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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Foto 1042 - Uma imagem simbólica


Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedora Adelaide, foi um alívio que aquela temporada tenha chegado ao final. Era possível sentir que a carga de um ano tão complicado e traumático trazia um cansaço mental absurdo - se colocando no lugar daqueles que estiveram naqueles dias acompanhando a Fórmula-1 in loco, imagino que a cada final de semana de Grande Prêmio houvesse um questionamento clássico do "O que estou fazendo aqui?". Era um pensamento natural após tantos acontecimentos que trouxeram inúmeros dissabores e também lembranças não tão boas, das quais muitos carregariam as marcas para o resto de suas vidas. 

Olhando hoje, exatos 30 anos, é possível saborear aquele capítulo final em Adelaide onde dois novos contendores ao título de pilotos se preparavam para o último duelo que poderiam levá-los ao olimpo do esporte à motor: o jovem e espetacular Michael Schumacher, o expoente de uma nação que agora tinha por quem reverenciar após anos sendo apenas meros coadjuvantes num esporte onde haviam sido reis num passado bem distante. Do outro lado vinha Damon Hill, o cara que foi alçado de mero segundo piloto a primeiro da Williams após a perda de sua principal referência em Ímola, tornando-se um líder para enfrentar a potência que havia se tornado a Benetton Ford com Michael Schumacher no comando. Era a batalha do novo gênio da categoria vs a persistência daquele que poderia muito ter jogado tudo para o alto e seguido uma vida comum após a passagem de seu pai Graham Hill, que deixara a família numa pior. 

Aquela tarde de 13 de novembro de 1994 assistiu o embate entre estes dois contendores, onde Michael Schumacher liderava fortemente, mas sem nunca deixar de ver em seu retrovisor um esforçado Damon Hill que parecia querer repetir uma brilhante atuação como fizera semanas antes no dilúvio de Suzuka. A 36ª volta o controverso acidente entre os dois, selou a conquista à favor de Michael Schumacher abrindo, assim, o caminho para mais outros seis que viriam pelos próximos dez anos. Para Damon Hill, a coroação viria dois anos depois após uma disputa interna com Jacques Villeneuve.

Campeonato resolvido, mas não a corrida que agora estava entre dois veteranos de guerra: Nigel Mansell procurando a sua readaptação após ser chamado às pressas para ser um nome de peso no lugar de Ayrton Senna e ajudar Damon na cruzada pelo título, estava no encalço do seu antigo companheiro de Ferrari Gerhard Berger, que havia assumido a liderança - então com Mansell - após a parada de boxe de ambos. Reviveram as disputas de um passado recente, mas agora pela honra de vencer a derradeira do campeonato. Berger parecia ter as coisas sob controle quando errou na entrada da curva Stag e Nigel o passou para assumir a liderança e partir para a sua 33ª e derradeira conquista na Fórmula-1. Berger fechou em segundo e Martin Brundle acabou herdando uma improvável terceira após a punição de Stop & Go de Rubens Barrichello (quando este era terceiro) e o acidente de Mika Hakkinen quando, também, ocupava a terceira posição a três voltas do fim. 

A reunião destes três decanos no pódio foi uma bela festa, com Mansell chamando Berger e Brundle no ponto mais alto do pódio e depois "regendo" as entregas dos troféus para seus rivais. Foi um momento memorável e hoje, trinta anos depois, até mesmo emotivo se olharmos com atenção de que foi o fechamento de uma era muito boa para a categoria - ainda que os três tenham ficado por mais algum tempo, com Mansell saindo pelas portas dos fundos após a desastrosa passagem pela Mclaren em 1995; Brundle encerrando sua estadia pela Jordan em 1996; e Berger conseguindo um final mais digno, ao conquistar a vitória no GP da Alemanha de 1997 pela Benetton e fechando o campeonato na quinta colocação.

Apesar daquele final de campeonato ter sido um grande alívio para muitos, não se pode negar que, após trinta anos, o simbolismo de uma geração tão interessante acabou sendo representada por aqueles três que tiveram uma ligação quase que umbilical com os gigantes que habitaram a Fórmula-1 de 1980 até 1994. 

Era uma passagem de bastão até mesmo melancólica para a geração que tomava conta da categoria de forma feroz capitaneada por Michael Schumacher, mas que hoje é carregada de saudosismo. 

Foi uma bela época, sem dúvida.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - Os escolhidos para largarem em Le Mans

 

 

O grid de largada foi definido com a realização da Hyperpole ontem, onde Kevin Estre garantiu a 19ª pole para a Porsche em Le Mans, assim como a primeira do Team Porsche - que fechou uma interessante trinca de poles neste ano, juntando esta em La Sarthe com as Daytona 500 (NASCAR) e Indy 500 (Indycar) - e a primeira da própria Porsche após o retorno em 2023 ao solo sagrado. 

E ainda tivemos as definições dos poles da LMP2 e LMGT3, assim como as demais posições restantes. 

Abaixo, o grid de largada com os respectivos pilotos que vão abrir a jornada nesta tão esperada edição. 


