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O novo integrante do quarteto: Helio chega ao seu quarto triunfo em Indianápolis e se iguala a A.J. Foyt, Al Unser e Rick Mears com quatro vitórias na Indy 500 (Foto: Indycar NBC/ Twitter) |
Não dá para negar que havia uma chance. A atmosfera daquela pista centenária chega ser palpável até mesmo para que assiste a quilômetros de distância. É um local que não cansamos de falar que "parece ter vida própria ao escolher seus vencedores". O Indianápolis Motor Speedway sempre nos proporciona o melhor do motorsport, misturando drama, suspense e emoção em doses cavalares a ponto de deixar os espectadores quase que sem respirar nas voltas finais.
Foi quase impossível não ficar impressionado com o espetáculo que Hélio Castroneves e Alex Palou nos proporcionou nesta 105ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. Dois extremos da competição, duas gerações bem diferentes onde o jovem espanhol, que desponta desde 2020 como uma das grandes promessas da categoria, buscando seu lugar ao sol contra um veterano de guerra, de tantas vitórias e que estava tentando entrar de vez para a história do Brickyard há mais de uma década. Aquelas vinte e poucas voltas para o final foram um bailar dramático para saber quem daria o derradeiro passo e vencer a clássica americana.
Era uma briga de gato e rato onde ninguém mais parecia se intrometer, onde estes dois pilotos esperavam apenas o momento certo para dar a cartada final.
A ultrapassagem de Hélio Castroneves na abertura da penúltima volta ainda reservava alguma emoção para aqueles quilômetros finais, pois Alex ainda tinha velocidade de sobra para tentar uma reação na entrada da volta final. Como um bom suspense, numa prova onde quase não se viu os conhecidos tráfegos, este apareceu na volta final para aumentar ainda mais o drama. Para aqueles que acompanham a mais tempo a Indy 500 ou para quem assistiu as antigas edições, a lembrança de Al Unser Jr se atrapalhando no tráfego e permitindo a chegada de Emerson Fittipaldi, que naquelas voltas finais parecia nocauteado, era algo a considerar. Mas desta vez as coisas foram diferentes: Hélio não apenas soube lidar bem com essa situação, como usou o vácuo de seu algoz de 2014, Ryan Hunter Reay, para abrir um pouco mais a vantagem sobre Palou para vencer e entrar de vez para a história com a sua quarta conquista. O que parecia até então um eterno trio de pilotos a vencer por 4 vezes em Indianápolis, formado por A.J.Foyt, Al Unser Snr e Rick Mears, estabelecido há exatos 30 anos, agora passa a ser um quarteto com a chegada de Hélio Castroneves.
Hélio contra os garotos
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Hélio Castroneves e Alex Palou: um duelo de gerações em Indianápolis (Foto: Meyer Shank/ Twitter) |
Era de se esperar que os veteranos de Indianápolis tivessem um desafio acirrado vindo da nova geração que está prestes a tomar de assalto a categoria. Tínhamos a esperança de ver Scott Dixon, Tony Kanaan, Hélio Castroneves batalharem contra o furor juvenil de Colton Herta, Alex Palou, Rinus Veekay e Pato O'Ward e isso seria sem dúvida o grande atrativo, mas as quedas de Dixon e Kanaan por conta de problemas de reabastecimento e estratégia, deixaram essa disputa pendendo mais para os novatos. Apesar de uma breve intromissão de Hunter Reay e Conor Daly, Hélio passou toda prova ladeado pelos jovens leões que pareciam famintos em tomar o controle da situação. Mas aos poucos alguns destes foram ficando para trás, como Veekay e Herta, deixando a missão de tomar o terreno por conta de Palou e O'Ward. Hélio usou de toda sua experiência para dobrar estes jovens destemidos que deram um belo suadouro no velho de guerra, mas como Castroneves conhece bem cada centímetro daquela pista - e com lições em derrotas anteriores - o veterano soube muito bem trabalhar para conter toda essa onda jovem e conquistar uma magnífica vitória, onde a experiência sobrepôs a fogosidade juvenil.
Porém, verdade seja dita: a categoria será destes garotos pelos próximos anos, mas estes senhores ainda tem muita lenha para queimar.
Uma vitória para lavar a alma |
(Foto: Indycar NBC/ Twitter) |
Foi muito bom rever Hélio Castroneves vencer e escalar os alambrados de Indianápolis pela quarta vez, tendo feito isso pela primeira vez há vinte anos. Desde a sua saída da Penske é que se imaginava o que poderia ser da sua carreira sem ter por perto uma equipe de ponta para lhe dar toda condição de buscar vitórias e títulos. Mas a abertura de sua temporada com a vitória nas 24 Horas de Daytona, e com uma pilotagem exuberante, ainda mostrava que o velho de guerra tinha muito o que fazer por aqui. E a conquista de hoje em Indianápolis, só confirma que ele ainda está em forma para buscar ainda mais vitórias e títulos do alto de seus 46 anos.
Para aqueles que julgaram e/ou ainda julgam o piloto brasileiro por não ter conquistado um título na categoria, apesar de ter números respeitáveis, a sua quarta conquista em Indianápolis fala por si só. O reconhecimento de rivais, ex-companheiros de equipe, mecânicos, chefes de equipes, de lendas como Mario Andretti - que o recebeu com um carinhoso beijo na cabeça assim que o encontrou, numa das mais belas cenas desta edição - mostra o tamanho que é conquistar uma vitória em Indianápolis, que sobrepõe qualquer que seja uma conquista de título no campeonato - apesar da importância que também tenha.
Foi uma tarde mágica que há tempos não tínhamos, reunindo uma imensidão de fatores que nos fizeram trancar a respiração nas voltas finais e soltar o ar com um alivio acompanhado por um sorriso e lágrimas nos olhos. Para nós que amamos esse esporte que por muitas vezes é tão cruel, são estes momentos que nos fazem lembrar do quanto é belo e especial. O automobilismo, o motorsport em sua essência, sempre entrega tudo isso que vivenciamos hoje. É mais uma edição de Indy 500 que tivemos a oportunidade de testemunhar a história, uma grande história, acontecer diante de nossos olhos e o fato de ter um brasileiro ali, só nos orgulha ainda mais.
Para o Grande André Ribeiro que nos deixou semana passada e que era um grande especialista em circuitos ovais, é uma grande homenagem.
E que venha a quinta vitória.
Parabéns, Hélio!