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O Ligier JS P320 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes enfrentando o aguaceiro no Velopark (Foto: Bruno Terena) |
As corridas no pequeno traçado do circuito do Velopark
costumam ser bem intensas, justamente pela natureza do autódromo situado em
Nova Santa Rita onde o tráfego é sempre um desafio a ser considerado,
principalmente pela diferença entre as três classes do Império Endurance
Brasil. Dessa vez, as coisas não foram diferentes e alguns contratempos
forçaram os principais favoritos ficarem pelo caminho e ainda teve a chuva, que
deu uma embaralhada nas cartas na parte final da classe GT3.
O primeiro grande favorito, que se destacou logo de cara,
foi o AJR #28 de Sarin Carlesso/ Gustavo Martins que saiu da pole e que fez uma
primeira hora muito forte, indicando que a chance de vitória era iminente. Mas
problemas no carro começaram a aparecer na metade da prova quando ocupavam a
terceira posição e passaram a despencar na classificação, para mais tarde
abandonarem com problemas no câmbio. Da mesma forma que este #28 da JLM, os
demais AJR não tiveram uma grande tarde: o #35 da JLM (Pedro Queirolo/ David
Muffato) enfrentaram problemas e não tiveram chance alguma de conquistar algo
melhor do que o oitavo na geral e quinto na P1; o #99 da Box99 (Leandro Romera/
Pietro Rimbano), vencedora da Cascavel de Ouro, conseguiram recuperar voltas de
atraso com as entradas de SC e entraram na disputa pela vitória pressionando
bem ora o Ligier #9, ora o AJR #75, mas um toque com o Mercedes #83 de Marco
Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson – quando este último estava no comando
durante a chuva – acabou arrebentando parte da asa traseira e tirando deles a possibilidade
de lutar pela vitória, ficando em segundo. O #75 (FTR) de Henrique Assunção/
Fernando Fortes também apareceram muito bem, mas o uso do pneu de chuva ainda
quando a pista estava seca, os levaram a cair na tabela da classificação e
infelizmente tiraram deles uma boa possibilidade de tentar a vitória. Fecharam
na sexta posição na geral e em terceiro na P1.
Outro que parecia ter ritmo para tentar a vitória era o
Sigma #12 de Aldo Piedade/ Marcelo Vianna/ Sergio Jimenez/ Jindra Kraucher que
acabou recebendo uma batida por trás do Mercedes #31 de Marco Pisani/ Renan
Guerra quando Pisani estava ao volante no final da reta oposta. Isso acabou
quebrando o eixo traseiro esquerdo e forçando o abandono prematuro do carro da
equipe TechFoce. Pegando gancho em relação aos Sigmas, esta não foi uma corrida
generosa com eles: além do #12, os dois da Motorcar não tiveram uma boa
jornada. O #11 de Emilio Padron/ Fernando Ohashi/ Arthur Gama estava com bom
ritmo e chegaram desafiar o #28 da JLM, mas houve um entre os dois carros com o
lado esquerdo do Sigma ficando danificado. No decorrer da prova o ritmo do #11
começou a cair e o trio abandonaria na volta 51. O outro Sigma da Motorcar, o
#444 conduzido por Vitor Genz/ Vicente Orige/ Luiz Bonatti, não tiveram o mesmo
ritmo que os coroaram nessa mesma pista no mês de julho, quando conquistaram a
vitória, e terminaram na sétima posição na geral e em quarto na P1.
Os Ligier também não ficaram de fora dos problemas, seja
antes ou durante a corrida. Pior para o #117 da BTZ (Pedro Burger/ Gaetano Di
Mauro) que abandonaram na volta 69 quando sofreram um apagão em plena reta dos
boxes.
Se o Ligier da BTZ não teve uma boa jornada, o #9 da Andreas
Mattheis teve um inicio complicado já nos treinos e que seria esticado até a
madrugada, quando foi feita a troca de motor no carro depois da equipe não ter
ficada satisfeita com o rendimento na qualificação. Na corrida, foi um jogo de
paciência para escapar das armadilhas de um tráfego intenso, entremeado com a
pilotagem precisa de Xandinho Negrão e Marcos Gomes, que apareceram como
favoritos ainda na primeira meia hora de corrida. Com os demais que iam à
frente enfrentando problemas e/ou incidentes, eles já estavam na liderança na
metade prova e por ali ficaram. Sofreram um susto quando sofreram um leve toque
do Sigma #444, mas nada que tirassem deles a oportunidade e na chuva foram
precisos, continuando com a tocada perfeita após a paralisação por conta da
forte tempestade.
A vitória veio, a segunda deles no campeonato, mas desta vez
em pista, já que em Goiânia, na rodada dupla de setembro, eles venceram a
primeira prova após a vistoria técnica desclassificar o Ligier #117. Xandinho
Negrão comentou sobre essa conquista no Velopark, aproveitando, também, para
parabenizar toda equipe pelo empenho: “É sempre diferente quando se
ganha na pista. Estou muito feliz. Os mecânicos fizeram um trabalho incrível e
ficaram até às três horas da manhã trocando o motor. A equipe está de parabéns,
foi muito emocionante e muito legal e quero agradecer a todos pelo apoio”.
Marcos Gomes também destacou a conquista, assim como a chance de conquistar o
título na derradeira etapa em Velo Città: “Estou muito feliz com nossa primeira
vitória na pista. Queria parabenizar toda a equipe pelo trabalho excelente. Agora,
vamos para a última etapa com chances reais de título na geral, o que ainda não
conquistei em minha parceria com o Xandinho, mas espero que seja neste ano!”
