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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

GP da Itália - De volta ao topo

 

Um shoey para a Mclaren e Daniel Ricciardo
(Foto: Mclaren)

É sempre bom rever uma equipe tradicional de volta ao lugar mais alto do pódio, ainda mais com uma dobradinha. A última vez que tivemos algo tão interessante a este ponto, foi quando Pastro Maldonado gastou seu talento para vencer o GP da Espanha de 2012 num dos melhores momentos daquele campeonato que ainda é o melhor da categoria nos últimos onze anos. Essa conquista da Mclaren, a primeira dela após a conquista de Jenson Button no GP do Brasil de 2012, ainda tem um fator a ser considerado que é a volta de Daniel Ricciardo ao círculo dos vitoriosos, algo que não acontecia desde o GP de Mônaco de 2018 quando ainda estava na Red Bull. 

Como um exercício de adivinhação - ou premonição - os comentários mais recorrentes apontavam que e Monza as coisas para a Mclaren podiam se alinhar à favor dos papayas, uma vez que o layout veloz do circuito italiano pendia um pouco para o carro da Mclaren. Uma pequena amostra disso foi vista em Spa-Francorchamps quando Lando Norris estava em forma e poderia muito bem ter conquistado a pole se não fosse o acidente, mas Daniel Ricciardo estava em quarto e sabe-se lá o que poderiam ter conquistado se a prova belga tivesse, de fato, acontecido. Mas o recado tinha sido dado. 

Em Monza as coisas foram na mesma linha: Norris e Ricciardo conquistaram boas posições na qualificação para a Sprint Race (4º e 5º respectivamente) e a atuação de ambos na corrida para definição de grid no sábado foi exemplar com os dois se beneficiando bem da má largada de Lewis Hamilton e mantendo-se firmemente em terceiro com Daniel e em quarto com Lando, que teve de suportar em algumas situações a pressão de Hamilton. Com estas posições conquistadas, que tornariam-se segundo e terceiro para eles com a punição do vencedor Valtteri Bottas por conta da troca de motor, a condição para o domingo era das melhores. Sonhar não custa...

A ótima largada de Daniel Ricciardo no domingo o colocou numa situação muito mais confortável, já que a sua melhor velocidade de reta não deixava Max se aproximar o suficiente para usufruir do benefício do DRS. O ótimo trabalho de box da Mclaren também ajudou para que Daniel continuasse na frente e isso melhoraria com o péssimo pit-stop de Verstappen que jogou o holandês para o meio do pelotão - mais tarde o incidente entre Max e Lewis na "Variante Del Rettifilo" deixariam as coisas ainda mais encaminhadas.

O assédio de Lando Norris em busca de sua primeira vitória foi brecada pela equipe, em vista de preservarem a possível dobradinha, mas ainda tinha a ótima recuperação de Valtteri Bottas que era alguém a considerar numa tarde onde o finlandês esteve em grande forma. Ele ficou barrado em Sergio Perez na luta pela terceira posição - uma luta que era virtual, já que Perez precisava abrir cinco segundos para pode ficar com aquela posição uma vez que estava com a punição de cinco segundos por ter demorado em devolver a posição a Charles Leclerc numa batalha anterior. 

A vitória de Daniel Ricciardo veio num momento crucial para o australiano que passava a ser questionado. O seu desempenho frente ao apresentado por Lando Norris até aqui, deixava bastante a desejar e isso levantava questões do que poderia ser o seu futuro dentro da equipe. Mas a sua melhora nas últimas corrida e agora com essa conquista, da forma como veio, apenas ratifica que o australiano parece estar se encontrando e as provas seguintes é que vão nos dar o real idéia de onde Ricciardo pode chegar dentro da equipe chefiada por Zak Brown.

Para a Mclaren foi um doce reencontro com as vitórias, sendo a última conquistada há quase nove anos com Button em Interlagos. O retorno da parceria com a Mercedes já voltou a render os frutos nesse ano, apenas culminando numa melhora que foi vista já em 2018 quando a equipe estava usando os motores Renault. Essa conquista foi uma tremenda quebra de tabus para a tradicional equipe: primeira vitória com a lendária cor papaya desde a conquista de Denny Hulme no GP do México de 1969 e a primeira da equipe sem a presença de Ron Dennis, sendo que a última havia sido no GP do Japão de 1977 com James Hunt.

Uma retomada importante para uma das equipes mais clássicas da categoria. 

domingo, 30 de agosto de 2020

GP da Bélgica – Um passeio nas Ardennes

A largada para o GP da Bélgica, já no final da reta Kemmel
(Foto: Merceedes/ Twitter)



É sempre bom rever os circuitos clássicos, ainda mais se for Spa-Francorchamps que é uma das mais preferidas, seja dos pilotos como dos espectadores. Porém nem mesmo o fabuloso circuito encravado na histórica floresta das Ardennes está escape de uma corrida tão sonolenta como a de hoje.

É claro que se olharmos para o pelotão intermediário, este nos ofereceu boas disputas onde as duas Ferrari estiveram envolvidas em várias – mostrando mais uma vez seu calvário sem fim – e também com bastante combatividade por parte de pilotos como Pierre Gasly – eleito o piloto do dia –, Lando Norris, Esteban Ocon, Daniel Ricciardo, Kimi Raikkonen, Daniil Kvyat e Alex Albon que sempre estiveram envolvidos em alguma disputa de posição e ajudaram a deixar as coisas mais animadas. Em contraste, os três primeiros se mantiveram nas posições que largaram e não se ameaçaram em momento algum. Mesmo após a saída do Safety Car, que entrou devido o forte acidente de Antonio Giovinazzi e George Russell, o cenário não mudou muito mesmo com Hamilton, Bottas e Verstappen mudando dos pneus médios para os duros que os levaram até o final da corrida, mesmo que tenha tido alguma baixa no rendimento por causa do desgaste. Sem nenhuma combatividade, tornou o caminho mais fácil para que Hamilton chegasse a sua 89ª vitória na carreira, ficando agora a duas vitórias de  Michael Schumacher.

O grande destaque foi a ótima corrida da Renault com seus dois pilotos, já que estes conseguiram boas posições no grid: Ricciardo largou da quarta colocação e chegou disputar ferozmente com Max Verstappen a terceira posição na largada, mas pela falta de ritmo acabou ficando para trás. Porém, com diminuição drástica de velocidade por parte de Max nas últimas voltas, fez com que o australiano chegasse próximo na última volta – chegando descontar até seis segundos, baixando de nove para três segundos – sugerindo que se caso tivesse mais uma ou duas voltas, ele pudesse disputar com o holandês a terceira colocação. Ocon também esteve em boa fase neste GP, andando entre os dez primeiros e conseguindo a quinta colocação nas últimas voltas, quando superou Albon. Pelo menos em pistas de alta o Renault R.S 20 tem bom rendimento, o que deixa a cúpula da equipe bem animada para o GP da Itália.

Realmente, o GP não foi dos melhores e a chuva, que esperada para os três dias, não chegou e a prova ficou no seu marasmo. Em Monza, na próxima semana, já com a proibição do modo festa nos motores, nos trará essa curiosidade de como será o desempenho dos carros – principalmente os Mercedes – para a qualificação. E do outro lado, a saga da Ferrari em tentar sair do limbo que se contra.

