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sexta-feira, 6 de junho de 2025

93ª 24 Horas de Le Mans - Pesagem Dia 1


Podemos dizer que a festa em Le Mans começa a partir do tradicional Scrutineering? Sem dúvida alguma esse momento tem se tornado um clássico para aqueles que esperam ansiosamente para terem os primeiros contatos com equipes, carros e pilotos na Place de La République. É o start para a grande semana desta 93ª Edição das 24 Horas de Le Mans. 

Entre carros das classes Hypercar, LMP2 e LMGT3, foram 39 inspecionados nesta sexta-feira e entre uma inspeção e outra, entremeadas a autógrafos e fotos, alguns personagens que farão parte dessa grande edição falaram com o site oficial das 24 Horas de Le Mans.


Sendo o primeiro para este dia inicial de inspeção, é uma bom sinal? O BMW Team WRT teve um dos seu BMW M Hybrid V8 abrindo a fila dos carros a serem inspecionados. Vicent Vosse, chefe da equipe, analisou a atual fase da equipe e manteve a cautela, esperando para ver como serão os testes do próximo domingo:  "Temos feito progressos constantes desde junho de 2024. Entendemos melhor o carro. Tivemos algumas boas corridas no final da temporada passada, mas também em 2025. Apesar disso, não sabemos realmente o que esperar aqui, porque o circuito é diferente dos outros. No domingo, após o Dia de Teste, teremos uma primeira opinião sobre o nosso nível de desempenho."

No entanto, Dries Vanthoor, que estará no comando do BMW M Hybrid V8 #15 junto de Rafaelle Marcielo e Kevin Magnussen, foi direto ao ponto indicando que sim, eles tem uma grande chance: “Podemos vencer a corrida”.



A Peugeot experimentou um breve sucesso em algumas horas na edição de 2023, quando ela estreou no campeonato naquele ano. De lá para cá, com uma nova abordagem para com os 9X8, teve alguns bons momentos e nas 6 Horas de Spa-Francorchamps, última etapa do WEC, estiveram muito bem na prova. Löic Duval, que estará na pilotagem do 9X8 #94 junto de Malthe Jakobsen e Stofel Vandoorne, se apega na boa apresentação da equipe em Spa: “Durante a as 6 Horas Total Energies de Spa-Francorchamps, lutamos na frente com as Ferraris, BMWs e Toyotas. O resultado da corrida não foi o que esperaávamos, mas tivemos o desempenho necessário para colocar os dois carros entre os 5 primeiros.”. Prestando atenção nas palavras de Jean-Marc Finot, chefe de automobilismo da Stellantis, talvez tenha alguma esperança de que a Peugeot consiga mesmo um bom papel nesta edição frente aos grande concorrentes: “Vamos lutar para fazer a melhor participação possível. Nunca na história do automobilismo vimos tantos fabricantes participarem. Vamos experimentar 24 horas de suspense”.

 

 


Ainda entre os donos da casa, a Alpine espera ter uma jornada bem melhor que a do ano passado quando perdeu seus dois carros num curto espaço de tempo, incluindo um belo estouro de motor. Os últimos resultados foram bem animadores com pódios nas últimas etapas, inclusive, chegando a desafiar a Ferrari em Spa. De todo modo, apesar dos bons momentos em provas passadas, Bruno Famin, Diretor da Alpine Motorsport, reconhece que Le Mans é outro mundo e requer cautela: “Foi realmente gratificante. Apesar disso, as 24 Horas de Le Mans tem suas especificidades e dificuldade. Não devemos nos deixar levar. Vamos nos concentrar em continuar progredindo. O punico objetivo que estabelecemos para nós mesmo é não nos arrenpendermos no domingo, 15 de junho.”

 

 


A Cadillac tem sido constantemente apontada como uma força para vencer a grande prova nos últimos anos, mas problemas, acidentes e enroscos com outros competidores, tiraram dos carros americanos a possibilidade de pegarem o lugar mais alto do pódio. Para esta edição, serão quatro carros para três equipes e espera-se que um grande resultado. Sébastien Bourdais, que estará ao lado de Earl Bamber e Jenson Button no Cadillac V-Series #38 do Hertz Team Jota, destaca a evolução neste ano: “Mostramos bons resultados desde o ínicio da temporada; é preciso dizer que a equipe está ganhando impulso. A Cadillac instalou um novo chicote eletrênico no carro, o que resultou em um período de adaptação. Nas 6 Horas de Spa-Francorchamps da Total Energies, demonstramos um bom nível de desempenho, terminando em quinto e sexto lugares. O carro tem potencial, então todos sonhamos com um grande resultado.”



O retorno da Aston Martin, até aqui, não tem sido dos melhores, mas a sua marca mais presente, além da beleza incontestável dos Valkyrie, é a sinfonia do V12 que o coloca em pé de igualdade com os V8 da Cadillac em termos de preferência do público. O experiente Harry Tincknell, que conduzirá o #007 junto de Tom Gamble e Ross Gun, destaca o trabalho pesado nos últimos meses para levar o Aston Martin Valkyrie no nível dos demais: “É muito emocionante participar da corrida com este carro. Ele tem potencial para se tornar uma lenda. De qualquer forma, esse é o destino que queremos oferecer a ele. Nos últimos seis meses, tanto nos testes quanto durante as corridas, trabalhamos duro para fazê-lo progredir em termo de desempenho e confiabilidade. Hoje, podemos dizer que ele melhorou em todas as áreas”.

 

Nos LMP2 a batalha pela vitória é sempre a mais apertada das classes, sobrepondo até mesmo aos GTs em edições anteriores. Não é de estranhar que velhos conhecidos queiram escrever o seus nomes na história de Le Mans nesta classe.

 A Inter Europol Competition já teve bons momentos em Le Mans, mas nunca chegou a vitória. Mas seria esta edição a grande chance? Para Tom Dilmann, que pilotará o Oreca 07-Gibson #43 da equipe junto de Jakub Smiechowski e Nick Yelloly, é uma ótima oportunidade: “O objetivo é vencer. Temos a equipe e a tripulação para alcançá-lo. Apeasr disso, há muitos parâmetros a dominar. É preciso ser muito sério, muito focado... e estar pronto para enfrentar todas as condições. Este ano, vencemos as 12 Horas de Sebring. Se pudéssemos vencer as 24 Horas de Le Mans, seria ótimo”.

 


Outro carro querido pelos torcedores, o Oreca #99 da AO By TF com a liverý do “Dragão”, também estará nessa batalha para buscar escrever o seu nome na galeria de campeões desta classe nas 24 Horas de Le Mans. P.J Hyett, que estará junto de Dane Cameron e Louis Deletraz, acredita na equipe incorporando o espírito do simpático mascote para chegar ao triunfo: “Na equipe, todos estão trabalhando para colocar o carro na frente. Um dragão está representado em nossa carroceria e é assim que estaremos na pista”.

 

Na LMGT3 a batalha promete ser intensa, claro. A herdeira natural das classes LMGTE-PRO e AM, teve bons momentos na edição de 2024 que marcou a primeira sob o regulamento consagrado GT3 e para este ano, com novos players na disputa, tende a ser bem interessante.

A United Autosports, com seu par de Mclaren 720S LMGT3 EVO, vem embalada em torno das festividades dos 30 anos da única conquista da Mclaren nas 24 Horas de Le Mans com o legendário Mclaren F1 GTR na edição de 1995. Uma conquista nessa classe seria algo bem interessante para ir pavimentando a ida da Mclaren à classe principal em 2027. Grégoire Saucy, piloto do #59 ao lado de James Cottingham e Sébastien Baud, se apega a marca festiva e o bom desempenho do 720S para chegar à vitória: “Este aniversário nos deixa ainda mais ansiosos para vencer. Estamos confiantes porque sabemos que o carro é capaz.”

