domingo, 19 de julho de 2020

GP da Hungria: Um nível acima

Lewis Hamilton durante o GP da Hungria
(Foto: Mercedes)


Chegamos numa fase da carreira de Lewis Hamilton que faltam adjetivos para qualificá-lo. Qualquer coisa que viemos a escrever sobre ele, é cair automaticamente numa enorme redundância, num círculo vicioso onde elogiar o melhor piloto do momento chega a ser chato. Mas sempre cairemos nessa tentação de sempre falar o quanto que inglês é espetacular - e esse foi o caso de hoje em Hungaroring, onde ele chegou a sua segunda vitória na temporada, a oitava na história do GP húngaro e a sua 86a conquista, num passeio para lá de tranquilo no travado circuito da Hungria.
Apesar dessa corrida ter sido interessante, principalmente pelo fato dela ter iniciado com asfalto úmido, o que ajudou a embaralhar as ações nas posições abaixo do segundo lugar, Hamilton e Verstappen tiveram pouco trabalho. Pela parte do holandês, o susto em escapar e bater na volta de instalação do grid e ter um trabalho fenomenal dos mecânicos da Red Bull, que entregaram seu carro há poucos segundos do fechamento do Pit Lane, foi a grande vitória para ele e a equipe austríaca. Mas no decorrer do GP, eles não foram páreo para um inspirado Lewis Hamilton que já mostrava nas primeiras voltas com pista úmida um passo impressionante ao abrir oito segundos sobre Max. Assim que colocaram os pneus Slick quando a pista criou o trilho seco, o domínio de Hamilton aumentou ainda mais e o inglês pode fazer sua corrida sem nenhum infortúnio, apenas levando o Mercedes a mais uma vitória emblemática na temporada e também no GP húngaro, assim como acontecera um ano antes na sua fabulosa conquista contra o mesmo Max.
Por outro lado, a Mercedes deve ter relembrado daquela estratégia e tentou replicá-la para Valtteri Bottas, que procurou fazer uma prova de recuperação após realizar uma péssima largada e cair para sétimo. O que a Mercedes fez em 2019 foi ter chamado Lewis para os boxes e trocar seus pneus para os macios e tentar pegar um dominante Max Verstappen, uma vez que Lewis havia arriscado em algumas oportunidades e foi brilhantemente rechaçado por Max, que parecia caminhar fortemente para a vitória. Exatamente por isso, a Mercedes precisou fazer essa parada arriscada - aproveitando-se da grande diferença que eles tinham sobre as Ferrari - e voltar em segundo com vinte segundos de desvantagem em relação a Verstappen - que vinha com pneus duros e a Red Bull acabou optando em deixá-lo na pista com os pneus duros, pois sabiam que se caso parassem na volta seguinte, perderiam a posição para Lewis. Resumindo, Hamilton voltou vinte segundos atrás, descontou e assumiu a liderança faltando três voltas para o final, garantindo uma vitória magistral para ele e equipe. Um ano depois eles precisavam fazer o mesmo, mas agora com Bottas lutando pelo segundo lugar contra... o mesmo Max Verstappen. Mas desta vez, Bottas não conseguiu fazer o mesmo que Hamilton fizera um ano antes, mesmo tendo pneus mais novos que o holandês e terminando na terceira posição.
Por mais que alguns pilotos tenham o melhor equipamento em mãos, nem sempre conseguem transformar isso em resultado. Não é nenhuma novidade que Bottas esteja abaixo de Lewis - e isso já estamos cansados de ver nas últimas temporadas - mas a situação de hoje comparada a do ano passado, que foi bem parecida, mostra o tamanho do abismo que separam os dois pilotos da Mercedes. 

domingo, 12 de julho de 2020

GP da Estíria – De volta a doce rotina

(Foto: autox.com)