Será um final de semana bem interessante em Monza.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Os dez melhores pilotos desta década da Fórmula-1



Escrever sobre os melhores de qualquer área não é uma tarefa das mais fáceis. Jamais conquistará uma unanimidade, não agradará gregos e troianos e sempre será questionado porque tal nome não está incluso naquela seleção. É um trabalho bem barra pesada, espinhudo, digamos.
Montar a lista dos dez melhores pilotos dessa década da Fórmula 1 foi uma tarefa bem interessante, justamente num período que apareceu uma safra bem legal impulsionada pelas academias que as equipes montaram. Portanto, deixar de lado alguém nessa seleção do "Top Ten" pode até parecer uma injustiça, mas acaba sendo compreensível visto que tivemos uma galera muito boa nesta década.
Sem mais enrolação, vamos a lista:


 
1 - Lewis Hamilton – O talento de Lewis ainda era latente naqueles primeiros anos dessa década, mas ficou um gosto amargo por não ter transformado isso em títulos pelos menos em duas ocasiões: 2010 e 2012 Hamilton acabou ficando pelo caminho por erros bobos que o deixaram de fora das decisões. Em 2011 foi derrotado por Jenson Button na Mclaren, na sua pior temporada deste período e ali já era um indicio que uma mudança de ares podia lhe fazer bem. Bateu Jenson na temporada de 2012, mas ao final daquele ano deu tchau a equipe que o acolheu e foi enfrentar o desafio que a Mercedes lhe proporcionara. A primeira vista parecia ter sido um tiro n’água devido os problemas de ritmo de corrida da Mercedes em 2013, mas ao final do GP da Austrália de 2014 as desconfianças deram lugar a um espetacular período que ele e Rosberg conseguiram aproveitar-se de modo integral pelos anos que se seguiram. Mas como nos episódios onde o indivíduo vende a alma ao diabo e este lhe cobra um preço alto, a sua amizade de longa data com Nico se esvaiu e ambos tornaram-se arqui-rivais. Lewis conseguiu vencer Nico em 2014 e 15, mas sofreu uma derrota que lhe dói até hoje – uma ferida aberta que jamais cicatrizará por não ter a oportunidade de uma revanche. Porém essa derrota foi importante para Lewis: se preparou melhor para enfrentar um oponente que era bem superior a Nico e, consequentemente, mais perigoso. Sebastian Vettel era um rival a considerar e isso foi muito bem visto nas primeiras metades dos campeonatos de 2017 e 18, quando o alemão esteve em grande forma com a Ferrari. Porém a melhor parte da festa a Mercedes preparava para a segunda perna do campeonato ao entregar um pacote forte a Lewis, que foi implacável para destruir qualquer chance de título da Ferrari nessas duas ocasiões ao pilotar o fino do automobilismo e garantir os títulos com antecedência. Uma precisão que foi estendida até 2019, aproveitando-se bem do fato da Ferrari e Red Bull estarem perdidas permitindo ao inglês toda a chance de construir uma larga diferença na primeira parte do mundial e administrá-la na segunda, para vencer seu sexto titulo mundial. Seu engajamento em questões sociais e ambientais mostra o quanto que Lewis mudou no decorrer dos anos. Ter saído da aba da Mclaren e de seu pai foi um passo importante e ter encontrado em Niki Lauda um mentor assim que chegou na Mercedes e posteriormente em Toto Wolf uma situação similar quando Niki passou para o outro plano, deu a Lewis uma segurança muito maior para poder continuar focado nas corridas mesmo quando tenha que ir para algum desfile e/ ou lançamento de grifes e no outro dia vestir sua indumentária e pular dentro do Mercedes e se doar até mais que 100% para conquistar uma pole e uma vitória. A mudança de postura de Lewis lhe valeu cinco títulos mundiais nesta simbiose quase que perfeita com a equipe alemã, confirmando o seu fabuloso talento que já havia sido deflagrado ainda nas categorias de base.


2 - Sebastian Vettel – Houve alguém que não apontasse o alemão como um candidato forte a ser o novo recordista da categoria? Apesar de algumas atrapalhadas, Sebastian Vettel tinha uma velocidade absurda naqueles primeiros anos dessa década e que tinham sido bem vista no ano de 2009 quando foi vice de Jenson Button. Colocando a cabeça no lugar e confiando no taco da equipe técnica da Red Bull, chefiada pelo mago Adrian Newey, Vettel passou a ser o cara mais temido e a ser batido naquele período entre 2010 e 2013 onde esteve a bordo de carros que correspondiam bem ao seu estilo de pilotagem. E isso tudo faz uma tremenda diferença, mesmo em temporadas equilibradas como a de 2012 onde ele não teve o melhor carro do primeiro certame, mas que vital para coletar pontos importantes para quando recebesse uma versão atualizada do RB8 na parte final do campeonato partisse para aniquilar de vez a chances de Fernando Alonso ganhar o titulo, num dos campeonatos mais ferrenhos dessa década. No entanto, em 2013, mesmo tendo que lutar contra os instáveis pneus da Pirelli até certa parte do campeonato, quando o carro RB9 se adaptou a borracha italiana e esta teve que rever a sua construção após as explosões de pneus em Silverstone, Vettel transformou aquele certame num passeio absurdo ao vencer as últimas nove corridas de forma convincente e imponente, somando um total de treze vitórias num ano praticamente perfeito que o coroou tetracampeão mundial. Mas mudança no regulamento de 2014 trouxe a Vettel uma dificuldade incomum em entender o carro daquele ano e acabar sendo dominado por Ricciardo. A sua ida para a Ferrari em 2015 foi o reinicio de um ciclo importante, onde chegou para ser o cara a liderar a “Rossa” aos títulos mundiais: apesar de uma temporada altamente produtiva, onde venceu três corridas levantou o ânimo de uma equipe combalida pelo desastroso 2014 que tiveram, Sebastian mergulhou para um frustrante 2016 onde passou em branco para ressurgir fortemente em 2017 quando os Formula-1 voltaram a ter altas cargas de aerodinâmica. Esteve no páreo pelo titulo, mas a Ferrari perdeu o fôlego na segunda parte do mundial e permitiu que a Mercedes levasse mais um vez a taça; em 2018, numa reedição que acontecera um ano antes, a Ferrari voltou a perder o mundial após uma segunda parte de mundial fraca, mas desta vez aliando seus erros aos de Vettel que não esteve no seu melhor após o desastroso GP italiano, onde a torcida italiana esperava o melhor da equipe e de Sebastian após sua fabulosa vitória em Spa-Francorchamps uma semana antes e da dobradinha que ele e Raikkonen conseguiram no sábado em Monza. O restante daquele mundial de 2018 foi marcado por uma sucessão de erros de Sebastian que passou a coloca-lo em cheque. A vinda de Charles Leclerc em 2019 elevou a competição na equipe, mas Sebastian apresentou uma breve melhora onde logo ficou apenas uma sombra quando seus erros reapareceram. Mas mesmo assim, ainda podemos ver um pouco do seu talento nas corridas do famigerado GP do Canadá, Alemanha e principalmente Singapura, onde mostrou que ainda sabia comandar uma corrida como nos velhos tempos.

