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terça-feira, 18 de maio de 2021

Foto 931: Graham Hill, Monte Carlo 1969

 


Graham Hill vencendo o GP de Mônaco de 1969, que o fez estabelecer o recorde de cinco vitórias no Principado que duraria por 24 anos. Apesar do momento festivo por tal marca, o final de semana deste GP foi bastante atribulado por conta do uso das asas traseiras, que já em algumas corridas vinham apresentando defeitos até que os acidentes de Graham Hill e Jochen Rindt - deste último sendo mais grave - em Montjuic aumentasse ainda mais a pressão para que, ao menos, fosse regularizada a questão da altura. 

Reuniões foram feitas e apesar de algumas rusgas - com Ken Tyrrell propondo se, caso fossem proibidas, a prova de Mônaco não contaria pontos - ficou combinado entre os donos de equipes e os diretores deste GP - Paul Frère e Charles Deutsch - de os treinos de quinta-feira seriam com os carros ainda usando as asas nos tamanhos que lhes conviam - os acontecimentos do GP espanhol levantavam o medo de que algumas dessa peças quebrassem e voassem também para o público, fotógrafos e jornalistas que ficavm próximos da pista. Porém, a chegada de Rock Maurice Baumgartner, então presidente da CSI (Commission Sportive Internationale) jogou o combinado por terra e proibiu o uso das grandes asas para aquele GP, num exato momento em que os treinos de quinta já estavam acontecendo. Ficou combinado que as asas podiam ser usadas, mas com medidas que não ultrapassem a altura do carro e que não excedesse a largura dos pneus traseiros. Por mais que tenha causado descontentamento das equipes e piorado ainda mais com a anulação daquele treino de quinta, as novas regras foram aceitas e o final de semana seguiu sem grandes problemas para o seu restante. 

Este GP viu alguns fatos interessantes, como a primeira pole position de Jackie Stewart na categoria. Ele liderou as primeiras 22 voltas com boa vantagem para Amon - que abandonara na volta 17 com problemas de câmbio - e depois continuou com folga para Graham Hill, até que ele abandonou na volta 23 com o semi-eixo quebrado. O caminho ficou aberto para que Hill, que estava completando naquele 18 de maio onze anos de carreira na Fórmula-1, vencesse o GP de Mônaco pela quinta vez. Ele foi acompanhando pelo Brabham de Piers Courage, que dava a Frank Williams o primeiro pódio na F1, e por Jo Siffert, com o Lotus de Rob Walker. 

Para a história, foi um momento que ficou de certa forma melancólica: foi o momento em que Graham Hill estabelecia um recorde que seria batido por Ayrton Senna 24 anos depois, e foi também sua 14ª e última vitória oficial na categoria, assim como também foi seu último pódio.   

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Foto 882: Lembranças

A grande equipe: os anos 90 foi a grande década da Williams.
Na foto, a equipe em Hockenheim em 1992.
(Foto: Autosport)



Confesso que não iria escrever sobre a Williams por agora. Tinha deixado essa missão assim que o mundial fosse encerrado, esperando que a equipe ainda pudesse conquistar ao menos um ponto para que fechasse essa passagem de bastão de forma honrosa. Mas não deu tempo. O anúncio do desligamento da família da equipe Williams imediatamente após o GP da Itália deste final de semana, pegou todo mundo de surpresa –algo que poderia acontecer, até com certa naturalidade, no apagar das luzes do mundial deste ano. Chega ser estranho, mas você cria laços e com uma noticia dessas, automaticamente, surgem as boas lembranças.

