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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

GP de São Paulo - Até a chuva veio aplaudir

 

(Foto: F1 - X Twitter)

É chover no molhado dizer que Interlagos é um lugar especial, e isso sabemos muito bem. Mas é quase impossível não falarmos isso em alguns momentos, justamente quando este palco recebe grandes eventos e acaba se transformando em lugar um mágico e ativa imediatamente o melhor que temos de lembrança. Este final de semana foi exatamente assim. 

O ronco do Honda RA100E V10 acoplado no já mítico Mclaren MP4/5B chassi de #7, o mesmo do famoso acidente na primeira curva em Suzuka com Alain Prost 1990, começou a ecoar no autódromo ainda no meio da semana da 21ª etapa do Mundial de Fórmula 1 e isso passou a aguçar instantaneamente a curiosidade em ver aquela jóia de 34 anos desfilando pelo autódromo paulistano em poucos dias. 

Ainda que a famosa - e violenta - chuva paulistana, que tem batido ponto nas tardes do GP nos últimos anos ter aparecido, ela amansou para a manhã de domingo e aquelas voltas que deveriam ter sido feitas na tarde do sábado, acontecera à partir das 10:15 do horário de Brasília para um dos belos momentos dos últimos anos. Lewis Hamilton foi escalado para tal honra, da qual ele confessou ter sido contactado sobre a possibilidade de conduzir o clássico bólido e no qual não hesitou, saiu lentamente do estande montado para guardar o Mclaren para ganhar a pista de Interlagos. 

Como bem disse algumas pessoas, foi um momento único ao ver o público silenciar para ouvir o lendário Honda V10 ganhar vida e rugir pelos 4.309 metros do Autódromo José Carlos Pace 34 anos depois e impressionar a turma que não teve a oportunidade de sentir e ouvir um dos monstros da era dos V10, e também resgatar a memória daqueles que tiveram a chance de curtir para decibel daquela era fantástica da qual tivemos uma salada muito gostosa de V8, V10, V12 e até mesmo W12 (olá, Life). O spray d'água levantando pelo Mclaren só aumentou a sensação de êxtase e isso intensificou quando foi aos alto falantes do autódromo a lendária narração do GP do Brasil de 1991, feita de forma magistral por Galvão Bueno.

Perto de encerrar as suas voltas, Lewis recebeu a bandeira brasileira antes de chegar no topo da Curva do Café e desfilou pela última vez fazendo com que o tema da vitória se entremeasse com os gritos de "SENNA, SENNA" e aumentasse ainda mais a nostalgia. 

Sem dúvida alguma, de todas a homenagens feitas desde 2004, quando Bruno Senna desfilou com a Lotus 98T na mesma Interlagos, momentos antes do GP daquele ano, esta foi de longe a mais emotiva. 

Que volte em outras oportunidades - não apenas para o Ayrton, mas também para Nelson Piquet (que teve em 2011), Emerson Fittipaldi (em 2009) e José Carlos Pace (afinal de contas, em 2025, completará 50 anos da lendária vitória do Moco neste local).


Mais um mega GP

Max Verstappen - O dono da tarde em Interlagos
(Foto: Max Verstappen - X Twitter)

Chuva em Interlagos é sinônimo de caos e dessa vez a coisa bem interessante. A Sprint Race foi uma boa corrida no sábado - vencida por Lando Norris -, mas todo o tempero começou a ser despejado naquela tarde quando a chuva impossibilitou a realização da qualificação e esta foi jogada para a manhã de domingo, com os carros entrando na pista a partir do incomum horário das 7:30.

Com a chuva acontecendo nesta prática, mas com menos intensidade, ela não deixou fazer suas vitimas: Alexander Albon, Franco Colapinto, Carlos Sainz, Lance Stroll e Fernando Alonso provaram dos muros de Interlagos e fizeram a qualificação alongar por quase duas horas para vermos Lando Norris marcar a pole e Max Verstappen ser eliminado no Q2, aumentando o suspense de como seria o desfecho da corrida, com a  (grande) chance de Norris sair e Interlagos com uma diferença menor para Max. 

Porém, contar com um piloto do calibre de Max Verstappen no grid e na fase que atravessa, é preciso fazer algo beirando o impossível para conseguir batê-lo. Em poucas volta, o tricampeão já estava entre os dez primeiros e estava cerca de 10 segundos de atraso para um desastrado Lando Norris que, mais uma vez, não soube aproveitar a sua posição de honra para passar quase que toda prova atrás de George Russell, seja disputando a liderança, seja pela quarta posição. Ele terminaria num melancólico sexto lugar, minando de vez a suas já bem remotas chances de, ao menos, empurrar a decisão do mundial mais pra frente. 

Max Verstappen foi o homem da tarde, e nisso não há dúvidas. Sair de uma 17ª posição e escalar bravamente o pelotão para estar na liderança no momento certo quando Franco Colapinto, o garoto de ouro da Argentina, estampou o muro da subida da Junção obrigando a bandeira vermelha, deu a ele a chance definitiva de conseguir trocar os pneus e partir para cima de um igualmente surpreendente Esteban Ocon que, assim como Max e seu companheiro de Alpine, Pierre Gasly, postergaram ao máximo a parada de box, e agora estavam com borracha nova e mantendo as posições para aquela parte final de GP. 