HIPERCARRO

(Foto: Porsche Motorsport)



  • 1. Laurens Vanthoor (Porsche n°6 - Porsche Penske) / 2. Sébastien Bourdais (Cadillac n°3 - Cadillac Racing)

  • 3. Antonio Giovinazzi (Ferrari n°51 - Ferrari AF Corse) / 4. Nicklas Nielsen (Ferrari n°50 - Ferrari AF Corse)

  • 5. Charles Milesi (Alpine n°35 - Alpine Endurance Team) / 6. Marco Wittmann (BMW n°15 - BMW M Team WRT)

  • 7. Alex Lynn (Cadillac n°2 - Cadillac Racing) / 8. Will Stevens (Porsche n°12 - Hertz Team JOTA)

  • 9. Nicolas Lapierre (Alpine n°36 - Alpine Endurance Team) / 10. Frédéric Makowiecki (Porsche n°5 - Porsche Penske)

  • 11. Sébastien Buemi (Toyota n°8 - Toyota Gazoo Racing) / 12. Robert Kubica (Ferrari n°83 - AF Corse)

  • 13.Edoardo Mortara (Lamborghini n°63 - Lamborghini Iron Lynx) / 14. Neel Jani (Porsche n°99 - Proton Competition)

  • 15. Nico Müller (Peugeot n°93 - Team Peugeot TotalEnergies) / 16. René Rast (BMW n°20 - BMW M Team WRT)

  • 17. Phil Hanson (Porsche n°38 - Hertz Team JOTA) / 18. Pipo Derani (Cadillac n°311 - Whelen Cadillac Racing)

  • 19. Felipe Nasr (Porsche n°4 - Porsche Penske) / 20. Paul di Resta (Peugeot n°94 - Team Peugeot TotalEnergies)

  • 21. Andrea Caldarelli (Lamborghini n°19 - Lamborghini Iron Lynx) / 22. Jean-Karl Vernay (Isotta n°11 - Isotta Fraschini)

  • 23. Nyck de Vries (Toyota nº 7 – Toyota Gazoo Racing)

LMP2

 

(Foto: TF Sports/ X)

  • 24. Louis Delétraz (Oreca n°14 - AO por TF) / 25. Job van Uitert (n°28 - IDEC Sport)

  • 26. Mathias Beche (n°65 - Panis Racing) / 27. Filipe Albuquerque (n°23 - United Autosports USA)

  • 28. Oliver Jarvis (n°22 - United Autosports) / 29. Malthe Jakobsen (n°37 - COOL Racing)

  • 30. Laurents Hörr (n°33 - DKR Engineering) / 31. Patrick Pilet (n°10 - Vector Sport)

  • 32. Ben Barnicoat (n°183 - AF Corse) / 33. Fabio Scherer (n°24 - Nielsen Racing)

  • 34. Vladislav Lomko (n°34 - Competição Inter Europol) / 35. Bent Viscaal (n°9 - Competição Proton)

  • 36. James Allen (n°30 - Duqueine Team) / 37. Matt Bell (n°47 - COOL Racing)

  • 38. Olli Caldwell (n°25 - Algarve Pro Racing) / 39. Colin Braun (n°45 - Crowdstrike Racing por APR)

LMGT3

 

(Foto: Dailysportscar)

  • 40. Frederik Schandorff (McLaren n°70 - Inception Racing) / 41. Alex Malykhin (Porsche n°92 - Manthey Pure Rxcing)

  • 42. Larry ten Voorde (Ferrari n°66 - JMW Motorsport) / 43. Ben Barker (Ford n°77 - Proton Competition)

  • 44. Alex Riberas (Aston Martin n°27 - O Coração das Corridas) / 45. Marco Sorensen (Aston Martin n°777 - D'station Racing)

  • 46. ​​​​Dani Juncadella (Corvette n°82 - TF Sport) / 47. Matteo Cressoni (Lamborghini n°60 - Iron Lynx)

  • 48. Rahel Frey (Lamborghini n°85 - Iron Dames) / 49. Jack Hawksworth (Lexus n°87 - Akkodis-ASP)

  • 50. Grégoire Saucy (McLaren n°59 - United Autosports) / 51. Maxime Martin (BMW n°46 - Team WRT)

  • 52. Francesco Castellacci (Ferrari n°54 - Vista AF Corse) / 53. Christopher Mies (Ford n°44 - Proton Competition)

  • 54. Augusto Farfus (BMW n°31 - Team WRT) / 55. Yasser Shahin (Porsche n°91 - Manthey EMA)

  • 56. Dennis Olsen (Ford n°88 - Proton Competition) / 57. Tom van Rompuy (Corvette n°81 - TF Sport)

  • 58. Marino Sato (McLaren n°95 - United Autosports) / 59. Johnny Laursen (Ferrari n°155 - Spirit of Race)

  • 60. Kelvin van der Linde (Lexus n°78 - Akkodis-ASP) / 61. Simon Mann (Ferrari n°55 - Vista AF Corse)

  • 62. Daniel Serra (Ferrari n°86 – GR Racing).

quinta-feira, 13 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - Toyota volta ao topo no último treino livre

 

(Foto: Toyota Gazoo Racing/ X)

A última atividade oficial, visando buscar algum desempenho para a prova, fechou a noite em La Sarthe com a Toyota cravando o melhor tempo desse quarto treino livre. O protótipo nipônico, com Brendon Hartley no comando, fez o tempo de 3''29''451 e foi cinco décimos melhor que o Ferrari 499P #50. A terceira posição foi do BMW #20. 

De se destacar a presença da Peugeot entre os dez primeiros, tendo o #93 alcançado o quarto lugar - um bom resultado para eles no apagar das luzes. A Alpine, que tem andado bem nos últimos treinos, incluindo a ida ao Hyperpole, teve os dois carros no top 10: #35 ficou sexto e o #36 em nono. 