 
3 - Nico Rosberg – O que dizer de um piloto que conseguiu superar pilotos do naipe de Michael Schumacher e Lewis Hamilton e ainda teve tempo de cravar seu nome numa década que foi resumida ao domínio de dois pilotos? Nico Rosberg não foi o mais brilhante dos pilotos de sua geração, mas sempre teve velocidade e regularidade de sobra para conseguir chegar ao olimpo. A chance de pilotar para a Mercedes foi um ponto importante para uma carreira que parecia fadada a ficar andando no meio do pelotão com a Williams e lutando pelas migalhas aparecessem nos GPs. Qualquer piloto poderia ficar intimidado em dividir o ambiente com um gênio da raça como Michael Schumacher, mas Nico não tomou conhecimento e aproveitou-se bem da dificuldade de readaptação do heptacampeão para dominá-lo amplamente nas três temporadas em que estiveram lado a lado na Mercedes. No computo geral das três temporadas em que Rosberg enfrentou Michael, o filho de Keke bateu o multicampeão nas classificações (43x15); nos pontos (324x197) e no número de pódios (5x1), sendo que um destes pódios foi a sua vitória na China em 2012. A vinda de seu velho conhecido – e então amigo – Lewis Hamilton, elevou a competitividade na equipe já em 2013, mas foi a partir de 2014 quando a Fórmula 1 mergulhou na era dos motores Turbo Hibridos que a rivalidade entre estes rapazes se intensificou de forma absurda. Em posse dos melhores carros do grid, Rosberg e Hamilton entraram em rotas de colisões – literalmente – em algumas situações que só fez destruir uma amizade construída ainda na época do Kart e que foi posta em jogo quando estiveram face a face pela luta de um título mundial na Fórmula-1. Nico perdeu em 2014 e foi massacrado em 2015, mas conseguiu domar seu antigo colega em 2016 para conquistar seu único título mundial, igualando a marca de seu pai. E como num roteiro de filme, anunciou a sua precoce aposentadoria das competições fazendo com que Hamilton engolisse a seco o gosto de uma possível revanche que jamais reapareceu.

 
4 - Fernando Alonso – A figura do piloto espanhol nesta década foi uma das mais importantes, exatamente por ser amado e odiado em doses altamente cavalares. Fernando Alonso moveu uma legião de fãs e detratores até a sua despedida na F1 ao final do ano de 2018, numa década que podia muito bem ter lhe dado pelo menos um título mundial. A perca dos títulos de 2010 e 2012 – para o seu carrasco Sebastian Vettel – foram por pequenos detalhes onde ele e a Ferrari não conseguiram resolver os problemas a tempo para que o “Spanish Bombs” de Oviedo pudesse garantir pelo menos dois desses possíveis campeonatos. Mas o que ficou claro neste período é que Fernando Alonso não baixou a guarda em momento algum, procurando ficar em evidência sempre mesmo que a polêmica o acompanhasse de forma inevitável – como não esquecer da famosa troca de posições em Hockenheim 2010; da quebra do lacre do motor de Felipe Massa em Austin 2012 e do eterno “GP2 Engine” em Suzuka 2016, apenas para citar alguns. Mas ainda sim o bicampeão esteve em grande forma naquele período da Ferrari onde esteve muito a frente de Massa entre 2010 e 13; destruiu Kimi Raikkonen em 2014 sem tomar conhecimento; perdeu para Button no seu retorno a Mclaren em 2015, mas tomou conta do pedaço em 2016; e foi superior ao jovem Stoffel Vandoorne nas duas temporadas em que estiveram dividindo o ambiente na Mclaren. Mas o seu temperamento altamente explosivo é que azedou as coisas por onde passou, exatamente por não a paciência que os campeões costumam ter. Porém, seus melhores momentos nesta década ficam por conta da sua entrega de corpo e alma as corridas; a sua mágica vitória em Valência 2012; os inúmeros memes que foram criados na sua segunda passagem pela Mclaren e na bela homenagem prestada por Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, quando estes o escoltaram até a reta de largada de Abu Dhabi no seu último GP na categoria.


5 - Max Verstappen – A chegada do filho de Jos Verstappen a categoria abalou as estruturas da F1 e do motorsport de certa forma: com apenas 17 anos Max tomava partido de um carro de Formula-1 e alinhava para o seu primeiro GP com um 12º lugar pela Toro Rosso em Melbourne e marcando seus primeiros pontos já na corrida seguinte na Malásia, ao fechar em sétimo. Isso levou a FIA a impor regras para que pilotos conseguissem a Super Licença (um número “X’ de pontos acumulados nas demais categorias para obtenção da Super Licença) e também a sua ingressão na F1 (que tornou-se obrigatório ter mais que 18 anos). Mesmo com toda essa precocidade, Max não tomou conhecimento e rapidamente se estabeleceu como um dos pilotos mais velozes do grid, tendo apenas que talhar bem o seu talento: a velocidade estava ali, porém a agressividade estava presente e teria que ser bem trabalhada para que ele não se metesse em confusões. Mesmo que isso demorasse um pouco a ser domado e Max se envolvesse em alguns incidentes, o holandês subiu rapidamente para a Red Bull – para o lugar de Daniil Kvyat – já em 2016 e logo no seu primeiro GP, em Barcelona, venceu após o enrosco das duas Mercedes que deixou caminho aberto para que Red Bull e Ferrari pudessem batalhar pela vitória. Mesmo terminando atrás de Daniel Ricciardo naquele ano, ficou claro que o holandês era uma estrela em ascensão.  E isso se intensificou em 2017 quando os números passaram a ser melhores que o de Ricciardo, com o australiano ganhando apenas na pontuação final (200x168) e no numero de pódios (9x4). Max  superou Daniel nas classificações (13x7); nas corridas (11x9) e nas vitórias (2x1). Em 2018 Verstappen foi ainda mais incisivo ao derrotar Ricciardo nos pontos (249x170); nas classificações (14x6); nos pódios (11x2); e empatados nas vitórias (2x2). Em 2019 Max foi soberano sobre seus dois companheiros de equipe no decorrer da temporada (Pierre Gasly e Alexander Albon) e teve uma melhora considerável nessa segunda parte do mundial. Porém, seus duelos com Charles Leclerc, especialmente na Áustria e Inglaterra, foram um dos melhores momentos do ano e sem dúvida uma prévia do que muita gente espera que seja o possível duelo entre estes dois jovens pilotos na próxima década.

 
6 - Jenson Button – A década passada para Jenson mais parecia um conto de fadas que não desabrocharia de modo algum, sempre pegando algumas “buchas” pelo caminho como foi o período nada glorioso  com a Honda. Mas em 2009 as coisas mudaram da água para o vinho com a histórica temporada da BrawnGP que lhe deu a oportunidade de, enfim, conquistar o tão sonhado titulo mundial. Nesta década Button teve seu nome ligado diretamente a Mclaren, para quem foi pilotar em 2010 e duelar com o seu conterrâneo Lewis Hamilton. Apesar de não ter a velocidade pura e crua de Lewis, Jenson tinha a regularidade a seu favor e por mais que perdesse nos treinos (13x6) e na pontuação final (240x214), Button esteve próximo nas vitórias (3x2) e também nos pódios (9x7). Mas em 2011 foi a desforra ao aproveitar-se dos inúmeros erros de Hamilton e cravar uma pontuação superior ao campeão de 2008 (270x227) e derrotar Lewis também nos pódios (12x6). No ultimo ano de parceria, em 2012, Lewis venceu o duelo interno contra Button ao marcar dois pontos a mais no campeonato (190x188); nos grids de largada (15x5). A partir de 2013, já sem Hamilton na equipe, Button foi o piloto principal da Mclaren e naquele ano teve ao seu lado Sergio Perez, na qual teve uma boa disputa ao marcar mais pontos que o mexicano (73x49) e vencer a disputa nas classificações (10x9). Em 2014 Jenson Button teve Kevin Magnussen como companheiro e o jovem dinamarquês superou o inglês nas classificações  (10x9), mas perdeu na pontuação final com Jenson fazendo 126 pontos contra 55 de Magnussen. Jenson dividiu a Mclaren com Fernando Alonso entre 2015 e 16, sendo que no primeiro ano superou o espanhol na pontuação (16x11) e perdeu nas qualificações (9x8); enquanto que em 2016 Alonso esteve a frente nestes dois quesitos (54x21 na pontuação e 15x5 nas classificações), nesta que foi a ultima temporada completa de Button na Formula-1. Jenson voltou ainda em 2017, quando disputou o GP de Mônaco no lugar de Alonso – que estava na Indy 500 – onde acabou abandonando na volta 57.

