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Aqui você não passa: Webber e Vettel no momento mais tenso do GP da Malásia (Foto: formula1.com) |
Quando Vettel apontou na reta dos boxes para receber a bandeira quadriculada e vencer o seu primeiro GP nesta temporada (27ª da carreira), algumas coisas costumeiras que sempre acontecem nas suas vitórias, haviam ficado de lado: a festa que é normalmente feita via rádio, quase nem existiu e os inúmeros cumprimentos e sorrisos deram lugar a caras totalmente amarradas e tensas. Mark Webber passou em segundo e não passou rente ao muro dos boxes, o que normalmente acontece quando o trabalho é bem feito: ele passara a metros de distância.
No parque fechado Sebastian ainda ensaiou um festejo, mas a recepção pelos membros da Red Bull que ali estavam foi fria. E tudo tornou-se ainda mais tenso quando os dois companheiros de equipe encontraram-se na ante-sala do pódio, com Webber sentado num canto e Vettel do outro, conversando seriamente com Adrian Newey. Os rostos, com expressão totalmente carrancuda, traduziam uma insatisfação, principalmente pelo lado do australiano e a breve conversa entre Vettel e Mark foi ríspida. No pódio, a festa da champanhe ficou restrita ao vencedor Sebastian e o terceiro colocado Hamilton, com Webber a "festejar" sozinho e sair pela direita. Vettel ainda o procurou, puxando-o para coneversar, mas a tensão ainda era latente entre os dois. Na conferência de imprensa, o caldo azedou de vez quando Webber indicou que
"Vettel fez suas próprias decisões e será protegido, como já é comum". O ataque maciço de Sebastian sobre Webber, na luta pela primeira posição em Sepang, abriu uma ferida que parecia cicatrizada há quase três anos.
A ultrapassagem que Sebastian fizera em Webber fez uma boa parte da galera vibrar e gritar aos quatro cantos que é
"Assim que se faz, Ferrari", no que se diz respeito a deixar os companheiros de equipe duelarem na pista como se não houvesse um amanhã. A espremida no muro que Webber deu em Sebastian lembrou muito ao de Senna contra Prost no GP de Portugal de 1988 e o de Schumacher contra Barrichello na Hungria em 2010. O problema é que Mark se sentiu traído, uma vez que Horner pediu aos dois para que baixassem a rotação dos motores e preservassem os pneus. Webber fez sua parte, mas Vettel ignorou a ordem e partiu como cão raivoso para cima de Mark, quando o australiano deixou os boxes após a sua última parada de box. As duas voltas que se seguiram foi de uma disputa visceral, que de fato foi emocionante para quem assistia, tensa para os homens da Red Bull e rancorosa para o duo da equipe rubro taurina. Quando Vettel tentou a ultrapassagem no meio da reta dos boxes e Mark o espremeu contra o muro, foi possível ver a cara de susto de Adrian Newey nos boxes. Certamente aquilo foi de gelar a espinha e algumas curvas depois, Vettel conseguiu a ultrapassagem após um bela manobra por fora. O dedo médio que Webber mostrou após este, foi a prova da insastifação do australiano com o que havia acontecido.
Pelo que foi dito por Webber, Horner e depois Vettel, é que o piloto alemão estava ciente do pedido feito por Christian no último pit-stop de seus pilotos e que o combinado havia sido tratado antes do início da corrida. O problema é que Vettel talvez pensasse que estivesse na frente de Mark no estágio final da corrida, ou então, em alguma parte dessa. Desse modo, que faria o jogo e ficaria pianinho, seria Mark. Tanto que a reclamação de Sebastian num ponto da corrida, onde ele era acossado por Hamilton, dizendo que ele estava mais rápido que Webber, mostra que o piloto alemão sabia do que poderia acontecer. É de se lembrar que Vettel tinha um jogo de pneus macios novinhos, economizados durante o treino classifcatório, portanto eles seriam usados no final do GP - como acabou acontecendo - e ele poderia imprimir seu ritmo caso acontecesse alguma anormalidade. Mas como Webber foi mais veloz do que ele em boa parte do GP, a sua cartada estava na última parada do australiano e por muito pouco ele não conseguira tomar a posição de Mark nos boxes. Como não aconteceu e ele com um bom ritmo, tratou de seguir seu instinto e atacar o companheiro de equipe, que estava fazendo o combinado. Por isso que Mark ficou furioso ao final do GP.
Sebastian tem o mesmo instinto de pilotos do naipe de Senna, Schumacher, Alonso e tanto outros que precisam da vitória. Talvez não fosse a sua intensão de jogar sujo contra Marka, mas se havia algo combinado e ele topou, deveria ter tentado tomar a posição com a parada de Webber no último pit-stop. A sua gana pela vitória saiu caro e aquela ferida cicatrizada depois do episódio do GP da Turquia de 2010, foi reaberta.
