domingo, 1 de março de 2015

F1 Pré-Temporada: Sobre os testes

Falar sobre testes de pré-temporada torna-se um verdadeiro tiro no escuro, onde se sabe que você apenas atira, mas não sabe onde vai acertar a bala. Dificilmente você saberá qual o cronograma adotado pelas equipes para vários estágios dos dias e tudo que escreverá, ou dirá, é apenas um achismo. Mas se acerta também, pode se vangloriar e até mesmo seguir uma vida de vidente. Vai-se ganhar dinheiro com isso, ou não, é outra história.
Mas a verdade é que nestes tempos, onde o dinheiro anda contado e as informações andam quase que na velocidade da luz, pouco sentido faz em ficar enganando com voltas voadoras apenas para ganhar manchetes. É claro que, para uma equipe média/pequena, isso é um trunfo bem manjado e sempre tem algum que acredita – ou finge que acredita – para acabar apoiando financeiramente e ter o nome de sua empresa estampando as laterais de um carro de corrida, mesmo que esta se arraste no final do pelotão por todas as corridas do ano. Mas uns minutinhos – ou segundos – de exposição televisiva vão bem, não é mesmo? Portanto, aqueles primeiros dias onde a Ferrari e Sauber comandaram como quis, mostraram o quanto que os seus carros estão bem melhores para esta temporada, tanto que continuaram a andar bem nos oito dias que se seguiram em Barcelona, mas não com a mesma intensidade. Afinal de contas, estavam a trabalhar velocidade de ponta para os seus respectivos carros, coisa que continuou forte para o time suíço enquanto que a Ferrari partiu para outros programas de acerto. Porém, a confiabilidade alcançada por ambas, foi o ponto alto para o trabalho dos dois teams que apresentaram pouquíssimos problemas.
Os dias iniciais de testes tendem a pregar boas peças, mas também nos deixam algumas dúvidas que são respondidas parcialmente à medida que avançam os dias de trabalhos. A Mercedes apresentou quatro dias de longa quilometragem em Jerez, para depois iniciar uma tímida escalada nos tempos de voltas nos quatro primeiros dias em Barcelona e no fim mostrar a real força do seu carro. A Williams fez um trabalho semelhante, mas em escala menor, já que não andou tanto assim em Jerez e que depois mesclou long runs na primeira parte em Barcelona para andar forte na segunda bateria na pista espanhola. Aliás, os carros com motor Mercedes continuam muito bem, como mostraram a Lotus e Force India: se o time de Enstone até fez bons tempos com Maldonado e Grosjean, dando a impressão que o carro deste ano possa ser bem melhor que o fiasco de 2014, a Force India testou nos quatro dias iniciais em Barcelona com o modelo de 2014, para depois passar ao que será usado este ano e ter uma boa jornada com Nico Hulkenberg e Sergio Perez, que computaram 295 voltas em três dias desta última bateria sem grandes problemas.
Para as clientes Renault foi um período que mais pareceu uma continuidade de 2014, do que algo novo a ser festejado. Na verdade a Toro Rosso é quem pode sorrir um pouco mais, pois o seu carro apresentou poucos problemas e Sainz Jr. e Verstappen fizeram boa quilometragem especialmente em Jerez e na primeira semana em Barcelona. A Red Bull continuou com alguns problemas de confiabilidade, mas não tanto quanto na pré-temporada de 2014. Porém é algo que precisa melhorar bastante e, pelo que parece, a potência do motor Renault ainda não é das melhores.
Para a McLaren, neste início de nova parceria com a Honda, os problemas apareceram aos montes, mas os pilotos elogiaram o MP4-30 o que já algo animador frente às enormes dores de cabeça que o time tem enfrentado.


Mercedes: Pode não ter dominado amplamente os dias de testes, optando mais pela qualidade que a quantidade e isso ficou claro nas duas únicas vezes em que colocaram seus carros na primeira posição. Rosberg e Hamilton surpreenderam a concorrência ao fazer tempos ainda melhores quando usavam os mesmo tipos de pneus que os demais, ou até mesmo diferente, como foi o caso de Hamilton para Massa no sábado ao cravar o primeiro tempo com dois décimos de avanço sobre o brasileiro utilizando os macios contra os super macios do piloto da Williams.
Fica evidente que estão acima dos demais neste ano, numa clara continuação de 2014. Mas a parte mecânica e elétrica ainda apresenta problemas aqui e acolá, que podem muito atrapalhar um pouco a equipe germânica.  


