quarta-feira, 7 de junho de 2023

91ª 24 Horas de Le Mans, A Centenária - O dia em Sarthe

 


O grande Tom Kristensen foi o Marshall na abertura das atividades em Le Mans 
(Foto: 24 Hours of Le Mans/ Twitter)

A abertura das atividades para esta prova Centenária das 24 Horas de Le Mans não poderia ter sido melhor. A esperança de vermos uma competitividade aberta, principalmente na classe rainha do endurance mundial, foi reforçada com uma batalha que já vinha se desenhando nas três primeiras provas desta temporada e a qualificação, onde se deu a definição dos oito melhores de cada classe para o Hyperpole de amanhã, não nos deixa mentir.

Iniciando pelo primeiro treino livre, que deu às equipes três horas de pista aberta, vimos uma Toyota mostrar um bom ritmo com seus dois carros, sendo que o #8, pilotado por Brendon Hartley, foi o mais veloz na parte final daquela sessão com a marca de 3'25"742 e o #7 ficando a 1 décimo da marca. Apesar de terem sido os mais velozes, a diferença entre os oito primeiros esteve no mesmo segundo o que sugeria uma boa disputa para mais tarde quando a qualificação chegasse.

A Peugeot, naquela ocasião, ainda tinha feito um bom treino ao se colocarem na sexta e sétima posições, porém  problemas assombraram os franceses. Foi um treino interessante para os Cadillac da Ganassi e os Porsche da Penske, trazendo uma opção interessante para a qualificação.

Na contramão de tudo, aparecia a Ferrari com seus 499P que tinha no #50 o seu melhor na oitava posição com nove décimos de atraso para o Toyota #8, mas ficava claro que os esforços eram para mais tarde.

Para Glickenhaus e Vanwall as coisas ficam mais difíceis frente a carros oficiais e semi-oficiais, mas os americanos conseguiram um bom ritmo ficando, em média, dois segundos de atraso para o ponteiro.

Na LMP2 aquela sessão revelou o Oreca #28 da JOTA Sport como o mais veloz, sendo 32 milésimos melhor que o #37 da Cool Racing. A diferença para o restante do pelotão foi de 1 segundo para cima.

Entre os LMGTE AM a Aston Martin, através do #55 da GMB Motorsport, foi a mais veloz com o Porsche #86 da GR Racing em segundo e o Aston Martin #72 da TF Sport em terceiro. Foi uma classe que teve seus nove primeiros no mesmo segundo.

Essa primeira atividade não ficou ilesa de acidentes, que o Ferrari #66 da JMW Motorsport escapou na Chicane Motul e foi para a barreira de pneus, algo que aconteceria mais tarde com o Alpine #35 no mesmo local.

O acidente que mais causou preocupação foi entre o Aston Martin #777 da D'Station que era pilotado no momento por Casper Stevenson e o LMP2 #13 da Tower Motorsport, conduzido por Steven Thomas, quando o GT bateu nas barreiras antes da Tertre Rouge e ficou no meio da pista. Apesar da sinalização com bandeira amarela e com os carros que vinha a seguir desviando, o #13 acabaria por acertar o Aston Martin. Por sorte, os danos foram apenas materiais e a D'Station e Tower precisaram trocar seus carros para prosseguirem no certame.



Na qualificação, Ferrari a mais veloz


(Foto: Ferrari Hypercar/ Twitter)

Como era previsto, esta era a sessão onde o nível subiria e a batalha seria mais intensa, fazendo já um prelúdio do que esperar para a Hyperpole que contará com os oito melhores de cada classe.


A Ferrari mostrou seu potencial, que já era conhecido das etapas passadas, ao colocar os dois 499P na primeira fila. Antonio Fuoco (que estava na zona de corte quando faltavam 20 minutos para o fim) conseguiu superar o outro Ferrari #51 ao anotar 3'25"213, sendo 1 décimo melhor que o tempo feito por Alessandro Pierguidi que havia liderado a classe. Foi uma boa disputa contra os Toyotas, que aparecem na segunda fila com #7 e #8 em terceiro e quarto, respectivamente. 

