(Foto: Claudio Kolodziej) |
O retorno de uma grande corrida é sempre marcado com
enorme expectativa e não foi diferente com essa edição de 2020 das Mil Milhas
do Brasil. Porém o que se viu pelas redes sociais e comentários in loco, foi do
grid de apenas 12 carros para esta etapa. Existe um ar de saudosismo sobre a
corrida e não há nada de errado disso, muito pelo contrário, é até interessante
que exista isso, pois mantém o evento criado pelo Barão Wilson Fittipaldi e
Eloi Gogliano no distante ano de 1956 ainda em voga. Mas temos que admitir que,
uma corrida desse porte não pode ficar por tanto tempo engavetada como se fosse
um objeto apenas de culto, cujo passado foi glorioso e serviu para ajudar a indústria
automobilística desse pais a crescer e junto de outras grandes corridas, como
os 500km de Interlagos, 12 Horas de Tarumã e 1000km de Brasilia, eram – na visão
deste que vos escreve – as jóias do
automobilismo nacional. Hoje ainda temos as 12 Horas de Tarumã e 500Km de
Interlagos acontecendo todo ano, mas infelizmente os 1000Km de Brasília está
esquecido pelo simples fato do circuito de Brasilia ainda estar em ruinas,
marcando mais um capítulo triste do nosso automobilismo brasileiro. No entanto
as Mil Milhas, que teve a sua última edição realizada em 2008, foi resgatada.
Apesar de entender a frustração de muitos com o grid
magro a corrida teve, precisamos exaltar o grande trabalho da Elione Queiroz e
sua equipe que estiveram engajados ao máximo desde o inicio do ano passado para
que esta edição acontecesse. É claro que aqueles grids gigantes que povoam as lembranças
dos mais experientes que viveram a grande fase de ouro da competição acabe
fazendo com que torçam o nariz para o pequeno grid, mas o que precisa ser dito é
que o primeiro passo de uma corrida que não era feita desde 2008 foi dado e as
coisas podem ser ainda melhores para 2021. O fato de ter uma largada noturna,
algo que não acontecia desde 2005, foi um ponto importante para o resgate de
uma prática que foi o grande “carro chefe” desde a primeira edição. Isso sem contar na ótima organização do evento
num todo.
A corrida em si foi boa, diga-se. Mesmo que houvesse
o risco de quebras, o que é totalmente compreensível numa corrida de longa
duração como esta, os doze carros partiram para a disputa quando bateu a meia
noite de sábado para domingo e infelizmente o protótipo MCR Tubarão (Mauro
Kern/ Paulo Sousa/ Tiel Andrade) – que foi o pole – teve problemas com a
temperatura do óleo e acabou abandonando a corrida prematuramente, com apenas
40 minutos de atividade. Restou ao
Ginetta G55 (Esio Vichiese/ Renan Guerra/ Oliver Turvey) e Mercedes AMG GT4 (Leandro Ferrari/ Flavio
Abrunhoza/ Marcelo Brisac/ Renato Braga) duelarem por quase toda a madrugada
pela liderança da corrida. Infelizmente problemas de freios e com os pneus
acabaram tirando o quarteto do Mercedes #20 da briga pela vitória, terminando
em segundo. Para o Ginetta #16 a prova foi feita com carga total do carro, não
aliviando o ritmo em quase todo certame, devido o duelo com o Mercedes que se
estendeu até a nona hora quando o quarteto do carro #20 teve os problemas já
citados. O único susto para o trio do Ginetta foi o principio de incêndio numa
das paradas quando o dia já estava claro, e que foi logo controlado. Como bem
disseram numa das postagens do Ginetta Racing Team Brasil no Instagram “o que
era para ser um teste da máquina, valeu super a pena...” e de fato o G55
aguentou bem o tranco para vencer a prova em 11 horas e 01 minuto, entrando para
o panteão de carros gringos que já venceram a clássica brasileira. A terceira
colocação ficou para o protótipo MRX Honda #56 que foi conduzido pelo quarteto
formado por Gustavo Simon/ Rafael Simon/ Rafael
Cardoso/ Sérgio Cardoso – e que também venceram na categoria P3.
Por mais que a corrida não tenha sido
aquela imaginada, ao não contar com os grandes nomes do automobilismo
brasileiro e também a cooperação de tantos que bradavam pelo retorno da Mil
Milhas, o evento foi realizado. A palavra Coragem tem sido usada por todos os
cantos e com justiça, pois mesmo com estes
percalços a prova esta de volta e já com data confirmada para a sua realização
em 2021, no dia 25 de Janeiro fazendo parte das comemorações do aniversário da
Cidade de São Paulo.
Resultado Final
Mil Milhas do Brasil
2020
Dias 13, 14, 15 e 16
de Fevereiro
Autódromo de
Interlagos
1º - Esio Vichiese, Renan Guerra e
Stuart Turvey (Ginetta G55) - 360 voltas em 11h01min00s312
2º - Leandro Ferrari, Flávio Abrunhoza, Marcelo Brisac e Renato Braga (Mercedes AMG GT4) - a 5 voltas
3º - Gustavo Simon, Rafael Simon, Rafael Cardoso e Sérgio Cardoso (MRX) - a 51 voltas
4º - José Vilela, Pipa Cardoso e Tinoco Soares (Spyder) - a 107 voltas
5º - Ciro Paciello, Álvaro Vilhena e Evandro Camargo (Omega) - a 125 voltas
6º - Marcelo Servidone, Luiz Finotti e Jorge Machado (Tubarão) - a 168 voltas
7º - Ney Faustini, Ney de Sá e Marcos Philippi (Cobalt) - a 183 voltas
8º - Sérgio Martinez, Eduardo Pimenta e Luiz Oliveira (Spyder) - a 247 voltas
9º - Ricardo Rodrigues, Marcos Cassoli, Valter Barajas (Astra) - a 325 voltas
10º - Carlos Antunes, Yuri Antunes, Mauro Auricchio e Lucas Marotta (MRX) - a 332 voltas
11º - Edras Soares, Juarez Soares e Leandro de Almeida (Vectra) - a 336 voltas
12º - Mauro Kern, Paulo Sousa e Tiel de Andrade (MCR Tubarão) - a 337 voltas
2º - Leandro Ferrari, Flávio Abrunhoza, Marcelo Brisac e Renato Braga (Mercedes AMG GT4) - a 5 voltas
3º - Gustavo Simon, Rafael Simon, Rafael Cardoso e Sérgio Cardoso (MRX) - a 51 voltas
4º - José Vilela, Pipa Cardoso e Tinoco Soares (Spyder) - a 107 voltas
5º - Ciro Paciello, Álvaro Vilhena e Evandro Camargo (Omega) - a 125 voltas
6º - Marcelo Servidone, Luiz Finotti e Jorge Machado (Tubarão) - a 168 voltas
7º - Ney Faustini, Ney de Sá e Marcos Philippi (Cobalt) - a 183 voltas
8º - Sérgio Martinez, Eduardo Pimenta e Luiz Oliveira (Spyder) - a 247 voltas
9º - Ricardo Rodrigues, Marcos Cassoli, Valter Barajas (Astra) - a 325 voltas
10º - Carlos Antunes, Yuri Antunes, Mauro Auricchio e Lucas Marotta (MRX) - a 332 voltas
11º - Edras Soares, Juarez Soares e Leandro de Almeida (Vectra) - a 336 voltas
12º - Mauro Kern, Paulo Sousa e Tiel de Andrade (MCR Tubarão) - a 337 voltas