Williams: Ao passo que apresentou nestes últimos quatro dias, onde resolveu fazer o mesmo que a Mercedes, liberando seus pilotos para mandarem ver, a equipe inglesa apresentou uma forma muito positiva credenciando-a a ser a segunda equipe neste momento, com uma ligeira vantagem sobre Ferrari e Red Bull. Tanto Massa, quanto Bottas elogiaram ao máximo este novo FW37 exatamente pela sua velocidade e confiabilidade. E isso é algo animador para eles que perseguiram – e que continuarão neste ano – uma vitória em 2014.
Aparentemente já começam muito bem, diferente do ano passado onde foram melhorando gradativamente até fechar como segunda equipe mais veloz.


Ferrari: A atmosfera dentro da Ferrari é percebida há quilômetros de distância e isso é fruto das mudanças radicais na parte técnica da equipe, feitas no segundo semestre de 2014. A chegada de Sebastian Vettel e outros profissionais também ajudam nisso e os resultados são bons até aqui: além da já conhecida confiabilidade, o carro parece ser bom e isso traz para eles um ânimo que já deixou o chefe Maurizio Arrivabene animado a ponto de colocar uma meta que é vencer duas corridas no ano, e caso vençam até quatro GPs, ele correria descalço.
A Ferrari inverteu o processo ao cravar ótimos tempos em Jerez e depois trabalhar ativamente no desenvolvimento do carro nas duas últimas sessões de treinos.
Acredito que este será um bom ano para a Ferrari, mas não dá para garantir que vencerão uma ou duas corridas nesta temporada. Mas a freqüência nos pódios pode ser mais constante.


Sauber: Podemos chamá-los de surpresa nestes testes? Até que sim, mas ainda vamos esperar para vê-los nas primeiras provas da temporada. Mas uma coisa não pode negar: a confiabilidade que se viu nestes carros azuis da Sauber chegou a surpreender e pouco foram as reclamações de Ericsson e Nasr sobre o comportamento do carro, que parece ter agradado bastante seus pilotos.
Eles viraram ótimos tempos desde Jerez, o que fez a maioria desconfiar de ser um “blefe” de pré-temporada. Mas passado todo esse tempo e na maioria das vezes se colocando entre os quatro melhores de cada dia, fica um pouco difícil acreditar que tenha sido apenas um jogo de cena. Talvez as coisas tenham melhorado por lá.


Toro Rosso: A equipe com dupla mais nova da categoria fez um trabalho muito bom ao ganhar uma larga quilometragem e com bons tempos feitos por Sainz Jr. e Verstappen. Porém, problemas apareceram nesta última semana, mas nada que seja grave a ponto de preocupar a equipe.
Apesar destes contratempos no final dos testes, o carro tinha apresentado uma boa confiabilidade.


Lotus: Imaginava-se que as coisas poderiam piorar para eles, mas até aqui, nestes testes, tudo fluiu bem demais. A melhora na troca do Renault pelo Mercedes, foi evidente e seus pilotos trataram de fazer os melhores tempos em três dias da segunda bateria de testes, sendo duas com Maldonado e uma com Grosjean. E o carro parece muito melhor que o de 2014, o que traz à equipe a chance de voltar a brigar constantemente pelos pontos.
E contando com dois caras rápidos – e de vez em quando afoitos – a Lotus passa ter uma ótima chance de brilhar novamente.


Red Bull: A única coisa que chamou a atenção da critica nestes teste, foram a camuflagem usada pelo time. Fora isso, nada de especial na equipe que dominou a F1 até 2013. Tiveram alguns problemas na MGU-K nesta semana que limitaram bastante o trabalho, o que preocupa um pouco.
Mas ano passado estiveram numa situação bem pior e conseguiram uma atuação sensacional em Melbourne. Mas agora a concorrência parece ser mais pesada.


Force India: Para quem andou muito pouco com o carro desta temporada, até que as coisas foram boas para eles. De início, usaram o bólido de 2014 para coletar dados e nestes últimos três dias entregaram para Hulkenberg e Perez o carro de 2015, que já colecionou uma boa distância sem ter problemas.
Mas ainda sim a equipe vive dias delicados devidos os problemas financeiros.