As demais posições que foram para o Hyperpole de amanhã foram seguidas pelos dois Porsche da Penske (#5 #75) e pelos dois Cadillac da Ganassi (#03 e 02).

Não foi uma sessão feliz para os demais, principalmente o Porsche #38 do Hertz Team Jota que entrou já no final para a sua qualificação e não obteve êxito; os dois Peugeot 9x8 que ficaram bem abaixo, levando mais de dois segundos do Ferrari #50.

Nos LMP2 a disputa foi bem acirrada. Pietro Fittipaldi, no comando do #28 da JOTA cravou o melhor tempo em 3'34"751, dois milésimos melhor que o tempo feito pelo #41 do Team WRT. Como foi dito acima, a batalha foi boa nessa classe com os 14 primeiros ficando no mesmo segundo.

Além do #28 da JOTA e o #41 do Team WRT,  o #63 da Prema Racing, #48 da Idec Sport, #10 da Vector Sport, #47 da Cool Racing, #923 da Racing Team Turkey e o #09 da Prema Racing passaram para a Hyperpole de amanhã.

A surpresa desta qualificação foi a não ida de nenhum carro da United Autosport e da Alpine, equipes que normalmente se qualificam para a fase final do classificatório.

A Ferrari teve um ótimo desempenho na LMGTE AM onde Alessio Rovera levou o Ferrari #83 da Richard Mille AF Corse ao primeiro lugar com o tempo de 3'51"877. Foi 37 milésimos melhor que a marca do outro Ferrari da AF Corse #54 de David Rigon. A terceira posição ficou para o recuperado Corvette #33 de Nicky Catsburg, que foi revitalizado a tempo dessa qualificação após o acidente no final do treino livre.

Além destes três, o Aston Martin #25 da ORT, Ferrari #57 da Kessel Racing, Aston Martin #55 da GMB Motorsport, Ferrari #21 da AF Corse e a Ferrari #74 da Kessel Racing.

Desde que este sistema foi adotado, esta foi a primeira vez que nenhum Porsche passou para a Hyperpole.

O Camaro ZL1 #24 da Hendrick Motorsport continuou a fazer tempos bem melhores que os da LMGTE AM, com Mike Rockenfeller a fazer o tempo de 3'47"976.


A Porsche aparece no segundo treino livre


(Foto: Porsche Races/ Twitter)

A parte da noite foi dedicada para que as equipes e pilotos passassem trabalhar no melhor acerto para este turno. Dessa forma, a Porsche, com o #6 pilotado por Laurens Vanthoor, foi o melhor dessa sessão noturna ao chegar na casa de 3'28"878. Ele desbancou a Ferrari #51 que havia passado quase todo treino na ponta da tabela. A terceira posição foi do outro Porsche #6 pilotado por Dane Cameron.


De se destacar os problemas enfrentados pelo Cadillac da Action Express, quando Alexander Sims teve algum contato e apareceu lento na pista com o carro um pouco danificado.

Esta foi também uma importante sessão para a Hertz Team Jota que pode fazer o seu treino, após uma qualificação problemática.

Na LMP2 a Prema com o seu #63 foi a mais veloz com o #22 da United Autosport, que enfim apareceu nestas atividades, foi o segundo. A terceira posição ficou para o #28 da JOTA Sport, sempre com Pietro Fittipaldi comandando o carro nas voltas velozes.

A Kessel Racing, com o Ferrari #74 pilotado por Kei Cozzolino, fez a melhor marca na LMGTE AM com 3'53"796. A segunda posição ficou para o Porsche #60 da Iron Lynx e a terceira colocação ficando para outro Porsche #56 da Project 1.

Amanhã continuam as atividades com a realização do terceiro e quarto treino livre e também da Hyperpole, que decidirá os poles de cada classe.

terça-feira, 6 de junho de 2023

Foto 1031 - Alpine M64 & Porsche 904, 24 Horas de Le Mans 1964

 


Um momento importante do esporte a motor. Nesta foto, o Alpine M64 #47 da Société des Automobiles Alpine pilotado por Mauro Bianchi e Jean Vinatier nos boxes de Le Mans enquanto que ao fundo, toda velocidade, aparece o Porsche 904/8 #30 da Porsche System Engineering conduzido por Colin Daves e Gehard Mitter. Eles estavam em classes diferentes: o Alpine inscrito na classe de até 1.150cc e o Porsche na 2.000cc

Apesar do abandono na hora 20 por problemas na embreagem, o Porsche #30 acabou vencendo na sua classe enquanto que o Alpine #47 completou a prova, mas acabaria não sendo classificado por não ter atingindo a distância mínima. Essa classe P 1.15 foi vencida pelo outro Alpine #46 de Roger Delageneste/ Henry Morrogh.

