Parte 2: Le Génie Nelson Piquet
O otimismo apresentado por Piquet nas duas últimas corridas
ao dizer que ainda seria campeão, mesmo estando em desvantagem frente a horda
francesa, começou a fazer sentido quando Patrese cravou a pole em Monza para a
disputa do GP da Itália e isso foi um balde de água fria nos “tiffosi” que
esperavam uma dobradinha de seus pilotos naquele treino. Tambay salvou a honra
da Ferrari ao ficar em segundo com Arnoux em terceiro e Piquet em quarto. Prost
fez apenas o quinto tempo – dois segundos pior que a pole de Patrese – e De
Cesaris fechou os seis melhores. A largada foi perfeita para a Brabham, que
teve Patrese segurando a dianteira e Piquet pulando de quarto para segundo e
para completar, Prost saiu mal e virou a primeira curva em sétimo. Um início
promissor para equipe de Bernie Ecclestone, que sofreria um revés com a perda de
Patrese já na terceira volta devido uma quebra do motor BMW – que já incomodava
a equipe. Piquet assumiu a liderança e tratou de abrir vantagem sobre Arnoux,
tanto que quando ele foi para o seu
pit-stop, acabou voltando ainda em primeiro e assegurando a sua segunda vitória na temporada. Arnoux ficou em segundo, seguido por Arnoux, Cheever, Tambay, De Angelis – que marcara os seus primeiros pontos no ano – e Warwick em sexto, mostrando a boa forma do carro da Toleman projetado por Rry Byrne. Alain Prost, o líder do campeonato, havia optado por uma corrida burocrática afim de poupar o motor e tentar chegar nos pontos. Mas de nada disso valeu: o motor Renault pifou na volta 26. Um desaire que não estava nos planos da fábrica francesa. Alain viu a sua diferença para o segundo colocado despencar para dois pontos em relação à Arnoux (51x49); Piquet retomou o terceiro lugar ao subir para 46 pontos; Tambay o quarto com 40; Rosberg e Watson continuavam estáticos em quinto e sexto respectivamente com a mesma pontuação.
Parte 1: Le Génie Nelson Piquet
Parte 2: Le Génie Nelson Piquet
Piquet vira o jogo e leva o
bi-campeonato
pit-stop, acabou voltando ainda em primeiro e assegurando a sua segunda vitória na temporada. Arnoux ficou em segundo, seguido por Arnoux, Cheever, Tambay, De Angelis – que marcara os seus primeiros pontos no ano – e Warwick em sexto, mostrando a boa forma do carro da Toleman projetado por Rry Byrne. Alain Prost, o líder do campeonato, havia optado por uma corrida burocrática afim de poupar o motor e tentar chegar nos pontos. Mas de nada disso valeu: o motor Renault pifou na volta 26. Um desaire que não estava nos planos da fábrica francesa. Alain viu a sua diferença para o segundo colocado despencar para dois pontos em relação à Arnoux (51x49); Piquet retomou o terceiro lugar ao subir para 46 pontos; Tambay o quarto com 40; Rosberg e Watson continuavam estáticos em quinto e sexto respectivamente com a mesma pontuação.
Com o cancelamento do GP de Nova Iorque, o GP da Europa
entrou para completar o calendário daquele ano. A pista de Brands Hatch, que já
havia acomodado a Race Of Champions no mês de abril e que revezava com
Silverstone o direito de realizar o GP da Grã-Bretanha, foi palco da 14ª etapa
daquela temporada. Uma oportunidade de ouro para os teams ingleses, já que o
circuito era utilizado por elas para realizarem seus testes. E isso ficou claro
quando a pole foi para a... Lotus, com De Angelis marcado a sua primeira
pole-position na F1. Um desempenho animador para uma equipe que correu no
pelotão intermediário por quase toda a temporada, devido o péssimo desempenho
do 93T. Patrese ficou com a segunda colocação, seguido por Mansell –
confirmando a melhora da Lotus – e Piquet em quarto. A quinta e sexta posições
foram conquistadas por Arnoux e Tambay, com o duo da Renault, Cheever e Prost,
fechando em sétimo e oitavo respectivamente. Um grid dos sonhos para a Brabham
e Piquet.