Mclaren: Não seria fácil, mas tão não imaginavam que seria tão difícil! Os dias da McLaren foram sofríveis e o único onde puderam ver sorrisos e ouvir suspiros de – um breve – alívio foi na última sexta-feira, quando Button completou 101 voltas sem apresentar nenhum problema crônico. Mas o calvário voltaria nestes últimos dois dias.
Foi baixa a quilometragem da equipe, que ainda perdeu Fernando Alonso para esta última sessão devido ao misterioso acidente da semana passada. E a presença dele para Melbourne ainda é dúvida.
Mas algumas coisas positivas podem ser tiradas destes doze dias de testes: o carro, segundo os pilotos, em especial Button e Magnussen que conduziram o do ano passado, é muito melhor a ponto de Jenson classificá-lo como “de outra categoria”, o que dá uma idéia de como era o antigo bólido. Outra coisa que chamou a atenção foi o fato de andarem com a potência do motor Honda reduzida, exatamente para evitar problemas ainda maiores. O melhor tempo obtidos por eles em Barcelona, foi pelas mãos de Magnussen que anotou 1’25’’225. Ok, uma marca que chega a ser mais de dois segundos mais lenta que os tempos da Mercedes, mas que leva a crer que quando o motor estiver em ordem e sua potência for elevada, as coisas podem melhorar bastante.
Vão apanhar muito neste início, pagando um preço por iniciar o projeto agora, mas será bem interessante vermos onde poderão chegar neste 2015.
E isso me lembra a 2009, com uma péssima primeira parte de mundial e depois com uma segunda parte sensacional por parte deles.  

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Foto 482: Marcel Lehoux - Mônaco, 1932

Marcel Lehoux e seu Bugatti, durante um dos estágios do GP de Mônaco de 1932 que marcou um dos melhores duelos daquela década entre os dois melhores pilotos daquele tempo, que foi entre Tazio Nuvolari e Rudolf Caracciola.
Lehoux, que nasceu em Vendée, na França, foi um dos bons pilotos da metade da década de 20 até a metade dos anos 30 e em maior parte correndo sempre com carros da Bugatti de forma particular. Foi um empresário bem sucedido no ramo do comércio da Argélia, o que ajudou bastante nessa sua aventura pelo automobilismo.
Iniciou sua carreira em 1924 e no mesmo ano venceu a sua primeira corrida, o GP de Casablanca (vitória que ele repetiria em 1932) a bordo de uma Bugatti T13 Brescia 1500. Venceu por duas vezes o GP da Argélia (1928 e 1929), assim como o GP de Dieppe (1930 e 1933). As outras vitórias de Lehoux se deram no GP da Tunísia (1928); GP de Genebra e GP de La Marne (1931); GP de Pau e GP de Monza (1933). Todas as vitórias foram conquistadas com os Bugatti.
Após quase dez anos correndo com carros Bugatti, Marcel muda-se para a Ferrari em 1934 para no ano seguinte correr de forma particular com uma Maserati. Em 1936 ele passa a correr com os ERA (English Racing Automobiles).
Marcel Lehoux morreu durante o GP de Deauville, quando seu ERA bateu com o Alfa Romeo de Giuseppe Farina e incendiou-se.
Sobre a foto da postagem, Lehoux terminou o GP monegasco na quinta colocação cinco voltas de atraso para o vencedor Tazio Nuvolari. 

F1 Pré-Temporada: Barcelona, Dia 6

Aquela curiosidade em ver o desempenho real da Mercedes que vinha desde os primeiros dias em Jerez, foi matada sem nenhuma surpresa por Nico Rosberg hoje em Montmeló: o piloto alemão, usando os pneus macios, aniquilou a marca feita por Felipe Massa ontem com extrema facilidade conseguindo sete décimos de avanço sobre o tempo alcançado pelo brasileiro. Se restava alguma dúvida sobre o poderio, ela começa a esvair-se...
Outro detalhe importante foi a sequência positiva da Mclaren, ao conseguir impressionantes 101 voltas sem grandes problemas. Foi uma jornada de ouro para o time que tem enfrentado inúmeros problemas e a marca feita por Jenson Button de 1'25''590 - utilizando pneus macios -, foi a melhor destes seis dias em Barcelona se contarmos os quatro da semana passada. Sua marca foi 0''251 pior que o tempo feito por Vettel, que ficou em quarto e que também utilizou pneus macios. Apesar de não sabermos qual o programa adotado por cada equipe nos testes, a marca acaba servindo de grande ânimo para os últimos dois dias de testes da Mclaren.
A outra novidade do dia foi a presença da Force India que, enfim, pôs o seu VJM08 na pista e com a condução de Nico Hulkenberg o time conseguiu até um bom número de voltas ao marcar 77 giros.
As equipes tiveram um dia muito bom em termos de voltas feitas: Mercedes, Sauber, Ferrari, Mclaren, Lotus e Toro Rosso alcançaram mais de 100 voltas, sendo que Vettel (143), Nasr(141), Maldonado (140) e Verstappen (139) foram os que mais andaram, priorizando, provavelmente, os long runs.  