Essa edição de 1964 marcaria a entrada da Ford com seus míticos GT40 que infelizmente não completariam a prova - eles levaram três unidades para aquela edição.

Ao mesmo tempo que a Ford iniciava a sua caminhada em Sarthe - que mais tarde tornaria-se uma das mais festejadas da história do Endurance - , a Ferrari cravava a sua última vitória na geral como equipe oficial (venceria em 1965 com a Ferrari North America) ao conquistar com Nino Vaccarella e Jean Guichet no comando do 275P #20. Os italianos ainda fecharam a trinca com dois 330P.

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Foto 1030 - Michele Alboreto, GP de Detroit 1983

 



A F1 voou até os EUA para a realização do GP dos EUA do Oeste, nas ruas de Detroit pela segunda vez na história. René Arnoux cravou a pole e teve Nelson Piquet ao seu lado na primeira fila; Tambay e um surpreendente Elio De Angelis, com a Lotus Renault, fechavam a segunda fila. Surer e Michele Alboreto estavam na terceira fila. 

Assim como em Spa, a primeira largada foi abortada por causa de... Marc Surer, que teve o motor Cosworth de sua Arrows apagada bem na hora da partida. Na segunda largada foi a vez de Tambay ficar parado, mas a partida transcorreu normalmente e Nelson Piquet assumiu a ponta. Ele batalhou com Arnoux pela liderança até que na décima volta, o francês o ultrapassou. Nelson ainda perderia a segunda posição para Rosberg na 19ª volta – e a recuperaria na 30ª, quando o finlandês foi para o seu pit-stop. 

Parecia certa a vitória de Arnoux, mas uma pane elétrica na Ferrari deixou o francês a pé e deu de bandeja a Piquet a liderança. Da mesma forma que René, a vitória agora parecia ser de Nelson já que os contendores não estavam próximos, mas um pneu furado a nove voltas do fim arruinou esta possibilidade e fez com que despencasse para quarto na classificação. 

Alheio a estes azares dos ponteiros e se aproveitando do bom rendimento do motor Ford Cosworth na sua Tyrrell, Michele Alboreto precisou apenas conduzir o carro da equipe do Tio Ken para vencer em Detroit. Rosberg, Watson, Piquet, Laffite e Mansell – correndo com a Lotus 92 com motor Ford Cosworth – fecharam nas posições pontuáveis. Cinco Cosworth entre os seis, mostrando bem que este tipo de pista era único reduto onde eles podiam ser competitivos.

Apesar da festa em torno desta conquista, ela acabou por ser melancólica ao passar dos anos: se para Ken Tyrrell esta foi a última conquista da sua simpática equipe na F1, para a Cosworth não foi diferente: foi o ponto final de uma história iniciada no GP da Holanda de 1968 com a vitória de Jim Clark com a Lotus. De certa forma, também, culminou no fim da era romântica da categoria que estava se profissionalizando a cada corrida.

*Trecho retirado do especial "Le Genie Nelson Piquet"

domingo, 4 de junho de 2023

91ª 24 Horas de Le Mans - Test Day

 

Ferrari começou bem a sua caminhada em Sarthe
(Foto: Ferrari Hypercar/ Twitter)


Com os carros na pista para este Test Day, foi importante para que todos pudessem verificar seus carros e os pilotos mais novos, aqueles que estão visitando La Sarthe pela primeira vez, se ambientassem com os mais de 13 Km do clássico traçado que sediará a Centenária 24 Horas de Le Mans.