 


Se existe um retorno que sempre mexe com os sentimentos daqueles acompanham a história das 24 Horas de Le Mans, esse é o da Mercedes. Seja em qual for a classe, a presença da equipe da heráldica de três pontas é sempre celebrada, ainda mais nesta edição onde os três AMG LMGT3 da Iron Lunx estarão com o clássico prata como livery para homenagear o icônico Sauber C9 Mercedes que venceu a edição de 1989. Ainda que seja especial este retorno à Le Mans e também a homenagem, Maxime Martin, que fará trio com Martin Berry e Lin Hodenius no #61, destaca o foco em fazer uma corrida sem incidentes para todos possam chegar ao final da maratona dos dias 14 e 15 de junho: “Participar das 24 Horas de Le Mans é sempre uma experiência excepcional, mas contribuir para o retorno da Mercedes é ainda mais especial. Agora, temos que dar o nosso melhor para chegar à linha de chegada. Temos que fazer uma corrida limpa. Seria pretencioso dizer que podemos vencer na primeira tentativa.”

As inspeções continuam amanhã e ao final do dia acontece o desfile pelo centro da cidade de Le Mans.

FOTOS: Dailysportscar.com

quinta-feira, 5 de junho de 2025

93ª 24 Horas de Le Mans - Outros nomes para o Test Day em Le Mans


O Cadillac V-Series do Hertz Team Jota já em Le Mans
(Foto: Jonathan Grace/ Sportscar 365)

O Dia de Testes em La Sarthe não se limita apenas a ver se está tudo ok com os carros, mas também para que os pilotos, mesmos aqueles que fiquem apenas na reserva para qualquer eventualidade, possam estar muito bem familiarizados com o percurso da prova e com o bólido. E desta vez, não será diferente. 

Especialmente as equipes da Hypercar terá um piloto a mais para testar os carros, sendo que em alguns casos, como o de Earl Bamber, estará dividido em duas frentes neste domingo: o piloto neozelandês estará no comando dos dois Cadillac V-Series da Hertz Team Jota - equipe qual ele defende no WEC - assim como no #311 da Action Express Racing que compete regularmente no IMSA. A sua missão neste domingo é verificar se está tudo de acordo entre os carros das duas equipes, onde ele destacou que a sua função é "comparar o equilibrio e sensação" destes. No Cadillac V-Series da Wayne Taylor, que contará com a presença dos irmãos Rick e Jordan Taylor junto de Filipe Albuquerque, Louis Deletraz foi escalado para ajudar nessa tarefa - Deletraz estará no comando do Oreca #199 da AO By TF na LMP2 tanto no dia dos testes, como no fim de semana da prova, mas o destino pode lhe dar uma oportunidade de subir de classe caso Felipe Drugovich, escalado na tripulação do Cadillac #311 da Action Express, tenha que substituir Lance Stroll no GP do Canadá. A principio, o piloto brasileiro estará no Test Day. 

O Porsche Penske Motorsport terá seus pilotos titulares no teste e junto deles, nos três carros, Nico Müller fará os testes. Nos Peugeot 9X8, Théo Pourchaire foi escalado nos dois - ele também estará no Oreca #25 da Algarve Pro Racing na LMP2. A Toyota trouxe seu velho conhecido José Maria Lopez para ajudar os trios titulares nos dois GR0-10 Hybrid - ele que também estará no comando do Lexus RC F #87 da Akkodis ASP Team na LMGT3. Philipp Eng estará nos dois BMW M Hybrid.

As Ferrari 499P, o Porsche 963 da Proton Competition, Aston Martin com seus dois Valkyrie e os dois Alpine A424 não escalaram pilotos adicionais para os testes. 

Algumas equipes na LMP2 também escalaram pilotos para o Test Day de domingo, como os casos da Algarve Pro Racing que contará com a presença de Sophia Flörsch no #25 enquanto que no #43 da Inter Europool Competition Bijoy Garg estará ajudando a tripulação. 

Na LMGT3 até o momento, nenhuma noticia das equipes sobre adição de algum piloto para o Test Day.

Aqui, a lista de confirmados para o Dia de Testes em Le Mans

quinta-feira, 13 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - Kevin Estre, para a Porsche

(Foto: Porsche Motorsport/ X)

 Não tínhamos dúvida que essa Hyperpole seria algo impressionante, justamente pelas boas performances que estamos acompanhando desde o Test Day do último final de semana até o último terceiro treino livre. A ausência da Toyota nessa disputa pela pole foi sentida, mas apenas abrilhantaria ainda mais o que vimos em pista. Foi algo que beirou o sobrenatural em La Sarthe. 

As duas Ferrari 499P apareceram bem ocupando as duas primeiras posições no início, sempre com o pé de chumbo Antonio Fuoco comando as ações. Mas o filho pródigo de Le Mans, com o Cadillac #3 da Chip Ganassi, Sebastian Bourdais, estava inspirado ao elevar a brincadeira com uma bela volta na casa de 3'24''816 e ficando em primeiro. Parecia que a pole estava destinada ao francês, principalmente quando um dos favoritos à pole, Dries Vanthoor, acabou indo para a gravilha de Indianapolis - assim como acontecera no segundo treino de ontem. Flashes, aplausos foram dados à Seb. Mas ainda faltavam sete minuto.

Nesse curto espaço de tempo é que a mágica aconteceu: as duas Ferrari voltaram à pista com a proposta de, até mesmo, tomar de assalto a primeira fila, mas o poleman da equipe, Fuoco, escorregou na primeira chicane e abortou. Restou torcer para que Pierguidi pegasse essa posição, mas ele estava longe de conseguir a tal proeza e pegara naquele momento a segunda posição, desalojando o #50 para terceiro. Ainda tinha algo para acontecer? Com certeza...

A volta de Alex Lynn para tentar minimizar a punição de 5 colocações por conta do mega acidente em Spa, o colocou na "pole", mas em seguida Kevin Estre apareceu feito um raio para pegar aquela pole position: o tempo de 3'24''364 foi o suficiente para desbancar os Cadillac da pole position e dar a Porsche Penske Motorsport uma pole que a marca alemã não conquistava desde 2016. Em segundo aparece o Cadillac #3 e em terceiro o Ferrari #51.

Na LMP2  apole ficou para o #14 da AO by TF com Louis Deletraz confirmando a velocidade com o tempo de 3'33''217, seis décimos melhor que o #28 da IDEC Sport e oito décimos à frente do #65 da Panis Racing. 

Na LMGT3 a Mclaren pode festejar a pole com o #70 da Inceptiion onde Brendan Iribe fez o tempo de 3'58''120 - e ainda com direito a rodar na penultima chicane quando tentava melhorar ainda mais o tempo. A segunda posição foi para o Porsche #92 da Manthey PureRxcing, que passou todas atividades "escondidos", esperando apenas o momento certo para aparecer, e em terceiro o Ferrari #66 da JMW Motorsport. 

Abaixo os oito melhores de cada classe: 

*Com a punição de cinco posições, o Cadillac #3 sairá de oitavo




quarta-feira, 12 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - BMW surpreende com a pole na geral

 

(Foto: BMW Motorsport/ X)

Se haviam olhos para uma pole nessa qualificação voltados para Toyota, Porsche e Ferrari, provavelmente ficou boquiaberto quando a BMW Motorsport colocou o #15, com Dries Vanthoor, na ponta da tabela dos tempos em Le Mans. Ele cravou a marca de 3'24''465 nos últimos 15 minutos da classificação que teve 1 hora de duração. A volta de Dries foi 1 décimo melhor que o do Cadillac #3, que foi a outra boa surpresa nesse qualy, e dois décimos melhor que o Ferrari 499P #50. A Toyota teve o seu melhor com #7 na quarta colocação - e acabaria sendo o mesmo, pilotado por Kamui Kobayashi, a dar um ponto final nesta sessão quando rodou e ficou atolado na brita da Curva Porsche. Justamente quando o #8 da equipe estava prestes a entrar no oito que vão para a Hyperpole. Outra boa surpresa ficou por conta da Alpine que conseguiu colocar o #35 em quinto. 

De se destacar que tivemos 12 carros no mesmo segundo na Hypercar.