Nico Rosberg: “Foi um dia difícil. Passamos o dia inteiro tentando melhorar e no final chegamos a um ponto em que o carro estava bastante bom. Mas perdemos tempo com essa dificuldade.
Hoje nos mostrou que somos rápidos, mas não sei como estão as outras equipes. Temos que esperar amanhã e depois de amanhã, esperar até o sábado de Melbourne. Temos uma equipe fantástica, mas temos que tomar cuidado porque os outros carros também são rápidos. Temos que continuar com pés no chão e trabalhando.
Hoje foi um dia muito difícil. O acerto não estava bom, e passamos o dia todo buscando a direção correta no acerto do carro, estava difícil entender para onde tínhamos que ir. O carro estava saindo demais de traseira. Foi o dia todo tentando encontrar a direção e no final acertei.
Demorou o dia inteiro para encontrarmos a direção correta porque estávamos bem distantes, e isso não é comum. No fim do dia, estávamos em um dia decente. E quando você coloca os pneus macios, tem muita aderência. Você não precisa do acerto perfeito para ser rápido. É só o acerto fino”.

Valtteri Bottas: Foi um bom dia para nós. De novo nós tivemos um dia completamente livre de problemas, o que é sempre bom. Nós fizemos mais algum trabalho de performance hoje, o que é bom. É bom fazer alguns short-runs e realmente tentar tirar um pouco mais do tempo de volta.
Me senti ok, mas estou um pouco surpreso com a velocidade da Mercedes. É difícil saber exatamente o quão à frente eles estão, mas eles estão na frente, então acho que é o time a ser batido.
Nós estamos realmente ansiosos por isso. Nós sabemos que podemos ser competitivos, mas ainda temos trabalho a fazer. Ainda temos dois dias de testes e ainda temos um plano bastante ativo. Nós estamos confiantes, estamos prontos para correr, mas tem coisas que ainda podemos melhorar e tomara que possamos resolver algumas dessas coisas nos próximos dois dias”.


Felipe Nasr: "O dia de hoje foi bastante produtivo porque pudemos completar todo o programa. De manhã, eu pude ter uma impressão melhor do carro durante os trechos mais curtos com os pneus macios e médios, e isso foi muito positivo.
Depois do almoço, fiz uma simulação de corrida com pneus diferentes. Foi uma experiência boa, e eu acho tenho um melhor entendimento do carro durante os 'long runs'. Estou também bem feliz com o equilíbrio do carro. Nós demos hoje outro passo adiante e temos de continuar nesta direção".

Sebastian Vettel: “Guiei mais do que dois GPs hoje, mas não sei se venci um, isso dependo do que os outros fizeram! Brincadeiras a parte, é bom que no último teste nós tenhamos feito mais e mais milhagem. Hoje nós não tivemos nenhum problema, nós sabemos que ainda temos muito trabalho para fazer como um time, mas, até aqui, me sinto muito bem. Se eu tivesse que apontar uma coisa, eu preferiria ser um pouco mais rápido, mas é difícil avaliar o quão rápido nós somos, porque algumas pessoas trabalharam mais em um esquema de classificação e eu fiz menos isso. Eu nunca guiei a Ferrari de 2014, mas acho que esta é um grande passo à frente. Isso não significa que nós estamos satisfeitos, uma vez que, se você quer vencer, você tem de bater a Mercedes. É empolgante ver o que está acontecendo atrás deles, o que acho que não é um julgamento claro com os tempos de volta que vimos até agora”.

Jenson Button: “Para muitos times, 100 voltas não é nada. Para nós, é como se fossem 1000 voltas. Há muito ainda para aprender sobre esse pacote técnico.
Foi um bom progresso. Não foi difícil melhorar em relação a ontem, na verdade, mas foi muito bom poder fazer 100 voltas. Foi um passo muito, muito grande hoje na confiabilidade, e é muito bom ver o quanto você pode fazer quando tem um carro confiável. Todos os testes que você pode fazer, as comparações, e não faz quando o carro para. Hoje nós fizemos!
Não fiz muito trabalho de acerto até agora, pois tem muitas voltas que você faz com peças aerodinâmicas que vão te dar muito tempo se você acerta para a primeira corrida, ao passo que o setup só vai te dar alguns décimos”. 

