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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Os dez melhores pilotos desta década da Fórmula-1



Escrever sobre os melhores de qualquer área não é uma tarefa das mais fáceis. Jamais conquistará uma unanimidade, não agradará gregos e troianos e sempre será questionado porque tal nome não está incluso naquela seleção. É um trabalho bem barra pesada, espinhudo, digamos.
Montar a lista dos dez melhores pilotos dessa década da Fórmula 1 foi uma tarefa bem interessante, justamente num período que apareceu uma safra bem legal impulsionada pelas academias que as equipes montaram. Portanto, deixar de lado alguém nessa seleção do "Top Ten" pode até parecer uma injustiça, mas acaba sendo compreensível visto que tivemos uma galera muito boa nesta década.
Sem mais enrolação, vamos a lista:


 
1 - Lewis Hamilton – O talento de Lewis ainda era latente naqueles primeiros anos dessa década, mas ficou um gosto amargo por não ter transformado isso em títulos pelos menos em duas ocasiões: 2010 e 2012 Hamilton acabou ficando pelo caminho por erros bobos que o deixaram de fora das decisões. Em 2011 foi derrotado por Jenson Button na Mclaren, na sua pior temporada deste período e ali já era um indicio que uma mudança de ares podia lhe fazer bem. Bateu Jenson na temporada de 2012, mas ao final daquele ano deu tchau a equipe que o acolheu e foi enfrentar o desafio que a Mercedes lhe proporcionara. A primeira vista parecia ter sido um tiro n’água devido os problemas de ritmo de corrida da Mercedes em 2013, mas ao final do GP da Austrália de 2014 as desconfianças deram lugar a um espetacular período que ele e Rosberg conseguiram aproveitar-se de modo integral pelos anos que se seguiram. Mas como nos episódios onde o indivíduo vende a alma ao diabo e este lhe cobra um preço alto, a sua amizade de longa data com Nico se esvaiu e ambos tornaram-se arqui-rivais. Lewis conseguiu vencer Nico em 2014 e 15, mas sofreu uma derrota que lhe dói até hoje – uma ferida aberta que jamais cicatrizará por não ter a oportunidade de uma revanche. Porém essa derrota foi importante para Lewis: se preparou melhor para enfrentar um oponente que era bem superior a Nico e, consequentemente, mais perigoso. Sebastian Vettel era um rival a considerar e isso foi muito bem visto nas primeiras metades dos campeonatos de 2017 e 18, quando o alemão esteve em grande forma com a Ferrari. Porém a melhor parte da festa a Mercedes preparava para a segunda perna do campeonato ao entregar um pacote forte a Lewis, que foi implacável para destruir qualquer chance de título da Ferrari nessas duas ocasiões ao pilotar o fino do automobilismo e garantir os títulos com antecedência. Uma precisão que foi estendida até 2019, aproveitando-se bem do fato da Ferrari e Red Bull estarem perdidas permitindo ao inglês toda a chance de construir uma larga diferença na primeira parte do mundial e administrá-la na segunda, para vencer seu sexto titulo mundial. Seu engajamento em questões sociais e ambientais mostra o quanto que Lewis mudou no decorrer dos anos. Ter saído da aba da Mclaren e de seu pai foi um passo importante e ter encontrado em Niki Lauda um mentor assim que chegou na Mercedes e posteriormente em Toto Wolf uma situação similar quando Niki passou para o outro plano, deu a Lewis uma segurança muito maior para poder continuar focado nas corridas mesmo quando tenha que ir para algum desfile e/ ou lançamento de grifes e no outro dia vestir sua indumentária e pular dentro do Mercedes e se doar até mais que 100% para conquistar uma pole e uma vitória. A mudança de postura de Lewis lhe valeu cinco títulos mundiais nesta simbiose quase que perfeita com a equipe alemã, confirmando o seu fabuloso talento que já havia sido deflagrado ainda nas categorias de base.


2 - Sebastian Vettel – Houve alguém que não apontasse o alemão como um candidato forte a ser o novo recordista da categoria? Apesar de algumas atrapalhadas, Sebastian Vettel tinha uma velocidade absurda naqueles primeiros anos dessa década e que tinham sido bem vista no ano de 2009 quando foi vice de Jenson Button. Colocando a cabeça no lugar e confiando no taco da equipe técnica da Red Bull, chefiada pelo mago Adrian Newey, Vettel passou a ser o cara mais temido e a ser batido naquele período entre 2010 e 2013 onde esteve a bordo de carros que correspondiam bem ao seu estilo de pilotagem. E isso tudo faz uma tremenda diferença, mesmo em temporadas equilibradas como a de 2012 onde ele não teve o melhor carro do primeiro certame, mas que vital para coletar pontos importantes para quando recebesse uma versão atualizada do RB8 na parte final do campeonato partisse para aniquilar de vez a chances de Fernando Alonso ganhar o titulo, num dos campeonatos mais ferrenhos dessa década. No entanto, em 2013, mesmo tendo que lutar contra os instáveis pneus da Pirelli até certa parte do campeonato, quando o carro RB9 se adaptou a borracha italiana e esta teve que rever a sua construção após as explosões de pneus em Silverstone, Vettel transformou aquele certame num passeio absurdo ao vencer as últimas nove corridas de forma convincente e imponente, somando um total de treze vitórias num ano praticamente perfeito que o coroou tetracampeão mundial. Mas mudança no regulamento de 2014 trouxe a Vettel uma dificuldade incomum em entender o carro daquele ano e acabar sendo dominado por Ricciardo. A sua ida para a Ferrari em 2015 foi o reinicio de um ciclo importante, onde chegou para ser o cara a liderar a “Rossa” aos títulos mundiais: apesar de uma temporada altamente produtiva, onde venceu três corridas levantou o ânimo de uma equipe combalida pelo desastroso 2014 que tiveram, Sebastian mergulhou para um frustrante 2016 onde passou em branco para ressurgir fortemente em 2017 quando os Formula-1 voltaram a ter altas cargas de aerodinâmica. Esteve no páreo pelo titulo, mas a Ferrari perdeu o fôlego na segunda parte do mundial e permitiu que a Mercedes levasse mais um vez a taça; em 2018, numa reedição que acontecera um ano antes, a Ferrari voltou a perder o mundial após uma segunda parte de mundial fraca, mas desta vez aliando seus erros aos de Vettel que não esteve no seu melhor após o desastroso GP italiano, onde a torcida italiana esperava o melhor da equipe e de Sebastian após sua fabulosa vitória em Spa-Francorchamps uma semana antes e da dobradinha que ele e Raikkonen conseguiram no sábado em Monza. O restante daquele mundial de 2018 foi marcado por uma sucessão de erros de Sebastian que passou a coloca-lo em cheque. A vinda de Charles Leclerc em 2019 elevou a competição na equipe, mas Sebastian apresentou uma breve melhora onde logo ficou apenas uma sombra quando seus erros reapareceram. Mas mesmo assim, ainda podemos ver um pouco do seu talento nas corridas do famigerado GP do Canadá, Alemanha e principalmente Singapura, onde mostrou que ainda sabia comandar uma corrida como nos velhos tempos.