Na LMP2, o #23 da United Autosports fez a melhor marca ao atingir 3'37''121. Foi dois décimos melhor que o #24 da Nielsen Racing e sete décimos à frente do outro carro da United Autosports, o #22. 

Na LMGT3 o Lexus #87 da Akkodis da ASP Team fez o primeiro lugar com o tempo de 3'58''755. Foi seguido pelo #95 da United Autosports e pelo Mustang #77 da Proton Competition. 

Os carros voltam apenas no sábado, onde será realizado o warm-up e depois a largada para 92ª Edição das 24 Horas de Le Mans.

Abaixo os dez melhores de cada classe.





92ª 24 Horas de Le Mans - Kevin Estre, para a Porsche

(Foto: Porsche Motorsport/ X)

 Não tínhamos dúvida que essa Hyperpole seria algo impressionante, justamente pelas boas performances que estamos acompanhando desde o Test Day do último final de semana até o último terceiro treino livre. A ausência da Toyota nessa disputa pela pole foi sentida, mas apenas abrilhantaria ainda mais o que vimos em pista. Foi algo que beirou o sobrenatural em La Sarthe. 

As duas Ferrari 499P apareceram bem ocupando as duas primeiras posições no início, sempre com o pé de chumbo Antonio Fuoco comando as ações. Mas o filho pródigo de Le Mans, com o Cadillac #3 da Chip Ganassi, Sebastian Bourdais, estava inspirado ao elevar a brincadeira com uma bela volta na casa de 3'24''816 e ficando em primeiro. Parecia que a pole estava destinada ao francês, principalmente quando um dos favoritos à pole, Dries Vanthoor, acabou indo para a gravilha de Indianapolis - assim como acontecera no segundo treino de ontem. Flashes, aplausos foram dados à Seb. Mas ainda faltavam sete minuto.

Nesse curto espaço de tempo é que a mágica aconteceu: as duas Ferrari voltaram à pista com a proposta de, até mesmo, tomar de assalto a primeira fila, mas o poleman da equipe, Fuoco, escorregou na primeira chicane e abortou. Restou torcer para que Pierguidi pegasse essa posição, mas ele estava longe de conseguir a tal proeza e pegara naquele momento a segunda posição, desalojando o #50 para terceiro. Ainda tinha algo para acontecer? Com certeza...

A volta de Alex Lynn para tentar minimizar a punição de 5 colocações por conta do mega acidente em Spa, o colocou na "pole", mas em seguida Kevin Estre apareceu feito um raio para pegar aquela pole position: o tempo de 3'24''364 foi o suficiente para desbancar os Cadillac da pole position e dar a Porsche Penske Motorsport uma pole que a marca alemã não conquistava desde 2016. Em segundo aparece o Cadillac #3 e em terceiro o Ferrari #51.

Na LMP2  apole ficou para o #14 da AO by TF com Louis Deletraz confirmando a velocidade com o tempo de 3'33''217, seis décimos melhor que o #28 da IDEC Sport e oito décimos à frente do #65 da Panis Racing. 

Na LMGT3 a Mclaren pode festejar a pole com o #70 da Inceptiion onde Brendan Iribe fez o tempo de 3'58''120 - e ainda com direito a rodar na penultima chicane quando tentava melhorar ainda mais o tempo. A segunda posição foi para o Porsche #92 da Manthey PureRxcing, que passou todas atividades "escondidos", esperando apenas o momento certo para aparecer, e em terceiro o Ferrari #66 da JMW Motorsport. 

Abaixo os oito melhores de cada classe: 

*Com a punição de cinco posições, o Cadillac #3 sairá de oitavo




92ª 24 Horas de Le Mans - Antonio Fuoco garante o terceiro treino livre para a Ferrari

 

(Foto: Ferrari Hypercar/ X)


Esse terceiro treino livre em Le Mans foi aperitivo bem interessante para o que veremos daqui a pouco para a definição das poles em cada classe, principalmente da principal. A Ferrari #50, com Antonio Fuoco no comando, roubou a primeira posição nos Hypercar no baixar da quadriculada quando o italiano cravou a marca de 3'27''283, desbancando o Porsche #6 da primeira posição. Aliás, essa sessão foi interessante, onde vimos Toyota, Cadillac, Porsche e por último a Ferrari, ponteando em algum momento a prática - até mesmo a Alpine, por um curto espaço de tempo. De se destacar o bom andamento da BMW #15 com Dries Vanthoor no comando, quando chegou ocupar a segunda posição - logo atrás do irmão Laurens que estava no comando do Porsche #6, fechando em terceiro e se credenciando ainda mais como sério candidato a pole junto de seu parceiros Marciello e Whittman. 

O Hertz Team Jota, que teve o Porsche #12 batido ontem no segundo treino livre, precisou trocar todo chassi, com o monocoque chegando hoje pela manhã. A equipe passou toda sessão montando o novo carro e ainda é dúvida sua presença para a Hyperpole.

A LMP2, o #65 da Panis Racing, que teve algumas atribulações neste treino como escapadas e até mesmo ficando encalhado na gravilha em Indianápolis, pegou a primeira posição na classe no finalzinho ao anotar 3'37''217 com Scott Huffaker no comando. A segunda posição ficou para o #47 da Cool Racing e em #14 da AO by TF.

Essa classe foi de onde saíram algumas ocorrências, como carro da Panis escapando e alguns minutos depois ficando na Indianápolis e o #47 da Cool Racing, rodando na Porsche Curves. 