A LMP2 teve o #37 da COOL Racing cravando a melhor marca dessa classe com 3'32''827, seguido pelo #14 da AO by TF e em terceiro o #23 da United Autosports. Mais uma vez a disparidade foi um ponto a ser observado nessa classe, com apenas os três primeiros no mesmo segundo. 

Na LMGT3 o Mustang #77 da Proton Competition apareceu como um relâmpago cravou a pole na classe com o tempo de 3'55''263 ainda no inicio da atividade. A segunda posição foi do Mclaren #70 da Inception e a terceira do Corvette #82 da TF Sport. 

Para os brasileiros, em todas as classes, a qualificação não foi das melhores com seus respctivos carros não avançando. Talvez a situação mais critíca tenha sido o do Ferrari #86 da GR Racing, onde está Daniel Serra, que não foi para a qualificação por conta de problemas - que apareceram no TL1 - e não foram resolvidos à tempo para o qualy. Sairá de último. 

Abaixo, os oito melhores de cada classe que avançam para o Hyperpole.


ADENDO: Devido a rodada no final da qualificação, que acabou deixando o Toyota #7 encalhado na brita, os comissários decidiram desqualificar o carro japonês que sairá de último. O #12 da Jota entra para a Hyperpole.




terça-feira, 11 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - O documentário da Cadillac


O documentário intitulado de "No Perfect Formula" mostra o retorno da marca à La Sarthe em 2023, assim como toda a preparação para a edição Centenária da grande prova. 
Lembrando que eles conquistaram a terceira e quarta colocações naquela edição. 


sexta-feira, 7 de junho de 2024

92ª 24 Horas de Le Mans - Pesagem, Dia 1

O inicio das pesagens na Place de La République
(Foto: Antonin Vincent/ ACO)


As atividades para a 92ª Edição das 24 Horas de Le Mans iniciam não exatamente na mítica pista, mas ali próximo na Place de La République onde já é um local de peregrinação - um dos - para os fãs do motorsport em geral, especialmente os do Endurance. 

Nesse primeiro dia de pesagem tivemos 37 carros para a tradicional verificação, contando com os Hypercars, LMP2 e GT3. 

Abaixo, algumas palavras de pilotos e dirigentes.

BMW

Uma das principais marcas do motorsport tem o seu retorno à Sarthe neste ano. A BMW volta ao local onde conquistou a sua única vitória na geral em 1999, quando o V12 LMR conduzido por Yannick Dalmas/ Pierluigi Martini/ Joachim Winkelhock deram a grande conquista à marca bávara. Passados 25 anos, eles retornam para tentar beliscar novamente essa conquista, mas sabem que tem muito trabalho a ser feito com o BMW M Hybrid V8. Vincent Vosse, chefe da BMW M Team WRT, comentou sobre esse retorno da marca à classe mais alta do WEC: “Quando um fabricante entra em Le Mans é para jogar na vanguarda. Este ainda não é o nosso caso. Esta é a nossa primeira temporada no FIA WEC. Ainda temos muito que descobrir sobre o carro, mas aos poucos estamos nos aproximando das nossas ambições ”

Com a presença da esquadra da BMW por lá, não podia faltar Valentino Rossi. O nove vezes campeão da MotoGP fará sua estréia nas 24 Horas de Le Mans à bordo do BMW M4 LMGT3 #46 junto de Ahamad Al-Harthy e Maxime Martins esteve nesta pesagem e aproveitou para falar sobre a expectativa da estréia em Sarthe, agora como piloto de endurance: "Eu tinha em mente dirigir um carro depois da minha carreira de motociclista. Estou feliz e animado por estar aqui. Eu não sei o que esperar. No ano passado participei no Road to Le Mans, mas as 24 Horas são outra história! Espero que sejamos competitivos e que possamos lutar pelos lugares importantes durante a corrida”

 

LAMBORGHINI

Ainda na tentativa de se achar no mundial, a Lamborghini terá um grande desafio em Sarthe que é mostrar um bom andamento de seus dois SC63 na pista francesa. Até aqui, não tem sido uma jornada tão fácil para eles na classe dos Hypercars e Emmanuel Esnault, que comanda equipe, reconhece as dificuldades e espera ter uma boa jornada na clássica francesa: “O objetivo é terminar a corrida . O nível e a qualidade da grelha obrigam-nos a ser realistas. Se terminarmos sem cometer erros e passando o mínimo de tempo possível nos boxes, será uma grande satisfação. Os pilotos têm feito um trabalho extraordinário desde o início da temporada, pois não cometeram erros em pista, apesar de um carro nem sempre fácil de conduzir porque está em desenvolvimento. Isto prova que fizemos as escolhas certas em termos de recrutamento.

As garotas da Iron Lyx, que estarão no comando do Lamboghini Huracan LMGT3 EVO2, Sarah Bovy/ Michelle Gatting/ Rahel Frey, tem uma expectativa mais alta na classe GT3 justamente por suas ótimas prestações nesta classe e, claro, lembrando que em 2023 tiveram uma ótima chance na corrida. Sarah Bovy comentou sobre essa nova oportunidade: “É hora de o pódio ser nosso. No ano passado acreditamos nisso até aos últimos 45 minutos e depois terminamos em quarto. Daremos 1000% para ter uma corrida limpa. A motivação é alta e teremos orgulho em oferecer um bom resultado ao nosso time e aos nossos torcedores.

 

Team Hertz Jota

Uma vitória muda e muito o ambiente e a equipe da Hertz Team JOTA sabe muito bem disso após conquistarem as 6 Horas de Spa Francorchamps, tornando-se a primeira equipe particular em anos a vencer na geral do WEC. No entanto, o ótimo andamento deles não é de hoje: em 2023 chegaram liderar e por um tempo foram os melhores da horda de Porsche 963 que estava em pista nas 24 Horas do ano passado. Portanto, é uma equipe que entra com certo favoritismo e eles sabem disso, como demonstra o campeão mundial de Fórmula 1 de 2009 Jenson Button: "Os particulares podem competir com as equipes oficiais. Estou convencido de que temos o mesmo equipamento que o Porsche Penske Motorsport ou o Proton Competition. Estamos aqui para vencer. O Porsche 963 é capaz disso e provou isso em Spa-Francorchamps"

 

Alpine

Apesar de correrem em casa e estarem de volta à classe principal após um ano na LMP2, a Alpine Endurance Team sabe que ainda tem muito o que trabalhar em seu novo A424. No entanto, eles tem no veterano de guerra Nicolas Lapierre um entusiasmo mesclado com cautela para essa edição. E será a partir do Test Day deste domingo, que eles verão onde o carro estará em relação aos concorrentes para que possam tomar o melhor acerto. Com a palavra, Nicolas Lapierre: "Não vai ser fácil, porque a competição é acirrada e enfrentamos monstros do automobilismo. Nesta temporada, a equipe vem se fortalecendo cada vez mais. Estamos progredindo à medida que avançamos. No domingo, durante o Dia de Teste, veremos o desempenho do carro nesta pista, após o qual teremos a semana inteira para melhorá-lo. É complicado dizer quando poderemos chegar ao pódio ou vencer as 24 Horas, mas daremos tudo para chegar lá o mais rápido possível."

 

Cadillac

Uma das fabricantes que podem muito bem chegar em Sarthe e derrubar as tradicionais marcas que já venceram Le Mans algumas vezes, é a Cadillac que terá em pista três Cadillac Serie V.R em duas equipes (oficial e a semi, pela Whellen). É a oportunidade para que possam fazer um papel muito melhor que o de 2023, quando ficou claro que tinham carros rápidos, mas por azares e acidentes, ficaram de fora da disputa direta. Mas salvaram a terceira e quarta colocações na ocasião. O outro veterano de Le Mans e quatro vezes campeão da Indycar Sebastien Bourdais, comentou sobre as chances nessa edição: "Temos uma melhor compreensão do nosso carro, que evoluiu em termos de configurações e sistemas. Gastamos muita energia otimizando isso, porque o sucesso está nos detalhes. Com 23 carros inscritos na categoria, a dificuldade é muito alta. Queremos fazer melhor do que em 2023, e fazer melhor significa vencer!