Verstappen não apenas assumiu a liderança com o seu já clássico "dive bomb", mas fez o favor de disparar feito um foguete na liderança e cravar incríveis dezessete voltas mais rápidas consecutivas para abrir quase 20s (para ser mais exato, 19''477s) sobre Ocon. Uma pilotagem digna dos grandes momentos que podemos vivenciar, como a de Ayrton em Donington 1993; Michael Schumacher em Spa 1995 e Barcelona 1996; Lewis em Fuji 2007 e Istanbul 2020 e do próprio Max em Interlagos 2016, quando ele mostrou as suas credenciais de forma mais visceral. E claro, aproveitando para sair de uma seca de 10 GPs sem vitória, sendo a última em Barcelona. 

Agora, para o mundial, basta a ele um segundo lugar em Las Vegas para que possa entrar no clube dos tetra-campeões. 

De resto, a corrida em Interlagos entregou tudo que se pode esperar: passando pela já história barbeiragem de Lance Stroll; o calvário de Lewis Hamilton para salvar um ponto com a Mercedes, num dos piores finais de semana dele na F1; Fernando Alonso com as costas detonadas e levando o Aston Martin até o final em respeito aos mecânicos, que tiveram um trabalho absurdo para recuperarem os carros para a prova; Yuki Tsunoda fazendo a sua melhor corrida até aqui, contando desde uma ótima qualificação (fez o terceiro tempo) e terminou o GP em sétimo e sempre combativo; as duas Alpines conquistando 33 pontos que ajudaram a alavancar a sua ascensão no Mundial de Construtores; Liam Lawson reforçando a cada prova a sua reputação de piloto extremamente barra pesada nas disputas de posições.  

Mais um GP de ótimas lembranças para quem esteve in loco ou apenas assistindo de casa.


As equipes de sinalização e resgate 

A galera do posto 6 em Interlagos, com parte das equipes de sinalização e resgate: um baita trabalho de todos em mais um GP de São Paulo
(Foto: Vanderley Soares)

Impossível não mencionar o trabalho daqueles que chegam super cedo no autódromo para estes três dias - que na verdade começam bem antes, cerca de dois meses antes com todos os treinamentos para que cheguem nos dias do evento para desempenhar o melhor trabalho possivel. 

Corridas com esse tipo de clima requer uma atenção infinitamente redobrada e o deste final de semana não foi diferente, especialmente com o domingo que foi puxado desde a chegada na madrugada, passando pelo resgate, limpeza e recolocação dos locais afetados de forma recorde. Já faz alguns anos que vemos as equipes de resgate serem bem lentas na hora de realizar a remoção do carro, limpeza e também arrumar o local acidentado em vários GPs, mas o desta corrida em São Paulo foi algo que não víamos há algum tempo e isso é louvável. Tendo trabalhado em alguns GPs do Brasil e no GP de São Paulo de 2022, é sempre bom ver essa galera trabalhando firme para manter uma fama de melhor equipe desde os anos 1970, com elogios rasgados por parte da FIA. 

Aqui deixo o meu abraço e agradecimento por mais uma grande jornada de todos, mantendo essa tradição e honrando todos aqueles que ajudaram a construir um pouco desse GP de São Paulo (e claro, do Brasil) desde 1972. 

terça-feira, 28 de março de 2023

Grandes Atuações - Ayrton Senna, Interlagos 1993

 


Costumo falar para alguns amigos meus que estiveram nas duas vitórias de Ayrton Senna em Interlagos de que eu os invejo. Não tenho invejo de nada material que a pessoa tenha conseguido, mas invejo os grandes momentos que ela viveu. Acaba sendo um sentimento de admiração por algo que é único e que não se pode reproduzir. Para quem viu ao vivo, as emoções são únicas e certamente é levado para a eternidade como um grande troféu.

A vitória de 1991 foi a premiação de algo que Ayrton procurava há anos, principalmente do momento que esteve com um carro que lhe daria todas as condições para chegar a tal. Jacarepaguá 1988 e 1989 foram situações que ele poderia ter vencido e, talvez, com folga, mas os problemas na largada e desclassificação por ter pego o carro reserva (1988) e o enrosco na largada com Gerhard Berger e Riccardo Patrese (1989) frustrou suas intenções de chegar ao topo do pódio.

A badalada volta da Fórmula 1 à uma Interlagos revitalizada em 1990, sugeria que o campeão de 1988 chegaria a essa conquista. O seu andamento na prova era soberbo, mas a falta de cuidado em dobrar o seu ex-companheiro de Lotus, Satoru Nakajima, que na época estava a serviço da Tyrrell, tirou dele não apenas o bico do Mclaren MP4/5B, como também a chance de vitória. Teve que contentar-se com o terceiro lugar e assistir seu rival Alain Prost espoucar a champanhe pela sexta vez no lugar mais mais alto do pódio de um GP do Brasil.

Toda a expectativa para que Ayrton chegasse a sua primeira tão sonhada vitória em solo brasileiro se confirmou em 1991, mas não antes de ter a sua carga de drama: inicialmente, a presença de Nigel Mansell com o Williams FW14, que mostrava naquela etapa o poder que mais tarde seria revelado, foi uma temida sombra que acabaria sendo dissipada quando "Il Leone" rodou na volta 59, no S do Senna, com o câmbio travado. Porém, o que parecia ser uma vitória tranquila, ganharia seu ar de dramaticidade com Senna ficando, também, com problemas no câmbio ficando travado na sexta marcha pelas últimas 7 voltas. A conquista viria, tornando aquela uma das mais emblemáticas conquistas do piloto brasileiro.

Com toda a evolução que foi vista pela Williams já em 1991, era de se esperar que 1992 fossem um páreo ainda mais duro, mas foram além e transformaram o FW14B numa máquina temível e assim foi, a ponto de dar a Nigel Mansell a chance de chegar ao seu único título mundo. Em Interlagos foi um passeio por parte deles e para a Mclaren, com Ayrton Senna e Gerhard Berger, um pesadelo onde a equipe não sabia o que fazer - já que levaram sete carros para aquela corrida (três MP4/6B e três novos MP4/7). O fracasso seria sacramentado pelo abandono de Berger na volta 4 e de Senna na volta 17. Algo inimaginável para aquela que foi a melhor equipe das últimas quatro temporadas.

