quarta-feira, 30 de abril de 2014

O Paletti da nossa geração





Há cerca de dois anos, quando eu estava a preparar um texto contando um pouco sobre a biografia de Ricardo Paletti para a Revista Speed, morto durante a largada para o GP do Canadá de 1982, deparei-me com algumas similaridades entre o jovem piloto italiano e também outro piloto que procurava realizar o seu sonho de correr na F1: assim como Paletti, Roland Ratzenberger trilhou o seu caminho para chegar à categoria máxima para, infelizmente, encontrar a morte.

Apesar do desejo incontrolável de chegar à F1, sabe-se que a condição financeira de ambos era bem diferente: enquanto que Ricardo tinha o apoio do pai, que era um representante da Pioneer na Itália e isso já ajudaria a levantar um bom dinheiro para alcançar o seu objetivo, Ratzenberger foi daqueles pilotos que trabalhou duro para conseguir sobreviver no automobilismo sem ter grande apoio financeiro. Por outro lado, ao contrário de Paletti, que subiu rapidamente para a F1, Roland vagueou por inúmeras categorias, o que lhe deu toda a experiência necessária para que pudesse chegar à categoria.

Ambos estrearam por equipes pequenas: Paletti pela Osella e Roland pela Simtek. Até mesmo os percalços para tentar classificar-se para os GPs, foram parecidos: Ricardo ainda teve a oportunidade de levar o seu Osella a dois grids de largada – o famoso GP de San Marino e depois onde perderia a vida, no GP do Canadá. O piloto austríaco aproveitou a experiência adquirida no Japão, onde correu de F-3000, JTCC e JSPC, para conseguir uma vaga na última fila do grid para o GP do Pacífico, realizado em Aida. A diferença é que Paletti ainda ficou na F1 por oito corridas, mesmo que tivesse inúmeros contratempos que o deixaram de treinos ou até mesmo de corridas – um bom exemplo disso foi em Detroit, onde ele havia conseguido tempo para largar, mas devido um problema irreversível no carro de seu companheiro, Jean Pierre Jarier, a Osella acabou repassando seu carro para o francês e o jovem italiano teve que se contentar em ver a corrida dos boxes...

Infelizmente os dois encontraram a morte exatamente após poucas corridas depois de suas estréias: Paletti morreu na oitava corrida da temporada de 1982, enquanto que Ratzenberger veio quando tentava se classificar na terceira corrida de 1994. Outra coincidência foram os fatos que marcaram aqueles dois anos: enquanto que em 1982 a F1 vivia sob a intensa luta pelo poder entre FISA e FOCA pelo controle da categoria, 1994 estava numa fase onde os pilotos reclamavam do quanto que aqueles carros estavam inguiáveis e, consequentemente, perigosos logo após o banimento dos recursos eletrônicos. O desaparecimento de Gilles Villeneuve e Ayrton Senna, nestes respectivos anos, acabou por deixar estas duas personagens deslocadas no tempo de forma injusta. E conforme os anos vão se passando, são poucos aqueles que se lembram destes dois pilotos que tinham a paixão e o sonho de estar na F1 como desejo principal.

Outra faceta que liga Paletti à Ratzenberger são as boas referências. Eram dois pilotos tranqüilos e esforçados ao máximo, isso sem contar que, quem conviveu com os dois, tem ótimas lembranças. Apesar da timidez, Ricardo era visto como um cara legal, de fácil convivência. Roland também era assim, e tinha um ótimo humor. A sua camaradagem também era destacável, assim como a preocupação com os demais pilotos. O acidente de Fuji, durante a prova de F-3000 onde o piloto Anthony Reid sofreu um sério acidente que chegou a arracar-lhe o capacete, Roland percebeu o quanto que era ineficiente o trabalho dos comissários e junto de um jornalista japonês, ajudou a escrever uma matéria para uma revista falando sobre isso. Ironicamente ele seria vitima dessa falta de segurança alguns anos depois, bem longe de Fuji...

Depois destes vinte anos daquele final de semana negro em Ímola, as lembranças ainda são revividas com força. Fotos, vídeos, depoimentos... Tudo voltará com força. Os passos serão recontados várias vezes. Do mesmo modo que Paletti, Ratzenberger, infelizmente, será esquecido aos poucos, não apenas por ele ter morrido 24 horas antes de Senna, mas também porque as gerações estão se renovando. Dificilmente alguém se lembrará deles daqui algumas décadas, mas caberá a nós, que vivemos ao menos em alguma das duas épocas, em manter viva a imagem de dois caras que lutaram para realizar o seus sonhos e que acabaram por perdê-las exatamente no lugar onde mais queriam estar. 

Ratzenberger se preparando para a sua única participação na F1, no GP do Pacífico, em Aida

Foto 328: Relembrando Ímola (2)