 
3 - Nico Rosberg – O que dizer de um piloto que conseguiu superar pilotos do naipe de Michael Schumacher e Lewis Hamilton e ainda teve tempo de cravar seu nome numa década que foi resumida ao domínio de dois pilotos? Nico Rosberg não foi o mais brilhante dos pilotos de sua geração, mas sempre teve velocidade e regularidade de sobra para conseguir chegar ao olimpo. A chance de pilotar para a Mercedes foi um ponto importante para uma carreira que parecia fadada a ficar andando no meio do pelotão com a Williams e lutando pelas migalhas aparecessem nos GPs. Qualquer piloto poderia ficar intimidado em dividir o ambiente com um gênio da raça como Michael Schumacher, mas Nico não tomou conhecimento e aproveitou-se bem da dificuldade de readaptação do heptacampeão para dominá-lo amplamente nas três temporadas em que estiveram lado a lado na Mercedes. No computo geral das três temporadas em que Rosberg enfrentou Michael, o filho de Keke bateu o multicampeão nas classificações (43x15); nos pontos (324x197) e no número de pódios (5x1), sendo que um destes pódios foi a sua vitória na China em 2012. A vinda de seu velho conhecido – e então amigo – Lewis Hamilton, elevou a competitividade na equipe já em 2013, mas foi a partir de 2014 quando a Fórmula 1 mergulhou na era dos motores Turbo Hibridos que a rivalidade entre estes rapazes se intensificou de forma absurda. Em posse dos melhores carros do grid, Rosberg e Hamilton entraram em rotas de colisões – literalmente – em algumas situações que só fez destruir uma amizade construída ainda na época do Kart e que foi posta em jogo quando estiveram face a face pela luta de um título mundial na Fórmula-1. Nico perdeu em 2014 e foi massacrado em 2015, mas conseguiu domar seu antigo colega em 2016 para conquistar seu único título mundial, igualando a marca de seu pai. E como num roteiro de filme, anunciou a sua precoce aposentadoria das competições fazendo com que Hamilton engolisse a seco o gosto de uma possível revanche que jamais reapareceu.

 
4 - Fernando Alonso – A figura do piloto espanhol nesta década foi uma das mais importantes, exatamente por ser amado e odiado em doses altamente cavalares. Fernando Alonso moveu uma legião de fãs e detratores até a sua despedida na F1 ao final do ano de 2018, numa década que podia muito bem ter lhe dado pelo menos um título mundial. A perca dos títulos de 2010 e 2012 – para o seu carrasco Sebastian Vettel – foram por pequenos detalhes onde ele e a Ferrari não conseguiram resolver os problemas a tempo para que o “Spanish Bombs” de Oviedo pudesse garantir pelo menos dois desses possíveis campeonatos. Mas o que ficou claro neste período é que Fernando Alonso não baixou a guarda em momento algum, procurando ficar em evidência sempre mesmo que a polêmica o acompanhasse de forma inevitável – como não esquecer da famosa troca de posições em Hockenheim 2010; da quebra do lacre do motor de Felipe Massa em Austin 2012 e do eterno “GP2 Engine” em Suzuka 2016, apenas para citar alguns. Mas ainda sim o bicampeão esteve em grande forma naquele período da Ferrari onde esteve muito a frente de Massa entre 2010 e 13; destruiu Kimi Raikkonen em 2014 sem tomar conhecimento; perdeu para Button no seu retorno a Mclaren em 2015, mas tomou conta do pedaço em 2016; e foi superior ao jovem Stoffel Vandoorne nas duas temporadas em que estiveram dividindo o ambiente na Mclaren. Mas o seu temperamento altamente explosivo é que azedou as coisas por onde passou, exatamente por não a paciência que os campeões costumam ter. Porém, seus melhores momentos nesta década ficam por conta da sua entrega de corpo e alma as corridas; a sua mágica vitória em Valência 2012; os inúmeros memes que foram criados na sua segunda passagem pela Mclaren e na bela homenagem prestada por Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, quando estes o escoltaram até a reta de largada de Abu Dhabi no seu último GP na categoria.