 
7 - Daniel Ricciardo – Se existiu algum piloto tão popular nessa década da Fórmula-1, acabou perdendo de lavada para Daniel Ricciardo. O carismático australiano parecia apenas mais um na categoria quando estreou pela finada HRT no GP da Grã Bretanha de 2011 no lugar de Narain Karthikeyan. Em 2012 subiu para a Toro Rosso, onde perdeu na pontuação para Jean Eric Vergne (16x10) e ganhou nas qualificações (15x5). Em 2013, com mais experiência, conseguiu bater o francês na pontuação (20x13) e nas qualificações (15x4). Porém, quando foi anunciado que iria substituir Mark Webber na Red Bull, os primeiros pensamentos seriam de que ele fosse um mero escudeiro para o então recém tetracampeão Sebastian Vettel. Mas a coisas saíram melhor que a encomenda: aproveitando-se da dificuldade de adaptação de Vettel ao RB10, Ricciardo foi impiedoso com o então campeão reinante ao superá-lo na classificação final (238x167) e nas classificações (10x9), e deu a equipe rubro taurina as únicas três vitórias daquele ano e sempre com grande exibição destacando sempre a sua facilidade em realizar ultrapassagens em momentos cruciais das corridas, especialmente no Canadá e Hungria que foram palcos de suas duas primeiras conquistas. Com a saída de Vettel para a Ferrari em 2015 Daniel tornou-se o piloto referencia na Red Bull, mas acabou sendo superado na pontuação por Daniil Kvyat (95x92). Pelas próximas três temporadas o australiano duelou com Max Verstappen na equipe, onde superou o holandês em 2016 e 2017 e perdeu em 2018, no seu ultimo ano na Red Bull. Em 2019 mudou-se para a Renault, onde bateu Nico Hulkenberg nas classificações (14x7) e na pontuação (54x37).


8 - Charles Leclerc – A gama de pilotos prodígio teve seu auge exatamente nesta segunda parte da década com a entrada precoce de Max Verstappen em 2016. Duas temporadas mais tarde foi a vez de Charles Leclerc iniciar a sua caminhada na categoria e já mostrar serviço ao volante da Sauber nos vinte e um GPs de 2018. Com uma tocada precisa e procurando constantemente reduzir a zero os erros, Charles teve seu nome rapidamente alçado a Ferrari após ter dizimado Marcus Ericsson no duelo interno da equipe ao ter feito 17 x 4 nas qualificações e 39 x 9 na pontuação final. A sua ida a Ferrari para ser companheiro de Sebastian Vettel criou grande expectativa, exatamente por esperar como seria seu comportamento em 2019: apesar de uma corrida não tão brilhante em Melbourne, onde terminou logo atrás de Vettel, foi no Bahrein que Charles mostrou seu poder de fogo ao batalhar contra Sebastian e superá-lo na batalha. Teria vencido a corrida com folga se problemas no motor não tivesse tirado dele uma vitória certa. Outras oportunidades apareceram como na Áustria ao vacilar durante o duelo com o seu grande rival de longa data Max Verstappen. Charles adotou uma postura mais agressiva e partiu para duas vitórias convincentes em Spa e Monza (nesta última uma conquista que não vinha desde 2010). Charles terminou na frente de Sebastian Vettel ao final do campeonato de 2019, ao superar o tetracampeão nas qualificações (12x9) e na pontuação (264x240).


9 - Valtteri Bottas – Quem vê Bottas hoje sendo um fiel escudeiro de Lewis Hamilton, talvez nem imagine – ou tenha esquecido – que ele era uma das grandes promessas quando aportou na Williams na temporada de 2013 e levando o problemático FW35 a um surpreendente terceiro lugar no grid do GP do Canadá quando a classificação foi realizada em condições de pista molhada. As expectativas foram aumentando conforme as temporadas seguintes avançavam: correndo ao lado de Felipe Massa entre 2014 e 2016, Valtteri foi constantemente mais veloz que o piloto brasileiro e isso lhe valeu uma grande oportunidade na carreira: quando Nico Rosberg surpreendeu a todos ao anunciar a sua aposentadoria, o nome de Valtteri foi logo alçado a essa chance, uma vez que ele era empresariado por Toto Wolf. Bottas conseguiu a mais cobiçada das vagas na Formula-1 até então, porém lutar contra Lewis Hamilton não tem sido uma tarefa das mais fáceis e o piloto finlandês tem sido constantemente batido pelo inglês que desde 2017 tem reinado absoluto. Mesmo que Valtteri não seja páreo para o hexacampeão, ele teve lá seus dias de brilhantismo como ficou bem visto na sua primeira vitória na F1 (Rússia 2017) e na Austrália (2019).

 
10 - Kimi Raikkonen - Quando o piloto finlandês voltou a categoria após duas temporadas de recesso, ficou claro que Raikkonen continuava em forma. A sua temporada de retorno foi altamente positiva: com o Lotus, Raikkonen fechou em terceiro com uma vitória e sete pódios. Já em 2013 conseguiu números quase parecidos com o de 2012, com o aumento de um pódio em relação ao ano anterior. Porém o seu retorno a Ferrari a partir de 2014 foi uma imersão num período nada produtivo: enquanto que levou uma sova de Fernando Alonso naquele ano de retorno, esteve constantemente atrás de Sebastian Vettel nos anos de 2015 e 17, mas em 2016 e 18 Kimi conseguiu equilibrar as situações, mesmo que Sebastian mostrasse ser mais veloz no computo geral das corridas. Após esta sua segunda passagem pela Ferrari, que lhe rendeu uma vitória em 2018, ele rumou para a Alfa Romeo na  temporada de 2019. Por mais que não tenha mais toda aquela velocidade que o tornou num dos pilotos mais velozes deste século, constatado na década passada, Kimi Raikkonen acabou por tornar-se um dos mais populares do grid por conta de suas tiradas que beiram o sarcasmo e também pelas declarações quase que monossilábicas. Em 2020, certamente, será o piloto com o maior número de GPs da história da categoria, já que está a dez corridas de igualar a marca de Rubens Barrichello (323 x 313).

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Foto 736: Alguns cascos para o milésimo GP




Alguns pilotos resolveram mudar o desenho de seus cascos para este GP de número 1000 da Fórmula-1.
George Russell optou por fazer uma parte em lembrança ao layout clássico do capacete de Juan Pablo Montoya, que competiu na F1 entre 2001 e 2006 - sendo de 2001 até 2004 pela Williams, equipe qual o jovem inglês defende. Segundo Russell, este foi o primeiro layout que ele usou em um capacete que foi herdado do seu irmão. A única diferença eram as cores, como está na segunda foto.
Daniel Ricciardo também resolveu homenagear o maior representante do automobilismo australiano: seu capacete remete ao usado por Jack Brabham. E neste ano completará 60 anos do primeiro título de "Black Jack" na categoria.
O capacete a ser usado por Nico Hulkenberg traz apenas o logotipo clássico da Renault, utilizado entre 1946 e 1959 sendo o primeiro colorido a ser usado pela marca. 