"Estava assistindo o treino classificatório que, convenhamos, estava chato pra caramba! Ayrton havia cravado a pole na sexta-feira com mais de meio segundo de vantagem para Michael Schumacher. O alemão baixara para três décimos essa diferença durante a classificação do sábado. Talvez tivesse um embate entre os dois... Talvez.
Por volta de 20 minutos de treino, a câmera corta rapidamente para a zona da Curva Villeneuve/ Acqua Mineralli. Uma Simtek parada no meio da písta, bem destruída. Antigamente, ao contrário dos dias de hoje, você conseguia reconhecer o piloto rapidamente pelo capacete. Por mais que os capacetes de Ratzenberger e Brabham fossem parecidos - devido a cor branca -, foi imediato saber que era Roland que havia espatifado o seu carro na entrada da Villeneuve. Com a cabeça totalmente voltada para frente e com o piloto imóvel no carro, era de assustar e principalmente por ver que existia um pouco de sangue saindo na parte superior da viseira. Certamente nada ia bem...
Foi atendido ainda na pista, reanimado e logo em seguida levado ao hospital Maggiore. Toda aquela cena para tentar reanimar o piloto em pista foi mostrado ao vivo - daí que as transmissões passaram a cortar as imagens em casos de graves acidentes.
O treino foi reiniciado um bom tempo depois, mas poucos pilotos se arriscaram a volta à pista.
Foi a primeira vez que passei o dia todo grudado em um rádio em busca de informações, até que a notícia da morte de Ratzenberger foi anunciada.
No dia seguinte o fim de semana negro continuaria. E de novo eu ficaria grudado no rádio. Pela segunda vez..."

Foto 327: Ratzenberger (3)

Outra prova clássica do Endurance teve a participação de Roland Ratzenberger: em 1992 ele dividiu o volante do Porsche 962 #52 do Team 0123 com Hurley Hailwood, Eje Elgh e Scott Brayton - este último viria a morrer durante os treinos para a Indy 500 de 1996, quando já estava com a pole assegurada.
O quarteto terminou na terceira colocação, nesta que foi a única aparição dele em Daytona.

Foto 326: Ratzenberger (2)

Ratzenberger também se aventurou no mundo do Endurance. Aliás, foi onde mais teve participações correndo no Mundial de Sport Protótipos com o Porsche da equipe Brun e depois pela Toyota, especialmente pelo time japonês SARD no JSPC.
Roland participou de cinco edições das 24 Horas de Le Mans - 1989/1993 - sendo que a melhor colocação foi em na sua última participação, quando terminou em quinto com o Toyota 93 C-V da SARD carro que ele dividiu com Mauro Martini e Naoki Nagasaki.
Ele estava inscrito para correr na edição de 1994 pela mesma equipe onde ele dividiria o espaço novamente com Mauro Martini e mais Jeff Krosnof - um velho conhecido dos tempos do Japão e que viria a morrer dois anos depois durante a prova de Toronto na extinta CART. Para o seu lugar foi chamado Eddie Irvine, seu amigo da época da F-Nippon.
Como homenagem, o seu nome ficou gravado como quarto integrante da equipe. O quarteto terminou em segundo na ocasião.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Foto 325: Ratzenberger (1)

Com  o  fim do WTCC em 1987 Roland Ratzenberger rumou para o BTCC, onde pilotou o BMW M3 da equipe Demon Tweeks no Grupo B.
O melhor resultado de Ratzenberger foi uma vitória em Thruxton, em 30 de maio. Ele encerrou o campeonato do Grupo B na quarta colocação com 26 pontos e foi 13º no geral.

Foto 324: Relembrando Ímola (1)


"Estava na quarta série naquele ano de 1994. Estudava das sete da manhã até o meio dia, e da escola para a minha casa era uma caminhada de sete minutos. Costumava dizer que em um pulo já estava dentro de casa.
Como nos demais finais de semana que tinha F1, chegava em casa nas sextas-feiras e ia logo para frente da TV assistir o Globo Esporte - naquela época o programa começa em torno de 12:15. Não me lembro bem se eles abriram o jornal com a notícia do Barrichello, mas acabou sendo a grande notícia do dia: Rubens havia saído forte na penúltima chicane do circuito de Ímola e espatifado sua Jordan contra o alambrado.
Me lembro bem cena, tanto que soltei um "PUTA QUE PARIU"  assim que assisti a cena. Mas tratei aquilo como mais um acidente de percurso, ainda mais quando soube que o piloto brasileiro havia machucado a mão e quebrado o nariz. Confesso que ele saiu no lucro...
24 horas mais tarde, ou um pouco mais que isso, a sorte não estaria ao lado de Roland Ratzenberger..."