A pole de Lewis Hamilton naquele aguaceiro que foi a qualificação no Red Bull Ring, indicava que a o inglês estaria no seu nível normal de pilotagem: 1’’2 segundos de vantagem sobre Max Verstappen – que ainda teve a oportunidade de tentar diminuir ou até mesmo eclipsar a pole – mostrou que ele estava disposto a redimir-se do final de semana desastroso que havia feito na semana anterior ali mesmo, quando a corrida era nomeada como GP da Áustria. Melhor ainda: o duelo dele contra Verstappen naquelas condições da qualificação passa a ser como um dos momentos mais marcantes da temporada com os dois melhores pilotos em pista molhada da atualidade trocando os melhores tempos a cada passagem. Uma aula de como conduzir um monoposto em situações extremas que ainda foi brindado com uma volta magistral de Hamilton que, acompanhada pela onboard, mostrou a tamanha suavidade de como levar o carro com precisão e velocidade a uma pole fenomenal.
A corrida de Hamilton foi apenas uma corrida de... Hamilton! Não existiu qualquer ameaça que lhe desse alguma preocupação e nem mesmo a presença de Verstappen ao seu lado, pareceu dar ao hexacampeão algum receio tamanha segurança com a qual largou e também relargou, assim que o rápido Safety Car saiu após a limpeza pista por conta do entrevero das duas Ferraris. Lewis manteve uma boa diferença de três segundos para Max e passou aumentá-la assim que a sua parada de box aproximava, e isso foi importante para que ele voltasse do único pit-stop na frente de Max – que parara algumas voltas antes.
Hamilton precisou apenas administrar e ampliar a vantagem sobre Max e depois sobre Valtteri para voltar ao lugar mais alto do pódio, numa das vitórias mais tranquilas de suas 85 conquistadas até aqui.
Uma forma bem convincente de redimir-se da corrida de abertura alí mesmo no Red Bull.

Os demais

(Foto: Times Famous)