Pastor Maldonado: “Nós rodamos bastante com o carro hoje, o que foi um bom endosso do meu programa de treinos no inverno, já que eu ainda me sentia bem após 140 voltas. Nós fizemos muitas avaliações diferentes, então tive bastante coisa para pensar e foi bom fazer uma simulação de corrida, já que nós logo iremos para Melbourne. Temos muitas informações para digerir e mal posso esperar para voltar ao carro no domingo”.


Resultado - Testes de Pré-Temporada - Barcelona, dia 6

PosPilotoCarroTempoDifVoltas
1Nico RosbergMercedes1m22.792s-106
2Valtteri BottasWilliams/Mercedes1m23.995s1.203s90
3Felipe NasrSauber/Ferrari1m24.071s1.279s141
4Sebastian VettelFerrari1m25.339s2.547s143
5Jenson ButtonMcLaren/Honda1m25.590s2.798s101
6Pastor MaldonadoLotus/Mercedes1m26.705s3.913s140
7Max VerstappenToro Rosso/Renault1m26.766s3.974s139
8Daniil KvyatRed Bull/Renault1m26.965s4.173s84
9Nico HulkenbergForce India/Mercedes1m28.412s5.620s77

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

F1 Pré-Temporada: Barcelona, Dia 5

Dando continuidade aos testes, agora com a terceira bateria ainda em Barcelona, foi a vez da Williams mostrar força com Felipe Massa ao volante. O brasileiro anotou 1'23''500 utilizando pneus macios, três segundos melhor que a marca que fizera no terceiro dia da semana passada quando utilizava os mesmos compostos. Outro destaque vai para Marcus Ericsson que, utilizando os macios, alcançou a segunda colocação para a Sauber conseguindo o tempo de 1'24''276. Lewis Hamilton ficou com o terceiro tempo, 1''381 segundos atrás da marca de Massa.
O dia foi bem tranquilo para as equipes, exceptuando-se a Mclaren que deu apenas sete voltas e recolheu o carro - que estava sob o comando de Jenson Button - após um vazamento na parte hidráulica. Ao passo que a temporada se inicia, os problemas para a equipe de Ron Dennis só aumentam...
O maior número de voltas foi anotado por Ericsson que conseguiu 122 passagens. Descartando a Mclaren, a Mercedes foi quem deu menos giros ficando com apenas 48 voltas.

Felipe Massa: "O carro se comportou muito bem, e quando precisamos fazer uma volta rápida, o tempo foi bom. Acho que precisávamos provar que estamos na briga. Não sabemos o quanto em relação à Mercedes, mas em relação aos outros, estamos.
No acerto, nós experimentamos os pneus e mudamos algumas coisas no carro, e acho que foi positivo. Foi um bom dia para nós. Realmente não sabemos onde estamos em comparação à Mercedes — mas sei que eles têm um grande carro como o de 2014 —, mas estamos lá.
A consistência é algo que temos trabalhado muito para melhorar, e estou muito feliz, mas ainda é muito cedo. É muito cedo para saber, e quando todo mundo estiver com o mesmo combustível e os mesmos pneus é que vamos ter certeza de onde estamos.
Sei que as coisas podem mudar rapidamente neste mundo, e quando chegarmos à primeira corrida, talvez a gente não esteja onde esperamos. Mas até agora, estamos fazendo um ótimo trabalho e preparando o carro da melhor maneira possível”.



Marcus Ericsson: “Se você tivesse me perguntado nesta manhã, eu teria mais dúvidas, mas depois de um dia de testes como este, com muitas largadas, pit-stops, simulações de corrida e de classificação, você começa a se sentir preparado para a temporada começar. Tenho um dia a mais para me preparar, mas me sinto pronto para Melbourne.
Estão bons (sobre o carro da Sauber e o motor Ferrari), talvez até melhor do que esperávamos, então isso é muito positivo.
A temperatura da pista estava mais fria para o pneu duro, mas o médio estava funcionando bem. O carro estava consistente e peguei confiança, sabia o que esperar, e também fiquei feliz porque eu fui bem consistente com os meus tempos de volta.
Estamos apenas olhando para nós mesmos. Todos estão fazendo programas diferentes. Estamos nos esforçando para terminarmos a pré-temporada o mais preparados possível”.