sábado, 26 de abril de 2014

WEC: Uma grata surpresa

Passado quase uma semana da abertura do Mundial de Endurance, que se deu no último dia 20 com a realização das 6 Horas de Silverstone, ainda impressiona bastante como a Toyota esteve em grande forma na pista inglesa frente aos dois times que mais foram comentados como possíveis vencedores nesta etapa de abretura: Audi e Porsche.
E porque considerar como grata surpresa um time que está envolvido no campeonato desde 2012? A diferença das duas últimas temporadas em relação a esta, é que a Toyota parece ter conseguido um salto de qualidade e confiabilidade que não havia alcançado nos dois últimos anos. Enquanto que em 2012 eles entraram quase de última hora no mundial, disputando o certame à partir de Le Mans (em Sebring eles ainda não estavam prontos, enquanto que em Spa a estréia foia adiada após os TS030 ter sofrido um acidente nos testes em Paul Ricard) e obtendo uma rápida adaptação, que rendeu aos
nipônicos três vitórias - Interlagos, Fuji e Xangai - trazendo uma expectativa de que em 2013 eles seriam uma grande adversária para a Audi. Infelizmente, devido um a mal acerto do TS030 Hybrid e claro, a rápida reação do alemães com o R18 e-tron Ultra, deixaram-nos para trás nas primeiras corridas. Se bem que o protótipo japonês havia mostrado boa velocidade, mas a falta de confiabilidade também foi um percalço para eles que conseguiram algo de interessante apenas no dilúvio de Fuji e no deserto do Bahrein. Uma reação que veio tardia para eles. 
O programa de desenvolvimento do TS040 foi praticamente ultra-secreto: enquanto que Porsche e Audi mostravam ao mundo as suas jóias, destrinchando que quase toda a mecânica de seus protótipos - principalmente a Porsche -, a Toyota preferiu ficar escondida e trabalhar incessantemente em pistas escondidas, bem longe dos olhares da imprensa. Os japoneses só mostraram a cara na semana dos testes em Paul Ricard, e ainda assim com um desempenho bem discreto se comparado ao furacão que foi a Porsche e Audi na pista de Le Castellet. 
Em Silverstone as coisas mudaram de figura com a ótima pole alcançada pelo Toyota #7 TS040, com uma pífia diferença de cinco milésimos para o Audi #1. O mais impressionante foi o que eles conseguiram no domingo: enquanto que as duas equipes alemãs estavam um pouco perdidas com as mudanças de tempo na pista inglesa, os dois Toyotas esbajavam velocidade e confiabilidade durante as seis horas de corrida - que foi encerrada minutos antes devido a forte chuva. Certamente tem aqueles que acreditam que caso a prova tivesse sido realizada com o tempo seco, as coisas teriam sido totalmente diferente. Ao que parece, mesmo nos períodos de pista seca, a Toyota esteve em grande forma e mesmo com a breve presença do Audi #1 na segunda posição, este não pareceu ser páreo para os carros azuis. Muito menos a Porsche, que perdeu um de seus carros ainda na segunda hora de corrida e o outro ficou em terceiro, sem ser uma grande ameaça aos japoneses. 
Apesar da Porsche ainda apresentar uma falta de ritmo, o que é normal para um carro totalmente novo, ainda sim foi um belo resultado e a esperança é que estejam em boa forma com até Le Mans. Para a Audi, que não ficava de fora de uma prova desde a Petit Le Mans de 2011, essa foi catastrófica: os dois carros ficaram de fora devido a acidentes e as estratégias de box foram erradas, o que colaborou um pouco para que a equipe e pilotos ficassem embananados durante a prova. Certamente eles irão para Spa para tirar essa diferença para a Toyota e apagar a má impressão deixada em Silverstone. 
Semana que vem ocorrerá a segunda etapa na Bélgica com realização das 6 Horas de Spa. É de se esperar um duelo interessante entre as três grandes fábricas, mas pelo que foi visto em Silverstone com o desempenho da Toyota com o seu motor de 1000hp, será um desafio e tanto para os alemães tentarem alcançá-los.      

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Foto 323: Tabelinha

E Senna devolveu o pneu para Donnelly, que acabou na barreira de pneus. E pelo que parece a pista é a de Hungaroring, em 1990.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

GP da China: Como nos anos 50

(Foto: Getty Images)
Quando a Mercedes retornou ao mundo dos Grand Prix - desta vez entitulada de F1 - em  4 de julho de 1954, o que se viu foi um domínio ainda mais amplo e assustador do que a Ferrari de Alberto Ascari tinha apresentado nas duas últimas temporadas. Comandado por Juan Manuel Fangio, Karl Kling e Hans Hermann, os W196 foram soberanos naquela prova da França realizada em Reims - naquele mesmo dia a Seleção da Alemanha derrotava o rolo compressor que era a Seleção da Hungria, do lendário Ferenc Puskas, na final da Copa do Mundo na Suíça por 3 x 2 - e começariam ali um domínio que culminaria nos dois títulos mundiais de Fangio daquele ano e no seguinte. O saldo daqueles duas temporadas onde os rivais enxergavam os carros prateados apenas na largada e chegada, foram de 9 vitórias (Fangio 8 e Moss 1); 8 poles (Fangio 7 e Moss 1) e 8 melhores voltas (Fangio 5, Moss 2 e Kling 1) - lembrando que a Mercedes disputou apenas doze das 16 corridas realizadas entre 1954 e 1955.
Passados quase 60 anos, e guardando devidas proporções por causa dos carros, época e pilotos, podemos dizer que a atual Mercedes - que não é puramente alemã, devido as suas raízes inglesas da época da Brawn GP - tem feito até aqui uma temporada irretocável. Lewis Hamilton tem traduzido bem a excelente fase da equipe e dele também com poles e vitórias maiúsculas sem deixar dúvidas que o W05 é o carro do momento e as performances de Nico Rosberg, que por mais que não seja tão brilhante que seu parceiro, tem a velocidade e regularidade à seu favor que o mantém ainda na ponta da tabela do mundial com quatro pontos de vantagem sobre Lewis (79x75). Mas a com bela fase que Hamilton tem atravessado, será difícil para o filho de Keke sustente a dianteira do campeonato.
Apesar de se esperar que alguma equipe reaja a ponto de incomodá-los, a impressão que passa é de que a Mercedes está com a artilharia pronta para reagir e contra atacar os rivais. O que deixaria ainda mais aberta a possibilidade de Hamilton e Rosberg discutirem o mundial entre eles, numa verdadeira caça da lebre contra a raposa.