5 - Max Verstappen – A chegada do filho de Jos Verstappen a categoria abalou as estruturas da F1 e do motorsport de certa forma: com apenas 17 anos Max tomava partido de um carro de Formula-1 e alinhava para o seu primeiro GP com um 12º lugar pela Toro Rosso em Melbourne e marcando seus primeiros pontos já na corrida seguinte na Malásia, ao fechar em sétimo. Isso levou a FIA a impor regras para que pilotos conseguissem a Super Licença (um número “X’ de pontos acumulados nas demais categorias para obtenção da Super Licença) e também a sua ingressão na F1 (que tornou-se obrigatório ter mais que 18 anos). Mesmo com toda essa precocidade, Max não tomou conhecimento e rapidamente se estabeleceu como um dos pilotos mais velozes do grid, tendo apenas que talhar bem o seu talento: a velocidade estava ali, porém a agressividade estava presente e teria que ser bem trabalhada para que ele não se metesse em confusões. Mesmo que isso demorasse um pouco a ser domado e Max se envolvesse em alguns incidentes, o holandês subiu rapidamente para a Red Bull – para o lugar de Daniil Kvyat – já em 2016 e logo no seu primeiro GP, em Barcelona, venceu após o enrosco das duas Mercedes que deixou caminho aberto para que Red Bull e Ferrari pudessem batalhar pela vitória. Mesmo terminando atrás de Daniel Ricciardo naquele ano, ficou claro que o holandês era uma estrela em ascensão.  E isso se intensificou em 2017 quando os números passaram a ser melhores que o de Ricciardo, com o australiano ganhando apenas na pontuação final (200x168) e no numero de pódios (9x4). Max  superou Daniel nas classificações (13x7); nas corridas (11x9) e nas vitórias (2x1). Em 2018 Verstappen foi ainda mais incisivo ao derrotar Ricciardo nos pontos (249x170); nas classificações (14x6); nos pódios (11x2); e empatados nas vitórias (2x2). Em 2019 Max foi soberano sobre seus dois companheiros de equipe no decorrer da temporada (Pierre Gasly e Alexander Albon) e teve uma melhora considerável nessa segunda parte do mundial. Porém, seus duelos com Charles Leclerc, especialmente na Áustria e Inglaterra, foram um dos melhores momentos do ano e sem dúvida uma prévia do que muita gente espera que seja o possível duelo entre estes dois jovens pilotos na próxima década.

 
6 - Jenson Button – A década passada para Jenson mais parecia um conto de fadas que não desabrocharia de modo algum, sempre pegando algumas “buchas” pelo caminho como foi o período nada glorioso  com a Honda. Mas em 2009 as coisas mudaram da água para o vinho com a histórica temporada da BrawnGP que lhe deu a oportunidade de, enfim, conquistar o tão sonhado titulo mundial. Nesta década Button teve seu nome ligado diretamente a Mclaren, para quem foi pilotar em 2010 e duelar com o seu conterrâneo Lewis Hamilton. Apesar de não ter a velocidade pura e crua de Lewis, Jenson tinha a regularidade a seu favor e por mais que perdesse nos treinos (13x6) e na pontuação final (240x214), Button esteve próximo nas vitórias (3x2) e também nos pódios (9x7). Mas em 2011 foi a desforra ao aproveitar-se dos inúmeros erros de Hamilton e cravar uma pontuação superior ao campeão de 2008 (270x227) e derrotar Lewis também nos pódios (12x6). No ultimo ano de parceria, em 2012, Lewis venceu o duelo interno contra Button ao marcar dois pontos a mais no campeonato (190x188); nos grids de largada (15x5). A partir de 2013, já sem Hamilton na equipe, Button foi o piloto principal da Mclaren e naquele ano teve ao seu lado Sergio Perez, na qual teve uma boa disputa ao marcar mais pontos que o mexicano (73x49) e vencer a disputa nas classificações (10x9). Em 2014 Jenson Button teve Kevin Magnussen como companheiro e o jovem dinamarquês superou o inglês nas classificações  (10x9), mas perdeu na pontuação final com Jenson fazendo 126 pontos contra 55 de Magnussen. Jenson dividiu a Mclaren com Fernando Alonso entre 2015 e 16, sendo que no primeiro ano superou o espanhol na pontuação (16x11) e perdeu nas qualificações (9x8); enquanto que em 2016 Alonso esteve a frente nestes dois quesitos (54x21 na pontuação e 15x5 nas classificações), nesta que foi a ultima temporada completa de Button na Formula-1. Jenson voltou ainda em 2017, quando disputou o GP de Mônaco no lugar de Alonso – que estava na Indy 500 – onde acabou abandonando na volta 57.