Lewis Hamilton: “Esse tipo de coisa acontece. Estou correndo há 22 anos. Às vezes, você consegue andar muito, às vezes, não. Hoje eu estava bem animado, preparado para dar 200 voltas, mas deu 50 em vez disso. Mas 50 é melhor do que nada.
Há algumas coisinhas novas que são boas. O time está trabalhando duro para melhorar. O time tem sido incrível. A preparação é melhor que a que tivemos no ano passado. Aprendemos muito no ano passado. Este ano, ainda tem coisas que estamos aprendendo, melhorando. Estou bem animado”.

Daniil Kvyat: “Nós tivemos um dia mais ou menos decente. Nós fomos capazes de fazer bastante coisa e tomara que consigamos fazer mais amanhã. Estes últimos dias são realmente importantes em termos de entendermos onde estamos, entender o motor e o chassi, então é bom rodar o máximo possível. Me senti bem hoje. No entanto, sempre há espaço para melhora, então vamos brigar por isso”.


Romain Grosjean: “Nós testamos acertos diferentes hoje, então houve muitas voltas aos boxes para que coisas diferentes pudessem ser modificadas. O carro tem se mostrado confiável novamente, e nós tivemos bastante trabalho, mesmo que isso não se reflita em número de voltas. Mas tudo isso faz parte da aprendizagem. Estou ansioso para ver os progressos do carro amanhã e não vejo a hora de voltar a pilotar no sábado”.

Kimi Raikkonen: “Mesmo com alguns problemas, nós conseguimos tirar algumas lições hoje e tenho certeza que vamos resolver as falhas. O carro não estava tão ruim no geral, mas algumas áreas ainda precisavam melhorar, especialmente em condições mais complicadas que estamos experimentando agora e que fazem com que os pneus não trabalhem corretamente. Agora, nós temos mais um dia de testes e precisamos aprender o máximo que pudermos. Em poucos dias, em Melbourne, vamos descobrir onde realmente estamos”.


Resultado - Testes de Pré-Temporada - Barcelona, dia 5

PosPilotoCarroTempoDifVoltas
1Felipe MassaWilliams/Mercedes1m23.500s-103
2Marcus EricssonSauber/Ferrari1m24.276s0.776s122
3Lewis HamiltonMercedes1m24.881s1.381s48
4Daniil KvyatRed Bull/Renault1m25.947s2.447s75
5Romain GrosjeanLotus/Mercedes1m26.177s2.677s75
6Kimi RaikkonenFerrari1m26.327s2.827s80
7Carlos Sainz Jr.Toro Rosso/Renault1m26.962s3.462s86
8Jenson ButtonMcLaren/Honda1m31.479s7.979s7

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Foto 481: Gérard Ducarouge (1941-2015)

Infelizmente existem personagens das quais você sempre se pergunta o porquê de não ter conseguido chegar ao olimpo mais de uma vez. Talvez alguns percalços ou até mesmo o tal do "time" que não era perfeito.
Gérard Ducarouge foi um dos melhores projetistas da F1 moderna. Junto de Colin Chapman e Gordon Murray, formou um trio de grandes idéias que elevaram a tecnologia da categoria do final da década de 70 até o início dos 80 e após o desaparecimento de Chapman, juntou-se aos dois projetistas a genialidade de John Barnard.
De todo modo podemos dizer o quanto que os carros desenhados por Gérard eram belos. Como não olhar e se encantar pelas belas linhas dos Ligier JS5 (pós corcunda) até os elegantes JS11 e 15 das temporadas de 1979 e 80. Outros carros que também tinham a beleza marcante eram os Alfa Romeo do biênio 1982/83, equipe qual ele foi demitido após o GP francês de 1983 após a desclassificação de De Cesaris pelo fato do carro estar abaixo do peso.
No mesmo ano juntou-se à Lotus onde trabalhou forte na reestruturação da equipe e fez carros belíssimos e de bons desempenhos, como foram os casos dos modelos 95T (1984), 97T (1985), 98T (1986) e 99T (1987). Os três primeiros com motor Renault e o de 1987 com Honda. Foram nestes, à partir de 1985, que teve uma participação direta com Ayrton Senna que conquistou seis das sete vitórias de seus carros neste período. Aliás, quando Senna estava de saída da equipe, devido esta não lhe dar o melhor carro, Ducarouge escreveu uma carta ao piloto brasileiro em que "Pedia desculpas por, durante três anos, não ter conseguido dar a Senna um carro à altura de seu talento e antecipava que aquela frustração ele carregaria para o resto da vida.”. Uma parte do texto pode ser lida aqui na Autosport Portuguesa. Ducarouge continuou na Lotus até o final de 1988, quando saiu da equipe inglesa para ingressar na Larousse, onde ficou até 1990. Em 1991 ele aceitou o convite para ser Diretor Técnico da Ligier, até a sua retirada da F1 em 1994.
Senão conseguiu títulos naquele período de ouro da F1, a justiça tinha sido feito muito antes. Trabalhando na Matra desde os anos 60, onde ajudou a fábrica a melhorar consideravelmente os seus carros de F2 e F3, trabalhou no projeto do Matra MS80 Cosworth que venceu o mundial de 1969 da F1 com Jackie Stewart. Tempos depois, nos grandes anos da Matra em Sarthe, projetou os carros da fábrica francesa que arrebataram três vitórias seguidas em Le Mans de 1972 à 1974. Ele voltaria à trabalhar pela marca nos anos 90 como Diretor Internacional. 
A foto que encabeça o post, é do GP de Mônaco de 1985 em mais um click e Dale Kistemaker. Gérard Ducarouge faleceu hoje, ao 73 anos. 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Foto 480: Hans Hermann, Mille Miglia 1954