 

Peugeot

Aqui está uma equipe sedenta em voltar aos seus dias de glória no endurance mundial e tiveram um inicio promissor na etapa de abertura no Qatar quando chegaram liderar com o 9X8 - que ainda usava a configuração sem asa - e travar um duelo sensacional com Porsche e Ferrari pela vitória. Com uma nova configuração para o 9X8, que desde a etapa de Ímola está usando asa traseira e outras melhorias, e mais outras novidades para essa corrida em Le Mans, eles esperam um desempenho próximo ou melhor do que foi apresentado em Losail na abertura do campeonato. E ainda povoa na mente de todos da equipe a surpreendente liderança do carro na edição centenária de 2023. Jean Eric Vergne comentou sobre as novidades e expectativas para essa edição 2024: “Estou bastante confiante, porque as mudanças que fizemos nos tornarão mais fortes. No ano passado tivemos uma boa surpresa na corrida que liderámos na sua primeira parte. Espero que seja assim novamente este ano. Teremos uma primeira parte da resposta no domingo.”

As pesagens continuam amanhã com os outros 25 carros restantes.


domingo, 3 de março de 2024

WEC - Vitória para a Porsche, drama para a Peugeot em Losail

 

Um grande inicio para a Porsche no WEC
(Foto: Andrew Hall/ Dailysportscar)

Sabemos que testes de pré-temporada sempre nos pregam algumas peças, mas desta vez, os que foram realizados em Losail, visando a abertura da temporada 2024 do World Endurance Championship, confirmou para esta primeira etapa, realizada na mesma Losail, que a Porsche está num nível muito acima do que vimos no ano de 2023 quando os LMDh foram inseridos no certame mundial. E não apenas os carros alemães, como também os curiosos Peugeot 9X8, estiveram muito bem nessa etapa de abertura.

Fosse com a Penske, fosse com o JOTA, a Porsche sempre esteve com ótimas condições de conquistar a etapa de abertura deste mundial e a principio não teria um rival a altura, mesmo que de última hora a Toyota tenha aparecido com um ótima segunda posição na qualificação através de Nicky De Vries, que estreou na equipe japonesa, e levou o GR010 #7 à primeira fila. Mas isso acabaria sendo apenas um sonho bem curto, já que na largada acabaria sendo engolido pelo pelotão e ficaria, por toda a prova, flutuando entre o oitavo e terceiro lugar. 

A Porsche ainda teria um pequeno desafio quando a Peugeot, com o 9X8 #93, conseguiu ascender à liderança com um ritmo alucinante imposto por Nico Müller que conseguiu assumir a ponta no final da primeira hora de corrida sobre uma também surpreendente Ferrari, que teve uma bela ascenção à ponta da corrida com Miguel Molina no comando do 499P #50 na primeira meia hora, mas com a mancada de ter queimando a linha branca da saída de box, jogou por terra uma chance da equipe italiana ter brigado pela vitória. Aliando isso ao fato do #51 também ter sofrido com problemas com a parte traseira que se soltou inteira, depois que a presilha quebrou proveniente de um toque com um LMGT3 quando James Calado estava em seu turno. O outro Ferrari 499P de #83, nas cores amarelo e vermelho - usando o inverso dos dois oficiais - e que estará cuidados da AF Corse - a parte semi-oficial da Ferrari - esteve muito bem com o trio formado por Robert Kubica/ Robert Shwartzman/ Yefei Ye e seria um dos bons canditados a pegar o pódio se não fosse problemas, também, com a parte traseira do protótipo. Enquanto que os carros oficiais fecharam em 7º e 14º (#50 e #51), o #83 foi o melhor dos italianos ao terminar em quinto com uma volta de atraso para o vencedor. 

A Cadillac também esteve numa boa jornada, ainda que seu início tenha sido em atribulado quando Alex Lynn, no comando  do V.Series.R #2, acertou o Peugeot #94 na primeira curva após a largada - ainda que houvesse uma suspeita de que ele tenha sido tocado pelo Porsche #38 da Hertz JOTA que, dessa forma, teria desestabilizado para este toque no Peugeot. Isso acabou os levando a troca a dianteira e tirando deles uma boa oportunidade, mas o ritmo mostrado por Lynn/ Sebastian Bourdais/ Earl Bamber para a recuperação do carro americano, deixou uma impressão do que eles poderiam ter feito em condições normais. 

No campo dos estreantes, além do Ferrari da AF Corse que conseguiu um ótimo quinto lugar, tivemos a BMW com seus dois M Hybrid V8, a Lamborghini com o SC63, Alpine com os seu A424 e a Isotta Fraschini com o Tipo-6C. A Alpine fechou em oitavo com o #35 e em 12º com o #36 e apesar do cenário não ser dos mais encorajadores, os carros franceses tiveram ritmo decente, inclusive conseguindo um brilhareco ao chegarem aos primeiros lugares com as paradas de boxes. Philippe Sinault, chefe da Signatec Alpine, destacou a importância em fechar com os dois carros: “Fizemos uma corrida limpa e terminar com os nossos dois carros, incluindo um entre os dez primeiros, é uma boa conquista. Demos mais um passo em frente, mas sabemos que ainda há um longo caminho a percorrer. Devemos continuar a aprender e adquirir conhecimento e experiência em todas as áreas.”

A BMW fechou com o #20 na 11ª posição, enquanto que o #15 teve problemas já na parte final da corrida, o relegando para o 15ª lugar. Lamborghini e Isotta Fraschini tiveram desempenhos bem discretos, sendo que o SC63 #63 da Iron Lynx tenha fechado em 14º na corrida, com cinco voltas de atraso para o vencedor, e o Isotta Fraschini #11 conseguiu se sustentar até a volta 157 quando aconteceu o abandono - isso sem contar numa punição de 200 segundos por conta de uma infração. 

O duelo entre Porsche e Peugeot

Foi uma jornada positiva da Peugeot em Losail, até a falta de combustível acabar com todo trabalho
(Foto: Peugeot Sport/ X)


O desafio que a Peugeot impôs aos Porsche foi algo impressionante, já que vimos bem como foi a temporada dos franceses em 2023 - ainda que eles tivessem uma boa velocidade de reta que foi demonstrada algumas vezes, especialmente em Le Mans. Mas desta vez, foi uma disputa que terminou quando o mesmo Nico Müller, que havia dado à Peugeot a oportunidade de entrar na briga, acabou errando a primeira curva e proporcionando o Porsche #6 do Team Penske a chance de assumir a liderança, que era perdida apenas nas paradas de boxes.

Ainda que o que carro alemão estivesse na liderança, o Peugeot #93 não esteve longe em toda a sua jornada, dando o indicativo que qualquer que fosse o vacilo do Porsche 963 #6 da Penske desse, eles estariam prontos para assumir a dianteira. Mas o Peugeot #93 quando estava prestes a conquistar a segunda posição, acabou sofrendo uma perda de potência na abertura da penúltima volta e isso facilitou bastante a vida do outros dois Porsche 963 do Hertz Team JOTA #12 que duelava ferozmente com o da Porsche Penske #5 pela terceira posição. Foi um grande desaire para a fabricante francesa, que estava prestes a conquistar o seu melhor resultado no WEC - Jean Eric Vergne, que estava no comando do #93, ainda conseguiu fechar em sétimo, mas seria desclassificado já que não conseguiu retornar aos boxes (e consequentemente ao parque fechado) por condições próprias, já que havia usado o motor elétrico na tentativa de completar a corrida. 