A era de ouro da Mclaren Honda havia passado.


Ano novo... novo domínio da Williams, mas...


A presença de Alain Prost foi um fator interessante para aquele campeonato de 1993. As apostas giravam para quando francês estaria liquidando o mundial, mas a demora em se adaptar ao ao FW15 deu a impressão de que havia uma possibilidade da disputa estar presente - e de certa forma, nas primeiras corridas daquele ano, houve boas corridas que trouxeram essa falsa impressão, ou talvez, se não houvesse uma queda de rendimento da Mclaren, poderíamos ter tido? Vai saber...

Para a Mclaren também foi um início complicado com Ayrton Senna negociando a sua participação corrida a corrida, o que levantava a cada GP um suspense se o tricampeão estaria ou não no grid. Coincidentemente, houve uma caça às bruxas com Alain Prost que havia criticado fortemente a F1 no final de 1992 e agora era alvo de investigação da FISA, que chegou ameaçar o então tricampeão com uma suspensão de até quatro corridas - claramente isso foi resolvido mais tarde e Alain correu normalmente. Sem dúvida alguma, Bernie Ecclestone e FISA/ FIA não ficariam felizes em ver seus dois principais astros de fora justamente numa temporada em que a F1 conheceria o segundo piloto da história a chegar a 4 títulos mundiais.

A primeira etapa, o GP da África do Sul em Kyalami, nos brindou com um início vertiginoso onde Ayrton Senna batalhou contra Alain Prost pela liderança nas primeiras voltas. Infelizmente problemas com a suspensão ativa tirou dele a oportunidade de continuar a forçar uma briga com o francês, mas aquela voltas iniciais trouxeram uma impressão de que, caso a Mclaren pudesse desenvolver o seu MP4/8 com louvor, poderia sim desafiar o FW15 da Williams pelo restante da temporada. Alain venceu em Kyalami e Ayrton, quase 1 minuto e 20 segundos depois, terminaria na segunda posição. Mas as impressões daquela tarde em Kyalami eram esperançosas.

Com a chegada da Fórmula 1 à Interlagos essa esperança seria colocada a prova e os treinos foram um balde de água gelada nas pretensões de Senna e Mclaren - e claro, na enorme expectativa da torcida brasileira. Na primeira tomada de tempos, Alain Prost chegou a marca de 1'16"809 sendo mais de 1 segundo melhor que Damon Hill e quase dois melhor que Ayrton Senna. Uma lavada que o próprio Alain fez questão de destacar: "Acho difícil a Mclaren de Senna bater a minha marca, mas vai chegar perto". Na segunda e decisiva qualificação, Senna realmente melhorou seu tempo baixando para 1'17"697, mas Prost também baixaria seu tempo para 1'15"866, mantendo os quase dois segundos de vantagem para o brasileiro que assegurou o terceiro lugar. Em segundofl ficou Damon Hill e em quarto Michael Schumacher. Rubens Barrichello era o 14° E Christian Fittipaldi o 23°.

Ayrton Senna sabia que seria bem complicado conseguir desafiar o poder de fogo da Williams ali em Interlagos. Em entrevista para o Jornal da Tarde no final do primeiro classificatório, ele disse que "Honestamente, não esperaria poder confrontar as Williams". Porém, antes que os treinos começassem, ele ainda nutria a esperança de que a Mclaren estaria no encalço da Williams. No entanto, como já foi dito aqui, essa esperança se dissipou: "A diferença é grande, não esperava que fosse tão substancial aqui no Brasil". Ele destacaria ainda que a força do V10 da Renault e os problemas eletrônicos que o seu Mclaren enfrentava naquele momento, impossibilitaria um confronto. Ironicamente, até mesmo, para ele que era reconhecidamente o melhor em pista molhada naquele momento, uma classificação ou corrida na chuva poderia ser desastrosa: "Espero que o tempo esteja seco porque nunca andei com esse carro em piso molhado. É mais provável que tenha uma surpresa desagradável do que uma agradável. A máquina é muito complicada."

Ironicamente, isso acabaria por ser uma arma importantíssima para o que viria acontecer no domingo.


Uma tarde de festa em Interlagos




Mesmo com tudo que foi visto nos treinos livres e de qualificação, era possível acreditar em algum resultado que não fosse a vitória da Williams em Interlagos? Era quase certo que essa conquista viesse, mas sempre existe alguma situação onde o imponderável acabará mudando o curso da história.


O plano inicial de Senna era se meter no meio das duas Williams e ele aproveitou-se bem da má largada de Damon Hill para quebrar essa dobradinha inicial dos carros ingleses. Enquanto que Ayrton fazia uma bela largada, Michael Andretti se envolvia num mega acidente com Gerhard Berger - que já havia batido forte na sexta no muro da reta oposta. Para a sorte deles, foi apenas um susto.

O decorrer daquelas voltas ficava evidente que Ayrton estava andando no limite: primeiramente para não perder contato com Prost e consequentemente abrir uma vantagem decente para manter Damon Hill longe, mas isso cairia no decorrer das voltas com Alain indo embora e Hill se aproximando a ponto de superar o brasileiro na volta 11. É bem provável que naquele momento, o sentimento é de que, se havia alguma chance, esta tinha se esvaido e uma dobradinha da Williams era certeira.

