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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

6 Horas de São Paulo – A primeira da Toyota no WEC



A já lendária largada do WEC em Interlagos
Foto: fiawec.com
Desde a sua estréia nas 24 Horas de Le Mans deste ano, que a Toyota tem se mostrado perto da Audi. Em Sarthe os contratempos por causa de acidentes, limaram os dois carros da fábrica dentro das cinco primeiras horas de prova, mas isso foi o suficiente para mostrar que estavam em boa forma e poderiam, sim, fazer frente aos carros de Ingostaldt. Dois meses depois, em Silverstone, eles voltaram, agora com um carro, e deram trabalho aos Audis e só não venceram porque tiveram que fazer um reabastecimento perto do fim da corrida. A corrida de Interlagos, a primeira do WEC no Brasil, seria mais uma chance para a equipe japonesa tentar tirar a supremacia dos carros alemães nessa temporada. E de fato, foi muito proveitoso.
Os treinos livres de quinta tiveram um empate, com a Audi sendo a mais rápida pela manhã e a Toyota respondendo com o melhor tempo pela tarde que foi, também, o melhor do dia. Na sexta, no terceiro treino, a Audi voltou a ficar na frente, mas ainda faltava o treino classificatório. À tarde, com a temperatura despencando, os carros da LMP1 e LMP2 foram para o classificatório e a Audi tratou de colocar seus dois carros na ponta da tabela de tempos. Normal, ora! Mas ainda tinha a Toyota que pareceu reservar alguma coisa para aquele treino. Alexander Wurz entrou na pista paulistana e fez algumas voltas, poucas por sinal, mas que foram suficientes para cravar o tempo da pole e deixar os carros das quatro argolas em segundo plano. Sem a Audi mandar nenhum de seus carros mais para a pista, ficou fácil para a Toyota assinalar a sua primeira pole no ano. O tempo de 1’22’’363 foi 0’’784 mais rápido que o de Lucas Di Grassi, que conduziu o Audi #2 R18 Ultra na classificação. Mesmo com uma diferença larga, era de se esperar um duelo pelas 6 Horas de prova do dia seguinte.

Foi a primeira vitória da Toyota em um competição a nível mundial desde a conquista
da marca no WRC, no Rali da China de 1999.
(Foto: Toyota)
O sol forte, que andou escondido entre as nuvens carrancudas dos últimos dois dias, apareceu e passou a ser um fator a ser considerado naquela tarde, afinal eles não haviam treinado nada debaixo daquele calor. A largada foi dada meio dia em ponto e o Toyota, pilotado por Nicolas Lapierre defendeu-se bem do ataque maciço que os dois Audis impuseram até a freada para o “Esse”, com um de cada lado e o carro japonês na frente. Ao chegar na reta oposta, Lapierre já havia aberto uma diferença que o deixaria mais tranqüilo para colocar em prática a estratégia da equipe que era andar forte. Desse modo, a Audi só encontraria o Toyota em duas situações na tarde de sábado: quando Wurz ou Lapierre estavam para colocar voltas em um dos dois carros e quando chegaram no parque fechado, após a corrida que o japoneses venceram sem ter nenhum incomodo por parte da oposição de Ingostaldt. A Audi teve que contentar-se com a segunda e terceira colocações na prova, naquela que foi a sua primeira derrota no ano que parecia ser de um domínio absoluto. Mas ao menos tiveram uma luta interessante, onde os dois carros travaram um bom duelo no início da prova pelo segundo lugar e no final da corrida, Di Grassi ainda fez a melhor volta da corrida (1’23’’070) quando tentava chegar no Audi R18-etron de Andre Lotterer.   
As melhores batalhas aconteceram nas outras categorias. Até a quarta hora de corrida, os duelos pela liderança na LMP2 estiveram restritos a OAK Racing (Bertrand Baguette/Dominik Kraihamer/Alex Brundle) e a Starworks (Vicente Potolichio/Ryan Dalziel/Stéphane Sarrazin). Mas após o abandono do trio da OAK Racing, na quarta hora de corrida, as coisas ficaram fáceis para a Staworks que chegou com três voltas de vantagem sobre o trio da Oreca formado por Luis Perez Companc/Nicolas Minassian/Pierre Kaffer. Na LMGTE-PRO, a equipe da AF Corse, com a Ferrari 458 #51 da dupla Giancarlo Fisichella/Gianmaria Bruni, até que teve certo trabalho com o assédio do Aston Martin comandado por Darren Turner/Stefan Mücke nas duas primeiras horas de prova, tanto em que alguns momentos, quando os Audis R18 tiveram alguns problemas ao tentar colocar volta na Ferrari de Fisichella: Tom rodou no “esse” do Senna, após um leve toque na traseira do carro italiano e mais tarde Marcel Fassler seria espremido para fora da pista no Mergulho por Fisichella. Apesar disso, nada demais nem para os alemães e nem para italianos.