A corrida
O desempenho dos Red Bulls no calor malaio foi de certa forma boa, mas isso não quer dizer que terão vida totalmente fácil. Seus dois pilotos dominaram a corrida, mas tiveram a constante presença do duo da Mercedes em seu encalço em todo certame, com Hamilton e Rosberg a perseguí-los de muito perto. Parecia que, depois do abandono prematuro de Alonso, as coisas seriam mais tranquilas para a Red Bull, mas não foram. Os pneus ainda sofreram com o alto desgaste e isso indica que equipe rubro taurina ainda terá muito que fazer para entedê-los melhor. A Lotus ainda aparenta ser a equipe que tem o melhor aproveitamento neste sentido e só não conseguiram nada melhor nesta corrida, devido a erros de Raikkonen e duelos do finlandês contra Hulkenberg e de Grosjean vs Pérez, que queira ou não acabam atrasando um desenvolvimento natural da equipe durante um GP. Os pilotos Lotus fizeram três paradas contra quatro dos que chegaram à sua frente, e isso dá uma idéia de que, caso consigam largar mais à frene, poderão lutar constantemente pela vitória.
A Mercedes apresentou um bom ritmo nesta corrida e só não ameaçou mais veemente a Red Bull, porque Hamilton teve que poupar combustível no final da prova e isso gerou um mal estar na equipe quando Nico Rosberg quis passar Lewis e a equipe (leia-se Ross Brawn) não liberou a ultrapassagem. Levando-se em conta que dois carros da Red Bull estavam no modo "econômico" (no caso, apenas um deles), Rosberg poderia tentar um ataque naquelas últimas dez voltas. Mas foi animador o bom trabalho da equipe nesta segunda etapa.
A Ferrari perdeu Alonso ainda no começo após um estúpido erro da equipe e do piloto, quando este já estava com a asa dianteira quebrada após um toque em Vettel na largada. Mandaram ele continuar e depois acabou esta destroçada em plena reta dos boxes, travando o trem dianteiro e forçando Fernando abanadonar a prova. Com Felipe em pista, a equipe pouco fez e apenas no final do GP é que o piloto brasileiro fez algo, ao atacar Grosjean, Hulkenberg e Raikkonen e garantir um quinto lugar. Na Mclaren, as coisas continuam de mal a pior: até que Button fez uma boa corrida, ao ficar em quinto por um bom tempo, mas a equipe achou melhor jogá-lo para o fundo do pelotão quando o pneu dianteiro direito não foi apertado em um dos seus pit-stops. Pérez ainda salvou uns pontinhos com a nona colocação.
A principal guerra que ainda é das equipes para entender melhor os pneus Pirelli, ainda continuará pelas próximas etapas, mas o assunto decorrente será o duelo interno da Red Bull. Sebastian terá que batalhar contra os rivais externos, como Alonso, Raikkonen e Hamilton e agora terá em Webber um piloto que poderá engrossar qualquer em qualquer duelo.
O mundial de 2013 começou pra valer.
Resultado Final - Grande Prêmio da Malásia - Autódromo de Sepang - Kuala Lumpur - 56 Voltas - 24/03/2013
1: Sebastian Vettel (ALE/Red Bull)
2: Mark Webber (AUS/Red Bull) - a 4s2
3: Lewis Hamilton (GBR/Mercedes) - a 12s1
4: Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - a 12s6
5: Felipe Massa (BRA/Ferrari) - a 25s6
6: Romain Grosjean (FRA/Lotus) - a 35s5
7: Kimi Raikkonen (FIN/Lotus) - a 48s4
8: Nico Hulkenberg (ALE/Sauber) - a 53s0
9: Sergio Perez (MEX/McLaren) - a 72s3
10: Jean-Eric Vergne (FRA/Toro Rosso) - a 87s1
11: Valtteri Bottas (FIN/Williams) - a 88s6
12: Esteban Gutierrez (MEX/Sauber) – a 1 volta
13: Jules Bianchi (FRA/Marussia) - a 1 volta
14: Charles Pic (FRA/Caterham) - a 1 volta
15: Giedo van der Garde (HOL/Caterham) - a 1 volta
16: Max Chilton (GBR/Marussia) – a 2 voltas
Não completaram:
Jenson Button (GBR/McLaren)
Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso)
Pastor Maldonado (VEN/Williams)
Adrian Sutil (ALE/Force India)
Paul di Resta (GBR/Force India)
Fernando Alonso (ESP/Ferrari)