O tempo sempre instável de São Paulo é algo a ser considerado, ainda mais para uma corrida de automóveis e na 18° volta algumas gotas começam aparecer justamente no momento que Ayrton Senna, lutando contra Michael Schumacher pela terceira posição, leva um Stop & Go por ter ultrapassado Eric Comas na Subida da Junção quando aquele trecho estava em bandeira amarela, proveniente do resgate ao Jordan de Rubens Barrichello que abandonara na volta 15. Senna pagou a punição na volta 24, no momento que a chuva passava a estar mais presente.

Provavelmente, se a corrida fosse feita toda em pista seca, a Williams teria a grande chance de levar com a dobradinha Prost/ Hill que estavam intocáveis, mas quando a tempestade chegou ao autódromo, o cenário mudou completamente como um passe de mágica: os acidentes de Aguri Suzuki e Ukyo Katayama, separados por pouco tempo na reta dos boxes já encharcada e com a visão limitada por conta, deixou uma verdadeira armadilha naquele ponto. Senna e Hill foram espertos em trocarem seus pneus para os de chuva, mas Alain Prost não conseguiu entender o rádio - que vinha com defeito - e passou reto para mais a frente escorregar 3 bater no Minardi de Christian Fittipaldi que estava encalhado na brita do S do Senna.


Alain Prost comentou sobre este momento para o Jornal da Tarde, relatando sobre o fato de ter dado mais uma volta no momento em que a chuva estava forte e a com reta tomada de destroços: "Meu engenheiro falou alguma coisa que não entendi. Achei que estavam me avisando que o Damon ainda estava no box. Não fiquei muito contente, mas decidi dar mais uma volta." O problema é que mais a frente é que se daria o fim de prova para o francês: "Peguei alguma sujeira, alguma coisa deixada pelo carro dele (Fittipaldi) e aquaplanei. Se o carro (Minardi) não estivesse parado ali, acho que conseguiria controlar o meu e continuar na prova." , relatou.


Com a saída de Prost e a corrida sob a intervenção do Safety Car - uma tremenda propaganda para a FIAT com o seu Tempra puxando o pelotão - o que seria dali pra frente? Um Damon Hill dando continuidade ao domínio da Williams ou um Ayrton Senna partindo para cima, vendo que a chance estava perto? Com a saída do SC, o cenário parecia ter mudado à favor de Senna com ele andando próximo de Hill, mas... aquilo devia ser apenas pelo fato da pista ter ainda alguns pontos úmidos?

O sol conseguiu secar boa parte do circuito e isso sugeria que o uso dos slicks era uma boa pedida. Senna e Schumacher foram para os boxes para colocarem estes pneus. Ayrton voltou sem problemas e Michael ficou por lá, com problemas no macaco manual. Um desaire que tira o piloto alemão de uma possível chance de vitória.


Na volta 42, uma depois que Senna havia feito a sua parada, Hill foi aos boxes para efetuar a sua parada. Feita sem nenhum problema, ele ainda voltara na frente do piloto brasileiro, mas um astuto Ayrton Senna não deu tempo para o inglês adaptar-se aos novos pneus e o ultrapassou na entrada para o Laranjinha num dos lances mais bonitos da corrida e da temporada. "A troca de pneus de chuva por slick aconteceu num momento importante. A ultrapassagem sobre o Hill também marcou. Eu vinha embalado, quando ele saía do box naquele momento. Sabia que tinha de ultrapassar naquela meia volta, se não fosse ali, não passaria mais. Eu vim no embalo, quando cheguei na curva do Laranja. Ele percebeu que eu vinha e tentou ficar por dentro para não deixar eu ultrapassar. Então vim por fora e ele veio por fora também. Aí voltei para dentro. Catimbei ele um pouco para poder ter oportunidade de passar e deu certo." relatou Ayrton ao Jornal da Tarde.


Essa manobra deu a ele a oportunidade de abrir uma vantagem de dois segundos que depois seria administrada e posteriormente aumentada, quando eles começaram a pegar tráfego. Pelas palavras do próprio Ayrton, "Em pista limpa, andando nós dois sozinhos, ele era mais rápido. Se ia passar ou não era outra coisa." Com todo este jogo tático que Ayrton impôs depois de assumir a liderança, deu a ele uma confortável diferença para Hill que chegaria a 16 segundos no final da corrida.

Essa corrida ainda seria brindada com a grande recuperação de Michael Schumacher: com os problemas no pit-stop, ele despencou de terceiro para nono e precisou usar tudo do que a sua Benetton B193A lhe oferecia para escalar o pelotão. Conseguiu e estaria em quarto na volta 65 e desta até a 68ª ele entraria num confronto com Johnny Herbert pelo terceiro lugar. Mesmo levando um X do piloto inglês no contorno da Descida do Lago, Schumacher ganharia o terceiro lugar no início da volta 69 e ainda levaria a melhor volta do GP após uma sequência de cinco voltas onde ele quebrou em sequência o próprio tempo.

Ayrton caminhava para uma tranquila conquista? Pelo que o mesmo relatou, o susto se fez presente nas últimas dez voltas: "Nas últimas dez voltas, percebi que o carro não estava bem. Aliviei mesmo um pouco pensando que o problema era motor. Falei: pronto, vai quebrar. Era só o que faltava! Vinha rezando. Eu não poderia perder a corrida por uma bobagem como essa." A pressão do óleo estava alta naquele fim de prova.


Com ele poupando o equipamento, a derradeira volta foi um desfile de Ayrton para receber a quadriculada e eclodir uma festa ainda maior do que fora em 1991. A alegria dos comissários de pista e a torcida indo a loucura no final da reta oposta, invadindo a pista a ponto de Ayrton ter que parar o Mclaren após acertar um dos torcedores. Mas a festa era tamanha que isso não intimidou o restante dos torcedores que cercaram o Mclaren para poder ficar próximo do ídolo. A imagem de Senna surgindo do meio da multidão e festejando junto a eles, é emblemática.