A corrida teve um duelo visceral entre Patrese e De Angelis
– o piloto da Brabham conseguira a ponta após a largada - pela liderança, que
acabaria num acidente entre os dois quando Elio tentou uma ultrapassagem e
acabou batendo com Patrese. Piquet passou por eles e assumiu a liderança. Ricardo
retornou para a corrida, terminando em sétimo e De Angelis abandonando a prova
duas voltas depois com o motor estourado. Prost escalou o pelotão até chegar à
segunda posição se beneficiando com os problemas de Mansell e Patrese e com a
ajuda de Cheever, que teve que lhe entregar a terceira colocação devido a
ordens de equipe. René Arnoux, em corrida bem discreta, enfrentou problemas com
a sua Ferrari e via as suas chances de título diminuir após ele ir para os
boxes e voltar em 11º. Ele acabaria a prova em nono. Outro que acabou por se
dar mal foi Tambay: ele era o terceiro – há nove voltas do fim – quando os
freios da Ferrari falharam e ele passou reto, vindo a bater de frente. Fim de
corrida e de suas chances no mundial. Nelson Piquet venceu a prova em Brands
Hatch, seguido por Prost, Mansell – em mais uma bela corrida do britânico –, De
Cesaris e as duas Tolemans de Warwick e Bruno Giacomelli fechando os seis
primeiros. O campeonato acabou ficando embolado para a última prova, em
Kyalami: Prost viu a sua folga de 14 pontos para Piquet cair para apenas 2
(57x55); Arnoux aparecia em terceiro com remotas chances de vencer o mundial
somando 49 pontos; fora da briga, Tambay era o quarto com 40; Rosberg o quinto
com 25 e Watson o sexto com 22.
(Foto: Sutton Images) |
A matemática para que um dos três chegassem ao titulo:
Alain Prost
1 – Precisaria apenas chegar à frente de Piquet.
2 – Caso Piquet chegasse em segundo, ele deveria terminar em
terceiro. Assim os dois empatariam em 61 pontos e ele ganharia o campeonato por
ter conseguido mais vitórias.
3 – Qualquer outro resultado em que ambos ficassem abaixo da
terceira posição, o título seria de Prost.
Nelson Piquet
1 – Somente a vitória interessava ao brasileiro. Conseguindo
isso, não importava a posição que chegasse Prost.
2 – Terminando em segundo, Alain teria que fechar de quarto
para baixo.
3 – Terminando em terceiro, Prost não poderia chegar além da
sexta posição.
4 – Terminando em quarto e Alain não pontuando, o campeonato
já seria dele.
René Arnoux
1 – Vencer e torcer para que Piquet chegasse de quinto para
baixo e Prost nem pontuar.
2 – Vencer e torcer para que nenhum dos seus dois rivais
pontuasse.
Em 15 de outubro a F1 iniciava a sua última corrida da 34ª
Temporada da sua história e estava prestes a presenciar o primeiro piloto campeão
do mundo a bordo de um carro com motor Turbo. Todo desenvolvimento técnico
iniciado pela Renault ainda na metade dos anos 70, quando ela trouxe esta
novidade para a F1 em 1977, seriam jogada naquela tarde em Kyalami durante o GP
da África do Sul. Mas os oponentes não seriam dos mais fáceis, como a própria
fábrica francesa havia constado durante toda a temporada: a Ferrari esteve
forte em quase todas as corridas e era um adversário a ser respeitado e do
outro lado a arracada sensacional da Brabham com Nelson Piquet ao volante,
saindo de um moribundo quarto lugar na classificação para ficar a dois pontos
de Prost. A batalha estava prestes a começar.
Alheio a tudo isso, Tambay marcou a pole com Piquet em
segundo. A terceira posição ficou a cargo de Patrese, com Arnoux em quarto,
Prost em quinto e Rosberg, estreando o motor Honda no novo Williams FW09, em
sexto. Um grid de largada perfeito para Piquet. Quando a luz verde se apagou,
Nelson conseguiu sair melhor que Tambay e virou a primeira curva na liderança e
Patrese também aproveitou a
ocasião para deixar a Ferrari do francês para trás.
Mais atrás, Arnoux caía algumas posições e Prost continuava em quinto, mas
atrás de De Cesaris que fizera uma ótima largada pulando de nono para quarto.