O Audi R18 Ultra, de Mcnish/Kristensen/Di Grassi, terminou em terceiro e fez a melhor
volta da corrida nos minutos finais pelas mãos do piloto brasileiro.
(Foto: Tazio/ Jorge Sá)
Na LMGTE-AM, a liderança da corrida esteve nas mãos do trio da Felbermayr (Christian Ried/Gianluca Roda/Paolo Ruberti) até a segunda hora de corrida, quando foram superados pelo Corvete da Larbre Competition do trio Patrick Borhauser/Julien Canal/Fernando Rees. Mas a vitória deste trio, que conta a presença do brasileiro Fernando Rees, foi retirada horas depois por alguma irregularidade técnica, como tinha sido, também, na etapa de Silverstone. Desse modo a vitória ficou para o Porsche da Felbermayr. O trio brasileiro formado por Enrique Bernoldi/Chico Longo/Xandy Negrão, que correram com a Ferrari 458 #61 da AF Corse, largou da pole nesta categoria, mas envolveu-se num acidente na curva Chico Landi que arruinou a prova deles e da Gulf Racing Middle East. Eles ainda voltaram para a corrida e fecharam em quarto. O Lola da Gulf também voltou para a corrida e fechou em nono na categoria LMP2.


O evento   

Pouco público nas arquibancadas de Interlagos para acompanhar as 6 Horas de prova.
(Foto: Tazio/ Lucas Santochi)
Pelo que foi divulgado, 25 mil pessoas estiveram presentes no dia da prova. Foi um bom público, diga-se. Eu acreditava que talvez tivesse menos ainda, afinal a divulgação foi pouca e quem fez isso foram as pessoas que compartilhavam fotos, informações, promoções para ganhar ingressos e brindes e por aí vai.
O preço dos ingressos ajudou bastante, mas poderia ter sido melhor ainda. Por ser a primeira vez que a categoria, neste formato de Campeonato Mundial, correu por aqui, a cobrança das entradas podia ter ficado mais popular do que já estava. Seria um modo legal de chamar mais o público e mostrar a eles o quanto que a categoria é interessante e disputada. Fato de ter vários carros, de potências diferentes, aguçaria bastante o público que é sedento por ultrapassagens.
Apesar de ter sido bom o número de pessoas, as arquibancadas estavam vazias. Se realmente tinham 25 mil pessoas por ali, elas estavam espalhadas pelos cantos do autódromo que oferecia algumas atrações para o público, como exposições de carros atuais e antigos (principalmente de competição, onde você podia ver os dois Penskes que Emerson pilotou nas suas duas vitórias na Indy 500 de 1989 e 1993), três Pace Cars e motos da Kawasaki. Para as crianças, que deliraram com os carros do WEC, uma roda gigante, cama elástica e outros brinquedos (não muitos) estavam à disposição. Acredito que um pouco mais de atrações teria distraído as pessoas que não tiveram paciência para ficar às seis horas de corrida sentadas, ou pé, para ver o final. Quando a corrida encerrou, as arquibancadas já estavam às moscas. As pessoas reclamaram um pouco pela falta de informações durante a corrida. Era difícil saber quem estava na liderança das categorias, principalmente as das LMP2, LMGTE-PRO e AM.
A visitação foi outro ponto legal do evento, mas acho que um tempo maior para o público deveria ter sido disponibilizado. Foi apenas 30 minutos na sexta e 40 no sábado e eu estive na sexta-feira e mal deu tempo de tirar fotos (apesar de os carros, em sua maioria, estarem desmontados), ou conversar com algum integrante das equipes. Em 2007, quando a Le Mans Series veio para cá, foi bem mais sossegado e visitação no sábado teve um tempo muito maior. Mas dá para entender que, pelo fato de ter categorias suporte como pré-liminares da corrida deste ano, o tempo ficou escasso. Cinco anos atrás o tempo foi bem maior exatamente pela ausência de uma categoria de apoio.
Apesar de tudo, foi um belo trabalho de Emerson Fittipaldi que apostou forte e trouxe para cá esta bela categoria. E apesar das reclamações, que foram poucas e construtivas, espero que a organização acate e melhore ainda mais para 2013. E repetindo as palavras que escrevi na sexta à noite no Facebook: foi muito bom ver os carros do WEC na pista de Interlagos e mostrar ao público, que é mais ligado na F1, que não é apenas ela que possui alta tecnologia e carros fora de série. E em 2013 terá mais: no dia 31 de agosto eles estarão por aqui novamente.