Na LMGT3 a primeira posição foi do Mclaren #59 da United Autosports com o tempo de 3'57''558 feito no início da sessão James Cottingham, já que algum tempo depois este carro sofreria uma escapa seguido de acidente ao bater de traseira da Tertre Rouge e encerrar mais cedo o trabalho do trio que ainda tem Nicolas Costa e Gregoire Saucy. A segunda posição foi para o Lamborghini #60 da Iron Lynx e a terceira para o Ferrari #86 da GR Racing que, enfim, conseguiu botar o carro em pista após 24 horas, já que eles não conseguiram participar da qualificação e nem do treino livre noturno. 

Abaixo, os dez melhores de cada classe.





quarta-feira, 12 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - BMW surpreende com a pole na geral

 

(Foto: BMW Motorsport/ X)

Se haviam olhos para uma pole nessa qualificação voltados para Toyota, Porsche e Ferrari, provavelmente ficou boquiaberto quando a BMW Motorsport colocou o #15, com Dries Vanthoor, na ponta da tabela dos tempos em Le Mans. Ele cravou a marca de 3'24''465 nos últimos 15 minutos da classificação que teve 1 hora de duração. A volta de Dries foi 1 décimo melhor que o do Cadillac #3, que foi a outra boa surpresa nesse qualy, e dois décimos melhor que o Ferrari 499P #50. A Toyota teve o seu melhor com #7 na quarta colocação - e acabaria sendo o mesmo, pilotado por Kamui Kobayashi, a dar um ponto final nesta sessão quando rodou e ficou atolado na brita da Curva Porsche. Justamente quando o #8 da equipe estava prestes a entrar no oito que vão para a Hyperpole. Outra boa surpresa ficou por conta da Alpine que conseguiu colocar o #35 em quinto. 

De se destacar que tivemos 12 carros no mesmo segundo na Hypercar.

A LMP2 teve o #37 da COOL Racing cravando a melhor marca dessa classe com 3'32''827, seguido pelo #14 da AO by TF e em terceiro o #23 da United Autosports. Mais uma vez a disparidade foi um ponto a ser observado nessa classe, com apenas os três primeiros no mesmo segundo. 

Na LMGT3 o Mustang #77 da Proton Competition apareceu como um relâmpago cravou a pole na classe com o tempo de 3'55''263 ainda no inicio da atividade. A segunda posição foi do Mclaren #70 da Inception e a terceira do Corvette #82 da TF Sport. 

Para os brasileiros, em todas as classes, a qualificação não foi das melhores com seus respctivos carros não avançando. Talvez a situação mais critíca tenha sido o do Ferrari #86 da GR Racing, onde está Daniel Serra, que não foi para a qualificação por conta de problemas - que apareceram no TL1 - e não foram resolvidos à tempo para o qualy. Sairá de último. 

Abaixo, os oito melhores de cada classe que avançam para o Hyperpole.


ADENDO: Devido a rodada no final da qualificação, que acabou deixando o Toyota #7 encalhado na brita, os comissários decidiram desqualificar o carro japonês que sairá de último. O #12 da Jota entra para a Hyperpole.




92ª 24 Horas de Le Mans - Toyota a mais rápida no primeiro treino livre

 

(Foto: Toyota Gazoo Racing/ X)

A Toyota iniciou os trabalhos da melhor forma possível em La Sarthe. Através do GR010 #8 eles cravaram a marca de 3'26''013, ficando mais de meio segundo à frente do Porsche 963 #12 do Hertz Team JOTA que chegou liderar parte da sessão que durou três hora. O outro Toyota #7 esteve em terceiro até o final da prática, quando foi desalojado pelo BMW M #15 do Team WRT - que ficou em terceiro - e pelo Porsche 963 #99 da Proton Competition. 

Os Porsche Penske Motorsport ficaram do meio para trás da tabela - talvez visando a qualificação de daqui a pouco que começará às 14 horas daqui. O melhor deles foi o de #5 que marcou 3'27''672. 

Nesta classe, oito carros ficaram no mesmo segundo enquanto que o Isotta Fraschini foi o mais lento de todos eles com mais de sete segundos de atraso. 

Na LMP2 o #14 da AO by TF ficou com a melhor marca da classe atingindo o tempo de 3'34''245, meio segundo melhor que o #30 da Duqueine e seis décimos a frente do #23 da United Autosports. Apesar de ser uma classe bem equilibrada, dessa vez houve uma grande disparidade com apenas os quatro primeiros ficando no mesmo segundo. 

Na LMGT3 o #87 da Akkodis ASP Team pegou a primeira posição dessa sessão no finalzinho, desbancando os dois Mclaren que ficaram um tempo nas duas primeiras posições. O Lexus #87 ficou com a marca de 3'57''808, seguido pelos Mclaren da esquipes Inception Racing (#70) e pelo da United Autosports (#59). Foi quase 1 segundo de avanço. 

Essa sessão foi marcada por muitas paradas na pista e também por inúmeras punições, seja por excesso de velocidade nos pits, seja por desrespeitar zonas em bandeiras amarelas. 

Uma das vermelhas foi causada por um incidente com o Cadillac #2, com Alex Lynn ao volante, quando rodou na Tertre Rouge. 

 Os carros voltam à pista a partir das 14 Horas (horário de Brasília) para a qualificação. 