Arnoux deu adeus as suas remotas chances de título quando o
motor Ferrari apresentou problemas na 9ª volta. Nesta altura Piquet liderava
com certa folga e Patrese tratava de atrasar ao máximo Prost. A sorte sorriu
para Piquet quando Alain foi para os boxes na volta 35 e acabou abandonando a
prova após problemas no Turbo. O título mundial já estava praticamente
garantido, mas ainda faltava terminar a prova e Nelson abrandou o ritmo
permitindo que Patrese, De Cesaris e Lauda o ultrapassassem. O quarto lugar que
agora era ocupado pelo piloto brasileiro já lhe dava o título, mas uma falha no
motor TAG Porsche do McLaren de Lauda tirou o austríaco de combate e permitiu
que Piquet subisse e terminasse em terceiro para garantir, de vez, o seu
segundo título mundial. Patrese venceu a sua primeira corrida no ano –
tornando-se o oitavo vencedor daquela temporada – De Cesaris foi o segundo,
Warwick quarto em mais outra boa apresentação com a Toleman; Rosberg o quinto e
Cheever fechando em sexto.
A pontuação final do campeonato fechou com Piquet dois
pontos à frente de Prost (59x57); Arnoux em terceiro com 49; Tambay em quarto
com 40; Rosberg quinto com 27 e Watson sexto com 22.
A maestria de Piquet e a controvérsia
com relação ao seu título
Quem visse o campeonato mundial até a altura do GP da
Holanda certamente diria que Piquet e Brabham estariam fora da batalha pelo
campeonato. A baixa produtividade da trinca formada por Piquet/Brabham/BMW
havia sido totalmente baixa frente a grande forma que os franceses apresentaram
desde a corrida de Long Beach. A Renault, com Alain Prost, sempre esteve bem.
Foram poucas as falhas – em especial os dois primeiros GPs do ano – e durante
boa parte da temporada Prost não teve do que se queixar. Do outro lado a
Ferrari, com o duo de franceses formado por Arnoux e Tambay, fez bem o papel
que lhes foram confiados e o número de poles e as vitórias conseguidas durante
o ano, mostraram o quanto que o trabalho realizado por Harvey Posthlewaite e
Mauro Forghieri foi positivo na construção dos modelos 126C2 e 126C3.
Mas Gordon Murray guardou bem a evolução do seu ótimo – e
belo – BT52 para a hora certeira: as melhorias introduzidas a partir do GP da
Holanda deu à Piquet a chance de brigar pau a pau contra os seus adversários e
manobra de Prost para cima dele naquela corrida, pode ser interpretada como o
primeiro ataque de desespero já que a tendência de um carro daquele naipe
melhorar a cada GP é bem maior. Portanto, uma vitória de Alain naquela prova
holandesa seria vital para as suas pretensões ao título. Mas aí houve a batida,
a saída de Piquet, o seu abandono... e os temores de da curva crescente que a
Brabham já apresentava, foi visto perfeitamente por todos nos GPs da Itália e
Europa com Piquet pilotando de forma brilhante e irretocável para desespero da
imprensa francesa, que já cravava o título para um dos seus pilotos. Kyalami
acabou por ser o balde d’àgua final no sonho francês com os abandonos de Arnoux
e Prost.
Para a Renault o sonho de conquistar o título mundial, ou
melhor, ser a primeira a ganhar com motor turbo, acabou gerando uma crise que
definhou a equipe até os seus últimos dias da temporada de 1985, quando ela
saiu de cena. Foi um forte pancada que foi agravada ainda mais com a perda do
mundial de construtores para a Ferrari. Mas a Renault ainda chiou bastante com
relação a conquista da Brabham, acusando a equipe de Bernie Ecclestone de ter
usado gasolina ilegal naquela época, em especial na fase final do campeonato.
Na época nada foi comprovado, mas demorou alguns anos até descobrirem que a equipe
inglesa tinha usado o tal combustível e que este fora desenvolvido por
cientistas alemães em Peenemunde. Aí já era tarde... e a Renault teria que
esperar por mais nove anos para ver um motor da sua fábrica vencer o mundial de
F1 (1992 com a Williams) e outros vinte e dois para que a sua equipe vencesse o
campeonato.
Para Nelson Piquet, ele esperou por mais quatro anos até
chegar ao tri-campeonato após – mais – uma guerra, desta vez dentro da própria
equipe. E para a Brabham as glórias foram ficando para trás e com o pouco tempo
de Bernie Ecclestone em cuidar da equipe, frente ao seu trabalho com a FOCA, a
equipe ficou largada e após um período que ficara de fora da F1 (1988), a
equipe retornou em 1989 para encerrar de vez as suas atividades em 1992.
Parte 1: Le Génie Nelson Piquet
Parte 2: Le Génie Nelson Piquet