As antigas provas de longa duração nos reserva boas histórias. Durante a edição de 1954 da Mille Miglia, Hans Hermann, em posse do Porsche 550 Spyder, estava a se aproximar de uma travessia ferroviária e o rapaz responsável em levantar e baiar a cancela, indicando a aproximação do trem, baixou esta tardiamente. 
Com o Porsche em alta velocidade e quase em cima da travessia, Hans teve apenas tempo para dar um tapa na parte de trás do capacete de seu navegador Herbert Linge para que este também baixasse a cabeça. Ambos baixaram a cabeça e passaram feito um raio por debaixo da cancela e segundos depois o trem, que tinha destino para Roma, passou pela travessia. Talvez Hermann e Linge não tivessem tido tempo para se impressionar com a manobra, mas os espectadores que viram a cena ficaram sem respirar por alguns segundos...
Depois do tremendo susto - acompanhado por uma grande "escapada" -, Hans e Herbert fecharam a Mille Miglia na sexta colocação no geral e em primeiro na classe destinada à carros de até 1.500 cc. A vitória no geral foi de Alberto Ascari, com o Lancia D24. 
E hoje é aniversário de Hans Hermann, que chega aos 87 anos.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

F1 Pré-Temporada: Barcelona, Dia 4

Quarto e último dia da segunda bateria de testes em Barcelona e de mais uma vez a Lotus cravou o melhor tempo, deste vez com Romain Grosjean. A sua volta foi alcançada com pneus supermacios, mas a segunda colocação de Nico Rosberg é que pode indicar o quanto que a Mercedes ainda tem lenha para queimar este ano. Rodando com médios, Nico cravou ótimos tempos numa sequência de seis voltas consecutivas. A sua marca, 1'24''321, foi melhor até que a pole de Hamilton no circuito espanhol em 2014.
O dia também foi marcado por sustos: o primeiro deles foi com Alonso, que escapou na curva três indo bater, sem grandes danos para o Mclaren, na parte interna do circuito. O mais estranho é que a sua saída de pista além de ter sido para o lado interno, foi com a velocidade baixa como relatou Sebastian Vettel que o seguia de perto. O piloto alemão disse que "foi estranho ele ir contra o muro sem reagir. A velocidade era baixa, cerca de 150 Km/H". Alonso foi levado ao centro médico do autódromo, pára depois ser transferido para o Hospital General da Catalunya. Apesar de não ter sido constatado nenhuma lesão, sele ficará em observação. Para a Mclaren, o acidente de Alonso significou o fim prematuro dos trabalhos.
O outro acidente foi de Carlos Sainz Jr., que escapou um pouco antes do local onde Alonso se acidentou mais cedo, mas sem nenhuma consequência ao piloto.
A Ferrari concentrou-se em trabalhar o acerto do carro com Sebastina Vettel, assim como a avaliação dos pneus. Felipe Nasr enfrentou problemas pela manhã e voltou à tarde, quando conseguiu a o quarto melhor tempo com pneus super macios.
Nico Rosberg e Valtteri Bottas foram os pilotos a dar o maior número de voltas hoje em Barcelona, com 129 e 127 respectivamente.
O testes, a última bateria, voltará à partir da próxima quinta até o domingo lá mesmo em Barcelona.