O fator principal para que o GP da Áustria fosse bem movimentada, tinha sido a presença do Safety Car que proporcionou o embaralhamento nas estratégias ao beneficiar alguns e deixar outros mais expostos. Mas desta vez, no mesmo local, mas levando o nome de GP da Estíria, um dos estados da Áustria, tudo corre de forma normal sem ter grandes mudanças nas primeiras posições. Mercedes e Red Bull não tiveram adversários e do mesmo modo, não se ameaçaram.
O cenário deste GP foi bem parecido com que vimos na última semana, quando a Mercedes dominou com Bottas na liderança e viu Hamilton procurar se recuperar após largar em quinto. Desta vez era o inglês quem estava soberano na dianteira e Valtteri procurando subir na classificação após marcar o quarto tempo. Max Verstappen, assim como tinha sido no GP austríaco, ficou entre os dois Mercedes, mas sem conseguir aproximar-se de Hamilton e sem dar muitas chances para Bottas tirar a diferença entre eles que estava em sete segundos e foi baixando aos poucos. A solução foi resolvida nas paradas de box, quando Valtteri ficou na pista dez voltas mais e teve pneus médios em dia para poder atacar Max. Foi um duelo interessante que durou uma volta e meia, com o finlandês superando e tomando o troco de Verstappen para depois, na infame curva 4, tomar de vez o segundo lugar e dar a Mercedes a primeira dobradinha na temporada. Em uma corrida realizada em condições normais, fica claro, mais uma vez, que a Red Bull e Honda precisarão remar bastante para poder encostar um pouco mais na Mercedes.
Se o pelotão dianteiro foi tranquilo, da quinta colocação para baixo foi uma corrida bem disputada. Descontando apenas Albon, que ficou na quarta colocação e teve certo período de pressão vinda de Sergio Perez sem ter resultado em nada, o restante travou bons duelos: o próprio mexicano da Racing Point fez uma corrida de recuperação muito boa ao realizar boias ultrapassagens e até com boa dose de arrojo, como fez em Carlos Sainz na curva cinco. Mas ao chegar em quinto – largara em 17º - empacou em Albon e numa tentativa de ultrapassar o anglo –tailandês na curva quatro, acabou danificando a asa dianteira após tocar em Alex fazendo com que seu carro perdesse rendimento. Isso possibilitou para que o trio formado por Daniel Ricciardo, Lance Stroll e Lando Norris se aproximassem e colocasse o mexicano no bolo da disputa, onde o jovem Norris conseguiu ganhar três posições nas duas últimas voltas e terminar num ótimo quinto lugar. Carlos Sainz era outro que poderia ter feito muito mais, mas o péssimo pit-stop o jogou de quinto para nono e com um ritmo mais lento teve que deixar Lando Norris ultrapassá-lo. Foi uma oportunidade muito boa para a Mclaren ter somado mais pontos e sair da Áustria com uma vantagem maior para a Red Bull no
(Foto: Planet F1)
Mundial de Construtores. Isso serve, também, para a Racing Point que desperdiçou bons pontos nestes dois primeiros GPs visto o ótimo carro que tem em mãos. E a Renault, mesmo não tendo um carro veloz, tem marcado seus pontos com Ocon na primeira prova e agora com Ricciardo, com o australiano finalizando em oitavo e salvando três pontos para os franceses que perderam Esteban por conta de problemas de arrefecimento.
Apesar de sua ótima qualificação, era sabido que George Russell não conseguiria algo de muito concreto nessa corrida. Como não teve a série de quebras do último GP e nem chuva, o jovem inglês terminou na 16ª posição, mas antes disso conseguira uma boa largada que lhe deu a nona posição por um breve momento até que escapou na curva cinco e despencou na classificação.
Já a Ferrari teve um final para esquecer: a batida entre Leclerc e Vettel na largada, por conta de uma manobra ousada de Charles em tentar passar Sebastian na curva três, que resultou num salto do carro do monegasco para cima de Sebastian que resultou na quebra da asa traseira do alemão que ainda foi aos boxes para abandonar. Charles, que depois assumiria toda culpa pelo acidente, abandonou na segunda volta por conta de danos no assoalho. Porém, as melhorias levadas pela Ferrari, principalmente com o uso de um novo assoalho, não deu o salto que a equipe pensava deixando ainda mais difícil o final de semana de seus pilotos que terminou da forma mais bizarra possível.
Essas duas semanas no Red Bull Ring serviu para dar um panorama que pode muito bem atravessar esse campeonato mundial, onde a Mercedes continua a ser batida; Red Bull tentando alcançar como pode a Mercedes; uma batalha interessante entre Mclaren, Racing Point e Renault; uma Ferrari claramente em queda livre e, portanto, perdida; e Alpha Tauri, Alfa Romeo, Haas e Williams tentando lutar para pegar as migalhas que aparecerem.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Foto 877: Spanish Bombs

(Foto: Motori News)