Apesar de que ainda não seja o pace ideal que veremos a partir de quarta-feira, quando as atividades oficiais começarão de fato, foi importante vermos o que poderá acontecer quando tudo for pra valer. A AF Corse, com os seus Ferrari 499P, ditou o ritmo nas duas partes do teste e assim cravando a melhor marca no geral: o Ferrari #51 fazendo o tempo de 3'29"504 na soma final das duas sessões, sendo que o #50 já havia cravado a melhor marca pela manhã. Com o bom andamento apresentado hoje, mostra-se um bom presságio para a marca italiana que volta a classe principal após 50 anos.

Enquanto que a Ferrari teve um bom dia, o mesmo não se pode dizer da Toyota que, apesar de ter conseguido a terceira melhor marca do dia com o #7, teve no mesmo carro #7 um acidente no final da primeira parte do treino quando Mike Conway bateu na Tertre Rouge e danificou a dianteira. Ao final da tarde, além deste terceiro lugar garantido pelo #7, o #8 ficou com a oitava posição após ter enfrentado problemas no sistema híbrido. Foi um teste bem atribulado para os japoneses.

A Peugeot também não teve um teste fácil, apesar do andamento ter sido bom para quem não conseguiu bons desempenhos nas últimas corridas. Ficaram em terceiro com o 9x8 #94 na terceira posição na primeira sessão, mas teve o #93 com problemas no sistema híbrido que o fez perder o resto da primeira sessão. As coisas se inverteram no segundo treino, quando o #94 é que teve problemas híbridos e o #93 fez o seu trabalho ao ficar em sétimo.

A trinca de Cadillac ainda procura seu acerto. Na primeira parte, o melhor deles foi o #3 da Cadillac Racing que ficou em sexto, enquanto que o #2 ficou em décimo e o #31 da Action Express ficou no 13°. A tarde, o melhor entre eles foi o #2 em oitavo; o #3 em 13° e o #31 na 16ª posição.

A Porsche, com seus quatro 963, divido em duas equipes, tiveram bons andamentos nestes primeiros quilômetros. O #38 da Hertz Team Jota foi o melhor dos Porsche na primeira sessão ao ficar em terceiro. Os demais Porsche, todos do Porsche Penske Motorsport, ficaram em nono (#06), 12° (#05) e em 16° (#75). No segundo treino, o #6 ficou em segundo e o #75 e #05 ficaram em quinto e sexto. O #38 da Hertz fechou em 11°.

A Glickenhaus e Vanwall tiveram desempenho discreto: a Glickenhaus conseguiu o 11° e o 15° com o #708 e #709, respectivamente, e a Vanwall ficando em 14° com o #04 no primeiro treino. O segundo treino, o #04 ficou a frente com a 12ª posição e o dois Glickenhaus ocupando a 13ª e 15ª posições com os #708 e #709.


Na LMP2, conhecida por ter disputas bem acirradas, tivemos as marcas bem espaçadas girando na casa de 1 segundo entre os primeiros.

A primeira parte teve o #47 da Cool Racing o mais veloz, atingindo o tempo de 3'36"409 e com isso foi um segundo mais veloz que o #48 da Idec Sport. A terceira posição foi do #31 do Team WRT.

Na segunda sessão do teste, a primeira posição ficou para o #28 da JOTA Sport com o tempo de 3'35"472 (feito por Pietro Fittipaldi) que foi sete décimos melhor que o do #31 do Team WRT. Em terceiro aparece o #35 da Alpine.

A LMGTE AM foi equilibrada, obrigado. A distância ficou na casa de um décimo entre os ponteiros no primeiro treino. Nesta sessão, a Ferrari esteve bem com uma dupla de 488 GTE EVO nas duas primeiras posições: o #66 da JMW Motorsport foi o primeiro (3'56"623) com mais de um décimo de vantagem sobre o #21 da AF Corse, e em terceiro ficou o Aston Martin Vantage #25 da ORT by TF.

A segunda sessão viu o domínio da Ferrari continuar, mas desta vez com uma trinca de 488 GTE EVO nas três primeiras posições: o #66 da JMW Motorsport continuou a ditar o ritmo (3'56"088) seguido pelo #54 da AF Corse e pelo #57 da Kessel Racing.