 
7 - Daniel Ricciardo – Se existiu algum piloto tão popular nessa década da Fórmula-1, acabou perdendo de lavada para Daniel Ricciardo. O carismático australiano parecia apenas mais um na categoria quando estreou pela finada HRT no GP da Grã Bretanha de 2011 no lugar de Narain Karthikeyan. Em 2012 subiu para a Toro Rosso, onde perdeu na pontuação para Jean Eric Vergne (16x10) e ganhou nas qualificações (15x5). Em 2013, com mais experiência, conseguiu bater o francês na pontuação (20x13) e nas qualificações (15x4). Porém, quando foi anunciado que iria substituir Mark Webber na Red Bull, os primeiros pensamentos seriam de que ele fosse um mero escudeiro para o então recém tetracampeão Sebastian Vettel. Mas a coisas saíram melhor que a encomenda: aproveitando-se da dificuldade de adaptação de Vettel ao RB10, Ricciardo foi impiedoso com o então campeão reinante ao superá-lo na classificação final (238x167) e nas classificações (10x9), e deu a equipe rubro taurina as únicas três vitórias daquele ano e sempre com grande exibição destacando sempre a sua facilidade em realizar ultrapassagens em momentos cruciais das corridas, especialmente no Canadá e Hungria que foram palcos de suas duas primeiras conquistas. Com a saída de Vettel para a Ferrari em 2015 Daniel tornou-se o piloto referencia na Red Bull, mas acabou sendo superado na pontuação por Daniil Kvyat (95x92). Pelas próximas três temporadas o australiano duelou com Max Verstappen na equipe, onde superou o holandês em 2016 e 2017 e perdeu em 2018, no seu ultimo ano na Red Bull. Em 2019 mudou-se para a Renault, onde bateu Nico Hulkenberg nas classificações (14x7) e na pontuação (54x37).


8 - Charles Leclerc – A gama de pilotos prodígio teve seu auge exatamente nesta segunda parte da década com a entrada precoce de Max Verstappen em 2016. Duas temporadas mais tarde foi a vez de Charles Leclerc iniciar a sua caminhada na categoria e já mostrar serviço ao volante da Sauber nos vinte e um GPs de 2018. Com uma tocada precisa e procurando constantemente reduzir a zero os erros, Charles teve seu nome rapidamente alçado a Ferrari após ter dizimado Marcus Ericsson no duelo interno da equipe ao ter feito 17 x 4 nas qualificações e 39 x 9 na pontuação final. A sua ida a Ferrari para ser companheiro de Sebastian Vettel criou grande expectativa, exatamente por esperar como seria seu comportamento em 2019: apesar de uma corrida não tão brilhante em Melbourne, onde terminou logo atrás de Vettel, foi no Bahrein que Charles mostrou seu poder de fogo ao batalhar contra Sebastian e superá-lo na batalha. Teria vencido a corrida com folga se problemas no motor não tivesse tirado dele uma vitória certa. Outras oportunidades apareceram como na Áustria ao vacilar durante o duelo com o seu grande rival de longa data Max Verstappen. Charles adotou uma postura mais agressiva e partiu para duas vitórias convincentes em Spa e Monza (nesta última uma conquista que não vinha desde 2010). Charles terminou na frente de Sebastian Vettel ao final do campeonato de 2019, ao superar o tetracampeão nas qualificações (12x9) e na pontuação (264x240).


9 - Valtteri Bottas – Quem vê Bottas hoje sendo um fiel escudeiro de Lewis Hamilton, talvez nem imagine – ou tenha esquecido – que ele era uma das grandes promessas quando aportou na Williams na temporada de 2013 e levando o problemático FW35 a um surpreendente terceiro lugar no grid do GP do Canadá quando a classificação foi realizada em condições de pista molhada. As expectativas foram aumentando conforme as temporadas seguintes avançavam: correndo ao lado de Felipe Massa entre 2014 e 2016, Valtteri foi constantemente mais veloz que o piloto brasileiro e isso lhe valeu uma grande oportunidade na carreira: quando Nico Rosberg surpreendeu a todos ao anunciar a sua aposentadoria, o nome de Valtteri foi logo alçado a essa chance, uma vez que ele era empresariado por Toto Wolf. Bottas conseguiu a mais cobiçada das vagas na Formula-1 até então, porém lutar contra Lewis Hamilton não tem sido uma tarefa das mais fáceis e o piloto finlandês tem sido constantemente batido pelo inglês que desde 2017 tem reinado absoluto. Mesmo que Valtteri não seja páreo para o hexacampeão, ele teve lá seus dias de brilhantismo como ficou bem visto na sua primeira vitória na F1 (Rússia 2017) e na Austrália (2019).

 
10 - Kimi Raikkonen - Quando o piloto finlandês voltou a categoria após duas temporadas de recesso, ficou claro que Raikkonen continuava em forma. A sua temporada de retorno foi altamente positiva: com o Lotus, Raikkonen fechou em terceiro com uma vitória e sete pódios. Já em 2013 conseguiu números quase parecidos com o de 2012, com o aumento de um pódio em relação ao ano anterior. Porém o seu retorno a Ferrari a partir de 2014 foi uma imersão num período nada produtivo: enquanto que levou uma sova de Fernando Alonso naquele ano de retorno, esteve constantemente atrás de Sebastian Vettel nos anos de 2015 e 17, mas em 2016 e 18 Kimi conseguiu equilibrar as situações, mesmo que Sebastian mostrasse ser mais veloz no computo geral das corridas. Após esta sua segunda passagem pela Ferrari, que lhe rendeu uma vitória em 2018, ele rumou para a Alfa Romeo na  temporada de 2019. Por mais que não tenha mais toda aquela velocidade que o tornou num dos pilotos mais velozes deste século, constatado na década passada, Kimi Raikkonen acabou por tornar-se um dos mais populares do grid por conta de suas tiradas que beiram o sarcasmo e também pelas declarações quase que monossilábicas. Em 2020, certamente, será o piloto com o maior número de GPs da história da categoria, já que está a dez corridas de igualar a marca de Rubens Barrichello (323 x 313).