Sabemos bem que a aposta é alta e arriscada. Sabemos também que tanto a Renault quanto Alonso sabem onde estão amarrando seus respectivos burros e que a chance de não dar em nada esse “terceiro casamento” é grande – e sem dúvida essa é a maior aposta da opinião automobilística no momento, que prevê abalos sísmicos já para a primeira parte do campeonato da Fórmula-1 em 2021. Mas, por outro lado, isso é parte de um pacote que tem tudo para ser dos mais interessantes, independente de qual seja o resultado dessa terceira união.
Apesar das comparações do retorno de Fernando Alonso com o de Michael Schumacher ter sido levantado nestas últimas horas, vale lembrar que o retorno de Schumacher em 2010 tinha uma grande diferença e essa repousava sobre o regulamento bem diferente daquele que o heptacampeão cravou suas bases para se tornar o maior da categoria, ao arrasar todos na primeira metade dos anos 2000. Apesar do jogo psicológico que ele imprimiu sobre Nico Rosberg, o filho de Keke não deu tempo para que Michael se readaptasse ao novo momento da categoria e triturou o multicampeão sem piedade. Fernando voltará com após dois anos de ausência onde o regulamento ainda será bem parecido com o que ele experimentou até a sua última estadia em 2018, porém, a exemplo do mesmo Schumacher, estará ao lado de um jovem sedento para mostrar a todos que pode andar igual o mais do que um piloto que acabou de voltar de uma “aposentadoria”. Esteban Ocon, que voltou neste ano como piloto da Renault, terá 24 anos contra os 40 de Alonso e certamente terá a sua grande chance de mostrar que é um dos jovens promissores dessa geração que vem se renovando desde a estreia de Max Verstappen e Carlos Sainz em 2015. Apesar de não ser mais um jovem, para Alonso restará a sua vasta experiência e também o fato de não ter ficado inativo – o que talvez tenha contribuído bastante para Michael Schumacher tenha voltado fora de ritmo – e voltar um ano antes da troca de regulamento é uma boa ajuda.
Tanto a Renault quanto  Alonso procuram um lugar ao sol novamente e a visão deles se apegam ao regulamento que está para começar em 2022, com um teto orçamentário que dá a equipe francesa um melhor conforto para poder trabalhar e tentar beliscar uma parte do bolo e voltar ao grupo da frente. Portanto, o ano de 2021 é será de muita paciência e os dois lados sabem bem disso e precisarão se ajudar mutuamente para que tudo chegue corretamente no seu momento. Certamente será uma guerra de nervos que todos estarão de olho esperando que a primeiras bombas no QG da Renault sejam detonadas para apontarem o dedo e gritarem “Eu lhes avisei!”.
Por mais que acredite que Alonso não chegará ao seu objetivo, é uma grande oportunidade para ele mostre que está disposto a ajudar de todas as formas aquela que deu a ele a oportunidade de ser duas vezes campeão do mundo. Para a Renault também será a oportunidade de se inspirar no passado e montar uma base vencedora e voltar aos seus dias de glória, seja com Alonso, seja com Ocon ou com quem quer que seja.
A verdade é que as cartas estão na mesa e mais um desafio estará em jogo. Se eles voltarão a reviver seus dias de glória de quase vinte anos atrás ou amargarão mais uma decepção, os próximos anos nos darão as devidas respostas.


terça-feira, 7 de julho de 2020

Foto 876: 6 Horas de Watkins Glen, 1978

John Fitzpatrick com o Porsche 935 da equipe GeLo Racing já sem a porta em Watkins Glen 1978
(Foto: DailySportsCar)

Para que uma porta... O Porsche 935 #30 da GeLo Racing pilotado por Toine Hezemans/ John Fitzpatrick/ Peter Gregg durante as 6 Horas de Watkins Glen de 1978, então sétima etapa do Mundial de Marcas. O trio acabaria por vencer a prova após largarem em segundo, com a pole sendo feita pelo outro Porsche 935 da Dick Barbour Performance #90 pilotado por Rolf Stommelen/ Manfred Schurti/ Dick Barbour.
Foi uma corrida que teve certo caos quando ficou interrompida pelas fortes chuvas, exatamente pelo fato de alguns locais do circuito concentrar pontos de alagamento. A corrida ficou parada por 59 minutos e o relógio não foi parado, o que sugere que os competidores correram em torno de cinco horas e pouco.
Com aprova retomada e faltando uma hora para o fim da corrida, o Porsche #30 foi aos boxes para o seu último pit-stop e durante o trabalho a porta do lado esquerdo caiu e os mecânicos remendaram a peça com silver tape, devolvendo o carro para a corrida com aquele “novo adereço”. O problema é que mais a frente a porta voltou a se desprender e cair, mas o Porsche não foi aos boxes e o trio fechou a prova em primeiro com 30 segundos de avanço sobre o Porsche #90 da Dick Barbour.
O fato do Porsche #30 da GeLo Racing completar a corrida sem a porta levou a equipe de Dick Barbour a reclamar sobre a questão do peso, indicando que a falta da porta podia influenciar na hora da pesagem. Mas segundo os comissários que fizeram a pesagem e inspeção no Porsche #30, o carro estava dentro dos limites do peso regulamentar que era de 2.255kg. Completaram os seis primeiros o BMW 320 #10 da Faltz Essen pilotado por Dieter Quester/ Hans Joachim Stuck chegando em terceiro; o Porsche 935 #13 da Hal Shaw Racing pilotado por Hal Shaw Jr./ Monte Shelton em quarto (que venceram na classe dos Trans-Am); o Chevrolet Monza #19 da Chris Cord Racing conduzido por Chris Cord/ Jim Adams em quinto; e o Porsche 935 #71 da Otis Chandler que foi conduzido por John Thomas/ Otis Chandler.
Outro piloto que brilhou durante a prova e não conseguiu grande resultado, foi Danny Ongais – que dividiu o Porsche 935 #0 da Interscope Racing com Ted Field –que chegou liderar as primeiras voltas e perder a liderança por problemas em uma das rodas. Conseguiu se recuperar, mas abandonou após problemas no câmbio.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Foto 875: 300 Milhas de Virginia, IMSA 1971