domingo, 17 de junho de 2012

24 Horas de Le Mans: Um passeio da Audi e mais uma vitória no bolso



O esquadrão da Audi: 11ª vitória em Sarthe
(Foto: Divulgação)
Para quem acompanha automobilismo com certa regularidade, não era muito difícil prever uma vitória da Audi em Sarthe. Não era necessário ser uma mãe Dinah da vida ou algum Robério de Ogum para sacar que a fábrica de Ingolstadt levaria a sua 11ª vitória nas 24 Horas de Le Mans. Sem a Peugeot, que se retirou das competições no início do ano por questões financeiras, a conquista da Audi nessa prova e no Mundial de Endurance já é cantada há tempos, mas vale lembrar que mesmo correndo “sozinha” a Toyota esteve surpreendentemente próxima dos carros alemães desde os treinos. Ou seja: qualquer descuido poderia ser traduzido numa derrota vergonhosa para dois carros zero quilômetro que estavam estreando na temporada. E Audi teve duas aulas de como não menosprezar o adversário em 2010 e 2011.
Mas isso não aconteceu claro. Dr. Wolfgang Ulrich comandou mais uma conquista da Audi com mãos de ferro, mantendo seus pilotos atentos sempre. As cinco primeiras horas de prova é que foram, na verdade, as mais intensas tendo a Audi a compania da Toyota, que esteve no encalço dos quatro carros alemães por todo esse tempo. Porém os acidentes, com curto espaço de tempo, limaram os japoneses da corrida: primeiro foi Anthony Davidson que acabou sendo abalroado por uma Ferrari na freada do fim da Mulsanne, e acabou decolando seu Toyota #8 e chocando-se, com violência, contra a barreira de pneus. Apesar de ter saído relativamente bem do acidente, foi constatado, mais tarde, que ele quebrara duas vértebras. Meia hora depois, exatamente após a saída do safety car, Kazuki Nakajima resolveu jogar para fora da pista o Delta Wing, Isso lhe custou avarias no Toyota #7 que, apesar de terem sido brevemente reparadas, forçou o abandono horas mais tarde. Para o Delta Wing-Nissan, a prova terminou exatamente após este acidente causado por Kazuki e a cena de esforço de Satoshi Motoyama para recolocar o carro de volta à corrida, já virou um dos marcos dessa 80ª Edição das 24 Horas de Le Mans, mostrando bem como é o espírito dessa corrida. Mais tarde a Toyota mandou que Nakajima fosse pedir desculpas à Nissan pelo acidente.
Apesar de a corrida ter se decidido nestes dois lances infelizes para a Toyota, a Audi enfrentou alguns contratempos: antes que Davidson voasse com seu carro, o Audi #3 bateu de frente na curva Posche e Romain Dumas, que estava ao volante, desceu do carro e arrancou todos os pedaços soltos e voltou para a corrida com um dos pneus tortos. Recolheu para os boxes, arrumou as avarias e voltou para a corrida com um bom número de voltas de atraso para os dois Lolas da Rebellion. Apesar do esforço do trio formado por Dumas/ Duval/ Gené, que descontaram voltas e mais voltas entre a noite e o dia, o erro de Marc Gené quando estavam já na quarta posição, o relegaram para o quinto posto. Desse modo uma possível quadra da Audi foi desfeita.
Outros dois Audis também sofreram algum tipo de incidente: Fässler rodou com o #1 no meio da madrugada, entregando a liderança de bandeja para o trio formado pelos senhores Mcnish/ Capello/ Kristensen. Este último, por exemplo, vem seguindo a sua nona vitória desde o ano passado quando Mcnish a desperdiçou muito cedo naquele pavoroso acidente na primeira hora de corrida. Dessa vez o escocês botou tudo a perder ao bater, sem grandes danos, na curva Indianápolis. Alan é um baita piloto de endurance, veloz, mas tem nele uma impaciência que, quando vem, coloca todo um trabalho no lixo. Fora todos estes contratempos, a Audi esteve absoluta em Sarthe e o trio formado por Lotterer/ Fässler/ Tréluyer levou o bi-campeonato da prova.
Para se destacar nessa corrida previsível, o desempenho sólido da Rebellion Racing que teve um dos seus carros na quarta posição com o trio Heidfeld/ Prost/ Jani e o experiente Pedro Lamy que conduziu o Corvete, versão 2011, da Larbre Competition a uma vitória espetacular na classe LMGTE-AM, mostrando que ainda é uma dos bons pilotos de Endurance do mundo.
Essa vitória da Audi é histórica, por sinal: é a primeira de um carro híbrido, tecnologia que já está sendo preparada por outras grandes fábricas como Mazda, Lotus, Porsche para o ano de 2014. Talvez, quem sabe, mais outras montadoras não resolvam investir no Endurance e desafiar o poderio da Audi, que conquistou a sua 11ª vitória em 13 participações. Uma aula de competência e tecnologia.
A edição de número 80 das 24 Horas de Le Mans se foi. Não pude acompanhá-la como fiz ano passado, mas tive a oportunidade de ler os pedaços dela via twitter e de ótimos blogs como do Rodrigo Mattar e do Paulo Alexandre Teixeira.
E como disse no twitter, quando a prova estava a poucos minutos do fim, a saudade começava a bater. E que venha logo 2013!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Audi, pela décima vez