domingo, 27 de maio de 2018

GP de Mônaco: Dívida e Fantasma dissipados. E no braço


Aquela corrida de 2016 ainda estava engasgada. O seu desempenho naquela dia em Monte Carlo havia sido hipnotizante a ponto de botar as dominantes Mercedes no bolso com uma facilidade imensa. O péssimo trabalho de box da Red Bull o privou de uma vitória certa naquela tarde de 29 de maio. Foi uma das poucas vezes que ninguém viu o australiano brilhar seu já marcante sorriso.
Passados quase dois anos daquela desastrosa e frustrante tarde, Daniel Ricciardo chegou ao Principado disposto a tirar a limpo aquela tarde. Desde a quinta, atravessando até as fases do qualifying e chegando a uma pole respeitável, Daniel dominara todos os treinos com autoridade. A sua segunda pole - repetindo o mesmo feito de dois anos antes - lhe dava uma condição perfeita para tentar dissipar aquele fantasma de 2016.
A largada foi muito boa: conservou a posição e passou a somar a corrida do seu jeito, sempre pronto a responder qualquer que fosse o ataque de Sebastian Vettel. Conseguiu trocar os pneus e ainda voltar com certa folga na frente de seu ex-companheiro de Red Bull e até ali, a metade do caminho já havia sido cumprida a risca. Mas e aquele fantasma reapareceu: se não foi em forma de Pit-Stop como em 2016, agora viera com a perda de potência do motor Renault. Certamente aquele problema poderia se agravar, mas... Havia uma disposição impressionante por parte do australiano nesta tarde em Monte Carlo.
Por mais que Vettel tenha se aproximado em alguns momentos, parecendo esperar um momento de vacilo do australiano ou que o problema piorasse, Ricciardo ignorou qualquer prognóstico e passou a manter a diferença no braço. A diferença entre eles nunca esteve abaixo dos cinco décimos e isso foi primordial. É verdade que caso estivesse num autódromo, a dificuldade em manter Vettel na segunda posição seria quase impossível, mas o modo que ele conseguiu manter uma distância decente e manter-se concentrado, foi o grande momento de Ricciardo nestas suas sete vitórias.
O acionamento do Virtual Safety Car por conta do acidente entre Leclerc e Hartley, podia deixar as derradeiras voltas ainda mais tensas. Porém, a saída de Vandoorne dos boxes e se posicionando na frente de Vettel, acabou que aliviando o trabalho que talvez Ricciardo viesse ter com Vettel. A relargada praticamente decidiu a prova: Daniel foi embora e Vettel despencou vertiginosamente o desempenho - subindo de 1 segundo para nove segundos de atraso para o australiano. Ricciardo apenas levou seu Red Bull a uma conquista fabulosa em Monte Carlo.
As lágrimas e sorrisos de Daniel Ricciardo ao descer do carro, traduziu o tamanho do peso que ele tirou das costas.
E a tal dívida está paga. E o fantasma exorcizado!

segunda-feira, 16 de abril de 2018

GP da China: O pulo do Touro

Se pudéssemos classificar a prova da China, seria em três fases:

1a - O domínio amplo da Ferrari com os pneus macios sobre a Mercedes é imenso, a ponto de deixar os prateados totalmente perdidos.
Mesmo com a diferença oscilando entre 2,5 a 3,5 segundos, ficava claro que Vettel podia dar a resposta a hora que quisesse, principalmente por saber que o carro de trás terá problemas para atacar o da frente por conta da turbulência. Aliás, Mercedes sofre com isso há anos, mesmo quando o apoio aerodinâmico não era tão forte (2014-2016). Esta primeira parte do GP chinês foi bem morno, tendo apenas duelos intensos nas posições intermediárias (a zona da briga de foice), onde Alonso andou desafiando os carros da Haas. Na dianteira viu-se uma procissão, sem que ninguém atacasse ninguém.

2a - Após a únicas paradas de box dos dianteiros, a perca da liderança de Vettel para Bottas nos mostrou um cenário bem interessante, com o finlandês conseguindo andar no mesmo ritmo de Sebastian, mas agora ambos usando o mesmo composto (médio), e dando a Mercedes uma chance de vencer. Mesmo com a Ferrari deixando Raikkonen mais tempo na pista e ele dando uma pequena ajuda para que Vettel chegasse em Bottas, antes que fosse para os Boxes, as coisas não pareciam tão fáceis e o alemão precisaria de ir para a batalha na pista para retomar a dianteira. Lewis, também calçado com os médios, começava achar uma melhor performance. Neste momento a prova ganhava uma nova situação, onde as voltas finais poderiam reservar bons duelos.

3a - Essa parte foi a virada: o enrosco das duas Toro Rosso - com Gasly tocando em Hartley, fazendo-a rodar - forçou a entrada do Safety Car para que o gancho pós reta oposta fosse limpo. Neste momento os dois Red Bull foram ao box para se livrarem dos médios e calçar os macios, o que dava a eles a chance de atacar as Ferrari e Mercedes.
Foi o momento que apareceu a genialidade de Ricciardo, ao escalar o pelotão com agressividade e ultrapassagens bem calculadas. Max também trilhava um caminho bem interessante e que poderia ter lhe rendido uma vitória, caso não batesse em Vettel no hairpin. A mudança de rumos definiram um desfecho que era bem pouco provável até minutos antes do incidente dos dois Toro Rosso.

Este GP chinês deu mais uma prova do que é feito Daniel Ricciardo. Das suas seis vitórias na categoria, ao menos quatro delas foram em situações onde a corrida parecia resolvida e onde entra num momento de "acomodamento" dos demais. Ele sabe explorar bem este momento, atacando de forma impiedosa os adversários ao extrair o máximo de seu equipamento. E olha que passou perto de quase largar do fundo do grid após a sua quebra de motor no terceiro treino livre. O trabalho hercúleo dos mecânicos em reaver o motor e entregar o australiano para o classificatório, foi recompensado com a vitória dele.
E sem dúvida, a sua ultrapassagem sobre Bottas já é um dos grandes momentos do ano.


domingo, 8 de outubro de 2017

GP do Japão - Quase lá

As noticias que vinham do grid de largada, onde os mecânicos ferraristas trabalhavam apressadamente para resolver algum problema no carro de Sebastian Vettel, logo se alastraram. Quando as imagens começaram a pipocar na internet, minutos antes da volta de apresentação, as coisas pareciam ainda pior. Por mais que eles tenham conseguido entregar o carro a tempo da volta de apresentação, ainda faltava ver o desempenho deste na corrida. E foi a mais desastrosa – ou dolorosa – que se podia esperar: Vettel foi caindo de forma vertiginosa na classificação, sendo ultrapassado como se o alemão estivesse a bordo de um carro da F2. Sebastian ainda aguentou até depois da saída do Safety Car – que entrara na pista por conta do acidente de Carlos Sainz – quando teve que acatar a decisão da equipe em recolher o carro para o box. Mais tarde saberíamos que o que fez a desistência prematura tinha sido a falha de uma vela, que deve custa alguns dólares. Uma real apunhalada no ânimo de quem esperava começar reverter o jogo a partir deste GP nipônico. Se as outras derrotas ainda lhes davam uma certa esperança de tentar reagir a partir da próxima corrida, desta vez as coisas são bem diferentes. Afinal, não dependerá mais de Vettel e Ferrari para conseguirem o tão sonhado título.
Por outro lado, Hamilton conseguiu ampliar ainda mais a sua diferença sobre Sebastian colocando agora 59 pontos de vantagem para o alemão. Uma diferença tão confortável o que o deixa numa situação de nem precisar mais subir ao pódio para conquistar o seu quarto mundial. A sua vitória foi mais uma vez maiúscula, sendo que tivera um bom ritmo com os super macios no primeiro stint, conseguindo manter um (mais uma vez) brilhante Max Verstappen numa boa distância. Porém, após a troca para os macios, o desempenho teve uma queda exatamente por conta da borracha que se desgastou rapidamente deixando com que Max se aproximasse perigosamente. Com Valtteri Bottas a frente, foi preciso fazer a inversão de posições – o que acabou matando uma possível chance do finlandês tentar o pódio – para que o #77 “freasse” a ameaça rubro taurina. E isso fuincionou pelas voltas que Valtteri se manteve na frente de Verstappen e quando foi para a sua troca de pneus, Hamilton tinha já uma diferença mais confortável para o jovem holandês que foi muito bem administrada pelo tricampeão. Porém, as voltas finais foram dramáticas: a aproximação de Max era evidente e com Lewis sofrendo de fortes vibrações na parte de trás do carro – que depois foi constatado que era por conta do motor – ficava quase que claro que dependeria e muito de um tempo para que Verstappen tentasse a ultrapassagem. Mas ao encontrarem Alonso e Massa pelo caminho – que disputavam a décima colocação – estes acabaram atrapalhando as pretensões de Max de tentar uma cartada naquela volta final. O cruzar da linha de chegada foi um alivio e isso ficou bem claro quando soube-se que a Mercedes havia trocado algumas peças no carro de Hamilton que agora já está no limite da sua quarta unidade de força. Ou seja: se agora trocar algum outro componente nestas últimas quatro corridas, o inglês perderá posições. Mas com uma diferença tão grande e sem a necessidade real de chegar ao pódio nestes derradeiros GPs, chega a ser um alivio de fato.
Outro ponto importante e que deve dar uma animada – e que já está animando – é a grande crescente da Red Bull do GP de Singapura para cá. Ficou claro que o ritmo de Verstappen foi muito bom, não deixando Hamilton abrir uma enorme diferença  no primeiro stint e conseguindo acompanhar – e até ameaçar – o mercediano na parte final do GP. Interessante observar, também, é a grande forma de Verstappen nestas duas últimas provas ao conseguir extrair tudo do RB13 e dar trabalho para Hamilton e sua Mercedes. Já são 43 pontos conquistados nestas últimas corridas, sendo que esta é a sua segunda prova sem nenhum tipo de problema. Apesar de não ter conseguido seguir o ritmo de seu companheiro de equipe, Ricciardo fez o seu trivial ao conseguir mais um pódio no ano.
Por mais que o mundial esteja quase que encaminhado para as mãos de Hamilton, ainda faltam quatro etapas onde alguma reviravolta pode acontecer. Mas com um  carro a prova de bala que tem se mostrado até aqui, será um pouco difícil que aconteça algo mecânico com o Mercedes de Hamilton. Por outro lado, é bem provável que a própria equipe passe a dar uma atenção para que Valtteri chegue ao vice-campeonato, uma vez que está treze pontos atrás de Vettel. E se os vermelhos conseguirem um bom final de semana, podem medir forças com a Mercedes e também servirá para a que a Red Bull mostre em que nível está realmente. Talvez possamos ter quatro provas bem interessantes neste final. Uma prévia do que podemos esperar para 2018.