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Foto 690: Rosberg's






Uma homenagem justa... As duas gerações de Rosberg, Keke e Novo, cada um em seus respectivos carros que lhe valeram seus únicos mundiais de Formula-1: Keke no Williams FW08 de 1982 e Nico no Mercedes W07 Hybrid com o qual venceu o mundial de 2016, fazendo algumas voltas de demonstração hoje cedo em Monte Carlo.
Ambos possuem, juntos, quatro conquistas no Principado sendo uma de Keke (1983) e três de Nico (2013, 14 e 15).
E o que é sempre legal é ver dois carros de diferentes épocas na pista. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Foto 604: Uma sábia decisão

O anúncio da retirada de Nico Rosberg da F1, acabou tendo um efeito tão forte quanto uma bomba atômica. Afinal de contas, o filho de Keke Rosberg acabara de ser campeão mundial e com apenas 31 anos anunciar aposentadoria da categoria, causa espanto em todos aqueles que acompanham a F1 e a sua carreira num todo.
Apesar de ter ficado impressionado com a decisão de Nico, entendo a sua colocação: não deve ter sido fácil para ele estas três temporadas em que esteve cabeça a cabeça com Lewis na luta pelo título. Batalhar contra uma talento nato como Hamilton, cuja carreira se confunde com a de Nico - afinal são contemporâneos desde o kart - não é trabalho fácil para ninguém. Qualquer um teria sucumbido a esta grande batalha logo no primeiro round, contando a partir do momento que ambos estiveram com o melhor carro em mãos (2014). A velha amizade, cultivada desde o kart, foi se dissipando conforme os dois jovens iam conquistando as vitórias e automaticamente a ambição em chegar ao olimpo, que é o de campeão mundial. Não é segredo algum que sempre houve um encantamento da Mercedes por Lewis: um piloto veloz, habilidoso, com dom natural de mudar as condições de provas que o destacaram desde o tempo de Mclaren. Para Rosberg, o tempo de casa e sua dedicação eram a chave, mas lutar contra toda uma situação que na maioria das vezes parecia pender para o lado de Lewis, fazia com que Nico precisasse subir o seu nível: foi assim em 2014, num momento que parecia ser dele até a prova de Spa e o famoso toque após a largada. Depois disso, a sua temporada foi ladeira abaixo e Nico teve que contentar-se em ver Hamilton campeão. Pior: 2015 foi mais difícil ainda e por mais que ele tenha pensado que poderia derrotar seu companheiro naquela temporada, Rosberg foi aniquilado faltando antes do fim do campeonato ao ver Hamilton sagrar-se campeão em Austin. A atitude de Hamilton, ainda extasiado pela conquista, ao jogar o boné para um combalido Nico na ante-sala para o pódio, ligou a chave interna no piloto alemão. E assim iniciava uma virada nas atitudes de Rosberg para derrotar Lewis: constantemente mais veloz, Nico mostrou nas provas finais de 2015 uma atitude que foi bem vista em 2016, marcando Hamilton em todas as provas e batendo rodas quandp era preciso (Áustria foi um bom exemplo). Rosberg deixou de ser aquele piloto burocrático, o boa praça, e mostrar que também sabia jogar pesado e acelerar forte. Quando percebeu que não precisava mais vencer para conquistar seu mundial, foi inteligente ao não correr riscos (aquele dilúvio em Interlagos foi um bom exemplo) e precisou de sangue frio para suportar o jogo de Lewis em Yas Marina. Colocando tudo isso na conta, pesa bastante na hora de decidir algo, como foi o seu caso. É claro que alguns irão chamá-lo de covarde, bundão, mas para quê continuar tentando algo que estava em sua pauta de vida? Por isso acredito que fez o certo.
Ter conquistado o seu sonho de garoto também ajuda. Venceu e provou ser um dos melhores top drivers de seu tempo. Pode não ter o mesmo arrojo de Lewis, a bravura de um Alonso ou a velocidade de um Vettel, mas Nico conseguiu elevar ao máximo tudo que aprendeu em seus tempos de Williams, o convívio com Michael Schumacher e os anos de chumbo com Lewis. E tudo isso foi usado neste 2016 para que ele conquistasse esse título tão sonhado.
Agora é hora de Nico desempenhar o seu melhor papel, que é de pai de família.

domingo, 27 de novembro de 2016

GP de Abu-Dhabi: Tensão, na medida certa

A decisão de hoje em Yas Marina não foi de todo mal. Também não podemos dizer que tenha sido fabulosa, pois foi uma corrida tensa e que qualquer lance a favor de qualquer um dos dois contendores, decidiria as coisas no ato.
Lewis Hamilton fez a sua estratégia, seguindo o seu instinto de que fizesse um ritmo mais lento, jogaria Rosberg na boca dos leões e assim pudesse ter tempo de abrir uma grande diferença para garantir com folga o possível título. As voltas finais foram agoniantes para os fãs de Rosberg e se pudesse, tiraria o carro do inglês da liderança com a mão. Certamente a força mental para que isso acontecesse, foi tão grande que poderiam até mesmo mover um vagão.
Mas como todo bom suspense, os coadjuvantes tiveram um papel quase que decisivo. A presença de Max Verstappen na segunda posição, após uma recuperação pautada por ultrapassagens e por esticar ao máximo a sua primeira parada, deu o primeiro tom dramático quando Rosberg esteve logo atrás do holandês estudando um melhor momento para atacar. Max até que resistiu, mas não teve muito o que fazer quando Nico foi pra briga e conquistou, na raça, o segundo lugar. Sebastian Vettel foi o outro coadjuvante e de forma brilhante, entrou na briga para deixar as coisas ainda mais tensas. Aproveitando-se de uma estratégia muito boa em usar os ultramacios nas últimas quinze voltas, subiu de sexto para terceiro com ultrapassagens disputadas a tapas, principalmente contra os "Red Bull Boys". Talvez o desgaste dos pneus nesta escalada tenha prejudicado um possível ataque final às Mercedes.
Finalmente Rosberg, que teve toda paciência e estudo necessário para não cair na estratégia que Hamilton colocara em prática. Se ele não atacou Lewis, ao menos esteve em grande forma para atacar e ultrapassar Verstappen de modo brilhante e quando Sebastian esteve com chances de ameaçá-lo, Nico teve sangue frio para defender e seguir em frente para garantir um segundo lugar que lhe garantiu o primeiro título mundial.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