Sem poder voltar com a sua Mclaren para os boxes, Ayrton pegou carona com o SC e dali do final da reta oposta até chegar nos boxes, ele foi na janela saudando toda torcida e comissários que estavam espalhados pelo traçado do autódromo paulistano. Mais uma cena apoteótica para um já inesquecível dia, que ainda teria a presença de Juan Manuel Fangio para a entrega do troféu ao vencedor. Teríamos outra cena registrada para a história com Ayrton descendo do pódio para cumprimentar e abraçar o pentacampeão.

Apesar de quase todos imaginarem que uma vitória seria difícil, é claro que a esperança de acontecer algo ainda era alimentada. Talvez até contentassem com um terceiro lugar de Senna naquela prova, mas o abandono de Prost trouxe um reforço a essa esperança de que podia sim haver uma vitória. A fabulosa ultrapassagem de Senna sobre Hill e o seu ritmo diabólico para poder abrir o que podia sobre o inglês, foi a certeza de que ela viria. E veio. Foi a melhor forma de brindar um público que saiu extasiado com o que vira naquela tarde.

Ayrton Senna ainda brindaria a todos com outras vitórias naquele ano, mas essa em Interlagos tornou-se um dos grandes clássicos da gloriosa carreira do piloto brasileiro. E claro, para aqueles que estiveram in loco e também para os que estavam em casa, como este que vos escreve.


quinta-feira, 17 de novembro de 2022

GP de São Paulo - Redescobrindo a energia de Interlagos

 

George e Lewis festejando com a galera em Interlagos: a energia caótica de sempre
(Foto: F1 Twitter)

A última vez que eu havia pisado os pés em Interlagos em um dia de Fórmula-1, foi no histórico GP de 2008 que ficou marcado pela fabulosa decisão entre Felipe Massa e Lewis Hamilton que acabou pendendo para o britânico nos metros finais daquela corrida. 

De lá para cá, Lewis elevou a conta para incríveis sete títulos; Felipe Massa, Rubens Barrichello, Nelson Angelo Piquet, Lucas Di Grassi, Bruno Senna e Felipe Nasr encerraram as sua participações na categoria; Jenson Button e Nico Rosberg conquistaram seus campeonatos; Sebastian Vettel varreu os campeonatos de 2010 à 2013; Max Verstappen tornou-se campeão mundial. Enfim, muita coisa mudou neste meus 14 anos de ausência. 

No entanto, foi bom ver o nosso autódromo novamente efervescente em dias de Fórmula-1 sem ter um piloto brasileiro no grid, mas tendo adotado Lewis como um filho nosso após a apoteótica conquista de 2021 que teve como momento maior ele empunhando a bandeira brasileira num gesto que tão bem conhecemos. Para quem não tinha visto, foi um máximo. Para nós, os saudosistas, foi um resgate momentâneo de uma das grandes imagens que guardamos com carinho de um era onde "Éramos Reis". 

Mas a sina principal dessa senhora pista de 82 anos tem sido de proporcionar a todos momentos espetaculares e que ficaram cravados nas nossas retinas, como se fosse um grande filme digno de recorde de bilheteria. 

O melhor de tudo, nessa saga que tem sido nos últimos anos, é que Interlagos passou a ter o poder de decidir quem deve ganhar a corrida, assim como seus co-irmãos mais velhos como o Indianápolis Motor Speedway, Autodromo Nazionale de Monza, Le Mans e por aí vai. A cada ano que passa fica claro que aqui é um lugar perfeito para que voltasse a encerrar o campeonato.

Lugares assim são mágicos e a velha Interlagos de guerra tem feito para entregar aos fãs e pilotos a melhor experiência possivel. 

Magia pura. Só isso!


Russell, o dono das tardes em Interlagos

Um final de semana dos sonhos para o jovem inglês
(Foto: Mercedes Twitter)

O mais interessante de tudo é que George Russell marcou presença nos três momentos cruciais deste 2º GP de São Paulo: a sua escapada na freada no final da Reta Oposta, quando encontrou uma pista bem escorregadia por conta da chuva que estava bem mais forte, decidiu as coisas à favor de Kevin Magnussen para que o dinamarquês conseguisse largar da pole na corrida Sprint. 

Na Sprint - que relatada aqui por este que vos escreve - Max e George superaram Magnussen ainda nas primeiras voltas e o piloto britânico não deixou o bicampeão escapar em nenhum momento, mostrando uma incomum combatividade até conseguir ultrapassar Verstappen e despachar o piloto da Red Bull para uma vitória convincente numa bela tarde de sol em Interlagos.

O domingo prometia uma disputa até interessante: será que a Red Bull, que havia tido um desempenho abaixo do esperado, reagiria? As respostas começaram a ser respondidas com a ótima largada de George Russell seguido por Hamilton e logo em seguida Max. O acidente entre Daniel Ricciardo e Kevin Magnussen no Pinheirinho forçou a entrada do SC e após a relargada foi a vez de Lewis e Max reviverem a rivalidade de 2021 com um entrevero que custaria 5 segundos para Verstappen e futuramente uma chance de vitória de Hamilton, com os dois caindo na classificação. 

Para George restou apenas manter-se a frente e controlar algum avanço que Sergio Perez pudesse fazer. Num ritmo impecável e com a corrida na mão, ele apenas administrou a diferença que o separava de Hamilton - que fez uma belíssima recuperação - para conseguir uma emocionante primeira vitória na F1 e também da Mercedes nesta temporada, que aparentava ser desastrosa por conta do temperamental W13. 