Para a Porsche, foi um início absurdamente positivo, juntando esta vitória na abertura do WEC a conquista recente nas 24 Horas de Daytona. Para não dizer que a Porsche Penske não sofreu algo, tiveram um bom susto quando houve um contato do #6com o Lexus da classe LMGT3 quando a corrida já estava próxima do encerramento. Houve uma quebra considerável do lado esquerdo do Porsche, na altura do número luminoso, e isso passou a dificultar a pilotagem de Kevin Estre. “O contato foi lado a lado em uma curva de alta velocidade e o controle da corrida julgou que era culpa do carro GT. Tivemos que reagir e decidir o que queríamos fazer. Todos estiveram à altura da ocasião” disse Jonathan Diuguid que é diretor administrativo da equipe Penske. O carro foi levado aos boxes para uma rápida parada de box para que fosse recolocado o adesivo com o #6. Kevin Estre destacou este momento tenso para eles, assim como o ótimo trabalho da equipe e também o bom momento neste inicio de temporada: “Foi um pouco louco, para ser sincero. Tive um grande impacto com o Lexus, tivemos muita vibração depois disso e nenhuma aderência. Tornou-o picante até o fim. Mas toda a equipe fez um trabalho incrível, sem problemas. Estou muito feliz com onde estamos hoje em comparação com onde começamos no ano passado”

Por outro lado, além da adoção do BOP, onde os carros da Porsche, Cadillac e da Peugeot eram mais leves frente aos da Toyota e Ferrari e conseguiram otimizar esse fator num circuito com pista extremamente plana (sem ondulações), o que ajudou, também, na conservação dos pneus - algo que deu uma bela dor de cabeça à Toyota, por exemplo - e fluidez na aerodinâmica dos dois principais carros desta etapa inicial, acabaram dando a eles uma vantagem considerável que provavelmente possa cair já na etapa seguinte, nas 6 Horas de Ímola. 

Na estréia da nova classe LMGT3, a Porsche venceu também através do 911 LMGT3 R 992 #92 da Manthey Pure Rxcing que foi pilotado por Alex Malykhin/ Joel Sturm/ Klaus Bachler depois de uma batalha bem interessante contra o Aston Martin Vantage AMR LMGT3 2024 #26 da Heart Of Racing pilotado por Ian James/ Daniel Mancinelli/ Alex Riberas e em tercerio o outro Aston Martin #777 da D'Station Racing.


A Manthey Pure Rxcing teve a primazia de ser a primeira vencedora da nova classe LMGT3
(Foto: Andrew Hall/ Dailysportscar)

segunda-feira, 12 de junho de 2023

91ª 24 Horas de Le Mans, A Centenária - Le Mans em vermelho, 58 anos depois

 

(Foto: GT Report/ Twitter)


Quando o hino italiano ecoou pelos altos falantes durante o pódio em Le Mans, muitas lembranças foram revividas. Muitas delas, e principalmente, de uma época de ouro onde a Ferrari era a rainha absoluta das provas de Endurance no mundo, construindo um legado tão forte quanto o que a Scuderia italiana viria ter na Fórmula-1 nas décadas seguintes. Foi um período onde o nome Ferrari conseguiu se impor como o maior expoente do esporte a motor, contribuindo para que a paixão avassaladora de seus fiéis Tiffosi durasse até os dias atuais, sobrevivendo a inúmeros desgostos e saboreado eternamente os sucessos quando apareciam.

A Ferrari nunca se afastou de fato das provas de Endurance. Esteve sempre ali representada nos seus inúmeros modelos de GT e também por uma cria que ganhou um importante espaço no coração de seus torcedores que foi o 333SP que ainda carregava o coração V12, que leva todas as honrarias por ser a definição máxima de um tradicional motor Ferrari. Mas neste período, a falta de uma presença maciça da Rossa na classe principal, era sentida.

Talvez assistir a sua rival de longa data, a Porsche, construir um legado brilhante no solo de La Sarthe, tenha mexido com os sentimentos dos italianos, mas o compromisso com a Fórmula-1 complicava o seu retorno à classe principal. E claro, retornar por retornar, não seria o mais correto e quando os astros se alinharam, com a Fórmula-1 adotando o teto de gastos e a ACO adotando a plataforma Hypercar, o sonho de retornar às provas de Endurance no mais alto nível passou a ser palpável. Quando o 499P ganhou a pista em 2022 para realizar seus primeiros quilômetros, era certo que o sonho de ver a Ferrari no Mundial de Endurance e, claro, em Le Mans, estava próximo.

A presença da Ferrari com seus dois 499P foi um sucesso absoluto e quando ganharam a pista de Sebring, para realização das Mil Milhas, ficava claro que a Scuderia estava de volta ao mundo do Endurance de forma definitiva. A velocidade pura dos 499P foi logo vista e celebrada como aquela que poderia fazer frente ao poderio da Toyota.

Apesar da reconhecida velocidade, que foi convertida em pole na pista de Sebring e que deveria ter conquistado a da 6 Horas de Spa, ainda faltava ritmo de prova para enfrentar o duo de Toyota GR010. Le Mans, no seu Centenário, foi o local perfeito para que embate acontecesse.

Apesar do uso do BOP que conseguiu igualar a contenda, o cenário para esta batalha entre Toyota vs Ferrari foi bem vindo e nos brindou com uma edição comemorativa de primeira classe. Nos pequenos detalhes que tão fazem parte deste tipo de corrida, entremeada com dramas e percalços que deixam todos com o coração na boca, a Ferrari conseguiu sobreviver e vencer pela décima vez as 24 Horas de Le Mans, algo que não acontecia desde 1965 quando a marca, através da sua subsidiária NART, venceu com o comando de Masten Gregory e Jochen Rindt na 250LM. O pódio também não acontecia desde 1973 depois que Arturo Merzario e José Carlos Pace levaram o 312PB ao segundo lugar naquela edição.

Até mesmo para aqueles que não torcem para a Ferrari, a conquista dos italianos foi festejada brindando um retorno marcante daquela que já reinou intensamente no lendário circuito de Le Mans.


Uma batalha titânica nos Hypercar

(Foto: Italian Endurance/ Twitter)


Era consenso de que esta edição, a 91ª das 24 Horas de Le Mans, que também completa seu Centenário, era a mais esperada não apenas por ser festiva, mas também pelo contingente que estaria presente. Além da Toyota, Peugeot e Glickenhaus, a presença da Ferrari, Porsche, Cadillac e Vanwall, traria uma nova possibilidade para que esta corrida de 2023 entrasse para a história. Infelizmente, a Alpine desceu para a LMP2 nesta edição, mas já tem o seu projeto pronto para voltar a principal em 2024.

As mexidas da ACO para que houvesse um equilíbrio, já que a Toyota dominara as três primeiras corridas deste ano, surtiu efeito e trouxe até possibilidade de que as demais fabricantes pudessem entrar na briga pela taça desta Centenária 24 Horas de Le Mans.

De certa forma, isso foi atingido já que as principais fabricantes conseguiram liderar por alguns minutos, pelo menos, esta edição. Foi uma ótima oportunidade para a Peugeot, que claramente era a mais "fraca" dessa turma de gigantes, ascender com chances de conseguir um resultado de respeito quando liderou algumas partes do período noturno e início da madrugada, aproveitando-se das intervenções das Slow Zones, Full Course Yellow e Safety Car. Infelizmente problemas e um breve acidente do #94, que era o melhor classificado dos dois 9x8, eliminar as chances de um resultado muito bom para eles, que retornavam à Sarthe depois de doze anos. De todo modo, perto das baixas expectativas que permeavam o desempenho dos 9x8, foi uma corrida positiva para a Peugeot que claramente ganhará um impulso para continuar desenvolver os carros - algo a se levar em conta foi o bom desempenho de reta deles, conseguindo dar conta do recado. É um bom presságio para as 6 Horas de Monza, próxima etapa, exatamente onde voltaram em 2022.

Essa oportunidade também foi vista para a Cadillac, mas problemas mecânicos, enroscos e acidentes limitaram o andamento dos carros americanos. O que serve de consolo, foi a ida do Cadillac #2 da Cadillac Racing, conduzido por Earl Bamber/ Alex Lynn/ Richard Westbrook - o que também teve um doce sabor por parte de Chip Ganassi, que teve a sua equipe chegando à frente de seu grande rival Roger Penske.