A corrida

Certamente a turma ficou empolgada pela magistral corrida que nos foi apresentada no Bahrein semanas atrás, e isso fez com que todos esperassem por algo igual ou melhor na corrida chinesa. Mas tirando a largada, com algumas trocas de esbarrões, onde as Williams de Massa e Bottas mais pareceram aquelas bolinhas de Pinball, a prova de Xangai foi sonolenta porque ninguém chegou próximo de Lewis Hamilton que efetuou uma corrida ainda mais tranquila do que aquela da Malásia. Nico Rosberg só conseguiu se livrar dos Red Bulls de Ricciardo e Vettel e mais a Ferrari de Alonso, na parte final quando não podia fazer mais nada para alcançar seu companheiro de equipe. Mas ao menos serviu para pudesse sustentar a dianteira do mundial.
Para a Ferrari foi um dia positivo com o inesperado - ou não - pódio de Fernando Alonso nesta etapa, uma vez que quinze dias atrás as coisas tinham beirado a catástrofe em terras barenitas. Mas o próprio Fernando havia alertado que as modificações que viriam à partir da China, dariam oportunidade de brigar pelo pódio. Uma pena que Raikkonen ainda não tenha se encontrado neste seu retorno à "Rossa", mas com a chegada da fase européia é de se esperar que ele esteja no encalço de Alonso, já que se mostrou muito confiante frente ao resultado alcançado pelo espanhol.
Na Red Bull, onde a maioria esperava que um dos carros estivesse no pódio, foi uma corrida até frustrante. Mas a o valor de Ricciardo tem mantido a equipe em alta até agora e seu ótimo ritmo tem sido motivo de bons comentários por aqueles lados, principalmente pelo fato de estar na frente de Vettel nestas últimas etapas. O tetra-campeão não tem se sentido confortável neste novo carro e sua pilotagem tem ficado muito abaixo daquilo que nós conhecemos e na China parece que ficou ainda mais evidente, apesar de ter tido problemas com desgastes de pneus. Assim, à exemplo de Kimi, a fase no Velho Continente pode ser uma boa para ele.
A Mclaren teve um final de semana para esquecer, afinal seus dois carros pouco figuraram entre os dez neste final de semana. Por outro lado, a Force India, pelo menos com Hulkenberg, esteve bem e pontuou mais um vez para eles e Sergio Perez, fazendo uma corrida de recuperação, ainda conseguiu salvar um nono lugar. Destaque mais uma vez para Dani Kvyat que vem batendo consistentemente Vergne nesta luta interna na Toro Rosso.
O que mais me impressionou foi o alto desgaste dos pneus numa corrida onde a temperatura esteve baixa desde os primeiros treinos. A farofa localizada em boa parte do circuito, lembrou aquela de várias corridas do ano passado, onde acostumamos a chamar os Pirelli de "Pneus de Farinha". Outro ponto que foi motivo de conversa é a pressa dos comissários durante o GP, que culminou no término dessa em duas voltas a menos. Um erro de informação entre a central e o cara do PSDP (Posto de Sinalização e Direção de Provas) pode ter dado nisso. É claro que pode acontecer em qualquer lugar do mundo - até mesmo aqui no Brasil, onde a equipe de sinalização e resgate é sempre elogiada pela FIA -, mas um pouco mais de preparo nestes locais onde mal existe automobilismo, viria a calhar.
Depois desta excursão por Oceania, Oriente Médio e Ásia, a F1 terá um hiato de três semanas até igressar na parte européia. Espera-se que todos apresentem melhoras significativas - em especial Red Bull, Ferrari, Mclaren e Williams - para que possam fazer frente à Mercedes. Mas visto que os carros prateados estão num nível acima, e que também levarão melhoras para esta jornada na Europa, começo a achar que não será tão fácil alcançá-los.

sábado, 19 de abril de 2014

GP da China - Classificação - 4a Etapa

Vettel deu uma dica bem humorada de como tirar a grande vantagem da Mercedes neste início de mundial, dizendo que a instalação de chicanes nas retas seria uma solução. Brincadeiras à parte, a Mercedes, especialmente com Hamilton, foi mais uma vez espetacular na classicação ao obter a quarta pole consecutiva. Lewis sobrou no Q3 e nem mesmo a aparente ameaça da Red Bull foi páreo para ele.
Aliás, essa é uma boa chance para o time dos rubro-taurino tentarem algo na prova de amanhã, isso caso ela venha a ser disputada em pista molhada. O problema é que o cara que vai à frente deles, é um exímio piloto nestas condições climáticas. O valor que Ricciardo tem mostrado até agora - é a terceira vez que larga na frente de Vettel no ano - e mais a forma indiscutível de Sebastian, pode dar algum trabalho ao piloto inglês. E não podemos nos esquecer de Nico Rosberg, que apesar de ter errado bastante na classificação, tem um belo carro nas mãos e pode muito bem oferecer um bom espetáculo partindo da quarta colocação no que se diz a respeito de duelos com os outros três ponteiros.
Fernando Alonso arrancou um bom quinto lugar, o máximo que a sua Ferrari pode proporcionar. Massa saí logo em sexto e espera-se mais uma de suas ótimas largadas para amanhã. Destaque mais que positivo - e heróico - foi a passagem de Romain Grosjean para o Q3 com a ratoeira da Lotus. Sem dúvida um trabalho louvável do piloto francês.
Acredito que será uma corrida interessante se esta for disputada sob chuva, mas a previsão é de que a corrida possa ser feita com o tempo seco e com baixa temperatura. Se for assim, e não tiver contratempos, a vitória ficará mais uma vez nas mãos de Hamilton.