GP do Japão: Quatro passos para o título

Não há como negar que Nico Rosberg neste ano, e especialmente nas últimas corridas, tem tido um desempenho convincente e seguro. Se não era páreo para Hamilton, como foi o caso do GP da Malásia, correu seguramente para conseguir o máximo dos pontos. E isso tem feito uma enorme diferença nesta temporada, bem ao contrário de outras, onde o piloto alemão acabava perdendo a mão da situação e, juntando a uma carga de má sorte, acabava perdendo Lewis de vista. E consequentemente o título.
A corrida feita por Nico ontem em Suzuka foi uma dessas que mostram o quanto o piloto está empenhado a uma causa: dominou bem seu companheiro de equipe e soube ter a frieza que necessitava para dosar a diferença que separava ele de Max Verstappen por toda a prova, dando a ele a opção de ditar o ritmo a seu bel prazer. Não se precipitar em algumas situações tem sido um trunfo para Rosberg nessa temporada.
Por outro lado, as más largadas de Hamilton tem dificultado ainda mais o seu caminho. O deste GP nipônico foi uma das piores da sua carreira, talvez comparando apenas com o que fizera no GP do Bahrein de 2008, quando despencou de terceiro para nono ou décimo. Lutar contra outros carros num circuito onde a ultrapassagem nem sempre é fácil, vira um martírio e para o azar do inglês as Ferraris estavam em grande forma no início da corrida. Sua recuperação foi muito boa - baseando-se na estratégia do box -, mas ter encontrado Max Verstappen pela frente, na disputa pela segunda posição, acabou sendo um desafio extra para o tri-campeão, uma vez que a saída da chicane do jovem holandês era muito melhor conseguindo usar integralmente a melhor tração do seu Red Bull - algo bem parecido como ocorrera no GP da Espanha, quando ele assinalou a sua primeira vitória na categoria, ao conseguir escapar de Raikkonen na longa reta dos boxes por conta de uma melhor saída da chicane. Esse melhor aproveitamento de Verstappen foi o que forçou a manobra de Lewis na penúltima volta na freada da chicane e que foi defendida de forma dura por Max.
Agora restam quatro provas para o encerramento e até lá, Nico não precisará vencer e terá que marcar Lewis de perto. Qualquer que seja o desfecho deste mundial que está pendendo cada vez mais para o filho de Keke, estes quatro passos para o mundial podem ser dos melhores nesta era de domínio prateado.

domingo, 18 de setembro de 2016

GP de Cingapura: Estratégias & Estratégias

Essas corridas em Marina Bay podem ser interessantes por conta do fabuloso visual proporcionado pela luzes espalhadas pelo traçado citadino, dando uma infinita variedade de ângulos e jogo de luzes que dão vários tons para as cores dos carros. No entanto, é apenas isso. Talvez a melhor corrida disputada ali, tenha sido a de 2010. Talvez...
Hoje era um desses GPs modorrentos, mas o lampejo do engenheiro de Lewis Hamilton, na fase final da corrida, deu uma nova perspectiva para algo que estava praticamente definido. Não fosse a ida de Lewis aos boxes para trocar os pneus macios pelos super macios, não veríamos um final tenso onde Ricciardo, induzido pela troca de Hamilton, teve que ir aos boxes e colocar os super macios e partir para uma alucinada caçada à Nico Rosberg. Este estava, até de certa forma, com a corrida controlada, mas a parada de box de seu companheiro também deixou seu engenheiro indeciso a ponto de chamá-lo para os pits e rapidamente desistir, quando viu que a distância para Ricciardo era de 27 segundos e o total do trabalho dos pits girava em torno dos 28... Portanto, arriscar chegar no final da corrida com os pneus macios aos frangalhos era bem possível, mas teriam que contar, também, com o desgaste que Daniel teria com aquele ritmo alucinante. Ricciardo foi brilhante nas suas voltas e descontou toda aquela diferença que o separava de Rosberg, mas os retardatários atrasaram um pouco o seu ritmo e não fosse isso, pudesse, quem sabe chegar ainda mais próximo de Rosberg na linha de chegada.
A Ferrari perdeu uma boa chance de colocar Raikkonen no pódio, quando entrou em desespero ao ver Hamilton parar nos boxes. Talvez tivesse deixado o finlandês na pista, pudesse ter garantido o terceiro lugar. Ao menos foram inteligentes ao colocar Vettel para largar com os macios e esticar ao máximo o stint do alemão, para que depois ele fizesse bom uso dos ultra macios e conseguisse o quinto lugar.
A verdade é que não fosse a entrada de Hamilton para aquela troca de pneus, não teria tido toda aquela tensão nas voltas finais.

