmente nas primeiras voltas – o que acabou lhe garantindo uma ótima segunda posição herdada após
uma ultrapassagem sobre Prost, do enrosco entre Surer e Warwick na Ste Devote – duarante uma disputa pelo terceiro lugar - e da quebra de Laffite, que estava prestes à subir ao pódio e garantir uma dobradinha para a Williams. Prost ficou na terceira posição, seguido por Tambay, Danny Sullivan e Mauro Baldi – estes dois últimos marcando pontos pela primeira vez na temporada. Na tabela de pontos, Piquet abria dois pontos de vantagem sobre Prost (21x19); Tambay era o terceiro com 17; Rosberg o quarto com 14; Watson em quinto com 11 e Lauda em sexto com 10.
Devidamente remodelado e sem perder a essência, a pista de Spa-Francorchamps retornava ao calendário após treze anos de ausência. A majestosa pista belga, agora com 6,949 km, foi o local perfeito para que o filho da casa, Thierry Boutsen, fizesse a sua estréia pela Arrows desalojando, assim, Chico Serra do segundo carro da equipe de Jackie Oliver. Os treinos foram dominados por Prost que garantiu mais uma vez a pole, tendo Patrick Tambay ao seu lado e Andrea De Cesaris surpreendeu ao colocar a Alfa Romeo Turbo em terceiro, com Piquet em quarto. A surpresa em ver De Cesaris na terceira posição do grid aumentou ainda mais quando ele virou a La Source na frente de Prost e Tambay. Mas a largada acabou
sendo abortada devido Marc Surer ter ficado parado no grid, o que forçou um novo procedimento e com o piloto suíço partindo dos boxes. A segunda largada foi dada e Andrea repetiu a dose ao passar por Prost e Tambay e começar a abrir diferença para os franceses. O piloto estava fazendo uma boa corrida quando na 26ª volta, após perder a liderança para Prost durante as paradas de box, o motor do Alfa Romeo abriu o bico e tirando dele a possibilidade de tentar discutir com Alain a vitória. Nelson Piquet subiu para segundo, mas a sua alegria duraria pouco uma vez que o câmbio apresentava problemas fazendo com que fosse preza fácil para Tambay e Cheever terminando assim em quarto. Rosberg aparecia e quinto e Laffite em sexto. Com a vitória, Prost assumia a liderança com 28 pontos, contra 24 de Piquet que já estava com Tambay em seu encalço com um ponto a menos que o brasileiro; Rosberg era o quarto com 16, Watson em quinto com 11 e Lauda em sexto com 10.
A F1 voou até os EUA para a realização do GP dos EUA do Oeste, nas ruas de Detroit pela segunda vez na história. René Arnoux cravou a pole e teve Nelson Piquet ao seu lado na primeira fila; Tambay e um surpreendente Elio De Angelis, com a Lotus Renault, fechavam a primeira fila. Surer e Michele Alboreto estavam na terceira fila. Assim como em Spa, a primeira largada foi abortada por causa de... Marc Surer, que teve o motor Cosworth de sua Arrows apagada bem na hora da partida. Na segunda largada foi a vez de Tambay ficar parado, mas a partida transcorreu normalmente e Nelson Piquet assumiu a ponta. Ele batalhou com Arnoux pela liderança até que na décima volta, o francês o ultrapassou. Nelson ainda perderia
a segunda posição para Rosberg na 19ª volta – e a recuperaria na 30ª, quando o finlandês foi para o seu pit-stop. Parecia certa a vitória de Arnoux, mas uma pane elétrica na Ferrari deixou o francês a pé e deu de bandeja a Piquet a liderança. Da mesma forma que René, a vitória agora parecia ser de Nelson já que os contendores não estavam próximos, mas um pneu furado a nove voltas do fim arruinou esta possibilidade e fez com que despencasse para quarto na classificação. Alheio a estes azares dos ponteiros e se aproveitando do bom rendimento do motor Ford Cosworth na sua Tyrrell, Michele Alboreto precisou apenas conduzir o carro da equipe do Tio Ken para vencer em Detroit. Rosberg, Watson, Piquet, Laffite e Mansell – correndo com a Lotus 92 com motor Ford Cosworth – fecharam nas posições pontuáveis. Cinco Cosworth entre os seis, mostrando bem que este tipo de pista era único reduto onde eles podiam ser competitivos.
Apesar da festa em torno desta conquista, ela acabou por ser melancólica ao passar dos anos: se para Ken Tyrrell esta foi a última conquista da sua simpática equipe na F1, para a Cosworth não foi diferente: foi o ponto final de uma história iniciada no GP da Holanda de 1968 com a vitória de Jim Clark com a Lotus. De certa forma, também, culminou no fim da era romântica da categoria que estava se profissionalizando a cada corrida.   

Le Génie Nelson Piquet - Parte 2
Le Génie Nelson Piquet - Parte Final

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...