Grid de largada para o Grande Prêmio da China -  4a Etapa

1) Lewis Hamilton (ING/Mercedes) 1m53s860
2) Daniel Ricciardo (AUS/RBR-Renault) 1m54s455 +0s595
3) Sebastian Vettel (ALE/RBR-Renault) 1m54s960 +1s100
4) Nico Rosberg (ALE/Mercedes) 1m55s143 +1s283
5) Fernando Alonso (ESP/Ferrari) 1m55s637 +1s777
6) Felipe Massa (BRA/Williams-Mercedes) 1m56s147 +2s287
7) Valtteri Bottas (FIN/Williams-Mercedes) 1m56s282 +2s422
8) Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes) 1m56s366 +2s506
9) Jean-Eric Vergne (FRA/STR-Renault) 1m56s773 +2s913
10) Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault) 1m57s079 +3s219
11) Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari) 1m56s860
12) Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes) 1m56s963
13) Daniil Kvyat (RUS/STR-Renault) 1m57s289
14) Adrian Sutil (ALE/Sauber-Ferrari) 1m57s393
15) Kevin Magnussen (DIN/McLaren-Mercedes) 1m57s675
16) Sergio Pérez (MEX/Force India-Mercedes) 1m58s264
17) Esteban Gutiérrez (MEX/Sauber-Ferrari) 1m58s988
18) Kamui Kobayashi (JAP/Caterham-Renault) 1m59s260
19) Jules Bianchi (FRA/Marussia-Ferrari) 1m59s326
20) Marcus Ericsson (SUE/Caterham-Renault) 2m00s646
21) Max Chilton (ING/Marussia-Ferrari) 2m00s865
22) Pastor Maldonado (VEN/Lotus-Renault) sem tempo

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Foto 322: Matra M630

Não dá para identificar nem a pista e muito menos o piloto que está ao volante do carro da lendária equipe de Marcel Chassagny, mas o destaque em si é a beleza do Matra M630-BRM.
Este carro, que competiu entre 1967 até 1969, passou pelas mãos de Jean-Pierre Jaussaud, Johnny Servoz-Gavin, Jean-Pierre Beltoise, Henri Pescarolo, Robert Mieusset, Jean Guichet e Nino Vaccarella. A melhor posição do M630 nas provas do World SportsCar Championship foi nas 24 Horas de Le Mans de 1969, quando Guichet/ Vaccarella chegaram em quinto.
Este carro ainda leva a marca da tragédia, sendo que o piloto francês Jacques Robert Weber, mais conhecido como Robby Weber, veio a morrer durante um teste quando estava ao volante do M630 em Le Mans no mês de abril.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Foto 321: Monte Carlo, 1979

A largada para o GP de Mônaco de 1979. Jody Scheckter puxando o pelotão, com Niki Lauda e Gilles Villeneuve na sua cola.
A prova foi vencida por Jody, que foi seguido por Clay Regazzoni e Carlos Reutemann. Villeneuve e Lauda não completaram a prova (Gilles teve um problema de câmbio na volta 54 e Lauda acidentou-se com Pironi na volta 21), mas o canadense aplicou um bela ultrapassagem sobre o austríaco ainda nas primeiras voltas na freada para a St. Devote.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Foto 320: Dutch

Jackie Stewart duelando com Graham Hill durante o GP da Holanda de 1968, prova marcou a primeira conquista de Stewart pela Matra. Ele repetiria a dose em Nurburgring e em Watkins Glen.
Graham Hill abandonou na volta 81 após um erro. Jean Pierre Beltoise, com a outra Matra, garantiu a dobradinha para a marca francesa e Pedro Rodriguez, com a BRM, ficou em terceiro.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

F1 Teste: Bahrein - 2º Dia

Lewis Hamilton: “Foi um longo dia, correndo volta após volta para analisar os pneus, mas pilotar um F1 nunca é chato. Claro, por ser um teste de pneus, não descobrimos nada em particular no sentido de melhorar o carro, mas foi útil para a Pirelli, portanto é útil para nós a longo prazo
Eles apenas me deram conjuntos diferentes, e eu lhes disse como cada um funcionava. O plano era só completar o máximo de voltas que pudéssemos. Os tempos não significam nada, cada um teve seu próprio programa a ser executado.”
 
Daniel Ricciardo: “Tivemos alguns problemas nesta manhã, o que limitou nosso trabalho, mas à tarde foi muito melhor. Recolhemos uma grande quantidade de dados para os caras da aerodinâmica, por isso não fizemos verdadeiros testes de desempenho. Ao final do dia, andamos com pneus médios e testamos algumas mudanças, como ontem. Então, não foi realmente um dia para ser rápido, mas para as pessoas na fábrica e para os caras por trás dos laptops.”




Jules Bianchi: "Foi um dia muito positivo, estou satisfeito em ter conseguido tanta milhagem  a segunda maior entre todos os times. O que aprendemos será útil agora e no futuro, mas estou esperançoso de ver um bom resultado já na China, pois estamos fazendo pequenas mudanças e dando passos importantes. Temos de continuar avançando assim."

Giedo van der Garde: “Em suma, foi um dia positivo. Infelizmente, só pudemos completar algumas voltas antes da pausa para o almoço. No entanto, no período da tarde, pudemos começar nosso programa de testes, e acho que fizemos muito trabalho hoje. Para mim, foi bom estar de volta ao carro. Tive a chance de pilotá-lo durante todo o dia, em comparação com as 20 voltas que fiz no treino livre 1 na última sexta-feira. Estou satisfeito com onde estamos agora. Além disso, acho que o desempenho em long runs também foi muito bom. Estou feliz por ter a chance de guiar o C33 de novo, e estou ansioso para voltar ao carro para o TL1 na China.”