domingo, 4 de setembro de 2016

GP da Itália: Presente para Rosberg

Interessante esta última passagem da Fórmula-1 pela Europa: duas corridas após o retorno do recesso de meio de temporada, o cenário ficou bem parecido com o que vimos no início da temporada, quando Rosberg aproveitou-se bem dos contratempos de Hamilton para cravar duas vitórias consecutivas. E isso aparece num bom momento, pois qualquer resultado pró Lewis, Nico poderia iniciar um adeus a chance de conquistar o seu primeiro título mundial. Mas estas conquistas lhe dão uma boa possibilidade de tentar reconquistar a liderança já na prova de Cingapura, lugar onde ele costuma ter bom desempenho.
Esta prova de Monza foi um presente de Lewis para Nico, onde o piloto inglês não soube aproveitar-se bem da pole e virou a primeira chicane em sexto. Conseguiu recuperar-se, sem grandes problemas, mas não o suficiente para atacar Rosberg que fez uma corrida solitária na pista italiana, sem ter nenhum opositor a sua liderança. É de se imaginar que caso Hamilton tivesse feito uma largada normal, o embate entre os dois poderia ter sido dos melhores.
Mas o restante do campeonato pode ver isso, e não apenas na tabela dos pontos, onde Rosberg está dois pontos atrás de Hamilton na classificação (248x250).

domingo, 10 de julho de 2016

GP da Grã-Bretanha: Agora são quatro pontos

Ainda muito se falava e se fala da motivação de Hamilton com relação a sua estadia na F1. Eu sou um daqueles que criticam bastante o piloto inglês pela forma que ele conduz as coisas, não se concentrando como se deve para o seu dever na categoria. Um bom exemplo disso foi quando ele ficou perguntado o que deveria fazer com alguns botões para achar a regulagem do carro durante o GP da Europa, em Baku. Acredito que um piloto do seu naipe, da altura que se encontra, de campeão reinante, tem o dever de focar no trabalho e procurar ser o melhor, esquecendo um pouco das badalações que a vida lhe proporciona. 
Mas temos que dizer, também, que quando resolve se concentrar em algo, Lewis volta a ser aquele piloto dos velhos tempos de Mclaren. Foi assim em Monte Carlo, depois batendo rodas e vencendo Nico na largada em Montreal; do mesmo modo no Red Bull Ring semana passada, indo à caça de Rosberg e agora, neste fim de semana irretocável que ele teve em Silverstone.
Acredito que Hamilton tenha acendido a luz interna após aquele acidente com Rosberg após a largada do GP da Espanha. Ali a sua atitude já foi bem mais diferente que do que nas outras provas ao ir ao ataque de Nico sem nenhuma trégua. Ele sabia bem que caso Rosberg conseguisse uma quinta vitória consecutiva, as coisas poderiam entornar. E aí veio o acidente, os dois de fora, enfim... Mas o seu foco nas provas seguintes, descontando apenas no Azerbaijão, deixa bem claro que agora é a sua vez de tomar as rédeas do mundial  tentar domar um até então intocável Rosberg e partir para o seu quarto título, o que seria o terceiro consecutivo, aproveitando de modo integral a grande vantagem que a Mercedes proporcionou a ele e Nico de 2014 até este exato momento.
Para o azar de Rosberg, a prova é num território que Lewis conhece tão bem e que domina como poucos, que é em Hungaroring.
Será uma prova interessante para os dois principais contendores do momento.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

GP da Áustria: Ruim para a Mercedes. Melhor para o campeonato



Sem dúvida foi uma última volta de arrancar os suspiros para os fãs. Se a corrida foi apenas boa, se vermos as variáveis que ela nos apresentava por conta das opções de escolhas de pneus, a última passagem compensou a espera. Mas esta foi muito mais pela péssima saída da primeira curva de Nico Rosberg, do que pela bravura de um aparentemente combalido Lewis Hamilton naquele momento.
Mas aquele entrevero era quase bem evitável: para quem tinha uma vantagem de quase um carro e meio para Lewis até a subida para a primeira curva, devia muito bem tomar todos os cuidados para não passar do ponto e atacar as zebras “assassinas” do circuito austríaco, mas Rosberg não teve este cuidado e quando não tracionou suficientemente na saída daquele ponto, pôde ver o Mercedes de Hamilton crescer no retrovisor de desaparecer por frações de segundo, até reaparecer do seu lado esquerdo para tentar uma manobra de ultrapassagem, que se conseguisse, teria sido o grande lance do ano até aqui. Mas na ânsia de tentar se defender – o que estava totalmente certo – o piloto alemão acabou deixando o carro rolar além do que podia e acertar o Mercedes de seu companheiro. Precisamos ser justo que, ao mesmo tempo em que Nico deixava o carro escorregar para tentar fechar o máximo possível de espaço, Lewis também esterçava para definir a manobra. O resultado foi a pancada no carro de Hamilton, que saiu para a área de escape e que ainda passaria pela grama. Rosberg continuou, mas a asa dianteira se desfez por conta do toque e com isso as suas chances de vencer foram para o ralo.
O duelo entre os dois principais contendores da categoria, que já vem se arrastando desde 2014, é mais um capítulo de uma série de rusgas que se iniciaram ainda no distante GP de Mônaco de dois anos atrás, quando Hamilton acusou Rosberg de ter parado o carro na descida da Mirabeau prejudicando, assim, a volta que poderia lhe dar a pole. Foram inúmeras discussões e esbarrões de ambos até este 2016, incluindo, também, a já famosa batida deles logo após a largada do GP da Espanha. Com a política – certeira – da Mercedes em deixar o pau comer a solta na pista, apenas indicando que tentem não se bater e prejudicar o time, é louvável após algumas temporadas onde eles procuraram garantir os resultados ao não permitir o ataque um ao outro, mas com Toto Wolf sinalizando uma possível volta do jogo de equipe, pode deixar ainda mais tensa as coisas. Será bem difícil imaginar um dos dois obedecendo as ordens nesta altura do campeonato, uma vez que a diferença entre eles é de apenas 11 pontos. Restará apenas a Mercedes tentar resolver tudo na conversa – e se precisar, de uns puxões de orelha.
O bom mesmo é que o duelo entre eles de forma tão visceral, pode contribuir bastante para a chegada de um Sebastian Vettel para a disputa, o que deixará as coisas mais tensas na equipe prateada e animadas para um mundial que ainda parece ter destino certo. Mas se tiver mais um contendor para a grande disputa, deixará as coisas interessantes.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