domingo, 17 de setembro de 2017

GP de Singapura - Uma noite para o campeonato

Lewis Hamilton não era para ter vencido em Marina Bay. As coisas conspiravam, e muito, a favor da Ferrari. Como todos nós sabemos, o carro italiano é muito mais ágil neste tipo de traçado, vide o que Vettel conseguiu em Mônaco e Hungria, por exemplo, e a pole conquistada por ele no sábado foi uma amostra do que o tetracampeão poderia fazer na noite de Singapura. Mas a manobra – normal até, pois trata-se de um pole position defendendo a sua posição – acabou desencadeando uma situação que poderia lhe ser favorável ao final da prova noturna. Muitos irão apontar o dedo e dizer que Max Verstappen deveria ter levantado o pé e isso teria evitado a colisão que limou tanto o jovem holandês, quanto os dois pilotos da Ferrari. A verdade é que estes carros da atual F1 são bem difíceis para que o piloto possa enxergar algo, e quando um piloto aparece feito um raio do outro lado, como foi o caso de Raikkonen, precisa-se de certa destreza – e sorte – para que não dê nenhum enrosco. O movimento de Verstappen foi o reflexo da movimentação de Sebastian, que procurava bloquear o piloto da Red Bull para que este não tentasse o tudo ou nada na freada para o “S”. Mas isso gerou o enrosco assim que Raikkonen apareceu como um passe de mágica do lado esquerdo, e com Max no meio dos dois Ferraris foi impossível escapar para algum lado e daí iniciou o acidente que pode mudar os rumos deste mundial. Pior mesmo foi o pobre Alonso, que havia feito uma largada assombrosa e estava pronto para assumir o terceiro lugar, quando foi acertado pelo carro de Max Verstappen que também havia sido batido por Raikkonen. Vettel rodaria metros depois. Os dois Ferraris e mais o Red Bull abandonaram no ato, enquanto que Fernando ainda tentou continuar na prova até que parou de vez na oitava volta com grande avaria na parte de trás do radiador do lado esquerdo. Em vista do que foi a boa prova de Stoffel Vandoorne, o espanhol poderia ter luatdo pelo quarto lugar com Carlos Sainz, naquela que foi a melhor oportunidade da McLaren-Honda tentar seu brilharete neste ano. O acidente nesta largada do GP de Singapura lembrou um pouco o que acontecera cerca de cinco anos atrás, quando  Fernando Alonso – então na Ferrari – acabou sendo envolvido num acidente causado por Romain Grosjean na freada para a La Source, em Spa. Na ocasião, Alonso levava em torno de 40 pontos de vantagem sobre Vettel e dali em diante era apenas administrar a ótima vantagem para tentar chegar ao seu terceiro título. Mas o acidente e mais a segunda colocação de Sebastian – que largara na ocasião apenas em 11º - foi o inicio do desmoronamento dessa possibilidade que seria agravada na largada para o GP do Japão, quando ele se tocou com Raikkonen e teve o pneu traseiro furado o que forçou o seu abandono,  num dia que Vettel venceu tranquilamente em Suzuka.
Mas aquele que não deveria ter vencido em Marina Bay, acabou vencendo. E de forma convincente até, pois conseguiu manter boa vantagem para Ricciardo no período que a pista esteve molhada e quando esta secou, continuou com ótimo ritmo. E isso foi até certo ponto surpreendente, pois a Mercedes esperava certa dificuldade neste traçado mais sinuoso e o que se viu – especialmente com Lewis – foi uma boa velocidade que se tornou importante para anular qualquer chance de Daniel Ricciardo. Talvez Hamilton não tivesse bala suficiente para desafiar as Ferraris se estas estivessem na pista, mas ao menos o terceiro lugar estaria em pauta com o que foi mostrado em Marina Bay.
Ao contrário do que muitos pregoam após este resultado, entregando a taça para Hamilton, o campeonato ainda está aberto. Os vinte oito pontos que separam Lewis de Sebastian podem muito bem serem diminuídos numa má jornada do inglês nas seis provas restantes. Porém, Hamilton passa a ter a matemática a seu favor a partir de agora e qualquer outra vitória, com Vettel chegando, por exemplo, em terceiro, vai abrir ainda mais a possibilidade do inglês passar a marcar o alemão nas corridas seguintes. E ainda terá a ajuda de Valtteri Bottas para que isso aconteça, uma vez que o finlandês, que fechou a prova em terceiro, declarou ter em mente superar Sebastian Vettel na classificação.
Por mais que possa acontecer algo do tipo com Hamilton nas próximas etapas, a verdade é que os acontecimentos na noite de Marina Bay podem, e muito, influenciar no resultado final do mundial. E ainda teremos mais seis etapas para acompanhar essa epopeia.