O inicio da contagem... Na foto, o Corvette Stingray “Rebel Corvette” de Dave Heinz durante a prova inaugural da IMSA (International Motor Sport Association) em Danville, onde foi realizada as 300 Milhas de Virginia.
Mais de dez mil pessoas compareceram para assistir a primeira corrida daquela nova categoria criada no final de 1970 que contou uma lista de 27 participantes, mas apenas 24 é que correram naquele primeiro evento.  Os carros foram divididos em seis classes: Gran Turimos GTO (acima de 2,5 litros) e Gran Turimos GTU (abaixo de 2,5 litros); Turismo TO (acima de 2,5 litros) e Turismo TU (abaixo de 2,5 litros); IMSA A Sedan e IMSA B Sedan.
A pole foi conquistada por Dave Heinz com a marca de 2’18’’700, seguido pelo Porsche 914 de Peter Gregg/ Hurley Haywood e por outros Porsche 911 conduzido por jim Locke (3ª posição), Pete Harrison/ Sam McLaughlin (4ª posição) e Bob Beasley na quinta posição.
A corrida, disputada em 18 de abril, foi um duelo particular entre o Corvette de Heinz e o Porsche 914 de Gregg/ Haywood que se revezaram na liderança da prova. A diferença entre eles nunca ultrapassou chegou aos dez segundos e isso indicava um final imprevisível, até que Dave Heinz escapou e danificou a dianteira do Corvette obrigando-o a ir aos boxes para reparos na volta 60. Gregg e Haywood assumiram a liderança e levaram o Porsche 914 a vitória no geral e na classe GTU. Dave Heinz, que mais tarde admitiria que ter sido muito otimista em realizar toda a corrida sem ter um segundo piloto, terminou em segundo com uma volta atrás e venceu na classe GTO – nessa classe teve apenas dois carros, sendo o segundo um Corvette Stingray conduzido por Mel Shaw/ Cress Taylor que não terminou. Na classe IMSA B vitória para o BMW de Byron Morris/ Clint Abernethy (6º no geral); George Alderman/Roger  Blansfield venceram na classe IMSA A com um Datsun 510 (7º na geral); Amos Johnson/ Roger Mandeville/ Bunny Diggett, com um Opel, venceram a classe TU (12º no geral); Bob Henning/ Richard Staples, com um AMC Javekin, venceram na TO (17º no geral).
A conquista de Dave Heinz foi a primeira da Corvette na IMSA, nessa que podia ter sido na geral não fosse o erro do piloto. Mas nas corridas seguintes, Heinz foi a desforra ao vencer as 200 Milhas de Talladega, dividindo o carro com Orlando “Or” Constanzo; ainda com parceria com Constanzo venceu as 3 Horas de Charlotte; não participaram nas 3 Horas de Bridgehampton, que foi vencida por Gregg/ Haywood; abandonou as 250 Milhas de Summit Point – em prova que dividiu o volante com Don Yenko – após largar da pole e que foi vencida por Gregg/ Haywood; e voltaram a vencer nas 200 Milhas de Daytona, mais uma vez dividindo o Corvette com Yenko. Estes resultados deram a Chevrolet o título nesta classe GTO, ao somar 51 pontos contra apenas 13 da Shelby.
Passados quase 49 anos, a Corvette chegou a sua 100ª vitória na IMSA com a Corvette Racing ao venceram a Daytona 240 neste último sábado quando Antonio Garcia e Jordan Taylor (a primeira dele como piloto oficial da Corvette) venceram na classe GTLM e, com isso, marcaram também a primeira conquista do Corvette C8.R. Essa conquista teve outro dado interessante que foi a saída de uma seca de vitórias que a marca não tinha desde 2018, quando Tommy Milner e Oliver Gavin venceram em Long Beach.  
Em 2016, na etapa de Lime Rock, a Corvette Racing teve a sua primeira vitória centenária vinda pelas mãos de Tommy Milner e Oliver Gavin quando a fabrica conquistou a 100ª prova do programa, englobando as conquistas na IMSA (92) mais as oito nas 24 Horas de Le Mans.
A primeira vitória da Corvette Racing remonta a 2000, quando Ron Fellows e Andy Pilgrim venceram com o Corvette C5-R no Texas na classe Le Mans GTS, ainda quando faziam parte da extinta American Le Mans Series – então criada pela IMSA e Don Panoz.