Na Garage 56 o Chevrolet Camaro ZL1 da Hendrick Motorsport teve um dia muito proveitoso, ao ficar próximo e até mesmo superar as marcas dos GTs com certa folga. Pela manhã fizeram o tempo de 3'56"880 (que os colocariam em quarto na classe LMGTE AM) e a tarde foram quase três segundos melhor que o tempo do primeiro nos GTs ao fazer 3'53"761.

Os treinos oficiais para a 91ª 24 Horas de Le Mans terá início na próxima quarta-feira. 

sábado, 3 de junho de 2023

91ª 24 Horas de Le Mans, A Centenária - Pesagem - Dia 2

 

Os Glickenhaus durante a pesagem
(Foto: 24 Hours of Le Mans/ Twitter)


A rodada de pesagem para a 91ª 24 Horas de Le Mans, na Place de La République, teve a sua continuação hoje com a presença dos 23 carros restantes.

Como era de se esperar, a presença dos Hypercars foram a grande atração para o público que ali esteve.

Abaixo as principais declarações:

Porsche

Le Mans e Porsche tem um caso de amor muito bem resolvido, diga-se e isso é sentido através da recepção do público para com a marca alemã recordista de vitórias na clássica prova.

Para a busca da 20ª conquista, estarão com os três carros da equipe Penske e com o da Hertz Team Jota. Hoje foi a vez dos carros comandados pela Penske irem para a pesagem e Fred Makowiecki que estará no comando o 963 #5 junto de Dane Cameron e Michael Christensen.

Aqui ele fala sobre a expectativa para a prova, assim como a busca da melhoria de toda equipe: "Estamos aumentando nossas chances de vitória . Isso permite testar muito mais coisas e abordar a corrida com o máximo de dados. No início da temporada, para ser honesto, não estávamos no nível que esperávamos. O que deve ser julgado é a nossa curva de progressão . Temos um desempenho melhor há algumas corridas. É verdade que somos bastante inconstantes. No entanto, Le Mans continua a ser um evento especial. Os últimos testes privados que fizemos nos ajudaram a entender bem o carro, então cabe a nós consertar as coisas."

Cadillac

Mais de vinte anos após a sua última participação, o retorno da Cadillac é também bastante esperado em Sarthe. Ao mesmo passo da Porsche, eles também esperam resolver seus problemas e evoluir durante este certame em Le Mans para, quem sabe, poder lutar pela vitória.

Sebastién Bourdais, um veterano da prova com boas prestações à Peugeot Ford, o francês destaca a preparação que foi feita em simuladores e na pista: "Trabalhamos muito na pista, mas também no simulador. Amanhã, com os nossos três carros, iremos em três direções diferentes em termos de afinação e depois analisaremos os dados recolhidos. Isso nos permitirá começar os treinos livres na quarta-feira com uma base fixa e depois trabalhar com mais detalhes. Voltar ao início da temporada foi complicado porque encontramos problemas mecânicos e azar. Tanto é assim que nos encontramos em uma situação desconfortável em relação às peças de reposição. Espero que tenhamos deixado nosso gato preto na Califórnia (risos). Chegamos aqui de bom humor e toda a equipe precisava disso."


Glickenhaus

O time de Jim Glickenhaus, que terminou em terceiro ano passado, foi também uma das mais saudadas neste derradeiro dia de pesagem. E Jim gostou bastante dessa recepção, destacando a tradição de equipes particulares em Sarthe: “Existe uma longa tradição de pequenas equipes independentes em Le Mans. Temos orgulho de apresentar carros que projetamos e construímos, então vamos dar tudo de nós. Estamos constantemente fazendo melhorias em nosso hipercarro com base no que aprendemos nas corridas”.

Sabemos que a situação para que possam repetir o feito de 2022 ou até melhorar este, será uma tarefa ainda mais complicada devido o contingente que agora é mais robusto. Mas sabemos, também, que a esperança estará sempre ali e até o cair da bandeira quadriculada tudo pode acontecer.


Toyota e Ferrari. O grande duelo?

Até aqui tem sido uma disputa muito interessante entre estas duas marcas, mesmo que a Toyota tenha cravado as três vitórias nas três primeiras corridas. Mesmo assim, a presença da Ferrari é algo a se considerar e a fabricante japonesa, que venceu as últimas edições das 24 Horas de Le Mans, sabe bem disso.