Do alto dos meus nove anos de idade em 1992, a Williams era equipe a equipe do momento. Tal qual a Mercedes nos dias atuais, ficava impressionado como Nigel Mansell tirava vitórias fáceis do bolso e abria uma eternidade de tempo contra quem fosse. Até mesmo Ricardo Patrese não era páreo para o “Leão”, como ficou bem demonstrado no GP da Grã Bretanha daquele ano quando Mansell abria distância para o italiano tendo o mesmo equipamento . Em torno de seis ou sete voltas, Nigel já levava nove ou dez segundos de vantagem sobre Ricardo e a conta foi aumentando até que ao final do GP o inglês venceu a corrida com incríveis 39 segundos de vantagem sobre Patrese. Uma exibição para lá de dominadora que contribuiu muito para sintetizar o que era aquela Williams – que o Ayrton tão bem apelidou de “carro de outro planeta”. Essa demonstração de força continuou por 1993, teve uma pausa - trágica - em 1994 e 1995 (dois anos interrompidos pelo talento estelar de Michael Schumacher) e retomado com Damon Hill em 1996 e por último com Jacques Villeneuve em 1997. Apesar de na época nem imaginarmos, mas era o fim de uma época vitoriosa para a equipe de Frank Williams iniciada em 1980.

A grande história de garra de Frank Williams em erguer a sua equipe é que cativa. E isso fica ainda mais forte quando foi afastado por Walter Wolf do controle da primeira encarnação da equipe – a Frank Williams Racing Cars – e retorna em 1977 com a Williams Grand Prix Engineering para trilhar um caminho de sucesso que começaria já em 1979, com a primeira vitória, e depois seria coroada com os títulos de pilotos e construtores em 1980. Daí em diante, sempre tendo Patrick Head no comando técnico e Frank no da equipe, a Williams passou a ser a grande força da categoria até os anos 90.

Imagino como deve ter sido para o fã da Tyrrell, aquele que acompanhou a equipe desde os tempos de ouro com os títulos de Jackie Stewart, quando esta fechou as portas ao final de 1998 para dar lugar a BAR que comprara a equipe meses antes. Sem dúvida alguma, as lembranças dos bons tempos da equipe chefiada por Ken Tyrrell devem ter aflorado de forma natural e forte. E deve ter sido assim com equipes como a Lotus e Brabham, que também conquistaram suas legiões de fãs e que sumiram quando estavam definhando do meio para o fundo do grid, tentando se equilibrarem em orçamentos cada vez mais apertados frente uma Fórmula-1 que já era incrivelmente faminta por dinheiro.

A Williams, como tão bem conhecemos, assistiu a todas as transformações que a categoria passou e sobreviveu bem, mas como quase tudo nessa vida, chegou a hora de se despedir. O nome Williams continuará lá – até quando os novos donos quiserem – mas a presença da família não fará mais parte do dia a dia e infelizmente não veremos outra renascença como aquela de 1977. Mas os grandes momentos da equipe ficarão para sempre.

A página final das equipes garagistas, que ajudaram a formar a Fórmula 1, foi encerrada.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

A Williams no topo



Frank Williams tinha vagueado durante a década de 70 buscando um lugar ao sol na F1. Inicialmente com um Brabham BT26 entregue a Piers Courage, no final dos anos 60, onde o piloto britânico conseguiu dois pódios, nos GPs de Mônaco e EUA. Bons resultados, promissores, que deveriam aumentar pelos anos seguintes caso Courage não tivesse morrido em Zandvoort, durante o GP holandês de 1970. Naquela época Frank tinha se associado com a De Tomaso, mas a fábrica saiu de cena ao final daquele ano. Em 1972 voltou com um March modificado e batizado de FX3, que foi entregue a Henry Pescarolo e José Carlos Pace que se revezaram no volante deste carro durante aquela temporada, mas sem conquistar nenhum grande resultado. Bom resultado mesmo, só apareceu dois anos mais tarde quando Jacques Laffite subiu ao pódio na segunda posição do GP da Alemanha, em Nurburgring. Baita resultado. Mas isso era apenas uma válvula de escape para que Frank sorrisse. Ele sabia que tinha muito a ser feito para que pudesse chegar ao topo, como tinha conseguido a sua fonte inspiradora Ken Tyrrell.