O outro Cadillac, o #311 da Action Express, teve uma corrida muito atribulada desde a primeira volta quando Jack Aitken (que dividiu o comando com Pipo Derani e Alexander Sims) perdeu o controle na pista úmida e bateu na saída da primeira chincane da Hunaudieres, danificando seriamente a suspensão dianteira esquerda e de imediato dando adeus a qualquer chance, já que perderiam muitas voltas para o reparo. Apesar de outros contratempos que aconteceram após o retorno, fecharam a corrida em décimo

Aproveitando o embalo, os Porsche da equipe Penske não tiveram um grande desfecho, ainda que pese o bom andamento do 963 #75 pilotado por Felipe Nasr/ Mathieu Jaminet/ Nick Tandy que estava entre os primeiros, mas abandonaria na sétima hora por falta de pressão na bomba de combustível quando o carro ficou parado na Tertre Rouge. Os outros dois Porsche da equipe, #5 e #6, foram até o final - terminando em nono e décimo primeiro, respectivamente- mas de forma claudicante, já que enfrentaram inúmeros problemas.

Este retorno da Porsche, que comemora seus 75 anos de existência, ainda contava com o 963 #38 que estava aos cuidados do Hertz Team Jota que contou com a formação Antonio Félix Da Costa/ Will Stevens/ Yiefei Ye e que vinha como o melhor dos Porsche, chegando liderar a prova quando teve a primeira pancada de chuva que instalou um certo caos no trecho que antecede a Porsche Curve. Infelizmente, na 5ª hora, quando estavam liderando na classe, o acidente exatamente nas curvas que levam o nome da marca alemã, tirou a possibilidade da simpática equipe conseguir algo melhor. Yiefei Ye conseguiu levar o carro aos boxes, mas as voltas perdidas para os reparos foram cruciais para saíssem da briga.

Glickenhaus e Vanwall não teriam grande chance contra as demais. Os dois carros da equipe de Jim Glickenhaus conseguiram completar a prova em bons quinto e sexto lugares, aproveitando-se dos problemas que os demais foram apresentando, mas eles não ficaram alheios a problemas já tiveram algumas escapadas e pequenos incidentes que atrapalharam o desempenho. Mesmo sem muita chance, estes incidentes atrasaram um pouco e poderiam até ter colocado pelo menos um dos carros na quarta colocação - já que o #708 pilotado por Romain Dumas/ Ryan Briscoe/ Olivier Pla fecharam com duas voltas de desvantagem para o Ferrari 499P #50.

O Vanwall fez apenas figuração com Tom Dillman/ Esteban Guerrieri/ Esteban Gutierrez e acabariam por abandonar na hora 16 após problemas no motor - o que acabou sendo surpreendente, já que é um carro que costuma apresentar bastante problemas mecânicos.

Ferrari vs Toyota


(Foto: Racer/ Twitter)


Apesar dos demais contendores terem tido algumas aparições entre os três primeiros, não se pode negar que todas as atenções estavam voltadas para a disputa direta entre Toyota e Ferrari. Por mais que as duas tenham sido as mais afetadas pelo BOP, o desempenho de seus carros se sobrepuseram aos dos rivais e com o passar das horas ficou claro que a vitória ficaria para uma das duas.

A Toyota, apesar de suas reclamações em relação ao BOP - já que levavam 13kg a mais que os Ferrari (37kg - 24kg) -, tinham uma estratégia bem definida que era contar com o #7 (Kamui Kobayashi/ Mike Conway/ José Maria Lopez) flutuando entre a segunda e quinta posição e o #8 (Sebastién Buemi/ Brendon Hartley/ Ryo Hirakawa) sempre entre quarto e sexto, entregavam que a qualquer momento poderiam subir forte na classificação para assumir as duas primeiras posições e, claro, travar uma futura disputa ferrenha com a Ferrari.

Os dois carros italianos também estavam numa situação parecida com o dos japoneses, esperando que mais a frente houvesse este embate. Ou seja: uma batalha a quatro carros era esperado.

Porém, o velho pesadelo da Toyota começou a dar as caras quando eles perderam o #7 na abertura da nona hora depois que Kamui Kobayashi esteve envolvido num acidente com o #66 da JMW Motorsport e um dos Alpine na Tertre Rouge, levando pancada na lateral (Ferrari) e traseira (Alpine). Apesar dos esforços de Kobayashi e de seu engenheiro, o GR010 #7 não conseguiu funcionar e acabou abandonando. Um golpe bem forte para a Toyota que parecia ter uma formação poderosa para enfrentar as Ferrari.

A Ferrari também teve seus percalços e com uma boa dose de sorte, conseguiu sobreviver com seus dois carros: o #50 (Antonio Fuoco/ Miguel Molina/ Nicklas Nielsen) foi para a garagem na décima hora para resolver um problema de vazamento, que os deixariam de fora da disputa - eles ainda levariam um susto quando Alessandro Pierguidi ficou preso na brita da Mulsanne quando desviou de um possivel acidente com um GT. Agora a disputa seria direta entre o Ferrari 499P #51 (Antonio Giovinazzi/ Alessandro Pierguidi/ James Calado) e o Toyota #8 GR010 (Sebastién Buemi/ Brendon Hartley/ Ryo Hirakawa).

Da madrugada ao amanhecer presenciamos pilotagens de primeiríssima qualidade dos dois carros, porém foi neste período onde a corrida passou a pender para os italianos: Brendon Hartley e Sebastién Buemi fizeram seus stints de forma primorosa, conseguindo manter uma ótima diferença para o Ferrari #51, mas depois foi a vez dos italianos responderem com um mega trabalho de Alessandro Pierguidi e Antonio Giovinazzi para descontar a diferença para o #8.

Os sustos acabariam por definir o destino à favor da Ferrari: Hirakawa teve que trocar a dianteira após atropelar um... esquilo! Perdeu um certo tempo e a Ferrari #51 assumiria a liderança para não perder mais. O próprio Hirakawa ainda teria um tremendo sufoco quando o freio do #8, já problemático, travou e o jogou contra as barreiras do final da Mulsanne, danificando a dianteira e traseira do protótipo japonês. Claramente, a sua forçada ida aos boxes tirou qualquer chance que existia, já que naquela altura a sua desvantagem para a Ferrari era de 20 segundos - e com o carro italiano começando a enfrentar problemas na direção.

Essa dramaticidade não ficou restrita à Toyota: o Ferrari #51 teve dois apagões durante suas derradeiras paradas, onde o motor elétrico custou a funcionar e deixou todos com um tremendo frio na espinha. Mais adiante teriam problemas na direção, mas com o #8 longe depois do incidente, deu uma certa tranquilidade para eles - foi uma bela jogada da Ferrari que usou o #50 para tentar incomodar o Toyota #8 em algumas situações.

Essa grande disputa, marcada até mesmo nas paradas de box, só valorizou a grande conquista da Ferrari neste seu retorno à Sarthe. Do mesmo modo para a Toyota, que lutou bravamente para conquistar a sua sexta vitória que seria consecutiva e, talvez, não fossem os problemas, poderiam ter chegado a este número.

Acabou por ser uma 91ª edição em grande estilo para este Centenário das 24 Horas de Le Mans.


LMP2


(Foto: Inter Europol/ Twitter)


Como sempre, esta classe reserva as melhores emoções. As várias disputas nesta edição deixou uma certa dúvida no ar de quem levaria a vitória e esta ficou nas mãos do Oreca-07 Gibson #34 da Inter Europol (Jakub Smiechowski/ Albert Costa/ Fabio Scherer).

Mas ainda tiveram que batalhar contra o #41 do Team WRT (Robert Kubica/ Rui Andrade/ Louis Delétraz) para chegar a esta conquista, mas o trio e o carro estavam bem alinhados para esta edição. É uma equipe que tem crescido a olhos vistos nos últimos anos.

O #28 da Jota Sport (Pietro Fittipaldi/ David Henemeier-Hansson/ Oliver Rasmussen) teve a sua chance, mas dois enroscos - um deles com Pietro Fittipaldi, que ficou preso na brita da Mulsanne após ser tocado por um LMP2 - jogou fora as possibilidades de uma vitória.