Abaixo os dez melhores de cada classe:





domingo, 12 de novembro de 2023

4 Horas do Velopark - Problemas, chuva e vitória para Xandinho e Gomes

 

O Ligier JS P320 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes enfrentando o aguaceiro no Velopark
(Foto: Bruno Terena)

As corridas no pequeno traçado do circuito do Velopark costumam ser bem intensas, justamente pela natureza do autódromo situado em Nova Santa Rita onde o tráfego é sempre um desafio a ser considerado, principalmente pela diferença entre as três classes do Império Endurance Brasil. Dessa vez, as coisas não foram diferentes e alguns contratempos forçaram os principais favoritos ficarem pelo caminho e ainda teve a chuva, que deu uma embaralhada nas cartas na parte final da classe GT3.

O primeiro grande favorito, que se destacou logo de cara, foi o AJR #28 de Sarin Carlesso/ Gustavo Martins que saiu da pole e que fez uma primeira hora muito forte, indicando que a chance de vitória era iminente. Mas problemas no carro começaram a aparecer na metade da prova quando ocupavam a terceira posição e passaram a despencar na classificação, para mais tarde abandonarem com problemas no câmbio. Da mesma forma que este #28 da JLM, os demais AJR não tiveram uma grande tarde: o #35 da JLM (Pedro Queirolo/ David Muffato) enfrentaram problemas e não tiveram chance alguma de conquistar algo melhor do que o oitavo na geral e quinto na P1; o #99 da Box99 (Leandro Romera/ Pietro Rimbano), vencedora da Cascavel de Ouro, conseguiram recuperar voltas de atraso com as entradas de SC e entraram na disputa pela vitória pressionando bem ora o Ligier #9, ora o AJR #75, mas um toque com o Mercedes #83 de Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson – quando este último estava no comando durante a chuva – acabou arrebentando parte da asa traseira e tirando deles a possibilidade de lutar pela vitória, ficando em segundo. O #75 (FTR) de Henrique Assunção/ Fernando Fortes também apareceram muito bem, mas o uso do pneu de chuva ainda quando a pista estava seca, os levaram a cair na tabela da classificação e infelizmente tiraram deles uma boa possibilidade de tentar a vitória. Fecharam na sexta posição na geral e em terceiro na P1.

Outro que parecia ter ritmo para tentar a vitória era o Sigma #12 de Aldo Piedade/ Marcelo Vianna/ Sergio Jimenez/ Jindra Kraucher que acabou recebendo uma batida por trás do Mercedes #31 de Marco Pisani/ Renan Guerra quando Pisani estava ao volante no final da reta oposta. Isso acabou quebrando o eixo traseiro esquerdo e forçando o abandono prematuro do carro da equipe TechFoce. Pegando gancho em relação aos Sigmas, esta não foi uma corrida generosa com eles: além do #12, os dois da Motorcar não tiveram uma boa jornada. O #11 de Emilio Padron/ Fernando Ohashi/ Arthur Gama estava com bom ritmo e chegaram desafiar o #28 da JLM, mas houve um entre os dois carros com o lado esquerdo do Sigma ficando danificado. No decorrer da prova o ritmo do #11 começou a cair e o trio abandonaria na volta 51. O outro Sigma da Motorcar, o #444 conduzido por Vitor Genz/ Vicente Orige/ Luiz Bonatti, não tiveram o mesmo ritmo que os coroaram nessa mesma pista no mês de julho, quando conquistaram a vitória, e terminaram na sétima posição na geral e em quarto na P1.

Os Ligier também não ficaram de fora dos problemas, seja antes ou durante a corrida. Pior para o #117 da BTZ (Pedro Burger/ Gaetano Di Mauro) que abandonaram na volta 69 quando sofreram um apagão em plena reta dos boxes.

Se o Ligier da BTZ não teve uma boa jornada, o #9 da Andreas Mattheis teve um inicio complicado já nos treinos e que seria esticado até a madrugada, quando foi feita a troca de motor no carro depois da equipe não ter ficada satisfeita com o rendimento na qualificação. Na corrida, foi um jogo de paciência para escapar das armadilhas de um tráfego intenso, entremeado com a pilotagem precisa de Xandinho Negrão e Marcos Gomes, que apareceram como favoritos ainda na primeira meia hora de corrida. Com os demais que iam à frente enfrentando problemas e/ou incidentes, eles já estavam na liderança na metade prova e por ali ficaram. Sofreram um susto quando sofreram um leve toque do Sigma #444, mas nada que tirassem deles a oportunidade e na chuva foram precisos, continuando com a tocada perfeita após a paralisação por conta da forte tempestade.

A vitória veio, a segunda deles no campeonato, mas desta vez em pista, já que em Goiânia, na rodada dupla de setembro, eles venceram a primeira prova após a vistoria técnica desclassificar o Ligier #117. Xandinho Negrão comentou sobre essa conquista no Velopark, aproveitando, também, para parabenizar toda equipe pelo empenho: “É sempre diferente quando se ganha na pista. Estou muito feliz. Os mecânicos fizeram um trabalho incrível e ficaram até às três horas da manhã trocando o motor. A equipe está de parabéns, foi muito emocionante e muito legal e quero agradecer a todos pelo apoio”. Marcos Gomes também destacou a conquista, assim como a chance de conquistar o título na derradeira etapa em Velo Città: “Estou muito feliz com nossa primeira vitória na pista. Queria parabenizar toda a equipe pelo trabalho excelente. Agora, vamos para a última etapa com chances reais de título na geral, o que ainda não conquistei em minha parceria com o Xandinho, mas espero que seja neste ano!”