Frank tinha uma série de dívidas altas. Os tempos em que acertara contratos para levantar fundos para o sustento da sua equipe, a partir de uma cabine telefônica com dois saquinhos de moedas, mostravam bem o espírito que Williams tinha e nem mesmo o fato de mecânicos jogarem aos quatro ventos para a imprensa o fato de estarem com os seus salários atrasados há meses, ou então oficiais de justiça que iam todo santo mês ao galpão onde a equipe funcionava, em Reading, cobrar o aluguel, fazendo com que aquele local fosse deixado de lado por algum tempo até que a divida fosse sanada, não o desanimara. Porém, em 1976, afundado em dívidas, repassou o time para o petroleiro canadense Walter Wolf que, por muito pouco, não se tornou campeão do mundo em 1977 quando Jody Scheckter discutiu essa hipótese contra Niki Lauda, da Ferrari. Curiosamente, aquele foi o ano de renascimento da Williams, com Frank a retornar ao circo tendo como sócio e engenheiro Patrick Head. O belga Patrick Neve era o piloto da vez, mas assim, como nas outras oportunidades, Frank não tinha dinheiro para comprar um carro novo. Os March mais novos custavam em torno de 15.000 libras e sem dinheiro, Frank teve que contentar-se com um March antigo que mais tarde foi descoberto que era de 1975, devido uma série de decalques e pinturas de antigos patrocinadores quando o carro foi ser reparado. Neve não marcou um mísero ponto sequer para a equipe, mas o fato de terem se reerguido já era um grande lucro. Isso só veio acontecer em 1978, quando Head assinou o primeiro carro genuinamente Williams: o FW06 que foi entregue a Alan Jones. Com dinheiro dos árabes da Fly Saudia, Frank, enfim, teve uma temporada tranquila em termos financeiros e pôde trabalhar mais calmamente. O carro teve uma série de problemas no decorrer daquele ano, mas Jones salvou onze pontos e dois pódios para a equipe (Kyalami 3º e Watkins Glen 2º). Para 1979, Head já trabalhava num carro totalmente voltado para o efeito solo.
Aqueles dias de 1979 estavam um tanto tensos. A FIA ameaça tirar de cena o efeito solo, mas as equipes bateram o pé sobre o veredicto da entidade que teve que recuar. Na pista o domínio naquele início de campeonato estava dividido entre a Ligier e Ferrari. Gerard Ducarouge tinha conseguido ler bem o sucesso dos Lotus asa de 1978, e aplicou perfeitamente nos Ligier JS11 que Jacques Laffite e Patrick Depailler puderam vencer três das seis primeiras corridas daquele mundial com certo domínio. Do outro lado a Ferrari esteve bem naquela abertura de campeonato, vencendo duas com Gilles Villeneuve e duas com Jody Scheckter. A Lotus, que havia dominado de forma avassaladora o
A estréia do FW07 em Jarama. Jones e Rega abandonaram
mundial de 78, não estava em grande forma naquele ano, contava apenas com alguns punhados de pódios conquistados, em sua maioria, por Carlos Reutemann. A Renault era outra forte oposição que tinha mostrado do que era capaz com a pole de Jean Pierre Jabouille em Kyalami, que fora a primeira da equipe e de um motor turbo na F1. O próprio Jabouille é quem conduziu a Renault a sua primeira vitória meses mais tarde em Dijon, na disputa do GP França, no qual ficou marcado o duelo visceral entre Villeneuve e Arnoux pela segunda posição.