Marcus Ericsson: “Foi uma sessão boa pela manhã, trabalhando em um programa que começou com avaliação aerodinâmica e, em seguida, passou por alguns trabalhos sobre o sistema de freios, o que nos deu muitas informações interessantes. Realmente não tivemos nenhum problema, por isso fomos capazes de realizar a maior parte do programa pela manhã. Na parte da tarde, fizemos alguns testes na asa traseira, com mais trabalho aerodinâmico, e depois fizemos long runs, mas em minha 13ª saída tivemos um problema que fez o carro parar na curva oito. Identificamos um problema elétrico no ERS, mas não tivemos tempo suficiente para corrigi-lo e sair de novo, então foi o fim do teste. Mesmo com este problema, todos estão razoavelmente satisfeitos com o que conseguimos. Temos muito mais informações para trabalhar na fábrica antes da China.”

Felipe Nasr: “Hoje dedicamos nosso dia ao trabalho com os pneus Pirelli da próxima temporada. Trabalhamos com muitos compostos novos, e foi mais um dia produtivo para que eu aprendesse os processos e a sensação de pilotar um carro de F1. Fazer um teste de pneus significa que você pode leva-los ao extremo, o que foi uma boa experiência. Também experimentei as diferenças entre cada tipo de composto e como eles afetam o carro e o equilíbrio. Guiar um F1 sem usar os cobertores térmicos nos pneus foi uma das coisas mais interessantes, já que é muito difícil levá-los até a temperatura ideal, mesmo no calor do Bahrein, o que será ainda mais desafiador em pistas como Silverstone ou Spa-Francorchamps.”

Romain Grosjean: “Estávamos esperando por um bom dia de testes hoje, com um programa baseado no trabalho aerodinâmico. Infelizmente, lutamos com problemas na unidade de força desde o início, mesmo quando o carro foi capaz de correr. Felizmente, conseguimos realizar alguns trabalhos aerodinâmicos, então coletamos alguns dados úteis. No entanto, ficou muito aquém do que queríamos alcançar. Vamos analisar os dados coletados para nos ajudar a obter uma melhor compreensão do carro, para que possamos avançar na China.”
Resultado  
Bahrein - Circuito de Sakhir
Testes de Temporada  

Fórmula-1 - Dia 2


Pos  Piloto               Equipe                  Tempo       Dif   Voltas
 1.  Lewis Hamilton       Mercedes              1m34.136s           118
 2.  Jean-Eric Vergne     Toro Rosso-Renault    1m35.557s  +1.421s  63
 3.  Kevin Magnussen      McLaren-Mercedes      1m36.203s  +2.067s  26
 4.  Sergio Perez         Force India-Mercedes  1m36.586s  +2.450s  62
 5.  Daniel Ricciardo     Red Bull-Renault      1m37.310s  +3.174s  65
 6.  Jules Bianchi        Marussia-Ferrari      1m37.316s  +3.180s  93
 7.  Giedo van der Garde  Sauber-Ferrari        1m37.623s  +3.487s  77
 8.  Fernando Alonso      Ferrari               1m37.912s  +3.776s  12
 9.  Marcus Ericsson      Caterham-Renault      1m39.263s  +5.127s  66
10.  Felipe Nasr          Williams-Mercedes     1m39.879s  +5.743s  64
11.  Romain Grosjean      Lotus-Renault         1m43.732s  +9.596s  16

Foto 319: Inspiração

Aí está a imagem que inspirou Pastor Maldonado para dar aquela "entrada"no Sauber de Esteban Gutierrez no domingo, durante o GP do Bahrein. 

terça-feira, 8 de abril de 2014

F1 Teste: Bahrein - 1º Dia

Nico Rosberg: "O programa técnico de hoje buscou fazer os pneus funcionarem um pouco melhor. Com a Pirelli, é sempre um desafio. Você nunca para de aprender como lidar melhor com os pneus e como tirar o máximo de proveito deles.
Por isso, hoje tentamos buscar uma melhor maneira de frear. Eu ainda não estou 100% satisfeito com os freios e nem com o acerto geral do carro. Também trabalhamos em outras áreas, como a eletrônica, que é algo que tem feito grande diferença neste ano" 



Nico Hulkenberg andou próximo de Rosberg neste primeiro dia de testes ficando a três décimos do líder do mundial

Apesar dos problemas durante o fim de semana nesta mesma pista, Fernando Alonso colocou a Ferrari na terceira colocação quase que um segundo atrás de Rosberg
Kevin Magnussen foi o quarto mais rápido, onde ele aproveitou o dia pra testar novas peças para a suspensão do MP4/29


Valtteri Bottas: “No geral, foi um bom dia, já que conseguimos completar o programa conforme o planejado. Aí nós trabalhamos no acerto e fizemos alguns experimentos, então tomara que isso ajude nas próximas corridas. Depois foi a vez de testar alguns novos componentes aerodinâmicos com resultados positivos. As condições da pista estavam diferentes da corrida, mas até melhores para testar, já que tinha menos vento”.

Max Chilton: “Nós tivemos um dia positivo, conseguimos realizar todos os testes que precisávamos e melhoramos algumas coisas. Tivemos um problema hidráulico, que nos fez parar por uns minutos. A equipe trabalhou rápido e, pouco depois, já estávamos de volta à pista. Estou satisfeito com o tempo obtido e sinto que podemos ser ainda mais rápidos”.