Mercedes e Mustang vencem nos GTs

 

O Mercedes "Caolho" de Maurizio e Marco Billi e Max Wilson, os vencedores da GT3
(Foto: Bruno Terena)

A GT3 teve um bom cenário desde o início quando viu o Mclaren 720s GT3 #16 da Blaumotorsport, pilotada por Marcelo Hahn/ Allan Khodair, liderar com um ritmo forte e se credenciando para a vitória. No término da primeira hora de corrida, o Mclaren apresentou problemas de câmbio que deixou o carro travado na segunda marcha e por mais que tivessem tentado resolver, acabaram abandonando. O caminho ficou aberto para que os Mercedes do Team RC #83 (Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson), #27 (Caca Bueno/ Ricardo Baptista) e #8 (Guilherme Figueroa/ Julio Campos) e o Porsche #55 da Stuttgart Motorsport (Ricardo Mauricio/ Marçal Muller/ Marcel Visconde) entrassem numa enorme batalha.

O Mercedes #8 teve a sua vida complicada com dois furos de pneus no lado dianteiro direito, que os tiraram da briga pela vitória ao abandonarem na volta 138. No entanto, a batalha continuou entre os outros três, com a chance pendendo inicialmente para o Porsche #55 e depois passando para os dois Mercedes do Team RC.

Um pouco antes da paralisação por conta do temporal, Max Wilson, no comando do Mercedes #83, esteve em evidência quando optou em usar pneus de chuva assim que o aguaceiro se fez presente e passou a rodar mais rápido que os protótipos, criando, assim, uma possibilidade, ainda que remota, de tentar beliscar uma vitória na geral – ainda precisando descontar uma desvantagem de duas voltas. Foi neste momento que ele teve um toque com o AJR #99, que danificou a parte dianteira direita do Mercedes e a asa traseira do #99.

Após a paralisação, tivemos um duelo intenso entre o #83 e o #27, quando este último, com Caca Bueno no comando, acabou sendo ultrapassado por Max Wilson. O #27 ainda perderia a segunda posição da classe para o Porsche #55, que contava com Ricardo Mauricio no comando e que tentou uma aproximação ao Mercedes #83. Max Wilson conseguiu controlar a distância e passou para vencer, seguido pelo Porsche #55 e do Mercedes #27 – na geral, terminaram em terceiro, quarto e quinto respectivamente. Marco Billi comentou sobre a conquista na classe: “Foi muito bom voltar assim, em grande estilo, com vitória. Fazia tempo que não andávamos na frente. O carro estava bastante competitivo, todos nós conseguimos imprimir um ritmo de corrida muito forte e acertamos o momento de fazer a troca para os pneus de chuva. Foi uma vitória muito importante para nós”

Essa classe não contou coma participação do BMW M4 GT3 #15 da EMS Motorsport pilotado por Átila Abreu/ Leo Sanchez, que saíram dessa etapa em protesto por conta do BOP que, segundo eles, os penalizavam entre 7 e 8 décimos de desvantagem em relação aos aspirados. No entanto, a categoria rebateu que foi feito uma compensação no aumento da pressão do turbo em 6% e uma redução de 10kg.

A festa de Leandro Ferrari e André Moraes Jr
vencedores da GT4
(Foto: Bruno Terena)
Na GT4 os principais favoritos tiveram seus contratempos: no Mercedes #31 da Autlog Racing (Marco Pisani/ Renan Guerra) acabaram sendo desclassificados quando Pisani acertou a traseira do Sigma #12 e forçou o abandono do protótipo com a quebra do eixo traseiro esquerdo – e ainda teve o lance que quase provocou um acidente com o Ligier #117 da BTZ, quando Pisani mudou repentinamente em direção a entrada dos boxes e forçou Pedro Burger a sair pela grama justamente quando estava em batalha contra o Ligier #9.

Este cenário parecia bem favorável ao Porsche #21 de Jacques Quartiero/ Danilo Dirani que estão na
briga pelo título da classe justamente contra o #31, mas um acidente quando Quartiero estava no comando do Porsche após o trecho do túnel, os forçaram abandonar.

O caminho ficou aberto para a conquista do Mustang #22 da Autlog (Leandro Ferrari/ André Moraes Jr.), nesta que foi a primeira conquista deles no ano com o Mustang. Luis Landi/ tom Filho/ Marçal Muller ficaram em segundo com o Porsche #718 da Stuttgart Motorsport e em terceiro fechou o Audi #5 da MC Tubarão pilotado por Henry Visconde/ Marco Tulio – a equipe ainda sofreria um susto quando o BMW M2 #64 conduzido por Victor Foresti/ Lucas Foresti teve um principio de incêndio na parte final da corrida, mas sem consequência para os pilotos e o carro. Leandro Ferrari comentou sobre essa vitória com o Mustang: “A gente merecia muito alcançar essa vitória. Fazia tempo que não conseguíamos ter uma sequência com esse carro. Sofremos com quebras, problemas. Mas neste final de semana não. Foi perfeito. Treinamos bem, fizemos a pole e conquistamos uma vitória incrível. Estamos muito felizes”

A etapa final do Império Endurance Brasil acontecerá no Velo Città, nos dias 8 e 9 de dezembro.