A Williams ainda caminhava a passos curtos, mas as coisas mudariam na metade daquele mundial. Inicialmente competindo com o FW06 modificado, Jones e Regazzoni não tiveram grandes sucessos, salvo apenas a terceira posição que Alan havia conseguido em Long Beach. Nessa mesma corrida é que fora apresentado o FW07, mas ficou apenas nos boxes da equipe. Mas aquela manobra em levar a deixar o novo carro nos boxes, foi uma estratégia como contou Patrick Head anos mais tarde: “Nós tínhamos um FW07 pronto em Long Beach, mas apenas para nossos patrocinadores árabes conhecerem o carro. Depois da corrida, nós o levamos ao Ontário Motor Speedway. Alan deu três voltas, voltou aos boxes, pulou fora do carro e disse: ‘Agora eu sei por que aquelas malditas Lotus levam tanta vantagem. Eu posso derrapar controlando este carro, faço qualquer coisa com ele. Ele tem muita aderência. ’ Sem necessidade de dizer que ele deu outras 50 voltas controlando o carro como se estivesse subindo para um novo nível de aderência. O FW07 era bom desde o início.”.

Apesar deste resultado promissor em Ontário, as coisas foram bem diferentes quando o novo bólido foi para o seu primeiro GP. Em Jarama o carro estreou, mas deixou o duo da equipe a pé com Jones a
abandonar por problemas na caixa de câmbio e Regazzoni com motor estourado. Alan ainda pôde assinalar a segunda melhor volta da corrida e em Zolder ele liderava quando uma pane elétrica o tirou
da prova faltando 30 voltas para o fim. Em Mônaco, quando parecia que a equipe colocaria os dois carros no pódio, com Rega em segundo e Jones em terceiro, o australiano errou e bateu a poucas voltas do fim. Clay garantiu o segundo lugar praticamente colado na Ferrari de Scheckter. Já em Dijon, Alan foi quarto e Rega o sexto. As coisas mudariam de figura em Silverstone.

O carro era rápido e muito bom, mas precisava de acertos. Isso ficou deflagrado quando descobriram uma abertura na parte inferior de uma das laterais do motor Ford Cosworth, onde o ar escapava com facilidade. Para Head, aquela abertura não era tão importante e só notou o quanto que aquilo prejudicava o carro num teste feito em Silverstone uma semana antes do GP.
Frank Dernie, que entrara no time em janeiro daquele ano, conta como achou a solução para o vedamento daquela seção, uma vez que a discussão estava aberta se iam, ou não, vedá-la: “Nós, por diversas razões, procurávamos inicialmente encontrar nos testes uma solução para vedar o espaço aberto nas laterais inferiores do motor. Foi então que eu bolei uma carenagem para a seção inferior do carro, em torno do motor, que acabou sendo o mais importante desenvolvimento que descobrimos no túnel de vento. Tão importante que decidi testá-la na semana do GP. Assim, na segunda-feira analisei a proposta, na terça desenhei a peça, que na quinta já estava sendo construída na fábrica. Este foi um grande avanço no desenvolvimento do efeito solo.”.