Daniel Ricciardo: “Perdemos um pouco de tempo esta manhã, mas compensamos isso de tarde. Acho que fiquei no carro por algumas boas horas. Não fizemos nenhuma saída de performance, mas fizemos alguns long-runs de tarde com três mudanças de acerto e tivemos um bom feedback disso. Acho que no último fim de semana nós tivemos um pouco de dificuldade no primeiro e no terceiro treino, nas sessões durante o dia no calor, mas o carro pareceu muito melhor hoje nessas condições, particularmente nesses long-runs. Ainda estamos um pouco atrás, mas estamos aparando as arestas e tenho certeza que ao longo deste teste e na China, nós vamos chegar mais perto. Por ora, no entanto, vamos pegar cada pouquinho que pudermos. Estamos aprendendo e progredindo”.

Sergey Sirotkin: “Tudo foi ótimo hoje. Foi a minha primeira vez no Bahrein e eu gostei da pista. Em comparação com o que eu estou acostumado a guiar na World Series, tem muito mais potência no motor e mais aceleração com o Sauber C33. Cometi alguns erros na minha volta rápida nesta manhã, então provavelmente perdi 1s. Mas, no geral, foi um bom início de sessão. Durante a tarde nós tivemos algumas dificuldades com a minha sapatilha. Ela era muito pequena, então doía bastante quando eu estava freando. Quando mudamos de sapatilha, ainda não ficou bom e era difícil guiar. Não foi fácil, mas eu estou feliz por termos completado os 300 km. Sabemos que tem muito potencial para melhora e devemos ficar felizes com isso”.

Robin Frijns: “Estou feliz que conseguimos completar 63 voltas esta manhã, mas é, obviamente, uma pena que não pudemos melhorar isso de tarde, especialmente por que eu me senti bem no carro e estava aproveitando. Quando terminamos a última saída antes do almoço, nós encontramos um vazamento no sistema hidráulico, o que significa que os rapazes tiveram que remover o assoalho e o câmbio, e com o tempo que levaria para o carro ser remontado, nós decidimos encerrar a sessão mais cedo para que pudéssemos nos preparar para o dia dois”

Pastor Maldonado: “Essa manhã o programa estava focado em trabalho na aerodinâmica, e conseguimos atingir muito, mesmo com quantidade limitada de voltas. À tarde o plano era trabalhar no desempenho, avaliar ajustes e partes novas, mas não foi possível devido a problemas na unidade de potência. Precisamos checar e ver o que aconteceu. Testes servem para isso, ainda que nós tivéssemos programado dar mais voltas. Espero que Romain possa continuar o trabalho amanhã e ter um dia positive”.

Daniil Kvyat: “Mesmo que você não veja olhando para a tela, hoje foi um dia produtivo onde aprendemos muito. Foi muito útil para mim, me dando muitas voltas fora do ambiente de corrida. Também aprendemos algo sobre sobre o motivo de nosso ritmo não ser tão forte como esperamos na corrida do domingo. Acho que esses testes no meio da temporada são muito válidos não só para os times, mas também para pilotos como eu que precisam ganhar experiência”.
Resultado  
Bahrein - Circuito de Sakhir
Testes de Temporada  

Fórmula-1 - Dia 1
 
Pos  Piloto             Equipe                  Tempo       Dif   Voltas
 1.  Nico Rosberg       Mercedes              1m35.697s           121
 2.  Nico Hulkenberg    Force India-Mercedes  1m36.064s  +0.367s  69
 3.  Fernando Alonso    Ferrari               1m36.626s  +0.929s  69
 4.  Kevin Magnussen    McLaren-Mercedes      1m36.634s  +0.937s  102
 5.  Valtteri Bottas    Williams-Mercedes     1m37.305s  +1.608s  28
 6.  Max Chilton        Marrusia-Ferrari      1m37.678s  +1.981s  60
 7.  Daniel Ricciardo   Red Bull-Renault      1m38.326s  +2.629s  91
 8.  Sergey Sirotkin    Sauber-Ferrari        1m39.023s  +3.326s  76
 9.  Robin Frijns       Caterham-Renault      1m40.027s  +4.330s  63
10.  Pastor Maldonado   Lotus-Renault         1m40.183s  +4.486s  16
11.  Daniil Kvyat       Toro Rosso-Renault    1m40.452s  +4.755s  67
 

GP do Bahrein: Assim que tem que ser


(Foto: Getty Images)

A Mercedes deu uma lição nas outras equipes. Não apenas em relação ao seu desempenho, que foi nitidamente superior aos demais me fazendo lembrar dos tempos da Williams no distante biênio 1992/93, mas sim com relação a disputa direta e aberta entre Hamilton e Rosberg pela vitória em Sakhir.
A própria cúpula da Mercedes já havia acenado para esta possibilidade caso seus dois pilotos se encontrassem na pista numa luta direta, independentemente por qual fosse a posição em questão. E isso foi reforçado com as criticas feitas por Niki Lauda após o episódio da Williams para com os seus dois pilotos na Malásia. E o que vimos na pista barenita foi algo digno de automobilismo puro, com apenas os pilotos a cuidarem de seus equipamentos e se entregando numa luta direta pela posição de honra.
Lewis Hamilton e Nico Rosberg se conhecem desde os tempos do kart, onde foram, inclusive, companheiros de equipe. Talvez seja a dupla que mais conhecem um ao outro, sabendo exatamente as qualidades e defeitos de cada um. Foi importante observar a maturidade de Lewis nesta disputa, principalmente em momentos em que os dois estiveram próximos de um acidente que poderia muito bem limar ambos da prova. Por outro lado, a vontade de Nico Rosberg em mostrar que é um piloto que não deve ser subestimado em nenhum momento e que está, sim, na batalha pelo título desta temporada.
O mais legal de tudo será observar o quanto que a Mercedes terá trabalho em segurar o ímpeto de seus dois jovens – e experientes – pilotos durante esta temporada, onde está florescendo a grande chance da equipe da estrela de três pontas retornar ao topo da categoria após 60 anos do seu triunfal retorno à F1 em 1954.

