Após uma largada perfeita e com um ritmo de prova que foi
constante, conseguindo manter uma diferença confortável para a Mercedes de
Rosberg mesmo após este ter superado Kimi Raikkonen depois dos pit-stops, teria
Sebastian Vettel conseguido vencer a prova de abertura em Albert Park? Tal
pergunta pode ser resolvida com apenas um simples sim, mas a verdade é que após
bandeira vermelha ocasionada pelo brutal de acidente de Fernando Alonso com Esteban
Gutierrez, as coisas passaram a favorecer a Mercedes quando esta tratou de
trocar os pneus de Rosberg no novo alinhamento no pit Lane. Saindo de pneus
macios e mudando para os médios, os alemães conseguiram anular a possível
vantagem de Sebastian que ainda se encontrava com os super macios.
A tendência natural é que estes compostos de banda vermelha
se deteriorassem mais rapidamente e foi o que aconteceu com Vettel, que chegou
abrir uma boa vantagem para Rosberg logo após a relargada e que foi despencando
dos quatro segundos que conseguira para um pouco menos de dois segundos. Com
Sebastian indo para os boxes trocar pelos macios, a Mercedes teve em Rosberg um
certo conforto para conseguir reverter um quadro que mais parecia favorável à
Ferrari após uma péssima largada de seus dois pilotos. Lewis Hamilton sofreu
com seu erro na largada e passou um bom tempo atrás da Toro Rosso de Max
Verstappen em duas ocasiões, conseguindo superá-lo apenas nas paradas de box. Foi
o primeiro dos dois Mercedes a optar pelos médios, algo que acabou funcionando
pois não precisou para mais, mas por outro lado a interrupção da prova acabou quebrando
um pouco a sua chance tentar subir na classificação. Nesse caso, um Safety Car
teria sido muito melhor para ele.
O grande erro da Ferrari foi em não ter dado a Vettel a
oportunidade de sair para a relargada com pneus novos, que daria a ele a chance
de abrir uma boa vantagem e quem sabe, até, arriscar outra parada e tentar
solucionar as coisas numa caçada à Nico Rosberg. Infelizmente isso não foi
possível e quando a Ferrari decidiu trocar os pneus do carro #5, jogou por
terra toda essa chance de iniciar o mundial já na frente. Ainda sim, Sebastian
teve a chance de conseguir pressionar Hamilton na briga pela segunda posição,
mas um erro do tetra campeão na penúltima curva do circuito acabou
sacramentando seu terceiro lugar na prova. Para Kimi Raikkonen só restou o
gosto de ter subido para segundo após a largada e ter ficado por lá até o
momento da bandeira vermelha, vindo abandonar logo após a relargada com
aparente problema no motor.
Apesar da melhora considerável da Ferrari em sua performance
para a este ano, que foi muito bem vista nesta prova de abertura, fica evidente
que a Mercedes ainda tem um tanto a sua frente. Por outro lado, percebe-se que
a Mercedes continua com a mesma dificuldade em andar no tráfego, ou seja,
quando se tem que ganhar posições. É um carro perfeito – como bem vimos nos
dois últimos anos – em andar de cara pro vento, mas quando precisa batalhar
posições, as coisas se complicam um pouco – isso ficou bem evidente em corridas
do ano passado, como em Silverstone, Hungaroring e Singapura.
Outro fator que devemos observar neste inicio de campeonato,
é o desempenho das duas grandes favoritas com os pneus que ficam a disposição
das equipes neste ano: me pareceu claro que o ritmo da Mercedes com os
compostos mais macios os deixam mais vulneráveis, não dando tanta chance dos
pilotos poderem usar todo potencial do carro com receio de deteriorá-los rapidamente – lembrando que a Red Bull, em
2013, também sofria com isso até os estouros de pneus em Silverstone. Porém,
quando passam a usar os médios, as coisas ficam mais fáceis e o carro não
aparenta desgastar tanto. Em relação a Ferrari, o uso dos três tipos de pneus
macios parece que favorece bem o conjunto, tanto que quando usaram o mesmo tipo
frente a Mercedes os dois pilotos ferraristas conseguiam ser mais velozes. O
não uso do pneu médio nesta prova, pode comprovar que eles não estejam
confortáveis com este tipo, mas isso é algo que será respondido no decorrer da
próximas provas. E que fique bem lembrado que Ferrari usou muito mais estes
três tipos de pneus macios, assim como a Mercedes que trabalhou quase que
exclusivamente com os médios na pré-temporada.
Pelo menos, para mim, a chave inicial para esta batalha
entre Mercedes e Ferrari se repousará neste quesito.