Ás vezes você acha que uma simples mudança em algo banal, não fará tanta diferença. Mas o que foi visto em Silverstone, na abertura dos treinos, foi algo absurdo. O FW07 tinha passado de um bom carro, para um excelente carro fazendo com que Jones dominasse as ações durante os treinos. Isso levou Frank a ficar abismado positivamente a cada vez que olhava os tempos no cronômetro e os chefes e engenheiros de outras equipes a ficarem assustados. A classificação tinha sido ainda mais fácil. Alan errara na sua primeira saída e danificara a asa traseira. Voltou aos boxes e baixou a bota, cravando um tempo brutal: 1’11’’88. Uma marca monstruosa, já que o próprio Jones, em outra oportunidade, tinha feito 1’13 sendo o único a andar nessa casa. “Literalmente, todo mundo no pitlane estava em silêncio: atordoados. Ninguém conseguiu chegar perto do tempo da pole-position de Alan. Era óbvio que estávamos em boa forma, certos de que não teríamos maiores problemas.”, relembra Patrick Head.
Largando na frente, Jones teve a tranquilidade para sustentá-la e distanciar-se aos poucos do Renault de Jabouille, que vinha logo em segundo. Piquet, que saíra em terceiro e despencara para quarto, vinha acompanhando bem os três primeiros, mas acabou por rodar ao fim da primeira volta e abandonar. A corrida transcorreu bem até a 17ª volta quando Jabouille passou a ter problemas nos pneus que estavam desgastados e foi ao box. Passado algumas voltas o motor turbo estourou, deixando o piloto francês a pé. Neste momento a Williams posicionava seus dois carros nas duas primeiras posições em Silverstone. Um resultado que Frank Williams nem imaginava inicialmente, já que o próprio dissera que havia sonhado com o domínio absoluto dos Renaults na pista inglesa após o desempenho absolutos destes em Dijon. Mas era realidade e era possível que a Williams vencesse aquela corrida com uma dobradinha. Infelizmente essa possibilidade se desfez na 38ª passagem,
Os festejos de Regazzoni em Silverstone, junto de Arnoux e
Jarier
quando Jones abandonou com falha na bomba de água. Aqueles problemas de juventude do carro, que aparentemente parecia ter sumido naquele fim de semana, ainda rondavam os carros brancos de Frank. Ao menos, naquele momento, eles tinham em Clay Regazzoni a esperança de conquistar a vitória naquela tarde. Porém o temor de um novo problema existia, afinal ainda faltavam trinta voltas para o término. Seria uma agonia interminável. Por outro lado, Rega tinha uma boa distância para Arnoux e vinha fazendo boas voltas, inclusive a mais rápida da corrida em 1’14’’40. Os temores da Williams dissiparam-se quando Clay cruzou a linha de chegada em primeiro, com 24s de vantagem sobre René Arnoux. Frank tinha conquistado a sua primeira vitória como construtor.

Mas essa vitória foi um misto de sentimentos que Neil Oatley, que era o engenheiro do carro de Clay, explicou depois: “Eu era o engenheiro do Clay naquele ano, então era obviamente fantástico que meu piloto ganhasse. Mas, compreensivamente, havia uma mistura de sentimentos na equipe por causa da relação do Alan com Frank e Patrick e o fato dele ter contribuído muito para o desenvolvimento da equipe.”.
Frank não era de festas e junto de sua esposa Virginia, se refugiou no pequeno motor-home da equipe. “Nós queríamos que o dia não terminasse. Nós sentamos na pequena varanda do motor-home e assistimos o pôr-do-sol. Enquanto as pessoas estavam indo embora, Frank não queria sair do circuito. Tinha apenas um sentimento: Nós ganhamos o Grand Prix! Foi extraordinário. Inesquecível.” contou Virginia. O campeonato ainda reservou à Williams outras quatro vitórias, todas com Alan Jones nos GPs da Alemanha, Áustria, Holanda e Canadá.
Frank Williams tinha conseguido alcançar seu grande objetivo, traçado ainda no já distante final dos anos 60 quando iniciou a sua aventura. Mas com esse sucesso arrebatador na segunda parte de 1979, o caminho já estava trilhado.

Com um FW07B, mais refinado, eles estavam prontos para conquistar o mundial de 1980 com Jones ao volante e o de construtores.

Fotos: Motorsport Images e Getty Images

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Foto 298: Fan Club

(Foto: Formula 1 Amarcod/ Facebook)
Legal essa foto de Frank Williams usando uma camiseta estilizada com o rosto do Jochen Rindt, em 1970. Provavelmente era de algum fan club do piloto austríaco.
Outro detalhe - ao que me parece - é que a foto tenha sido feita antes da morte de Rindt. Pelos pinheiros ao fundo e altura de onde eles se encontram, pode ser da pista de Zeltweg, ou Osterreichring como queiram. 