"À minha família, meus amigos, meus companheiros de equipe e a todos que estiveram nesta jornada, obrigado. Não consigo colocar em palavras o quanto o seu apoio significa para mim e o quanto foi um esforço conjunto. Essa vitória é tanto sua quanto minha. Fizemos isso, juntos. Estou tão orgulhoso de todos vocês.". A fala de George, publicada em seu Twitter, expressa o que há de melhor quando alguém chega no seu objetivo, que é agradecer a todos que possibilitaram chegar neste momento."

Russell tornou-se o sexto piloto a vencer pela Mercedes na F1 (juntando-se a Juan Manuel Fangio, Stirling Moss, Nico Rosberg, Lewis Hamilton e Valtteri Bottas) e o quarto britânico a vencer pela marca alemã em provas de monoposto junto de Richard Seaman, Stirling Moss e Lewis Hamilton.


Os demais...



Lewis Hamilton era um dos que poderiam ter desafiado George naquela tarde de tempo instável em Interlagos, não fosse o enrosco com Max Verstappen logo após a relargada: uma dividida na segunda perna do S do Senna causou alguns estragos para os dois rivais, os jogando para o meio do pelotão. Se para Lewis custou a chance de disputar a vitória, para Max foram cinco segundos ganhos como punição pelo enrosco. Foi o revival dos inúmeros enroscos que estes dois proporcionaram na eletrizante batalha de 2021.

Com uma escalada entremeada pelas paradas de boxe, Hamilton ficou oscilando entre 1,5 a 2 segundos de George sem nunca ter a chance de entrar na zona de detecção do DRS e nem mesmo o uso de asa de menor arrasto, que lhe proporcionava 5km/h a mais que Russell, deu condições para tentar a manobra - já que seu companheiro de Mercedes usava uma asa com maior carga que o ajudava na parte sinuosa de Interlagos. Lewis acabou em segundo, testemunhando a conquista de seu pupilo pela segunda vez naquele final de semana.

Max Verstappen, como já dito antes, não teve o melhor final de semana que todos pensavam. Mesmo se recuperando a fórceps, ainda teve uma rusga das grandes com seu companheiro Sérgio Perez por conta da ultrapassagem que fizera sobre ele já na parte final da corrida. Para o mexicano, que teve uma atuação bem abaixo nas duas provas, a não devolução da posição acabou custando pontos que poderiam ter lhe ajudado na disputa pelo vice contra Charles Leclerc e isso causou um tremendo mal estar na Red Bull. Com a devida rapidez, os panos quentes foram colocados e logo saíram as notícias de que Verstappen faria o que fosse possível para ajudar Perez a chegar ao segundo lugar do campeonato em Abu Dhabi. Porém, sabe-se lá o que vai acontecer no enjoado circuito de Yas Marina...

Falando em rusgas, o clima na Alpine não foi dos mais agradaveis após o toque entre Alonso e Ocon em plena reta dos boxes quando o espanhol tentou passar pelo francês durante a prova Sprint, o jogando para o fim do pelotão. De qualquer forma, foi interessante ver o bicampeão remar da 17ª posição e conquistar um impressionante quinto lugar nos brindando com um ritmo de prova alucinante. Aí sempre ficará a boa e velha pergunta: o que seria dele com um carro competitivo ali entre as três grandes.

Charles Leclerc foi um dos que sofreram com toques na corrida quando se enroscou com Lando Norris no contorno do Laranjinha, ao ser jogado contra a barreira de pneus. Por sorte o Ferrari saiu inteiro e ele pôde voltar para, também, escalar o pelotão e chegar num ótimo quarto lugar. Vai para Abu Dhabi empatado com Sergio Perez em 290 pontos na luta pelo vice-campeonato.

Assim como tem sido corriqueiro, Interlagos entregou o que tem de melhor para seus fãs: emoções em doses bem generosas.

A velha Interlagos de sempre nunca decepciona.

domingo, 14 de novembro de 2021

GP de São Paulo - It's a Kind of Magic

 

Lewis Hamilton festejando sua vitória em Interlagos com a bandeira do Brasil
(Foto: Mercedes AMG/ Twitter)

Já devo ter escrito em alguma oportunidade que Interlagos tem uma atmosfera única. É algo que chega beirar a magia quando uma corrida grande se avizinha. Ainda me lembro de quando pisei os pés no Autódromo José Carlos Pace pela primeira vez e por mais que tenha sido um evento pequeno, consegui assimilar bem o significado daquele complexo para o motorsport. E essa impressão foi confirmada no decorrer dos anos em que entrei para trabalhar como comissário de pista: seja uma corrida de regional, uma etapa de Campeonato Brasileiro, um Mundial de Endurance ou a gloriosa Fórmula-1, o nosso autódromo velho de guerra ganha uma forma única que desperta em todos uma sensação de fazermos, de fato, parte de todo espetáculo. E Lewis Hamilton contribuiu com doses cavalares para que mais esta história fosse impressionantemente especial. 