domingo, 3 de setembro de 2017

GP da Itália: Sem chance para os demais

A classificação já era um indicativo do que poderíamos ter nesta etapa de Monza, onde a Fórmula-1 encerra sua estadia no velho continente: além do recorde de poles alcançado por Lewis Hamilton, chegando para a já mítica marca de 69 poles, a volta feita pelo inglês no encharcado asfalto italiano foi mais de um segundo veloz que o alcançado por Max Verstappen que fez o segundo tempo, mas por conta das punições, derivadas pelas trocas de motor e demais componentes, o holandês despencou para o meio do pelotão e isso proporcionou ao igualmente jovem Lance Stroll a chance de largar pela primeira vez na fila de honra, sendo assim o mais jovem a conseguir o feito. Em terceiro aparecia outra promessa que tem feito boas corridas até aqui ao volante do Force India, Esteban Ocon. A dúvida sobre o que poderíamos esperar dessa corrida, pairava sobre o que esperar do desempenho das Ferraris, especialmente de Sebastian Vettel, uma vez que ele em Spa foi um carrapato na trajetória de Hamilton na conquista deste na semana passada com um desempenho até surpreende, por se tratar de uma pista veloz e que onde esperava-se um pouco mais de facilidade para a Mercedes chegar a conquista. Mas a tarde de Monza mostrou um cenário bem diferente do que sugeria em termos de desempenhos.
Por mais que as Ferraris tenham feito um treino classificatório bem abaixo do que estamos acostumados neste ano, a performance era algo que ainda podia salvar esse pequeno desastre, mas não foi nem sombra do que apresentaram – especialmente com Vettel – em Spa. Sebastian até que chegou de forma rápida ao terceiro lugar ao superar Stroll e Ocon, mas não teve fôlego para alcançar as Mercedes que já estavam bem à frente – quando Vettel chegou ao terceiro posto, já levava cerca de 10 segundos de desvantagem para Hamilton e em tempos de voltas, tanto para o inglês, quanto para Bottas, ele perdia em torno de meio segundo a um segundo de desvantagem e isso se traduziu em mais de trinta segundos ao final da prova, quando Sebastian enfrentou alguns problemas em seu carro e teve a sombra de um soberbo Ricciardo, que vinha em grande performance na quarta colocação. Sobre Kimi Raikkonen, este já enfrentava dificuldades desde o inicio e foi sofrível para o finlandês conseguir superar Stroll e Ocon, coisa que conseguiu após a sua primeira parada de box. A verdade é que a Ferrari apostou tudo num acerto para a pista seca e não conseguiu encontrar o equilíbrio certo para o seu carro justamente na sua prova caseira. Nçao fosse as punições para os dois carros da Red Bull, as coisas podiam ter sido bem piores frente ao que fez Ricciardo que escalou o pelotão de forma magnífica para conquistar um fabuloso quarto lugar.
Sabemos bem da força da Mercedes, especialmente em circuitos velozes, mas o desempenho deles em Monza foi ainda mais brutal que o normal justamente em um ano onde as coisas estão mais equilibradas. Lewis Hamilton rechaçou qualquer possibilidade de complicações com os dois garotos ao defender-se bem na largada e quando virou a chicane na lideranças, não maiores contratempos  - fora um suposto “probleminha” que Hamilton chegou a relatar nas últimas dez voltas que não se traduziu em nada. A bem da verdade, Hamilton tem usado deste expediente em algumas etapas onde esteve na frente, mas curiosamente não trazendo nenhum dano que lhe desse maior dor de cabeça. Bottas foi magnifico nas voltas iniciais ao superar brilhantemente Raikkonen – ao fazer toda a Parabolica lado a lado com o seu conterrâneo – e depois passar Stroll e Ocon e assumir a segunda posição. As voltas velozes que ele fez em revezamento com Hamilton, mostrou o quanto que o carro estava bem acertado naquele circuito e tranquila dobradinha da equipe prateada em Monza foi apenas consequência.
Não podia deixar de falar especialmente de quatro pilotos: Ricciardo, ultimamente, tem sido o grande nome das corridas, com ultrapassagens e recuperações impressionantes e a de hoje não foi diferente; Esteban Ocon fez uma corrida tranquila, sem nenhuma atribulação – principalmente porque seu maior desafeto nesse momento, Sergio Perez, andou no meio do pelotão e isso foi bom até mesmo para a Force India que conseguiu capitalizar bons pontos nessa etapa – e mostrou grande forma. Sem dúvida um dos grandes nomes neste mundial; Stroll fez bom trabalho também e aos poucos vai começando a dissipar a pecha de piloto que “chegou lá por conta do dinheiro do papai”. Trabalho muito bem feito principalmente em condições adversas como foi a classificação, onde ficou constantemente à frente de Felipe Massa e com autoridade. Aos poucos, conforme vai aprendendo os macetes do carro e das pistas, vai ganhando auto-confiança e consequentemente experiência; Stoffel Vandoorne fez bom uso do novo motor e conseguiu bons resultados desde os treinos, sempre à frente de Fernando Alonso. Na corrida tinha até mesmo chances de pontuar, caso o motor Honda – mais uma vez – não falhasse. Foi uma corrida interessante para vermos o desempenho dos novos nomes da categoria, sem dúvida.
A grande vantagem que vimos neste GP italiano por parte da Mercedes deve ser transferido diretamente para  Ferrari, quando a categoria for para Singapura, próxima etapa. Mas caso a Mercedes vá bem na pista citadina de Marina Bay, a luz amarela ascenderá para os italianos. Será uma corrida bem interessante neste aspecto, daqui quinze dias.

domingo, 25 de junho de 2017

GP do Azerbaijão: Uma bakunça bem vinda

Confesso que ano passado olhei bem pouco  para esta pista de Baku. Exatamente por estar extasiado pela final das 24 Horas de Le Mans de 2016, que acontecera minutos antes, a prova do Azerbaijão foi bem apagada mostrando o tamanho da burrada que foi colocá - la no mesmo dia e minutos depois da grande clássica francesa. Mas de toda forma, também não foi das melhores aquela prova que foi vencida por Rosberg na ocasião. Talvez os pilotos estivessem mais receosos, sei lá.
Porém, um ano depois, as coisas foram bem diferentes e muito agradáveis com pilotos mais bem familiarizados com o tratado.  Uma corrida bem doida, onde ineficiência do trabalho do resgate foi um ponto negativo ao demorarem além da conta para retirar o carro de Kvyat. Os vários toques entre os pilotos e também nos muros, que ajudaram a espalhar uma série de pedaços de carro para todo canto forçando a entrada do SC e mais adiante uma bandeira vermelha. E o que dizer do entrevero de Hamilton e Vettel, onde Lewis diminuiu o ritmo e Sebastian acertou-o por trás para depois bater contra o inglês, indicando a sua revolta com a possível conduta do piloto da Mercedes. É uma discussão que renderá muito pano para manga, principalmente por conta, também, da demora dos comissários em resolver o assunto. Enquanto que Vettel tomou um stop&go de 10 segundos - que na verdade foram 32 segundos, se somarmos os dez da punição mais os 22 entre entrada e saída de box - Lewis não foi punido, mas o encosto de cabeça que soltou - se,  obrigou uma parada extra.
Quem se beneficiou foi Ricciardo, que se recuperou bem na prova para estar no lugar certo quando os dois líderes do mundial sofreram seus problemas e vencer uma corrida que não desenhava de modo algum para Red Bull, apesar do bom rendimento mostrado por eles nos dois primeiros treinos livres - fico imaginando o que se passou na cabeça dos caras da Force Índia quando viram o resultado de Daniel. Melhor ainda foi ver Lance Stroll escapar das armadilhas que essa corrida reservou para fazer um trabalho sólido e sem erros e conseguir um pódio que até  semanas atrás, se alguém ousasse falar isso, seria taxado de louco sonhador e "Lancete". Talvez seu único erro tenha sido nas voltas finais, quando relaxar demais e deixou que Bottas se aproximasse demais para perder o segundo lugar na linha de chegada para o finlandês. Aliás, Bottas conseguiu recuperar-se bem para terminar num improvável segundo lugar. Boas provas de Ocon, que a cada prova vai incomodando e mais e mais Sérgio Pérez - o incidente dos dois nessa etapa também vai render bastante na Force Índia - Kevin Magnusse, que chegou a flertar com o pódio e Fernando Alonso, que enfim teve uma prova limpa de problemas e que escalando o pelotão e escapando como podia dos acidentes e incidentes para marcar os dois primeiros pontos dele e da Mclaren no ano.
Foi um GP magnífico em Baku, justamente num lugar onde eu pouco esperava algo assim.
Agora imaginem uma prova ali com chuva