terça-feira, 5 de junho de 2012

E a Revista Speed já está no ar

Idealizada por Diego Trindade, em pareria com o site PodiumGP, e contando com a colaboração do Paulo Alexandre Teixeira do Blog Continental Circus, Bruno Mendonça, Daniel Machado e eu, a mais nova revista eletrônica dedicada ao automobilismo já está disponível desde hoje: a Revista Speed.
São 50 páginas dedicadas à F1, em especial a Frank Williams, contando a história da carreira de um dos mais persistentes e queridos donos de equipe da categoria. A revista ainda tem belas matérias, como o equilibradissímo mundial deste ano que é comparado ao de 1983 escrito por Bruno Mendoça, o glamour de Mônaco por Diego Trindade, a coluna de Paulo Alexandre Teixeira que assina uma coluna sobre o filme "Rush" e também a história de Frank Williams e de sua equipe na F1. Daniel Machado assina o artigo onde ele analisa uma série de outros pilotos que podem "beliscar" vitórias neste ano na F1. E eu assino o texto onde conto, principalmente, o caminho até a sua primeira vitória em Silverstone 1979.
Quero agradecer imensamente ao Diego Trindade por ter me feito este convite de escrever para a sua revista, e estar junto de grandes pessoas nesta edição de número 0 da Speed. É sinal que os resultados de quase três anos de vida deste espaço estão a aparecer. Aqui fica meu muito obrigado. 
Os links do blog da revista e da edição 0: 

Blog Revista Speed: http://speedrevista.wordpress.com/
Revista Speed: http://www.youblisher.com/p/350295-Speed-0-Junho-2012/

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sobre Barrichello e a Williams