Se olharmos o desempenho de Hamilton desde a formação do grid para a Sprint Race, não era de duvidar que o inglês vencesse a pequena prova com os pés nas costas: sua volta havia sido quase meio segundo melhor que a de Max Verstappen e com a adição de que esta foi feita com os três setores roxos - isso sem contar com o amplo domínio nas três partes do treino. A festa que foi feita após a obtenção dessa primeira posição acabou sendo ofuscada com a irregularidade no DRS - que acabou sendo descoberta por acaso, uma vez que o foco era na flexibilidade da asa traseira, uma vez que Adrian Newey e outro representante da Red Bull levaram alguns papéis para os comissários técnicos indicando que a asa traseira de Lewis se curvaria quando o chegasse aos 260km/h. Mas a procura pela tal flexibilidade acabou abrindo caminho para acharem a irregularidade no DRS que abria além dos 85mm regulamentares. Isso poderia causar uma desqualificação de Hamilton, o que o jogaria para o fundo do grid da Sprint Race. Conclusão: após quase 24 horas, e com o adendo de Max Verstappen ter também ter sido chamado pelos comissários para se explicar por ter tocado na famigerada asa traseira do Mercedes de Lewis, o inglês foi punido e precisou largar em último. Algo que poderia ser bem catastrófico em outras situações, já que ele também iria perder cinco posições pela troca do motor a combustão. 

A tarde fria do sábado paulistano viu um Lewis Hamilton aproveitar-se integralmente de sua superioridade mecânica para escalar o pelotão de forma insana e brindar seus fãs com uma grande pilotagem: ele acabara de sair de 20º para 5º em 24 voltas para anular uma desvantagem que poderia colocá-lo numa situação um pouco mais dificil para o domingo. Como bem dito, ele perderia a cinco posições e agora saíria em 10º na corrida. Cinquenta por cento do caminho havia sido salvo. 

Com a prova tendo a sua largada duas horas e meia adiantada em relação ao que foi a Sprint Race, esta começou com sol e isso poderia indicar uma certa dificuldade, mas as coisas foram bem diferentes: mais uma vez Lewis resolveu seus problemas na largada e em poucas voltas já estava em terceiro para iniciar uma batalha contra as Red Bull. A sua disputa contra Sergio Perez, após duas intervenções de Safety Car e Virtual Safety Car por conta de detritos no S do Senna, foi animada: foram três lances, sendo que ele passou por Perez por fora no S do Senna e depois tomou o troco no final da reta oposta e da mesma forma. Oras, Sergio Perez seria páreo para Lewis e agora ajudaria seu colega Max Verstappen? A destreza de Hamilton foi brilhante e ele acabaria por passar Sergio poucas voltas depois com manobra idêntica no S do Senna, mas desta vez tracionando melhor e abrindo uma distância considerável para que o mexicano não tivesse chance de revidar na reta oposta. Mas buscar Max Verstappen, que já levava quatro segundos não seria tão fácil...

As paradas de box, onde os dois principais rivais pelo título colocaram pneus duros, deixou Hamilton mais próximo de Verstappen e essa caçada chegou ao seu primeiro ponto alto quando o heptacampeão tentou a ultrapassagem e foi rechaçado por Max, num movimento onde os dois saíram para área de escape da descida do lago - isso gerou algumas rusgas com entre a Mercedes e a direção de prova, mas nada foi tomado. Após a segunda parada de box, onde os dois colocaram novo jogo de pneus duros, Lewis voltou mais forte e após uma série de tentativas e ameaças, o inglês conseguiu assumir a liderança na reta oposta e partiu para construir uma confortável diferença de dez segundos sobre Verstappen para vencer uma corrida que parecia perdida após todos os imbróglios. 

A conquista de Hamilton hoje em Interlagos foi grande e isso foi ainda mais imponente - não apenas por tudo que aconteceu de sexta para sábado e pela sua enorme atuação na Sprint Race - por conta de disputas tão duras com Max Verstappen que vendeu caríssimo a primeira posição - e claro, tivemos Sergio Perez que também foi duro e leal no seu breve duelo com Lewis. Temos que destacar que Lewis e Max estão elevando um ao outro a patamares mais altos nessa eletrizante disputa. E hoje foi mais um capitulo disso, que agora reduz para 14 pontos. 

Mas não podia deixar de lado a imagem que levou uma galera a se emocionar imensamente quando Hamilton pegou a bandeira brasileira de um comissário no Bico de Pato e desfilou com ela até chegar aos boxes, arrancando lágrimas e trazendo lembranças de conquistas de seu ídolo maior Ayrton Senna - e nem mesmo a chamada por ter feito o restante da volta sem o cinto de segurança, que lhe rendeu multa de 5 mil Euros, ofuscou toda essa apoteótica conquista. 

E mais uma vez Interlagos entregando um final de semana mágico, seja como Grande Prêmio do Brasil, seja como Grande Prêmio de São Paulo. 

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Foto 906: Michael Schumacher, Interlagos 1992

 

(Foto: Professional Sport)


Michael Schumacher gastando a borracha do Benetton Ford na freada para o S do Senna, durante o GP do Brasil de 1992. Logo atrás Jean Alesi que terminou em quarto, mas durante a prova teve um enrosco com o Benetton de Martin Brundle na volta 31 que acabou forçando o abandono do inglês logo em seguida.
O piloto alemão travou uma boa disputa com Ayrton Senna pela terceira posição durante as primeiras 13 voltas, quando o brasileiro abandonou a corrida para selar um final de semana desastroso da McLaren que estreava no novo MP4/7 que ainda tinha uma série de problemas - tanto que Gerhard Berger teve problemas já no grid de largada, o que obrigou o austríaco sair do fundo e abandonar na volta 4. A McLaren levou sete carros para este GP, sendo três deles a versão B do MP4/6.
Michael Schumacher fechou em terceiro com uma volta de atraso para a dupla da Williams, que teve em Nigel Mansell o vencedor e Ricardo Patrese em segundo.
O GP do Brasil de 1992 completa exatos 29 anos hoje.

quarta-feira, 24 de março de 2021

terça-feira, 12 de maio de 2020

Foto 865: Quando Fangio venceu em Interlagos

Cartaz de chamada para a corrida inaugural do Autódromo de Interlagos em 12 de maio de 1940