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Foto 1036 - O fim de uma bela época

(Foto: Sutton Images)

Final de temporada no GP da Austrália era sempre uma bela festa. Talvez pudéssemos até mesmo considerar como um "GP Amistoso", já que quase sempre o campeonato chegava ali decidido - exceto a excelente prova de 1986 que coroava pela segunda vez consecutiva Alain Prost como campeão do mundo. Mas aquela de 1993 envolvia muita coisa, não apenas por se tratar da corrida final daquela temporada, mas também por ser os derradeiros de dois dos maiores personagens da categoria naqueles últimos nove anos: Alain Prost e Ayrton Senna chegavam ao final de suas carreiras, mas de formas diferentes. O francês estava na sua última jornada num carro de Fórmula-1 já carregando seu recente quarto título mundial que fora conquistado no Estoril. O brasileiro, ainda em forma, estava discutindo o vice campeonato contra Damon Hill que seria o seu futuro companheiro de Williams em 1994, justamente no lugar de Prost. 

O final de semana foi o melhor dos mundos para o piloto brasileiro: motivado, ele conquistou uma impressionante pole com mais de meio segundo de vantagem sobre Alain e Hill, que apareciam em segundo e terceiro respectivamente. Na corrida, a vitória veio quase de ponta a ponta - Prost conseguiu liderar entre as volta 24 à 29 -, e Ayrton acabou chegando com nove segundos de vantagem sobre o francês e trinta e três sobre Damon, numa corrida em pista seca onde ele pôde dominar amplamente os pilotos da Williams que experimentavam novos acertos em seus FW15 já que os problemas nos treinos os deixaram bem abaixo de uma possível luta contra Ayrton Senna e sua Mclaren Ford. Azar de uns, sorte de outros e nisso Senna acabava por conquistar seu vice-campeonato com 73 pontos contra 69 de Hill.

Emoções

(Foto: Pinterest)

Bem como dito anteriormente, essa prova australiana era uma tremenda festa de encerramento, mas desta vez as coisas estão mais sensíveis. Ayrton Senna está em sua derradeira corrida pela Mclaren, um local que lhe deu a oportunidade de conquistar seus três títulos mundiais e automaticamente ser lançado à piloto por excelência da história da equipe - algo que perdura até os dias atuais. Todos os movimentos ali dentro parecem ser bem cuidadosos para que fosse um desfecho dos melhores para todos - e o que acabou sendo com a conquista de Ayrton, que ainda renderia à equipe o vice no Mundial de Construtores e o recorde absoluto de vitórias na F1 (104) , além do próprio ter ampliado sua marca pessoal na equipe para 35 vitórias. "O mais importante é guardar os bons momentos que vivemos juntos, e quero agradecer a todos os patrocinadores como Shell, Marlboro, Boss, Honda, e todos os que me ajudaram. Ganhei amigos e o respeito deles. E tenho por eles os mesmo sentimentos. Isso é o mais importante. Esta temporada deu-nos um desafio muito duro, que enfrentamos".

Do outro lado da trincheira, Alain Prost também sinalizava o fim de sua estadia na categoria o que viu erguer quatro taças de Campeão Mundial e, obviamente, tornar-se um dos maiores da história, ficando agora apenas atrás de Juan Manuel Fangio em número de títulos, mas carregando para ele o recorde absoluto de vitórias (51). "Quando se sabe que enfiamos o capacete integral pela última vez, e que pomos as luvas pela última vez, e que escorregamos para dentro do cockpit de um F1 pela última vez, é muito dificil manter a concentração. Hoje estava realmente motivado. Queria fazer uma boa corrida. Mentalmente não é nada fácil abordar a nossa última corrida: queremos fazer o melhor possível, evitando ao máximo cometer um erro. Fiquei feliz em por ter subido ao pódio. Claro que teria gostado ganhar, mas foi dificil. Esforcei-me muito para manter a concentração. Paciência: é o fim da história. Depois da bandeirada, na minha volta de arrefecimento, disse para mim próprio que podia suspirar: em treze temporadas de F1, nunca me feri gravemente!''

Em torno de toda essa atmosfera e fim de festa - e até mesmo com uma pitada de melancolia - o que boa parte esperava era de uma reconciliação entre os dois melhores pilotos dos últimos tempos. Segundo Prost, ele chegou procurar Senna entre as duas provas finais, mas o brasileiro não lhe deu retorno. Porém, um primeiro gesto dado pelo brasileiro assim que terminou o briefing dos pilotos - onde Roland Bruynsereade encerrou a reunião com "Alain, obrigado por tudo que você fez e boa sorte em sua vida", que logo tomada por uma salva de palmas e cumprimentos dos pilotos que lá estavam, inclusive Senna. 

Ao terminar da corrida, no parque fechado, eles também se cumprimentaram, sempre com Ayrton a dar o primeiro passo. No pódio, a cena que tornou-se icônica: um pouco antes da premiação, Ayrton puxou Prost para o alto do pódio e fez o mesmo com Damon Hill. Pouco tempo depois, voltaria a fazer ao puxar Alain para o primeiro lugar quando os troféus foram distribuídos. Os aplausos esfuziantes do público que estava logo abaixo do pódio, demonstra o tamanho da admiração por estes dois gênios e também da atitude de Senna para com Prost. 

