A grande equipe: os anos 90 foi a grande década da Williams. Na foto, a equipe em Hockenheim em 1992. (Foto: Autosport) |
Confesso que não iria escrever sobre a Williams por agora.
Tinha deixado essa missão assim que o mundial fosse encerrado, esperando que a
equipe ainda pudesse conquistar ao menos um ponto para que fechasse essa passagem de bastão de forma honrosa. Mas não deu tempo. O
anúncio do desligamento da família da equipe Williams imediatamente após o GP
da Itália deste final de semana, pegou todo mundo de surpresa –algo que poderia
acontecer, até com certa naturalidade, no apagar das luzes do mundial deste
ano. Chega ser estranho, mas você cria laços e com uma noticia dessas,
automaticamente, surgem as boas lembranças.
Do alto dos meus nove anos de idade em 1992, a Williams era
equipe a equipe do momento. Tal qual a Mercedes nos dias atuais, ficava impressionado
como Nigel Mansell tirava vitórias fáceis do bolso e abria uma eternidade de
tempo contra quem fosse. Até mesmo Ricardo Patrese não era páreo para o “Leão”,
como ficou bem demonstrado no GP da Grã Bretanha daquele ano quando Mansell
abria distância para o italiano tendo o mesmo equipamento . Em torno de seis ou
sete voltas, Nigel já levava nove ou dez segundos de vantagem sobre Ricardo e a
conta foi aumentando até que ao final do GP o inglês venceu a corrida com incríveis
39 segundos de vantagem sobre Patrese. Uma exibição para lá de dominadora que
contribuiu muito para sintetizar o que era aquela Williams – que o Ayrton tão
bem apelidou de “carro de outro planeta”. Essa demonstração de força continuou
por 1993, teve uma pausa - trágica - em 1994 e 1995 (dois anos interrompidos
pelo talento estelar de Michael Schumacher) e retomado com Damon Hill em 1996 e
por último com Jacques Villeneuve em 1997. Apesar de na época nem imaginarmos,
mas era o fim de uma época vitoriosa para a equipe de Frank Williams iniciada
em 1980.
A grande história de garra de Frank Williams em erguer a sua
equipe é que cativa. E isso fica ainda mais forte quando foi afastado por
Walter Wolf do controle da primeira encarnação da equipe – a Frank Williams
Racing Cars – e retorna em 1977 com a Williams Grand Prix Engineering para
trilhar um caminho de sucesso que começaria já em 1979, com a primeira vitória,
e depois seria coroada com os títulos de pilotos e construtores em 1980. Daí em
diante, sempre tendo Patrick Head no comando técnico e Frank no da equipe, a
Williams passou a ser a grande força da categoria até os anos 90.
Imagino como deve ter sido para o fã da Tyrrell, aquele que
acompanhou a equipe desde os tempos de ouro com os títulos de Jackie Stewart,
quando esta fechou as portas ao final de 1998 para dar lugar a BAR que comprara
a equipe meses antes. Sem dúvida alguma, as lembranças dos bons tempos da
equipe chefiada por Ken Tyrrell devem ter aflorado de forma natural e forte. E deve
ter sido assim com equipes como a Lotus e Brabham, que também conquistaram suas
legiões de fãs e que sumiram quando estavam definhando do meio para o fundo do
grid, tentando se equilibrarem em orçamentos cada vez mais apertados frente uma
Fórmula-1 que já era incrivelmente faminta por dinheiro.
A Williams, como tão bem conhecemos, assistiu a todas as
transformações que a categoria passou e sobreviveu bem, mas como quase tudo
nessa vida, chegou a hora de se despedir. O nome Williams continuará lá – até quando
os novos donos quiserem – mas a presença da família não fará mais parte do dia
a dia e infelizmente não veremos outra renascença como aquela de 1977. Mas os
grandes momentos da equipe ficarão para sempre.
A página final das equipes garagistas, que ajudaram a formar
a Fórmula 1, foi encerrada.