Ao ver dois dos três Audis desaparecerem na frente com um ritmo forte, lembrei de imediato do desaire que sofrera a Peugeot ano passado. Mas a Audi não é a Peugeot, claro. Mesmo perdendo seus dois carros em acidentes pavorosos ainda no sábado, as forças concentraram-se sobre o carro número 2 pilotado pelo trio Marcel Fässler/ Benoit Tréluyer/ Andre Lotterer pelas 15 horas restantes. A luta contra a esquadra da Peugeot, em especial com o carro número 9 de Sebastian Bourdais/ Pedro Lamy/ Simon Pagenaud, foi sensacional. A diferença entre eles sempre foi de no máximo de quase uma volta de desvantagem. Nas últimas voltas a folga que conquistara sobre o Peugeot #9, despencara vertiginosamente mas mesmo assim Lotterer, que estava ao volante do Audi 2 no último turno, não baixou a guarda e continuou a acelerar a toda. Sim, foi uma última volta de total tensão. No box da Audi, Wolfgang Ulrich, chefe da equipe, não desgrudava os olhos da TV enquanto que do outro lado, Olivier Quesnel, chefe da Peugeot, também olhava nervosamente como se tentasse empurrar seu carro com o pensamento. Ao cruzar a linha de chegada, Lotterer deu à Audi a mais suada, e porque não dizer, mais sofrida vitória da fábrica em Le Mans. Os choros de Ulrich, expressando horas de estress junto de uma alegria incontrolável, contrastou com o choro quase compulsivo de Quesnel que mais uma vez perdera a corrida para a Audi pela quarta vez em cinco tentativas.

Para a Audi foi a décima vitória em 13 participações em Le Mans, mostrando o quanto é forte. Ter perdido os 1000km de Spa levou muitas pessoas a questionarem se realmente este carro poderia fazer frente aos Peugeots. Claro, o R18 TDi é um carro totalmente novo  frente o 908 que venceu as duas primeiras corridas em Sebring e Spa, mas a sua performance em Sarthe foi irretocável. Também foi interessante ver os dois "crash tests" a que eles foram submetidos com os acidentes de Mcnish na primeira hora de prova e de Rockenfeller na oitava. O protótipo coberto aguentou os acidentes e os pilotos saíram ilesos, para alívio do Dr. Ulrich. Horas depois do término da prova, descobriu-se que Lotterer andara a última volta com furo em um dos pneus. Sem dúvida, se isso não é sorte, sei lá o que é. Para a Peugeot, resta saborear, mais uma vez, o amargo da derrota. Se ano passado eles não tiveram nenhum tipo de pudor ao andar no limite extremo com todos os carros e perdê-los exatamente por causa disso, desta vez todos os carros chegaram ao fim mas nenhum deles foi páreo o suficiente para deter o único Audi restante na corrida. E esta derrota entra no hall de fracassos do automobilismo francês em sua história. Assim como a do ano passado, esta derrota é comparável as de 1914 (Mercedes), 1921 (Duesenberg) e 1923 (Sunbeam), quando as equipes francesas subestimaram seus concorrentes e vieram perder de modo vergonhoso. 
Foi mais uma 24 Horas de Le Mans que terminou com um espetáculo a parte do carros, como sempre. Também vale dizer que a última volta foi épica, com o Peugeot #9 a tentar de todo custo chegar no Audi #2 e fazer desta a mais tensa das últimas voltas desde a edição de 1969. A Audi saiu vencedora e ano que vem, claro, a Peugeot tentará vencê-la. E quem sabe, talvez, mais alguém entre nessa batalha para dividir as anteções. É esperar para ver. 
E aqui fica o meu agradecimento a esta grande prova: Merci Le Mans! D'ici à 2012    

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...