Satoru Nakajima foi o grande nome no molhado GP da Austrália de 1989 (Foto: Motorsport Magazine) |
"Eu não deveria ter
começado. Eu sei disso. Nós concordamos em não começar, mas então a pressão
começou, dos gerentes de equipe, oficiais e assim por diante. Em condições como
esta, realmente não deveria caber aos pilotos escolher se devemos correr ou
não; os comissários da FISA deveriam ter dito que era muito perigoso. A FISA
pune Senna porque dizem que ele é perigoso - e então nos deixam correr em um
tempo como este, que é cem vezes mais perigoso do que qualquer piloto poderia
ser . O cara que deixou esta corrida reiniciar deveria ser colocado em uma
cadeira elétrica. Isso é pior do que Spa, pior do que Silverstone no ano
passado, pior do que qualquer corrida que eu já vi. Os pilotos não são os
perdedores hoje, estamos perdidos , não podemos cumprir nada do que
concordamos. "
A fala em questão é
de Gerhard Berger logo após o GP da Austrália de 1989 realizado num inferno d’água
que mal podia-se enxergar quem ia frente. Não foi apenas o austríaco da Ferrari
quem reclamou: as discussões sobre as condições de realizar a corrida naquela
encharcada Adelaide de 31 anos trás espalhou entre os principais pilotos, como
foram os casos de Nelson Piquet, Nigel Mansell, Alain Prost – apenas para citar
os medalhões – que foram unanimes em
dizer que as condições eram as piores possíveis numa pista que formava poças d’água
em toda extensão do circuito e, principalmente, na longa reta Jack Brabham. Até
mesmo um impressionante Ayrton Senna, que estava em grande forma em Adelaide
durante todo aguaceiro e que viria bater na traseira do Brabham de Martin
Brundle, acabaria por declarar que não fazia sentido terem continuado a corrida.
Era um caos já anunciado e foi prosseguido.
Apesar de tudo, a
corrida aconteceu e os mais variados acidentes aconteceram como o já citado
acidente entre Senna e Brundle; Piquet acertando a traseira do Osella de
Piercarlo Ghinzanni; Mauricio Gugelmin invadindo o pit-lane e causando um
acidente que poderia muito bem ter sido bem pior... apenas alguns destes. Porém,
a corrida não foi apenas um festival de acidentes: além da grande exibição de
Thierry Boutsen, que acabaria por vencer o GP, outro piloto também teve a sua
tarde: Satoru Nakajima nem parecia o piloto afoito que tanto causava alguns
acidentes durante as corridas ao proporcionar a todos que estavam naquele
chuvoso GP uma finesse digna dos grandes mestres em pista molhada. Ok, ele se
beneficiou bastante dos que iam ficando pelo caminho, mas já havia escalado bem
o pelotão até que na 24ª volta estava em quarto, mas acabou faltando apenas
quatro segundos para alcançar o terceiro lugar, que ficou com Ricardo Patrese.
Nakajima ainda conseguiu anotar por seis vezes a melhor volta da corrida, sendo
a melhor delas feita em 1’38’’480 na 64ª passagem.
Sem dúvida alguma,
foi a grande corrida de Satoru Nakajima na Fórmula-1 exatamente quando estava
na sua última participação pela Lotus. Em 1990 ele foi para a Tyrrell.