Domingo estava vagueando pelo Twitter quando vi o link do post que o amigo Paulo Alexandre Teixeira, o Speeder76 do ótimo Continental Circus,  deixou por lá sobre a sua análise do mau começo de temporada da Williams. Junto do link, ele observou o comentário de um dos seus leitores onde este detonava Barrichello como perdedor e culpado pelo péssimo início de ano do time de Frank Williams. Acho que está mais do que na hora de eu falar um tanto sobre este assunto.
Primeiramente não sou fã do Rubens e nem desço o pau como a maioria faz, como se o pobre fosse um judas no sábado de aleluia. De alguma forma isso me desarma para sobre o veterano piloto. Sei que Rubens falou algumas asneiras no decorrer dos seus longos 18 anos de F1 e que também sempre alimentou algo que ele, e todos nós sabíamos e sabemos, que não será campeão do mundo. Sem contar em certas ocasiões em que a vitória estava distante, difícil e até, na maioria das vezes no seus tempos de Ferrari, impossível de ser alcançada, ele sempre prometeu consegui-lá com todo seu esforço. Essa sua autoconfiança exagerada sempre inflou a torcida em várias ocasiões e assim que o resultado não vinha, por algum motivo, a primeira coisa a ser lembrada  era de se fazer chacotas com o sobrenome do piloto, como Burrinho, Rubens Pé de Chinelo entre outras. Foi por esse motivo, de sempre acreditar que podia, é que Rubens caiu na armadilha que a imprensa, em especial a Globo, armou que foi querer transformá-lo num novo Senna. Barrichello mergulhou de cabeça e pilotando um Jordan Peugeot, que era o sexto melhor carro do grid de 1995, tentou ser o que não podia: um novo ídolo brasileiro na F1. O que conseguiu de melhor naquele ano, foi uma segunda posição em Montreal e só. Ele já era alvo de piadas e ao meu ver, isso piorou muito após seus inúmeros erros em 96. Dai foi a gota d'água para que ele caísse de vez na boca dos comediantes e do povo brasileiro como a grande piada do esporte nacional. Seus tempos na Ferrari, só alimentaram ainda mais este tipo de chacota principalmente após o lance do GP da Áustria de 2002 onde teve que entregar a primeira posição para Schumi.
Por outro lado, Barrichello conseguiu suas tão sonhadas vitórias e algumas com performances tão eletrizantes quanto as de Schumi. Hockenheim 2000 e Silverstone 2003 são os dois melhores exemplos. Foi por duas vezes vice campeão, em 2002 e 2004, perdendo para o imbatível Michael. Num país qualquer, esses resultados teriam sido festejados. Mas aqui no Brasil, onde não apoiamos nada, queremos apenas o primeiro lugar. O governo federal não destina um vintem para o esporte a motor aqui no país e nem ajuda os pilotos que estão lá fora. Assim foi o caso de Rubens e de tantos outros pilotos que saíram, saem e ainda vão sair daqui para tentar um lugar ao sol. Se chegarem lá e fizerem algo de bom na F1 ou em qualquer categoria que vão correr e até mesmo se não fizerem, não temos que julgá-los. Barrichello está na sua 19ª temporada completa de F1. Velho demais para correr? Acho que não. Tantos pilotos na NASCAR que correm há décadas e nem é jogada na mesa a sua idade quando vão contratá-los. Rubens está na F1 ainda por gostar de fazer o que a vida lhe proporcionou, que foi viver de automobilismo. Pego como exemplo uma reportagem que passou em algum canal daqui do Brasil, sobre um senhor, já idoso, com quase ou mais de 80 anos que ia religiosamente para seu serviço todos os dias há mais de 60 anos. Havia entrado ainda adolescente, construiu sua vida ali dentro e aposentou-se na mesma fábrica de autopeças. Quando lhe perguntaram o porque de ainda estar trabalhando após tanto tempo, mesmo estando aposentado, ele foi simples e direto: "trabalho por que gosto e é o que sei fazer. Se sair daqui não terei mais nenhum sentido na minha vida". Para o Rubens, essa é a explicação por estar ainda na F1. Schumi, mesmo levando uma lavada histórica de Rosberg, voltou porque ama o que faz. Mas não está competitivo o suficiente por ter ficado tanto tempo fora da categoria. Barrichello ainda está em forma e digo, se estivesse pilotando um Renault Lotus, teria marcado pontos nesta temporada estando altamente competitivo ainda. A Williams o contratou por sua experiência e o time sabe bem que o FW33 não é um carro dos sonhos, mas sim um pesadelo que vem tirando o sono de todos por lá. Nem mesmo Hulkenberg, que citaram no comentário, não daria jeito nenhum. Aliás, ninguém daria ou dará jeito naquele carro. Rubens é apenas um piloto bom, cauteloso e bom acertador. Não um milagreiro.
Com relação à Williams, é penoso você ver o time vagueando por posições intermediárias e quase do fundo do pelotão. Mas sabe-se que o time, após a saída de Adrian Newey em 97, cairia de produção se não achasse alguém do mesmo calibre para ajudar Head na construção dos carros. Eles tiveram um breve sucesso nos anos 2000 durante a sua parceria com a BMW, mas ficou por isso. Os alemães rumaram para a Sauber em 2006 e o time de Groove ficou dependente, primeiramente da Toyota e desde 2008 ficando a dispor dos propulsores Cosworth. Com a BMW podiam ter conseguido algo caso não tivesse Frank batido o pé e não aceitado a ajuda deles à partir de 2005. 
A base no qual se ergueu a Williams foi o dela ter sempre aperfeiçoado as inovações tecnológicas introduzidas por outros times, como o efeito solo e a suspensão ativa da Lotus. Head trabalhou fundo no FW07 e criou um bólido que assombrou todos em Silverstone 1979 e que daria o título para Alan Jones no ano seguinte. Com a suspensão ativa, desenvolvida pela Lotus em 87, eles aperfeiçoaram e juntando a outro montante de tecnologias, criaram as jóias que foi o veloz FW14 de 91; o destruidor FW14B de 92 e o marcante FW15 de 93. Foram crias, que sob a batuta de Newey e Head, e tendo Mansell e Prost no ao volante dos bólidos, levaram a equipe ao olimpo da categoria. Mesmo sem eletrônica, mas com carros ótimos e eficientes, eles foram fortes até 1997.
Siceramente eles caminham para um lugar para onde não deveriam e nem devem ir, que é o fundo do poço. E eles buscaram Barrichello para ajudar. Se vai dar certo, ninguém saberá. Mas a princípio, respeite-os. Só isso já basta.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...