Max Verstappen durante o GP dos 70 Anos da Fórmula-1: uma grande vitória sobre a Mercedes (Foto: Red Bull/ Twitter) |
Esta situação especial em que a Fórmula-1 se encontra sobre
os circuitos, tem trazido algumas variações bem interessantes: na Áustria, a
Mercedes venceu as duas corridas, mas apenas na segunda é onde a equipe
conseguiu um domínio amplo. Dessa vez, em Silverstone, venceu com autoridade na
primeira corria (o GP da Grã Bretanha), mas os sustos com seus dois carros nas
voltas finais – onde Bottas e Hamilton tiveram pneus furados – deixaram um grau
de alerta para a etapa comemorativa que foi realizada neste final de semana, intitulada
de Grande Prêmio dos 70 Anos da Fórmula-1.
A bem da verdade, o recado sobre o uso dos pneus tinha sido
dado já naquele final de semana do GP bretão e talvez apenas uma equipe tenha
captado a mensagem e ousado para a corrida, já na qualificação: o uso de pneus
duros por parte de Max Verstappen já no Q2, dava uma grande oportunidade para a
Red Bull tentar eclipsar a Mercedes durante o GP. A boa qualificação de Max
(4º) ajudou bastante, mas ele teria que superar um soberbo Nico Hulkenberg que
teve mais uma oportunidade de pilotar pela Racing Point após mais um teste de
Sergio Perez dar positivo para Covid-19. A terceira posição de Hulkenberg seria
um escudo bem vindo para o duo da Mercedes, que tinha desta vez Bottas na pole
e Hamilton na segunda posição. O apagar das luzes vermelhas verificou uma bela
largada de Max Verstappen que eliminou Nico de imediato e o colocou na cola da
Mercedes.
Um outro ponto foi muito importante para que as coisas
dessem certo a Max e Red Bull: o fato dele não seguir os conselhos do
engenheiro para poupar pneus, foi uma bela sacada. Ele sabia que quanto mais
forçasse o ritmo, mais os pneus médios de Bottas e Hamilton se desgastariam e
isso foi primordial para que ele assumisse a liderança assim que os dois
Mercedes fossem aos boxes. Usando os pneus mais duros, pode alongar sua parada
de box para colocar os médios na voltas 26 para se livrar dos mesmos na volta
32, quando voltou a usar os duros.
A cartada da Red Bull deixou a Mercedes ainda mais
atordoada, pois o alto desgaste que os dois carros tinham, os deixavam expostos
a ponto de não ter muita arma para contra-atacar Max. Talvez tenha até
aparecido em algumas situações: quando Verstappen parou e colocou os pneus
médios, o período que ele ficou na pista nunca conseguiu abrir uma diferença
superior a dois segundos e meio para Bottas. Teria sido um momento interessante
para forçar o ritmo e tentar ver o que acontecia e a outra oportunidade foi
quando Max e Valtteri pararam juntos na volta 32 para colocarem pneus duros e,
mais uma vez, faltou um pouco de ousadia para o finlandês tentar forçar o ritmo
e procurar incomodar o holandês. Por outro lado, é bem provável que a
orientação da Mercedes tenha sido até mais conservadora devido os problemas da
semana passada e, sendo assim, os fantasmas de um possível estouro de pneus
deve ter voltado a assombrar. Pelas tomadas em Slow Motion e nas câmeras onboard,
dava para perceber que os pneus de Valtteri costumavam estar até melhores que
os de Hamilton, que sofreu um bocado com as inúmeras bolhas que se formaram nos
três conjuntos de pneus que utilizou. E eles apareciam de forma precoce, o que
atrapalhou bastante o desempenho do inglês. A boa estratégia em deixá-lo mais
tempo na pista – entre as voltas 14 e 41 – usando os pneus duros, foi um alivio
para uma situação que se desenhava apenas uma terceira posição para ele. Aproveitou-se
bem para imprimir um bom ritmo nas últimas voltas e chegar em segundo,
diminuindo um pequeno prejuízo.
A Red Bull esteve bem nessa corrida e isso pode ser
percebido, também, pela ótima recuperação de Alex Albon durante a corrida e
fazendo bom uso dos pneus duros a partir da sexta volta e trocando pelos mesmos
na volta trinta, indicando que o carro estava muito a vontade com aquele tipo
de borracha. Outro que fez uma bela corrida foi Charles Leclerc, repetindo o
quarto lugar da última semana, mas desta vez com um bônus de dificuldade que
foi de ter largado em oitavo. Mas não podemos dizer o mesmo de Sebastian
Vettel, que tem passado maus bocados com aquele carro da Ferrari. O péssimo
final de semana do GP bretão, deu continuidade neste dos 70 Anos e com
agravante dele ter rodado já na largada, mas as estratégias da Ferrari não
foram das melhores para fazer o piloto subir na classificação e terminar na
mesma 12ª posição da qual ele largou. O seu nervosismo no rádio dá o tom do
clima que está entre ele e quem dirige a equipe.
Depois de uma vitória tão grande por parte de Max e Red Bull
em Silverstone, conseguindo encurralar a Mercedes nas estratégias de pneus, lhes
dá um gás a mais para a corrida em Barcelona na próxima semana. E quem sabe,
novamente, manter a Mercedes no bolso no GP espanhol.