O Corvette C5-R de Ron Fellows/ Andy Pilgrim que conquistou a primeira vitória da Corvette Racing no Texas Grand Prix
de 2000, válido pelo ALMS
(Foto: Autoweek)

Tommy Milner e Oliver Gavin com o Corvette C7-R após a vitória em Lime Rock que deu a marca a 100% vitória do programa iniciado em 1999
(Foto: Autoweek)

O novo Corvette C8-R de motor central que fez a sua estréia neste ano e que conquistou a Daytona 240 com Antonio Garcia e Jordan Taylor, dando a Corvette Racing a 100ª vitória na IMSA
(Foto: Corvette Racing/ Twitter)


domingo, 5 de julho de 2020

GP da Áustria – Uma retomada interessante

(Foto: Mercedes)


Enfim a Fórmula-1 retomou suas atividades e logo num circuito que nos ofereceu uma das melhores provas da temporada passada, mas desta vez, no Red Bull Ring, pode não ter sido tão emocionante como a de 2019, mas pelo serviu para dar um inicio de campeonato bem interessante.
A vitória da Mercedes em solo austríaco já era dada como certa por conta de seu ritmo desde os treinos livres, com pelo menos meio segundo mais veloz que os demais. Bottas e Hamilton tiveram um carro esplêndido desde os primeiros minutos do primeiro treino livre na sexta e nem mesmo a fúria de um Max Verstappen, que tem feito corridas consistentes na casa de sua equipe, parecia ter uma chance de ameaçar uma possível dobradinha da agora “Black Arrow”. Mas, ao menos, a oportunidade de tentar algo poderia aparecer assim como algum problema mecânico que desse a equipe dos touros uma chance de atacar a Mercedes. O problema realmente apareceu, mas foi com Verstappen que parecia ter ritmo suficiente para acompanhar Bottas após largar da segunda posição – herdada após a punição a Hamilton sobre ter desrespeitado as bandeiras amarelas na saída de pista de Valtteri durante a qulificação. De inicio, o inglês não foi punido por isso, mas perdeu a sua melhor volta por conta de ter excedido os limites de pista. Perdeu a melhor volta, mas se manteve em segundo porque a sua segunda ainda lhe garantia a segunda posição, mas o protesto movido pela... Red Bull um pouco antes do GP acabou fazendo com que os comissários revissem o acontecido e punissem o inglês com a perda de três posições, o rebaixando para quinto no grid. Ms o jovem holandês nem teve tanto tempo para conseguir colocar em prática alguma estratégia que desse a ele um poder de fogo para tentar atacar Valtteri e, certamente, com essas relargadas, teriam aumentado bastante suas chances contra o duo mercediano.
Por outro lado, por tudo que já foi mencionado acima, um final de semana que se desenhava para ser perfeito para Lewis, se ruiu com sua queda para quinto no grid, mas mesmo assim ele conseguiu avançar na classificação ao superar Norris e Albon para pegar o terceiro lugar e mais tarde herdar o segundo lugar após a quebra de Verstappen. Conseguiu diminuir a diferença que o separava de Bottas – que chegou a quase sete segundos – e passou ter hipóteses de tentar um ataque sobre seu companheiro, mas falhas nos sensores dos Mercedes e mais tarde pequenas falhas no câmbio coibiram qualquer chance dele tentar algo. O enrosco com Albon após a última relargada acabou rendendo a ele uma punição de cinco segundos, que a primeiro momento ele havia conseguido salvar um terceiro lugar, mas com uma volta brilhante Lando Norris salvou o seu primeiro pódio e rebaixou Lewis ao quarto lugar. Sem duvida não foi um dia bacana para o hexacampeão.
Se para Hamilton não foi um bom dia, Bottas conseguiu sair de coadjuvante para peça principal nesta prova já no sábado quando cravou uma bela volta que lhe deu a pole e foi perfeito na largada e nas duas relargadas, ao não dar nenhum espaço para quem vinha atrás tentar alguma manobra: no inicio da corrida aproveitou-se bem do uso dos pneus macios para criar uma boa gordura frente a Max que usava os médios, mas o abandono do holandês podia significar uma pequena paz para ele se não fosse Hamilton assumir o segundo lugar e conseguir descontar a diferença que beirava quase sete segundos. Podemos dizer, também, que o aparecimento de problemas com os sensores e câmbio nos Mercedes ajudou bastante, mas Bottas estava muito bem e com ritmo suficientemente bom para se manter a frente e até mesmo dar a Hamilton uma luta interessante pela vitória. Mas temos que dizer que a estratégia da Mercedes em não trocar os pneus de seus pilotos naquele último Safety Car foi de certa forma arriscada, principalmente pelo grande ritmo apresentado por Alex Albon e Charles Leclerc naquelas voltas pós Safety Car. Outra coisa que trás certa preocupação são os problemas apresentados nos motores dos dois Mercedes, pelo que revelou Toto Wolf. Com uma semana apenas entre as duas corridas, será um desafio interessante para saber o que de fato terá acontecido e trazer as devidas soluções.