Mercedes e Mustang vencem nos GTs
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O Mercedes "Caolho" de Maurizio e Marco Billi e Max Wilson, os vencedores da GT3 (Foto: Bruno Terena) |
A GT3 teve um bom cenário desde o início quando
viu o Mclaren 720s GT3 #16 da Blaumotorsport, pilotada por Marcelo Hahn/ Allan
Khodair, liderar com um ritmo forte e se credenciando para a vitória. No
término da primeira hora de corrida, o Mclaren apresentou problemas de câmbio
que deixou o carro travado na segunda marcha e por mais que tivessem tentado
resolver, acabaram abandonando. O caminho ficou aberto para que os Mercedes do
Team RC #83 (Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson), #27 (Caca Bueno/
Ricardo Baptista) e #8 (Guilherme Figueroa/ Julio Campos) e o Porsche #55 da
Stuttgart Motorsport (Ricardo Mauricio/ Marçal Muller/ Marcel Visconde)
entrassem numa enorme batalha.
O Mercedes #8 teve a sua vida complicada com dois furos de
pneus no lado dianteiro direito, que os tiraram da briga pela vitória ao
abandonarem na volta 138. No entanto, a batalha continuou entre os outros três,
com a chance pendendo inicialmente para o Porsche #55 e depois passando para os
dois Mercedes do Team RC.
Um pouco antes da paralisação por conta do temporal, Max
Wilson, no comando do Mercedes #83, esteve em evidência quando optou em usar
pneus de chuva assim que o aguaceiro se fez presente e passou a rodar mais
rápido que os protótipos, criando, assim, uma possibilidade, ainda que remota,
de tentar beliscar uma vitória na geral – ainda precisando descontar uma
desvantagem de duas voltas. Foi neste momento que ele teve um toque com o AJR
#99, que danificou a parte dianteira direita do Mercedes e a asa traseira do
#99.
Após a paralisação, tivemos um duelo intenso entre o #83 e o
#27, quando este último, com Caca Bueno no comando, acabou sendo ultrapassado
por Max Wilson. O #27 ainda perderia a segunda posição da classe para o Porsche
#55, que contava com Ricardo Mauricio no comando e que tentou uma aproximação
ao Mercedes #83. Max Wilson conseguiu controlar a distância e passou para
vencer, seguido pelo Porsche #55 e do Mercedes #27 – na geral, terminaram em
terceiro, quarto e quinto respectivamente. Marco Billi comentou sobre a conquista na classe: “Foi muito bom voltar assim, em grande estilo, com vitória. Fazia tempo
que não andávamos na frente. O carro estava bastante competitivo, todos nós
conseguimos imprimir um ritmo de corrida muito forte e acertamos o momento de
fazer a troca para os pneus de chuva. Foi uma vitória muito importante para nós”
Essa classe não contou coma participação do BMW M4 GT3 #15
da EMS Motorsport pilotado por Átila Abreu/ Leo Sanchez, que saíram dessa etapa
em protesto por conta do BOP que, segundo eles, os penalizavam entre 7 e 8
décimos de desvantagem em relação aos aspirados. No entanto, a categoria
rebateu que foi feito uma compensação no aumento da pressão do turbo em 6% e
uma redução de 10kg.
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A festa de Leandro Ferrari e André Moraes Jr vencedores da GT4 (Foto: Bruno Terena) |
Na GT4 os principais favoritos tiveram seus contratempos: no
Mercedes #31 da Autlog Racing (Marco Pisani/ Renan Guerra) acabaram sendo
desclassificados quando Pisani acertou a traseira do Sigma #12 e forçou o
abandono do protótipo com a quebra do eixo traseiro esquerdo – e ainda teve o
lance que quase provocou um acidente com o Ligier #117 da BTZ, quando Pisani
mudou repentinamente em direção a entrada dos boxes e forçou Pedro Burger a
sair pela grama justamente quando estava em batalha contra o Ligier #9.
Este cenário parecia bem favorável ao Porsche #21 de Jacques
Quartiero/ Danilo Dirani que estão na
briga pelo título da classe justamente
contra o #31, mas um acidente quando Quartiero estava no comando do Porsche
após o trecho do túnel, os forçaram abandonar.
O caminho ficou aberto para a conquista do Mustang #22 da
Autlog (Leandro Ferrari/ André Moraes Jr.), nesta que foi a primeira conquista
deles no ano com o Mustang. Luis Landi/ tom Filho/ Marçal Muller ficaram em
segundo com o Porsche #718 da Stuttgart Motorsport e em terceiro fechou o Audi
#5 da MC Tubarão pilotado por Henry Visconde/ Marco Tulio – a equipe ainda
sofreria um susto quando o BMW M2 #64 conduzido por Victor Foresti/ Lucas
Foresti teve um principio de incêndio na parte final da corrida, mas sem
consequência para os pilotos e o carro. Leandro Ferrari comentou sobre essa vitória com o Mustang: “A gente merecia muito
alcançar essa vitória. Fazia tempo que não conseguíamos ter uma sequência com
esse carro. Sofremos com quebras, problemas. Mas neste final de semana não. Foi
perfeito. Treinamos bem, fizemos a pole e conquistamos uma vitória incrível.
Estamos muito felizes”
A etapa final do Império Endurance Brasil acontecerá no Velo
Città, nos dias 8 e 9 de dezembro.