Romain Grosjean: “Foi ótimo guiar o E23 mais uma vez.Nós demos alguns passos à frente com o equilíbrio e o set-up ao longo do dia e me senti bem melhor depois que fizemos algumas mudanças a tarde.Nós completamos uma milhagem muito promissora e é sempre bom ver o seu nome no topo do monitor de tempos mesmo que ainda seja muito cedo para saber o que todos os outros estão fazendo”

Nico Rosberg: “Estamos olhando para tempos de outros dias, mas acho que estamos chegando lá. Sim, estamos confiantes e sinto que tenho um bom carro.Hoje foi um dia difícil, porque estava ventando muito e às vezes era bem difícil entender o comportamento do carro. Cada curva era diferente e mudava a cada vez em que se entrava na pista, então isso tornou o teste extremamente difícil. Ainda pude aprender algumas coisas. Não foi o melhor dos testes, mas, de qualquer forma, é um bom encerramento”

Daniil Kvyat: "Foi mais um bom dia para nós. Passamos pelo programa de forma tranquila e atingimos o número desejado de voltas. Aprendemos muita coisa que vai nos beneficiar no futuro, e é para isso que servem os testes.Estava ventando bastante na pista hoje, e estava bem difícil algumas vezes, mas nós completamos o programa. O tempo também não foi ruim. Os passos que estamos dando são encorajadores, há muito potencial"

Felipe Nasr: "Nunca é ideal ter o carro parado na garagem, especialmente num último dia de treino. Mas é melhor resolver esses problemas agora que num final de semana de corrida. Então preferimos aproveitar a parte da manhã com o carro parado para fazer uma revisão geral em tudo, e com isso tivemos uma tarde bem mais produtiva.Me deixou bem ocupado, num bom sentido, já que eu pude andar desde o começo até o final da tarde com diferentes programas, pneus e também fazer long-runs para ter a sensação do carro enquanto o pneu vai desgastando.O passo à frente nós demos, mas é difícil julgar o quanto os outros deram. Mas é um carro mais consistente, mais previsível e certamente melhor que em Jerez. Lá o desempenho nesses long-runs não foi tão bom quanto aqui.Eu me sinto mais em casa, mais à vontade, conhecendo melhor o carro, sabendo o que precisamos melhorar. Então, sim, me sinto melhor aqui que em Jerez".

Valtteri Bottas: “Nós completamos muitas voltas hoje, o que foi positivo, apesar de o nosso programa ter sido interrompido algumas vezes. O FW37 segue confiável, mas nós ainda temos um caminho para percorrer antes de estarmos no nível que queremos estar, embora estejamos dentro do cronograma. Os dois testes foram relativamente sem problemas e, por isso, iniciamos nossos preparativos para a Austrália, e estamos ansiosos para o último teste na semana que vem.”

Carlos Sainz Jr.: “O importante é que eu estou bem, mas foi um acidente forte na curva três.Hoje tinham ventos muito fortes e isso não facilitou a nossa vida. Ventos muito inconstantes, muito fortes, isso, com certeza, não é fácil para um piloto.Eu perdi o carro, não consegui corrigir, atingi o muro, danifiquei bastante o carro, mas essas coisas acontecem. Hoje foi a minha vez.Para ser honesto, estava sendo o melhor dia de teste até aquele ponto. Eu senti logo de manhã que era um carro completamente diferente, que eu era um piloto completamente diferente, com muito mais feeling na freada, um feeling muito melhor em todos os tipos de curvas.Até mesmo com os fortes ventos que tivemos nesta manhã, senti confiança com o carro e consegui forçar, consegui fazer alguns bons short-runs, e isso estava me dando muita confiança.Acho que hoje foi um dia muito importante para ganhar confiança. Obviamente, não foi o ideal finalizar o dia da forma como foi, eu estou irritado com isso, mas até aquele ponto foi um dia muito bom. Eu estava começando a ser eu mesmo, com muita confiança no carro”.


Resultado - Testes de Pré-Temporada - Barcelona, dia 4

PosPilotoCarroTempoDifVoltas
1Romain GrosjeanLotus/Mercedes1m24.067s-111
2Nico RosbergMercedes1m24.321s0.254s131
3Daniil KvyatRed Bull/Renault1m24.941s0.874s104
4Felipe NasrSauber/Ferrari1m24.956s0.889s73
5Valtteri BottasWilliams/Mercedes1m25.345s1.278s129
6Carlos Sainz Jr.Toro Rosso/Renault1m25.604s1.537s88
7Sebastian VettelFerrari1m26.312s2.245s76
8Nico HulkenbergForce India/Mercedes1m26.591s2.524s36
9Fernando AlonsoMcLaren/Honda1m27.956s3.889s20

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...