A coletiva de imprensa continuou com a mesma atmosfera alegre entre os dois agora ex-rivais, com risadas e desabafos alegres dos dois grandes pilotos: "Devemos privilegiar essa imagem desportiva. Ayrton e eu passamos bons momentos juntos, principalmente em 1988. Com a minha saída, o melhor é relembrar apenas as boas lembranças, os aspectos bons da nossa rivalidade esportiva", disse Alain Prost que foi seguido por uma fala descontraída de Senna: "Na Mclaren, o maior problema que encontramos foi simples: Alain queria sair do circuito o mais rápido possível para ir jogar golfe! Impossível, forcei muito, os briefings duraram horas! Ele ficava me dizendo: 'Vamos, acabe com isso, quero ir jogar golfe!' Lembro-me perfeitamente!." Ayrton encerraria a conversa naquela coletiva ao analisar rapidamente aquele pódio em Adelaide: “O que podemos dizer hoje? Nossa atitude falou mais do que todas as palavras que poderíamos dizer com mais ou menos habilidade. Apenas os gestos realmente contam. Foi um belo pódio. Ele refletiu meus sentimentos. Dele também, eu acho".  

Alain já havia se reunido com os membros da Williams na quinta-feira em um restaurante no centro de Adelaide, onde acabou recebendo de presente dos mecânicos uma embreagem de presente após uma sessão no karaokê. 

Já Ayrton reuniu-se com o pessoal da Mclaren naquela mesma noite do GP para a confraternização final, onde o brasileiro foi agraciado com um quadro entregue por Jo Ramirez e mais tarde ele foi ao show da Tina Turner que o convidou para o palco quando ela estava para cantar "Simply The Best", tornando único aquele momento.


A melhor tradução de uma história


(Foto: Pinterest)

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Como nas cédulas de dinheiro, revelando em filigrana o rosto de uma personagem célebre, a carreira de Alain Prost teve sempre a sombra de Ayrton Senna. Desde 2 de junho de 1984, num GP do Mónaco chuvoso que revelara o novo prodígio, o cenário da Formula 1 se articulou à volta destas duas personagens principais, que chegaram ao paroxismo de sua rivalidade em 1988 e 1989, os anos da sua coabitação na McLaren, levados com inteligência, mas pontuados por uma severa rutura.

Durante estes quase dez anos, os feitos de Prost não teriam talvez tido a mesma importância se Senna não existisse, e o contrário também é verdade. Será agora necessário nos habituarmos à ideia de um sem o outro. Como um casal jamais separado. Senna sem Prost, será um pouco D.Quixote sem o seu Sancho Pança.

Se já dá para sentir o vazio que a aposentadoria de Prost vai trazer a partir de 1994, Senna ficará ainda mais orfão que todos nós. Ao volante do seu Williams-Renault, o brasileiro, o último Campeão do Mundo ainda em atividade, vai se sentir bem solitário, mau grado todos esses jovens ainda longe de terem atingido a sua dimensão: Schumacher, Hill, Hakkinen e o nosso Alesi.

A sua caça aos recordes de Prost, notadamente o de vitórias, para o qual já só restam dez sucessos, fará provavelmente sobresair ainda mais a sua ausência do seu alter ego. Senna sabe tudo isso. como homem inteligente e sensível, não pode deixar de pensar nisso no momento em que derramou uma lágrima dpeois da chegada deste emocional GP da Austrália. Este romance que acaba de chegar ao fim com o adeu de Alain Prost, é também um livro que se fecha sobre ele. Na sua nova vida que chega, haverá um pouco da sua juventude que se vai."

Tive contato com este texto assim que ganhei o anuário 93/94 do grande Francisco Santos, jornalista português que é uma das minhas grandes fontes de inspiração, e ele foi reproduzido na parte final que trata do GP da Austrália. Este foi escrito pelo francês Francis Reste e foi publicado na segunda-feira do pós GP no jornal francês L'Équipe. 

Foi a tradução perfeita de dois personagens que tiveram suas carreiras intrisecamente ligadas desde o famoso evento da Mercedes na inauguração do novo traçado de Nurburgring intitulado de "Race Of Champions", onde Alain cravou a pole e teve ao seu lado o jovem piloto em segundo e que o passaria imediatamente após a largada para uma imponente vitória. “A primeira vez que eu realmente conheci, e falei com ele, foi em 84. Era um evento da Mercedes na Alemanha, onde fizemos uma pequena corrida em Nürburgring com um novo modelo da Mercedes, onde alguns pilotos e ex-pilotos de Fórmula 1 participaram. Alguém da Mercedes me perguntou se eu podia esperar Ayrton aeroporto, pois seu voo chegaria 15 minutos depois do meu e tínhamos somente um carro para ir até a pista. Essa foi a primeira vez que nós conversamos. Nosso papo durou cerca de três horas. Foi muito bom. Ficamos muito próximos, porque o Ayrton não conhecia ninguém lá. Ele estava sempre perto de mim durante os primeiros dias” falou o francês alguns anos depois. E pouco tempo depois, num chuvoso 3 de junho, em Mônaco, ambos quase entraram em duelo pela vitória no Principado e mais tarde dividiriam os pódio, com o francês a ficar com a primeira posição e Senna com o segundo. 

E foi interessante ver que ambos se esbarraram tantas vezes na corridas para depois dividirem o espaço na Mclaren, onde formaram, talvez, o Dream Team da Fórmula-1 e onde desencadearam a maior rivalidade da história da categoria. O pódio carregado de emoção em Adelaide, foi um desfecho memorável para uma história igualmente memorável. 

Mas a história não tinha acabado e a última página seria escrita em Paris pouco tempo depois.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...