Para o piloto anglo-tailandês era uma oportunidade de ouro: sem a presença de Max para eclipsá-lo, as atenções da equipe foram voltadas para ele e a troca para os macios naquele último Safety Car foi uma sacada importante para que ele voltasse forte e foi bem isso que aconteceu quando o SC liberou a prova, com ele atacando Lando Norris e indo à caça de Hamilton onde os dois acabariam por bater rodas e o Albon se dar mal. Vai saber o que ele teria conquistado caso a ultrapassagem tivesse sido concretizado, mas temos que levar em conta que o voltas depois de ter caído na classificação ele abandonou com problemas no motor. No caso de Charles Leclerc as condições que pintavam após uma classificação decepecionante por parte da Ferrari, eram de tentar diminuir ao máximo os prejuízos que aquele treino tinha proposto, mas as entradas do SC e principalmente o último, deram a ele e Ferrari a chance de colocar novos pneus e partir para o ataque e salvar um impressionante segundo lugar – este por conta da punição de cinco segundos a Hamilton – e fazer um número de pontos que talvez nem ele mesmo sonhasse. Foi uma estratégia muito bem vinda, mas que não mascara o final de semana tenso que a equipe italiana teve m Spielberg. Sebastian Vettel estava numa situação bem parecida de Charles e poderia, também, ter se dado bem nas variáveis que prova apresentou mais para frente, mas o sua rodada ao perceber que acertaria Sainz na forte freada para a segunda curva acabou o jogando para o fundo do pelotão – porém, ele salvou ainda um ponto. A bem da verdade, os carros que usaram motores Ferrari não foram bem nessa estreia e devem sofrer um pouco mais no próximo fim de semana caso o cenário seja parecido.  
A Racing Point poderia muito bem ter dado um passo interessante nesta prova, caso tivessem feito a troca de pneus no carro de Perez no Safety Car. Isso teria deixado o mexicano numa situação privilegiada para tentar atacar os dois Mercedes, mas ter deixado Sergio com os pneus antigos o deixou vulnerável para os ataques de Charles e Lando – e ainda tomaria punição por saída perigosa
Lando Norris conquistou seu primeiro pódio
(Foto: Mclaren)
dos pits. A equipe perdeu Stroll ainda nas primeiras voltas quando o carro do canadense teve problemas no motor Mercedes. Mas é claro que, por outro lado, a Force India podia ter feito um melhor trabalho neste GP, mas ainda é cedo e podem muito bem ter outras chances no decorrer do campeonato.
 Se para alguns foi frustrante ou especial, para Lando Norris o final de semana foi espetacular a começar pela sua bela qualificação que lhe rendeu um quarto posto e que viraria terceiro já um pouco antes da prova. E mesmo que não tenha ritmo suficiente para lutar contra carros bem melhores como a Mercedes e Red Bull, ele conseguiu ser o melhor do resto numa tarde onde a Mclaren foi muito bem com seus dois pilotos, mesmo que Carlos Sainz não estivesse no mesmo ritmo do jovem inglês. A sua espetacular volta na que lhe rendeu a melhor ao final da prova, foi suficiente para tirar Hamilton do pódio e dar a Mclaren o segundo pódio em três corridas – contando com a do Brasil onde Sainz foi terceiro, mas que foi ser confirmada bem depois da corrida já terminada. De certa forma, foi um GP interessante para a Mclaren que aos poucos tem marcado seu território e, quem sabe, sonhar com voos mais altos a partir de 2022.
O número de abandonos foi o mais alto dos últimos anos com um total de nove, seja por parte mecânica ou incidente. Mas com os carros enfrentando uma temperatura mais alta, acaba sendo até compreensível que tenha tido esse número até alto numa tempo onde os carros são quase a prova de bala – e também temos que lembrar  que foi a primeira corrida após meses onde fizeram apenas testes, no já distante mês de fevereiro.
Como o cronograma da próxima semana será o mesmo, é de se esperar que o cenário seja bem parecido com este, mas talvez com uma gana bem maior por parte dos pilotos que esperavam um final de semana bem melhor nesta primeira etapa. Para um campeonato curto e que pode reservar boas surpresas, foi um inicio bem interessante.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Foto 874: David Purley, Mônaco 1973