domingo, 2 de outubro de 2016

GP da Malásia: O grande Ricciardo

Os ataques de Max Verstappen algumas voltas antes do abandono de Lewis Hamilton, sugeriam que aquele momento seria vital para o desfecho da prova. Com os dois rubro-taurinos duelando pela segunda posição, ficava claro que Hamilton tiraria proveito da situação e abriria vantagem sobre eles para tentar levar até o fim com os pneus duros ou trocá-los pelos macios. Mas a quebra do motor Mercedes do inglês deu outra perspectiva para a prova, e passou a esperar um duelo ainda mais bruto entre os dois companheiros. A Red Bull fez o certo ao chamá-los para o box e colocar novos pares de macios para cada um, quando foi acionado o Virtual Safety Car. Daria aos dois uma disputa justa.
Mas esta não veio, talvez mais por conta de uma relargada perfeita de Ricciardo que não deixou Verstappen tão perto dele na hora do recomeço. Apesar de uma aproximação de Max, esta nunca se figurou como grande ameaça mostrando que o australiano estava no controle. A vitória chegou para Ricciardo num momento em que ele começou, há algumas provas, virar um cenário que parecia mais à favor de Verstappen que chegara à equipe como um furacão. Acabou sendo, também, um presente do destino para Daniel que perdera uma corrida praticamente ganha em Monte Carlo.
Ricciardo ainda fez questão de dedicar a conquista a Jules Bianchi: "O que aconteceu com Jules foi algo difícil de aceitar e de digerir. Minha última vitória foi há dois anos. Gostaria de ter ganho uma corrida e dedicado a ele mais cedo do que hoje. Mas desde aquele dia sou uma pessoa diferente, para melhor. Passei a apreciar mais o que tenho e a posição em que estou. Ganhar uma corrida na Fórmula 1 é a realização de um sonho e essa vitória é para ele".
Aquela festa toda no pódio com o já famoso - e estranho - "shoey" e os cumprimentos de Felipe Massa e Jenson Button à ele ainda no parque fechado, mostra quanto Ricciardo é querido por todos. E seria legal se ele fosse brindado mais vezes com essas oportunidades.

domingo, 18 de setembro de 2016

GP de Cingapura: Estratégias & Estratégias

Essas corridas em Marina Bay podem ser interessantes por conta do fabuloso visual proporcionado pela luzes espalhadas pelo traçado citadino, dando uma infinita variedade de ângulos e jogo de luzes que dão vários tons para as cores dos carros. No entanto, é apenas isso. Talvez a melhor corrida disputada ali, tenha sido a de 2010. Talvez...
Hoje era um desses GPs modorrentos, mas o lampejo do engenheiro de Lewis Hamilton, na fase final da corrida, deu uma nova perspectiva para algo que estava praticamente definido. Não fosse a ida de Lewis aos boxes para trocar os pneus macios pelos super macios, não veríamos um final tenso onde Ricciardo, induzido pela troca de Hamilton, teve que ir aos boxes e colocar os super macios e partir para uma alucinada caçada à Nico Rosberg. Este estava, até de certa forma, com a corrida controlada, mas a parada de box de seu companheiro também deixou seu engenheiro indeciso a ponto de chamá-lo para os pits e rapidamente desistir, quando viu que a distância para Ricciardo era de 27 segundos e o total do trabalho dos pits girava em torno dos 28... Portanto, arriscar chegar no final da corrida com os pneus macios aos frangalhos era bem possível, mas teriam que contar, também, com o desgaste que Daniel teria com aquele ritmo alucinante. Ricciardo foi brilhante nas suas voltas e descontou toda aquela diferença que o separava de Rosberg, mas os retardatários atrasaram um pouco o seu ritmo e não fosse isso, pudesse, quem sabe chegar ainda mais próximo de Rosberg na linha de chegada.
A Ferrari perdeu uma boa chance de colocar Raikkonen no pódio, quando entrou em desespero ao ver Hamilton parar nos boxes. Talvez tivesse deixado o finlandês na pista, pudesse ter garantido o terceiro lugar. Ao menos foram inteligentes ao colocar Vettel para largar com os macios e esticar ao máximo o stint do alemão, para que depois ele fizesse bom uso dos ultra macios e conseguisse o quinto lugar.
A verdade é que não fosse a entrada de Hamilton para aquela troca de pneus, não teria tido toda aquela tensão nas voltas finais.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

GP de Mônaco: Sorte e Azar

Fico imaginando o quanto que Daniel Ricciardo deve ter xingado a equipe em seu íntimo após este GP de Mônaco. Não se joga uma vitória na lata do lixo desta forma, como foi feito ontem.
E o que mais revolta o extrovertido australiano, que apareceu ontem - com total razão - com uma cara amarrada no pódio, foi o fato de estar num nível de pilotagem muito maior do que qualquer outro naquela pista. Foi uma pole soberba no sábado, aproveitando de forma única o ótimo balanceamento do Red Bull e na corrida voltas iniciais, após a saída do SC, que fazia qualquer um apostar na vitória dele no Principado.O problema é que a equipe acabou jogando contra, num momento crucial, exatamente quando a pista começava a secar: chamar um piloto para os boxes e não ter tudo preparado, é um erro imperdoável até mesmo para uma equipe amadora. Para se ter uma idéia de como Daniel teria chances de vencer, caso a equipe tivesse feito direito o trabalho, o australiano teria saído à frente de Lewis com uma diferença muito boa, talvez em torno dos 4,5,6 segundos, ou até mais. O momento que Ricciardo começava a subir a Ste. Devote foi o mesmo que Hamilton acabou ultrapassando-o. Mesmo lutando de forma incansável e correndo riscos de bater em algum trecho do circuito, Daniel foi combativo e só tirou o pé no final quando viu que a chance - ou os pneus super macios - tinham ido para o limbo.
Lewis Hamilton, aquele azarado que só se deu mal até a última corrida, viu o cenário reverter a seu favor quando a Mercedes pediu para o irreconhecível Rosberg lhe abrisse passagem. Naquele momento Ricciardo estava com mais de 15 segundos de diferença e para mostrar que era Nico quem estava ditando o ritmo de um longo trenzinho, Hamilton já cravou a melhor volta um segundo abaixo do tempo de Ricciardo. Mas o australiano tinha boa vantagem e apenas um erro dele ou da equipe, ou até mesmo uma quebra, poderia dar ao inglês a oportunidade de chegar ao topo. Nas trocas dos intermediários para os de pista seca é que a Red Bull foi generosa com Hamilton ao fazer o péssimo trabalho com Daniel. Apesar de uma pilotagem com uma manobra duvidosa, como o momento em que ele escapou na chicane do porto e deu uma fechada em Ricciardo, que quase fez o australiano bater um pouco antes da Tabac, Lewis soube administrar bem os ataques de Daniel ao cravar voltas velozes e usar de modo integral os ultramacios para chegar a sua primeira vitória no ano.
Apesar desta dose cavalar de sorte e azar em Monte Carlo, o que fica claro é que a Red Bull está cada mais próxima de suas rivais e neste atual cenário aparenta estar um pouco melhor que a Ferrari. Ela disputou palmo a palmo a vitória com a "Rossa" na Espanha e em Mônaco foi um osso duro de roer para a Mercedes.
Agora é esperar pelo GP do Canadá e torcer para que o cenário esteja completo, com as Mercedes e Ferraris sem nenhum problema para vermos a real força da Red Bull.
Será bem interessante.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...