O andamento para a Alpine, neste que é o seu retorno momentâneo na classe, foi bom, mas não o suficiente para chegarem ao pódio ao menos - já que a qualificação para eles foi bem abaixo. O #36 (Mathieu Vaxiviere/ Charles Milesi/ Julien Canal) ficou em quarto e o #35 (André Negrão/ Olli Caldwell/ Memo Rojas).

Apesar do sentimento de despedida dessa classe após o anúncio da descontinuidade dela para o Mundial do ano que vem, eles estarão presentes em Le Mans com uma reserva de 15 vagas.


LMGTE AM


(Foto: Corvette/ Twitter)


Se havia uma classe onde o resultado parecia pender para a Ferrari, era exatamente essa. Ok, o grande desempenho da Corvette nos treinos tinha sido um tremendo balde de água fria, mas mesmo assim as coisas pareciam ir de encontro aos Ferrari.

O #54 da AF Corse (Thomas Flohr/ Francesco Castelacci/ Davide Rigon) chegou liderar, mas não por muito tempo já que os Porsche, que não tiveram uma boa jornada na qualificação, apareceram bem durante a prova.

De se destacar o ótimo trabalho apresentado pelo Porsche #85 da Iron Dames (Sarah Bovy/ Michelle Gatting/ Rahel Frey) que tiveram ótimas hipóteses de vencer ou ao menos conquistar os demais lugares no pódio. Infelizmente, uma queda de performance na hora final da corrida - ainda que tivessem feito uma troca dos freios. De toda forma, foi a melhor colocação do trio em Le Mans.

Uma das Ferrari que tinham chance era o Kessel Racing #57 pilotado por Daniel Serra/ Kimura Takeshi/ Scott Huffaker, que chegou liderar na classe e estava no páreo. Mas um estouro de pneu, justamente quando Serra estava ao volante, jogou o Ferrari na brita da curva Indianápolis.

A Corvette acabou por vencer nessa classe com o #33 (Ben Keating/ Nicky Catsburg/ Nicolas Varrone), mas não antes de passar por algum drama quando precisou de recolher o carro para a garagem, realizando a troca do amortecedor dianteiro na segunda hora de prova. Foi uma bela recuperação nas horas seguintes para chegarem à vitória, que marca o fim da linha do modelo C8.R em Le Mans, já que o mundial utilizará a plataforma GT3 em 2024.

O Camaro ZL1 #24 do Hendrick Motorsport, foi a grande sensação dessa edição levando os fãs da NASCAR a ficarem entusiasmados exatamente por verem o carro ser mais rápido que os GTs em até três segundos - isso sem contar que cada onboard era um show à parte. Jenson Button/ Jimmie Jonhson/ Mike Rockenfeller levaram o carro ao final sem grandes problemas finalizando em 39° na geral.


Uma histórica transmissão


Parte do time que fez essa histórica transmissão 
Da esquerda para direita: Rodrigo Mattar, Débora Almeida, Felipe Meira, Aldo Luiz, Sérgio Milani, Rubens Neto, Milton Rubinho e André Bonomini 


Foi de muito bom agrado quando soube da transmissão aqui para o Brasil das 24 Horas de Le Mans sendo totalmente em português. O melhor disso, foi saber que grandes amigos, capitaneado pelo camarada Sérgio Milani, que deu o primeiro passo para que esta temporada do Mundial de Endurance fosse transmitida aqui pelo canal oficial da categoria desde a primeira etapa, estariam na transmissão.

Além do próprio Milani, junto de Aldo Luiz, Felipe Meira e do sempre competente Rodrigo Mattar, Milton Rubinho, André Bonomini, Débora Almeida, Geferson Kern, Gabriel Lima e Sérgio Lago, comandaram o grande clássico num revezamento que começou uma hora antes da largada e foi até uma hora depois da chegada, com a transmissão sendo feita na íntegra via YouTube e com entradas programadas no canal do Bandsports.

Foi um trabalho sublime, com muita informação de todos que passaram ali, mostrando que o automobilismo mundial não está restrito apenas a provas de fórmula e que alguém que esteja apenas preso em uma categoria, possa criar gosto por outras - e sabemos bem que o mundo do Endurance nos oferece as mais variadas situações que tornam essa disciplina fascinante.

Para a história, seus nomes ficarão gravados como os primeiros a fazerem uma transmissão total das 24 Horas de Le Mans, coisa que até então se resumia a flashes e horários pré-determinados em edições anteriores.

Que seja a primeira de muitas!

sexta-feira, 9 de junho de 2023

91ª 24 Horas de Le Mans, A Centenária - Na espera de uma grande edição

 

Os poles da Hypercar, LMP2 e LMGTE AM 
(Foto: 24 Hours of Le Mans/ Twitter)


Conforme as atividades foram passando, o sentimento de uma grande prova em Sarthe só aumentou. As três classes apresentaram um boa dose de expectativa de que possamos presenciar uma edição histórica que tem tudo para fazer jus ao Centenário de uma das corridas mais importantes do mundo, ou melhor que isso, uma das jóias da Tríplice Coroa, que tem sido tão aclamada nos últimos anos.

A batalha que se avizinha entre Toyota e Ferrari dá um tom muito animador para todos os espectadores e telespectadores mundo afora, que espera por um embate entra elas - e outras mais - desde que os regulamentos foram anunciados alguns anos já visando a disputa da prova Centenária.

Apesar da Ferrari ter apresentado uma velocidade impressionante para a obtenção da pole, é sabido que os problemas podem aparecer a qualquer instante - afinal de contas, a própria Ferrari teve alguns nas primeiras etapas. Isso se aplica também a Toyota, mas esta ainda pode se dar ao luxo de abusar um pouco de seus carros para tentar buscar mais uma vitória em Le Mans. Mas do mesmo modo que a Ferrari, eles sofreram com problemas em Portimão com um de seus dois carros. Mas ainda assim, são os grandes favoritos para vencerem - e Pascal Vasselon já aceitou isso desde os dias da pesagem.

Mais alguém poderia incomodar as duas fabricantes? O BOP ajudou e aproximou as equipes e mesmo que Ferrari e Toyota estejam mais pesadas que os demais (24 e 37 kg, respectivamente), o desempenho das demais ainda não chega a ser próximo. Porém, isso não pode privá-los de uma dose de sorte já que a parte crítica da prova que é da madrugada em diante, pode reservar boas surpresas. Portanto, para Porsche, Cadillac Peugeot - que vem enfrentando vários problemas - e até mesmo os Glickenhaus e Vanwall - que tem tido um desempenho bem abaixo, já que não tem a parte híbrida - a chance pode vir exatamente das reviravoltas que este tipo de prova costuma ter.

A LMP2, que fará a sua última valsa em Le Mans, poderá nos brindar com mais uma visceral edição. Não dá para apontar nenhum favorito disparado, mesmo que ainda tenhamos na equipe da JOTA Sport um pequeno favoritismo. Mesmo assim não podemos descartar equipes como o Team WRT, Idec Sport, United Autosport, Alpine (estas duas últimas não foram ao Hyperpole, mas ainda sim tem a experiência ao lado deles que deverá ajudá-los na recuperação). Um detalhe interessante é que normalmente os quatro primeiros costumam ficar bem alinhados por um bom tempo, indo para a decisão nas horas finais.

A classe final, a LMGTE AM, não é por menos: vimos uma Corvette ascender a pole de forma espetacular após treinos livres onde ficaram abaixo, mas, ironicamente,  o acidente na primeira sessão acabou sendo crucial para esta melhor, já que uma série de peças foram trocadas e talvez tenham influenciado bastante na melhoria.

Foi uma grande surpresa ver a Corvette na pole, assim como a segunda posição da Aston Martin que também não parecia forte nos treinos livres.

As equipes que tem carros Ferrari e que pareciam fortes, tiveram na AF Corse o seu melhor ao ficar na terceira posição e daí para baixo o contingente italiano ganhou força. Porém, é na corrida que as coisas devem ser diferentes assim como para a Porsche que não teve uma boa qualificação, mas que sabemos que conseguem escalar bem o pelotão.