Nesse embalo de sucesso, a Toyota é apontada como a principal favorita - e claro, pelas rivais, a equipe a ser batida no solo sagrado. Mesmo que adotem uma postura humilde, é difícil desvencilhar deste rótulo e eles sabem disso. “Temos dificuldade em escapar disso. Somos forçados a aceitá-lo. Isso não nos garante uma corrida fácil , porque sabemos que tudo pode acontecer”, como bem destaca o chefe da equipe Pascal Vasselon.

Apesar deste rótulo, eles sabem bem que o passado não foi muito gentil com eles antes que passassem a vencer a prova.

Do outro lado da trincheira o retorno de uma velha conhecida de Sarthe, trouxe não apenas a mística que seu nome envolve, como também a possibilidade de desafiar a Toyota: a Ferrari terá o seu tão sonhado retorno à Le Mans 50 anos após a sua última participação na classe principal e a esperança de uma vitória é grande para este retorno. Porém, eles sabem que terão de superar a Toyota e também os percalços que esta prova reserva à todos. “Sabemos que nosso carro é competitivo, assim como a equipe técnica. Acho que a Toyota Gazoo Racing é a equipe a ser vencida porque eles são muito fortes aqui. Faremos de tudo para dificultar a vida deles. Ainda assim, temos de terminar a prova em primeiro e, se for o caso, penso que será numa boa classificação” como fala Miguel Molina, que estará no comando do 499P #50 junto de Antonio Fuocco e Nicklas Nielsen.

A pesagem foi encerrada com um desfile de de carros num trecho da Avenue du Général de Gaulle ao Quai Louis Blanc, onde o tetra vencedor de Le Mans Yannick Dalmas, na condução do Chenard & Walcker Sport (vencedor da primeira edição das 24 Horas de Le Mans em 1923), comboiou alguns dos carros que estarão nesta prova Centenária como o #77 Dempsey-Proton Racing (Porsche 911 RSR-19) e do #33 Corvette Racing (Chevrolet Corvette C8.R) encantaram e o #24 Hendrick Motorsports (Chevrolet Camaro ZL1).

Amanhã começa os trabalhos de pista, com os testes que terão duas sessões de três horas cada (10:00 - 13:00 e depois das 15:30 - 18:30) horário da França.

sexta-feira, 2 de junho de 2023

91ª 24 Horas de Le Mans, A Centenária - Pesagem - Dia 1

O Peugeot 9x8 durante a pesagem
(Foto: Peugeot Sport/ Twitter)

 

A festa para esta 91ª edição das 24 Horas, que também é especial por ser a dos 100 anos da mítica prova em Sarthe, começou bem antes com a tradicional pesagem Place de La République. A "Journeé de Pesage" foi dividida em dois antes, sendo que hoje foram 39 carros que passaram pelos olhos atentos dos fãs, imprensa e comissão técnica e amanhã serão os 23 restantes desta 91ª edição.

Abaixo as falas de personagens importantes de algumas das principais equipes que compõem o fabuloso grid de 62 carros.

Vanwall

É um nome mítico que estará pela primeira vez em Sarthe competindo justamente na prova Centenária. O retorno da Vanwall, pelas mãos da ByKolles, ainda não é das melhores, mas ainda resta uma ponta de esperança de possam conseguir em breve avançar pela difícil classe principal que é formada pelos LMH e LMDh. Tom Dillman, que fará trio com Esteban Guerrieri e Tristan Vaultier, que acabou ganhando a vaga que era de Jacques Villeneuve até as 6 Horas de Spa Francorchamps: "Estamos felizes por entrar na categoria principal, onde há muitas inscrições. É uma nova era de ouro para a resistência. Tradicionalmente, a primeira temporada de um carro novo é difícil. A corrida mais longa que corremos até agora são as 1000 milhas de Sebring. Portanto, nosso objetivo número um é terminar a corrida. No entanto, não estamos aqui para fazer números, por isso esperamos poder lutar com os nossos concorrentes. Damos passos a cada corrida. Ganhamos tão bem em performance que mal podemos esperar para ver o que acontece no circuito das 24 Horas”.