GP da Espanha: Revivendo 2014

Será dificil sabermos qual terá sido o conteúdo daquela reunião extraordinária que aconteceu no luxuoso motorhome da Mercedes, durante o GP da Espanha. Mas também não somos inocentes a ponto de imaginarmos que foi tudo flores, principalmente quando estiveram Lewis Hamilton, Nico Rosberg, Toto Wolf, Niki Lauda e outras pessoas do staff da equipe alemã. As coisas na tarde de ontem em Barcelona eram das mais tensas depois de mais um enrosco entre Lewis e Nico, que acabou limando ambos da prova um pouco mais de um quilometro após a largada. Enquanto que a maioria possa dizer que a culpa maior foi de Rosberg ou de Hamilton, só posso dizer que os dois fizeram o que deveria: se Lewis partiu para o ataque, Nico fez o natural que é se defender. O problema é que o tri-campeão foi muito confiante na manobra e não soube tirar o pé quando era preciso.
Mas esta colisão pode interferir bastante no desenrolar do campeonato. Toto Wolff pode até acenar com um acordo de cavalheiros, onde aquele que virar a primeira curva na frente, não poderá ser atacado pelas voltas seguintes. Mas também podemos ver um cenário parecido com o de 2014.
Sustento a idéia que a Mercedes, por ter o melhor carro do momento, possa se dar a luxo de punir seus pilotos. Se lembrarmos bem do festival de reclamações de Lewis após a classificação em Monte Carlo 2014, quado ele sugeriu que aquela escapada de Nico Rosberg na Mirabeau tinha sido suspeita, num momento que ele (Lewis) estava numa bela volta que poderia lhe dar a pole e mais uma atuação pifia do mesmo, as provas seguintes para ele foram das mais problemáticas fazendo-o largar de trás e tentar realizar recuperações sempre alucinantes.
Curiosamente a mesma queda de rendimento, num momento que parecia forte para caminhar para um inédito título, abateu sobre Rosberg no famoso entrevero de ambos no GP da Bélgica quando o alemão acabou tocando no pneus traseiro de Lewis quando este ultrapassava ele no final da reta Kemmel.
Nico passou a ter uma queda na performance, que culminou no rápido crescimento de Lewis já na prova de Monza. E ao final da temporada, Hamilton conquistaria seu segundo mundial e Rosberg amargaria a derrota junto de uma prova complicada em Abu Dhabi.
Não podemos dizer que o cenário possa se repetir neste 2016, mas para Rosberg, que está numa ótima fase, o importante é se safar de qualquer rusga com Hamilton.
A primeira vista acho que a Mercedes não tomará nenhuma atitude drástica. Apenas um belo puxão de orelhas em seus rebeldes pupilos.
Mas se o caldo entornar para as provas seguintes, certamente o modus operandi da equipe entrará em ação.

domingo, 17 de abril de 2016

GP da China: Rosberg, o intocável

Ainda lembro de Nico Rosberg, ao final de 2014, dizendo que se quisesse superar Lewis Hamilton em 2015 ele deveria se aplicar mais na preparação fisica e mental para conseguir tal feito. O problema é que Lewis iniciou a temporada de 2015 tão melhor quanto fora em 2014 e não deu chance alguma para que Nico pudesse beliscar, ao menos, um vitória que lhe desse ânimo. E pior: Hamilton anulou seu companheiro num local que ele se saía melhor, que eram as poles. Com isso, Rosberg teve a sua segunda posição ameaçada por Sebastian Vettel, ameaça que foi logo aniquilada com três conquistas nas provas que restavam.
Talvez toda aquela preparação que ele esperava ter para o inicio de 2015, acabou sendo reforçada para este 2016: se as poles nas duas primeiras corridas não vieram, a competência e sorte estiveram ao seu lado. Na Austrália largou mal, mas a bandeira vermelha ajudou para que ele virasse o jogo para cima de Vettel, que liderava com autoridade. No Bahrein, uma melhor largada que Lewis ajudou para que fizesse uma prova tranquila, sem sustos e passasse para vencer a segunda do ano.
Hoje, na China, nem mesmo a melhor largada de Daniel Ricciardo serviu para intimidar Nico, que logo se livrou do australiano - que teria o azar de furar o pneu logo de imediato - tratou de abrir assim que o SC saiu e daí pra frente ninguém mais viu Rosberg, com raras exceções de quando a transmissão achava-o superando algum retardatário. O domínio de Nico foi tão grande, que a diferença dele para Vettel, o segundo, foi de 37 segundos. Uma corrida a parte.
Com esse resultado, Rosberg chegou a seis vitórias consecutivas (as 3 finais de 2015 e mais as 3 deste inicio de mundial) e ultrapassa Stirling Moss como o piloto que mais venceu provas sem ser campeão mundial, contabilizando 17 triunfos.
Apesar dessa fase brilhante de Rosberg, onde ele tem escapado ileso das confusões que tem acontecido no pelotão dianteiro e partido para estas importantes vitórias, é bom que lembrem que ainda temos 18 corridas pela frente e a tendência é que altos e baixos apareçam para ele.
Mas se ele conseguir manter a média que tem feito até aqui, estará bem encaminhado para tentar o seu primeiro título mundial.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...