Estas 24 Horas de Le Mans tem tudo para se tornar um grande clássico da história das provas de Endurance, exatamente por tudo que permeia esta edição. 

E claro, para melhorar isso, é sabido que Le Mans costuma escolher os seus.

E isto é uma das fascinantes místicas desta Centenária prova.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

91ª 24 Horas de Le Mans, A Centenária - O dia em Sarthe

 


O grande Tom Kristensen foi o Marshall na abertura das atividades em Le Mans 
(Foto: 24 Hours of Le Mans/ Twitter)

A abertura das atividades para esta prova Centenária das 24 Horas de Le Mans não poderia ter sido melhor. A esperança de vermos uma competitividade aberta, principalmente na classe rainha do endurance mundial, foi reforçada com uma batalha que já vinha se desenhando nas três primeiras provas desta temporada e a qualificação, onde se deu a definição dos oito melhores de cada classe para o Hyperpole de amanhã, não nos deixa mentir.

Iniciando pelo primeiro treino livre, que deu às equipes três horas de pista aberta, vimos uma Toyota mostrar um bom ritmo com seus dois carros, sendo que o #8, pilotado por Brendon Hartley, foi o mais veloz na parte final daquela sessão com a marca de 3'25"742 e o #7 ficando a 1 décimo da marca. Apesar de terem sido os mais velozes, a diferença entre os oito primeiros esteve no mesmo segundo o que sugeria uma boa disputa para mais tarde quando a qualificação chegasse.

A Peugeot, naquela ocasião, ainda tinha feito um bom treino ao se colocarem na sexta e sétima posições, porém  problemas assombraram os franceses. Foi um treino interessante para os Cadillac da Ganassi e os Porsche da Penske, trazendo uma opção interessante para a qualificação.

Na contramão de tudo, aparecia a Ferrari com seus 499P que tinha no #50 o seu melhor na oitava posição com nove décimos de atraso para o Toyota #8, mas ficava claro que os esforços eram para mais tarde.

Para Glickenhaus e Vanwall as coisas ficam mais difíceis frente a carros oficiais e semi-oficiais, mas os americanos conseguiram um bom ritmo ficando, em média, dois segundos de atraso para o ponteiro.

Na LMP2 aquela sessão revelou o Oreca #28 da JOTA Sport como o mais veloz, sendo 32 milésimos melhor que o #37 da Cool Racing. A diferença para o restante do pelotão foi de 1 segundo para cima.

Entre os LMGTE AM a Aston Martin, através do #55 da GMB Motorsport, foi a mais veloz com o Porsche #86 da GR Racing em segundo e o Aston Martin #72 da TF Sport em terceiro. Foi uma classe que teve seus nove primeiros no mesmo segundo.

Essa primeira atividade não ficou ilesa de acidentes, que o Ferrari #66 da JMW Motorsport escapou na Chicane Motul e foi para a barreira de pneus, algo que aconteceria mais tarde com o Alpine #35 no mesmo local.

O acidente que mais causou preocupação foi entre o Aston Martin #777 da D'Station que era pilotado no momento por Casper Stevenson e o LMP2 #13 da Tower Motorsport, conduzido por Steven Thomas, quando o GT bateu nas barreiras antes da Tertre Rouge e ficou no meio da pista. Apesar da sinalização com bandeira amarela e com os carros que vinha a seguir desviando, o #13 acabaria por acertar o Aston Martin. Por sorte, os danos foram apenas materiais e a D'Station e Tower precisaram trocar seus carros para prosseguirem no certame.



Na qualificação, Ferrari a mais veloz


(Foto: Ferrari Hypercar/ Twitter)

Como era previsto, esta era a sessão onde o nível subiria e a batalha seria mais intensa, fazendo já um prelúdio do que esperar para a Hyperpole que contará com os oito melhores de cada classe.


A Ferrari mostrou seu potencial, que já era conhecido das etapas passadas, ao colocar os dois 499P na primeira fila. Antonio Fuoco (que estava na zona de corte quando faltavam 20 minutos para o fim) conseguiu superar o outro Ferrari #51 ao anotar 3'25"213, sendo 1 décimo melhor que o tempo feito por Alessandro Pierguidi que havia liderado a classe. Foi uma boa disputa contra os Toyotas, que aparecem na segunda fila com #7 e #8 em terceiro e quarto, respectivamente. 

As demais posições que foram para o Hyperpole de amanhã foram seguidas pelos dois Porsche da Penske (#5 #75) e pelos dois Cadillac da Ganassi (#03 e 02).

Não foi uma sessão feliz para os demais, principalmente o Porsche #38 do Hertz Team Jota que entrou já no final para a sua qualificação e não obteve êxito; os dois Peugeot 9x8 que ficaram bem abaixo, levando mais de dois segundos do Ferrari #50.

Nos LMP2 a disputa foi bem acirrada. Pietro Fittipaldi, no comando do #28 da JOTA cravou o melhor tempo em 3'34"751, dois milésimos melhor que o tempo feito pelo #41 do Team WRT. Como foi dito acima, a batalha foi boa nessa classe com os 14 primeiros ficando no mesmo segundo.

Além do #28 da JOTA e o #41 do Team WRT,  o #63 da Prema Racing, #48 da Idec Sport, #10 da Vector Sport, #47 da Cool Racing, #923 da Racing Team Turkey e o #09 da Prema Racing passaram para a Hyperpole de amanhã.

A surpresa desta qualificação foi a não ida de nenhum carro da United Autosport e da Alpine, equipes que normalmente se qualificam para a fase final do classificatório.

A Ferrari teve um ótimo desempenho na LMGTE AM onde Alessio Rovera levou o Ferrari #83 da Richard Mille AF Corse ao primeiro lugar com o tempo de 3'51"877. Foi 37 milésimos melhor que a marca do outro Ferrari da AF Corse #54 de David Rigon. A terceira posição ficou para o recuperado Corvette #33 de Nicky Catsburg, que foi revitalizado a tempo dessa qualificação após o acidente no final do treino livre.

Além destes três, o Aston Martin #25 da ORT, Ferrari #57 da Kessel Racing, Aston Martin #55 da GMB Motorsport, Ferrari #21 da AF Corse e a Ferrari #74 da Kessel Racing.

Desde que este sistema foi adotado, esta foi a primeira vez que nenhum Porsche passou para a Hyperpole.

O Camaro ZL1 #24 da Hendrick Motorsport continuou a fazer tempos bem melhores que os da LMGTE AM, com Mike Rockenfeller a fazer o tempo de 3'47"976.


A Porsche aparece no segundo treino livre


(Foto: Porsche Races/ Twitter)

A parte da noite foi dedicada para que as equipes e pilotos passassem trabalhar no melhor acerto para este turno. Dessa forma, a Porsche, com o #6 pilotado por Laurens Vanthoor, foi o melhor dessa sessão noturna ao chegar na casa de 3'28"878. Ele desbancou a Ferrari #51 que havia passado quase todo treino na ponta da tabela. A terceira posição foi do outro Porsche #6 pilotado por Dane Cameron.


De se destacar os problemas enfrentados pelo Cadillac da Action Express, quando Alexander Sims teve algum contato e apareceu lento na pista com o carro um pouco danificado.

Esta foi também uma importante sessão para a Hertz Team Jota que pode fazer o seu treino, após uma qualificação problemática.

Na LMP2 a Prema com o seu #63 foi a mais veloz com o #22 da United Autosport, que enfim apareceu nestas atividades, foi o segundo. A terceira posição ficou para o #28 da JOTA Sport, sempre com Pietro Fittipaldi comandando o carro nas voltas velozes.

A Kessel Racing, com o Ferrari #74 pilotado por Kei Cozzolino, fez a melhor marca na LMGTE AM com 3'53"796. A segunda posição ficou para o Porsche #60 da Iron Lynx e a terceira colocação ficando para outro Porsche #56 da Project 1.

Amanhã continuam as atividades com a realização do terceiro e quarto treino livre e também da Hyperpole, que decidirá os poles de cada classe.

93ª 24 Horas de Le Mans - Horas 23 e 24