Peugeot

O retorno da marca dos Leões à Sarthe era esperada desde 2022, mas com a opção em deixar a estreia do 9x8 a partir das 6 Horas de Monza daquele ano, exatamente para terem um carro mais bem preparado para o desafio, esta de 2023 marca o regresso após 12 anos. Assim como a Vanwall, os dias para os franceses não foram dos melhores, mas para esta prova em Le Mans é uma esperança de que as coisas possam começar a se acertar, assim como espera Jean Marc-Finot, diretor da Stellantis Motorsport: “Vimos em corridas anteriores que não estávamos em vantagem nas curvas lentas; há menos em Le Mans. Domingo, ao final do Dia do Teste, teremos uma boa visão geral da hierarquia e nossa posição nela. Na corrida, será sobretudo necessário ir até ao fim”. Ele também destacou a bela livery que estará nos dois 9x8, algo que chamou bastante atenção dos fãs neste dia de pesagem:  “Estamos muito felizes de estar aqui. É o 30º aniversário da vitória do 905. É por isso que imaginamos uma pintura específica. Vamos impressionar com esta decoração e também esperamos fazê-lo de forma esportiva”.

Alpine

Sabemos que desta vez eles estarão na briga pela vitória na classe LMP2, onde eles reinaram em anos anteriores (2018 e 2019), mas os olhares da equipe francesa já apontam para 2024 onde eles pretendem estar de volta à classe principal com um Hypercar.

Com a data de apresentação deste já marcada para a véspera da Centenária 24 Horas de Le Mans, dia 9, Nicolas Lapierre falou sobre a expectativa em pilotar o novo carro em breve, assim como a beleza que deve ser este projeto: É muito provável que eu seja o primeiro a pilotar. É uma bela realização e um belo projeto que ganha vida. As equipes Alpine estão trabalhando duro para criar um belo carro. Acho que todos vocês ficarão agradavelmente surpresos com suas linhas e formas. Essa é uma linda história".

Apesar deste entusiasmo, a equipe atual não deixou de ser mencionada, claro, com Philippe Sinault, chefe da Alpine, esperando uma grande jornada dos "Le Bleus" ao lugar mais alto do pódio como fora no biênio 2018/ 2019: “É uma recuperação corajosa da nossa parte, porque, com toda a franqueza, tivemos a opção de assistir a corrida pela televisão e nos preparar para nossa chegada ao Hipercarro em 2024. Porém, a ideia não passou por nossas cabeças nem por um segundo. . Não podíamos deixar de estar presentes no Centenário. Então, a melhor forma de se preparar para os próximos eventos é lutando, ainda mais em uma categoria de altíssimo nível. Conseguimos montar rapidamente as equipes. Conhecemos bem os rivais por isso vamos colocar tudo no lugar para alcançar o melhor resultado, a vitória”

Os demais

A Hertz Team Jota trará o belo Porsche 963 com a formação Antonio Félix Da Costa/ Will Stevens/ Yiefei Ye e claro, tem a sua ambição de conseguir cravar um belo resultado em Sarthe. Eles já tem a experiência de vencer as 24 Horas de Le Mans, mas pela classe LMP2,  porém a chance de conseguir na geral neste 2023 é existente. Will Stevens fala sobre: "Estamos mais preparados do que em Spa. Fazer parte da Hypercars é uma grande honra para nossa equipe. Temos grandes esperanças para esta corrida. É um grande desafio, mas é a experiência de uma vida”.

Doriane Pin, que estará no comando do #63 da Prema Racing na LMP2 ao lado de Miko Bortolotti e Daniil Kvyat, foi muito requisitada também: "Já tem muita gente. Sinto muito apoio e é incrível! Com Daniil e Mirko, formamos uma grande equipe. Lutamos pela vitória em todas as corridas para que possamos conquistar um bom resultado." , completou Pin que será uma das cinco mulheres presentes nesta edição Centenária - Lilou Wadoux, Sarah Bovy, Michelle Gatting e Rahel Frey são as demais.

Outra que chamou bastante atenção dos fãs foi a presença do NASCAR Chevrolet Camaro ZL1 que estará no Garage 56. O carro chefiado pela tradicional Hendrick Motorsport e que terá os trabalhos de um trio estelar formado por Jenson Button/ Mike Rockenfeller/ Jimmie Jonhson, estará em caráter experimental numa categoria a parte nomeada de "Carros Inovadores".