David Purley durante o GP de Mônaco de 1973 com o March 731 da LEC Refrigeration Racing, no qual ele acabou abandonando na volta 31 por conta de um vazamento de combustível. Foi a sua estreia na Fórmula-1

Purley ainda disputou mais três GPs naquele ano e justamente no seu segundo GP, o da Holanda, é que acabou acontecendo o fato que marcaria de vez a sua carreira no automobilismo ao tentar salvar Roger Williamson das chamas que consumiram seu March, levando o jovem inglês a morte. O ato de heroísmo de Purley, que ainda causa tremenda aflição mesmo após quase cinquenta anos, lhe valeu a Medal George por conta desta tentativa e as fotos de todo o momento – feitas por Cor Mooij – renderam um prêmio na categoria Photo Sequences no World Press Photo. Purley ainda correu na Alemanha e Itália onde foi 15º e 9º, respectivamente.

David fez outras seis tentativas entre 1974 e 1977, mas só conseguiu correr em três GPs de 1977: foi 13º na Bélgica; 14º na Suécia e abandonou na França. Sua última tentativa foi no final de semana do GP da Grã-Bretanha, onde não conseguiu qualificar-se. Todas as tentativas foram com o LEC CRP1 da LEC Refrigeration Racing.

David Purley morreu no dia 2 de julho de 1985 durante uma prova acrobática com seu biplano Pitts Special no Canal da Mancha.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...