Este era o momento em que Kristensen ainda estava nos boxes, esperando o momento que Allan McNish e Loic Duval terminassem os seus turnos no comando do Audi #2. Certamente já sabia da notícia e quando assumiu o comando do carro na sexta hora, já era líder da prova após os problemas de câmbio que foi apresentado pelo Audi #1 e o pneu furado do #3, quase que tudo ao mesmo tempo. A sabedoria e cadência do velho Kristensen, que tão bem conhece cada cada canto daquele circuito, junto de McNish - que é outro que dispensa comentários - e mais Duval, levaram o Audi #2 a uma vitória que não aparentava ser deles no início da corrida.
Na LMP2 a OAK Racing conquistou a dobradinha com os seus dois Morgan Nissan #35 (Bertrand Baguete/ Martin Plowman/ Ricardo González) e #24, mas não foi tão fácil como mostra a tabela final: o #24 ficou na liderança por um bom período até que ele tivesse um contratempo na Maison Blanc, após uma rodada - que quase levou um dos Audis junto - jogando o carro para o meio do pelotão no decorrer da sexta hora. Isso deixou o outro carro da equipe numa disputa direta contra o #26 da G-Drive - então líder - e o #38 da Jota Sport. Com o as paradas de box e intervenções do Safety Car, a liderança voltou para o comando da OAK assim como a recuperação do trio Olivier Pla/ Alex Brundle/ David Heinemeier no #24. A terceira posição foi do #26 da G-Drive, pilotado por Roman Rusinov/ John Martin/ Mike Conway.
Na LMGTE-PRO o duelo ficou restrito a Aston Martin (AMR) contra a Porsche (Team Manthey AG), que estiveram próximos durante todas as 24 Horas se alternando na liderança da prova. Coube a Porsche a vencer este duelo após a desistência por acidente de Fred Mackowiecki no #99 da Aston Martin, após bater na saída da primeira chicane da Mulsanne. E isso se estendeu para a LMGTE-AM, que viu a Porsche vencer com o carro #76 da equipe IMSA Performance Matmut, pilotado por Raymond Narac/ Jean-Karl Vernay/ Christophe Bouchut, enquanto que o único Aston que ficou presente naquela categoria, o #96 de Roald Goethe/ Jamie Campbell-Walther/ Stuart Hall, fechou em sexto naquela categoria. Infelizmente não foi uma boa jornada para os carros britânicos, que ficaram na prova a pedido - segundo nota oficial da equipe - da família de Simonsen e que estavam confiantes numa dupla vitória nas duas classes dos GTs.
Estas 24 Horas de Le Mans teve um número recorde de intervenções de Safety Car que, ao total de todas as entradas, ficou por volta de seis horas. Ou seja, a corrida teve 18 horas de disputas diretas, entremeadas por estas intervenções. Mas as mais demoradas foi por causa dos reparos nos guard-rails em três situações.
Ao final dessa corrida, as lembranças de Allan Simonsen ainda estavam vivas nas palavras de Jacky Ickx no pódio e o abraço emotivo que ele deu em Kristensen, visivelmente emocionado, só reforçou este sentimento.
Para Kristensen, que havia perdido o pai em março passado, ele dedicaria esta vitória a ele, mas o piloto dinamarquês decidiu fazer essa em homenagem a Allan: “Perdemos alguém que compartilhava do mesmo sonho, um cara absolutamente humilde e gente boa. É um sentimento misto”, comentou. “Meu pai morreu em março, e ele me disse que eu iria ganhar Le Mans este ano. Espero que eu possa ganhar outro e dedica-lo ao meu pai, porque [a vitória] este ano é para Allan Simonsen”.
Esperamos ver a décima vitória sua em 2014, Kristensen, mas dessa vez numa forma mais alegre e festiva.