Os pilotos mostraram entusiasmo por esta empreitada, com Rockenfeller mostrando entusiasmo em pilotar o ZL1 logo; Button destacando o desempenho do carro ao falar "ela é maravilhosa. É mais pesado que a média e você realmente precisa trabalhar duro ao volante. Requer mais esforço. Ela também é muito poderosa, então acho que nossos tempos de volta serão decentes" e Jimmie Jonhson falando sobre o seu pai, que mostrava fotos da corrida: “Quando criança, meu pai me mostrava essa corrida através de fotos. Eu imediatamente quis participar. Hoje estou lá e quero aproveitar ao máximo”.

A continuação da pesagem será neste sábado e claro, o espírito das 24 Horas de Le Mans já tomou conta de todos.

terça-feira, 30 de maio de 2023

Foto 1029 - Porsche 908 & Duckham LM72, 24 Horas de Le Mans 1972

 



Na foto, um breve encontro entre o Porsche 908 LH Coupe #60 da Siffert ATE Racing pilotado por Reinhold Joest/ Michel Weber/ Mario Casoni e o Duckham LM72 da Duckham's Oil Motor Racing #68 conduzido por Alain de Cadenet/ Chris Craft.

A equipe Siffert ATE Racing foi batizada em homenagem a memória de Jo Siffert, que falecera no final de 1971 durante a Victory Race em Brands Hatch, prova extra-campeonato que foi realizada em outubro - o Porsche 908 utilizado por eles era de propriedade de Siffert e fora o mesmo com que ele vencera os 500km de Zeltweg de 1968. Apesar da saída da Porsche como equipe oficial naquele ano, agora já concentrando forças no seu projeto na Can-Am, a fábrica deu uma ajuda para retrabalhar este 908 e colocá-lo nessa nova configuração do Grupo 5 - a ATE, fabricante de freios, patrocinou a empreitada. O trio acabou na terceira posição na geral, dezenove voltas atrás do Matra MS670 #15 de Henri Pescarolo/ Graham Hill que venceram aquela edição.

Sobre o Duckham LM72 foi projetado por Gordon Murray a pedido de Cadenet - aproveitando-se da mudança de regulamento a partir daquela edição das 24 Horas de Le Mans, que agora passava a comportar carros esportovos do Grupo 5 de 3 litros. Murray, que na época havia sido nomeado chef de design da Brabham - que já estava sob os comandos de Bernie Ecclestone - usaria seu breve conhecimento nos Brabham para criar o LM72 com a suspensão do BT33 e motor Cosworth DFV. A dupla fechou na 12ª posição na geral e em quinto na classe S3000 destinado aos carros de 3 litros. Este LM72, que foi batizado de Duckham LM72, por conta do patrocínio da petrolífera - e que também dava nome à equipe - , ainda apareceria em Watkins Glen naquele ano de 1972, tanto na prova válida para o Mundial de Marcas quanto para o da Can-Am. Ele foi utilizado até 1974 em Sarthe.

Esta edição de 1972, a 40ª da grande prova, teve a marca da tragédia com a morte de Jo Bonnier na manhã de domingo após ele colidir com uma Ferrari GT e voar por sobre as árvores e incendiar - num momento que ele, junto de Gijs Van Lennep no Lola T280, estavam a se recuperar dos problemas que atrapalharam o bom andamento na prova, uma vez que chegaram a liderar e incomodar o domínio da Matra naquela edição.

Falando sobre eles, a Matra venceu a edição e tornou-se a primeira equipe francesa a vencer a clássica após 23 anos, já que a última tinha sido na folclórica conquista de Louis e Jean Louis Rosier com o Talbot Lago em 1950. Esta de 1972 foi, também, a ocasião onde Graham Hill gravou seu nome no que ficou conhecido como "Tríplice Coroa" que consiste em vencer as 500 Milhas de Indianápolis, GP de Mônaco (ou o Campeonato Mundial de Fórmula-1, já que há uma longa discussão sobre) e as 24 Horas de Le Mans. 

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...