A corrida
(Foto: Reuters)

Descontando o fato de a Mercedes ter feito a sua corrida particular, deixando que Lewis e Rosberg resolvessem quem sairia vencedor, esta foi surpreendentemente positiva, principalmente por ser uma pista que normalmente não oferece grandes provas. E esta, de fato, foi a melhor da história deste GP do Bahrein que é disputado desde 2004.
A Williams esteve em boa performance nesta corrida, principalmente devido a ótima classificação de Bottas no sábado e a largada – no melhor estilo Gilles Villeneuve – de Felipe Massa, que saiu de sétimo para ganhar uma terceira posição no virar da segunda curva. Apesar da presença perigosa dos Force India de Hulkenberg e Perez, os Williams estiveram próximos de beliscarem um pódio com um dos seus pilotos. Uma pena que a entrada do Safety Car para a retirada dos destroços e do carro de Gutierrez, tenha quebrado a estratégia deles jogando-os para o meio do Top Ten. Mas foi legal ver, também, que após o episódio de Sepang a equipe não interferiu nos breves duelos que Massa e Bottas tiveram nessa corrida, deixando-os batalhar por conta própria. Num todo, foi bom ver a equipe do Tio Frank andando entre os primeiros após alguns anos.
A Force India com seus dois pilotos foram os grandes nomes do dia em Sakhir. Fizeram de gato e sapato a concorrência – em especial os Ferraris, passando os carros vermelhos do jeito que queriam – e conseguiram posicionar se posicionar em terceiro (Perez) e em quinto (Hulkenberg). Este último podia ter brigado fortemente pelo pódio, caso seu carro não tivesse perdido performance nas últimas voltas, possibilitando a ultrapassagem de Ricciardo.
A Red Bull sofreu problemas em retas, problema este que foi alertado por Vettel, mas o RB10 parece ter achado um pouco de downforce para melhor fazer as curvas, fato que tem sido – e será – o grande desafio do ano para os engenheiros. Caso acerte este problema nas retas, que talvez isto esteja ligado principalmente ao motor Renault, será um carro páreo para a Mercedes na parte européia. Sebastian mais uma vez sofreu com o ímpeto de Ricciardo, que peitou o tetra-campeão do mundo sem nenhuma cerimônia. O momento em que Vettel teve um pedido da equipe para que deixasse Daniel passá-lo, talvez tenha tirado algumas gargalhadas de Mark Webber, que agora concentra as suas forças para a disputa do Mundial de Endurance a serviço da Porsche.
A McLaren não fez nada de especial nesta prova, assim como havia sido em Sepang. Aquele brilharete, comandado por Magnussen em Melbourne, ficou pelo caminho e ao que parece a equipe de Ron Dennis terá que remar bastante para tentar algo mais nas corridas seguintes. Os seus dois carros não chegaram ao final da corrida.
A Ferrari teve um dia de cão em Sakhir: já fazia um bom tempo que não víamos os carros vermelhos levar tanta porrada dos adversários, como nesta corrida. Enquanto que Fernando Alonso levava ultrapassagem até da sombra das Force India, Kimi Raikkonen sofria pressões de Williams, Red Bull e em algum momento, teve que duelar com a... Lotus de Pastor Maldonado. Fernando teve alguns problemas relacionados à potência do seu carro já na classificação, e que voltou a se manifestar durante a corrida e isso também pode ter acontecido com Raikkonen. Os dois Ferraris tiveram uma exibição pífia em Sakhir e a cara de Luca De Montezemolo, ao ver seus dois carros serem ultrapassados facilmente, não foi das melhores. Não é a toa que talvez o pau de macarrão em Maranello comerá a solta por aqueles lados.
Além de ter sido uma corrida maravilhosa em termos de disputas, não posso deixar de destacar como foi bom ver as equipes deixarem seus pilotos disputarem as posições diretamente sem nenhuma interferência mais forte, que coibisse o tal ato. A única recomendação que pôde ser ouvida – e que o normal – é para que eles trouxessem os carros inteiros. Acho que os episódios passados serviram de lição para que estas equipes pensassem um pouco com relação a esta história de jogo de equipe. Não tenho nada contra a esta situação. Até acho que, se caso algum dos dois ainda tenha chances de conquistar um campeonato, ou até mesmo o da frente esteja numa condição bem abaixo do seu parceiro, acredito que isto deva ser feito, mas que seja conversado antes de cada corrida. Certamente, no caso de Lewis e Rosberg, ambos dêem ter conversado muito sobre a possibilidade de um duelo e o que se viu foi uma das melhores disputas pela liderança nos últimos tempos da categoria. Cabe a equipe apenas recomendar aos seus pilotos que cuidem dos carros, e o resto que eles resolvam na pista.
O que aconteceu na pista de Sakhir servirá de lição para o resto deste campeonato e para os outros que ainda virão pelo resto desta década. E quem ganhou com isso fomos nós, os fãs, e a própria F1.
O GP de número 900 não podia ter sido melhor. Apesar do circuito...  

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...