O grande expoente das corridas nacionais da metade dos anos 30 até certa parte dos anos 50, foram as corridas no Circuito da Gávea onde os pilotos nacionais enfrentaram os melhores do mundo por parte dos anos 30 e dando continuidade assim que a Segunda Guerra Mundial cessou. Foram anos importantes onde carros e pilotos, especialmente europeus, apareceram e ajudaram a enriquecer o nosso automobilismo nacional. Principalmente os carros, que eram trazidos aqui para o país, utilizados nas corridas e alguns eram vendidos para os pilotos locais que os usavam em outras provas  – a única coisa que implicava eram as manutenções e isso ficava evidente quando se confrontavam com carros mais modernos.  Enquanto que o Grande Prêmio do Rio de Janeiro se consolidava como um dos maiores eventos automobilísticos da América do Sul, outra prova acontecia no estado vizinho e que também teria a sua importância: criado três anos após a corrida da Gávea (realizado pela primeira vez em 1933), o GP Cidade de São Paulo também ajudou a fortalecer os alicerces do automobilismo nacional e em 1940 fez parte do cronograma de inauguração do então novo autódromo brasileiro, situado no bairro de Interlagos na zona sul de São Paulo. O 3º GP Cidade de São Paulo foi realizado no dia 12 de maio e contou com a presença de trinta carros e foi vencido por Nascimento Júnior pilotando um Alfa Romeo após 25 voltas. Quando as competições foram retomadas na segunda metade o autódromo de Interlagos teve duas corridas intituladas como “Circuito Internacional de Interlagos” realizadas entre os anos de 1947 e 1948 e foram vencidas por Achille Varzi pilotando Alfa Romeo nas duas ocasiões – modelo 8C-308 em 1947 e em 1946 um modelo 12C-37.

O GP Cidade de São Paulo teve uma nova edição em 1949 e contou com alguns dos melhores pilotos que competiam na Europa naquele momento: Giuseppe Farina, Alberto Ascari, Luigi Villoresi, Juan Manuel Fangio, Principe Bira e Reg Parnell – por conta de alguns infortúnios, Bira, Parnell e Fangio não vieram. Com diferença de performance em relação aos carros mais modernos, os que estavam sob posse dos pilotos brasileiros pouco podiam oferecer a eles as chances de duelarem contra os três italianos presentes. A corrida acabou sendo vencida por Luigi Villoresi após um breve duelo contra Giuseppe Farina, que abandonara a corrida após uma roda soltar de seu Ferrari 2000. Alberto Ascari também abandonou por problemas mecânicos – ele e Villoresi utilizaram os Maserati 1500. Francisco Marques foi o brasileiro melhor colocado ao terminar em segundo com um Maserati 1500, seguido pelo português Antonio Fernandes da Silva que também pilotava um Maserati 1500. Chico Landi, que largou em terceiro, enfrentou uma série de problemas com sua Maserati 1500 e chegou a desistir da prova, mas retornou após que o piloto Francisco Credentino cedeu seu Maserati 3000 para que Chico voltasse para a corrida. Francisco, na ocasião, ocupava a sexta colocação e Chico conseguiu terminar a prova em quinto.

Um Campeão Mundial em Interlagos


Juan Manuel Fangio vencendo o GP Cidade de São de 1952
(Foto: jmfangio.org)

No inicio de 1952 o Automóvel Clube do Brasil fez uma série de três provas em janeiro/ fevereiro daquele ano e atraiu atenção dos grandes pilotos daquela época. Com provas disputadas em São Paulo e Rio de Janeiro, foi uma boa oportunidade para que o público pudesse acompanhar os grandes ases daquele momento: em São Paulo o GP que levava o nome da cidade foi disputado em 13 de janeiro no Autódromo de Interlagos; o famoso GP do Rio de Janeiro em 20 do mesmo mês e o GP da Quinta da Boa Vista, realizado em 2 de fevereiro. Para as três provas disputadas, Juan Manuel Fangio – o então novo campeão do mundo de 1951 do ainda jovem Campeonato Mundial de Fórmula 1 – e Jose Froilan Gonzalez  - outra estrela emergente do automobilismo argentino e responsável pela primeira conquista da Ferrari na Fórmula 1 – pilotaram dois Ferrari 166FL (inscritos pelo Automóvel Clube da Argentina) enquanto que Felice Bonetto e Nello Pagani usaram dois Maserati A6GCS da equipe oficial de Alfieri Maserati.

Para o GP Cidade de São Paulo, além dos quatro estrangeiros, alguns dos principais nomes do automobilismo nacional estavam presentes: Chico Landi pilotou um Ferrari 125C; Annuar de Goes Daquer, Francisco Marques, Benedito Lopes e Francisco Credentino utilizaram modelos da Maserati.
(Foto: Eduardo Marques)
Gino Bianco e Godofredo Viana participaram da prova, mas não foi possível saber quais carros estavam utilizando naquele dia.
A pole foi marcada por Fangio, seguido por Gino Bianco, Chico Landi e Froilan Gonzalez na primeira fila; a segunda foi de Credentino, Marques e Pagani; a terceira por conta de Lopes, Bonetto e Viana; Daquer abriu a ultima fila.

Apesar da presença de Gino Bianco e Chico Landi, dois dos melhores pilotos brasileiros naquela ocasião na primeira fila, nem mesmo a grande experiência deles naquele circuito de Interlagos foi páreo para o duo argentino que iniciou a prova a toda, transformando aquela prova da Cidade de São Paulo num duelo particular entre “Hermanos”: Fangio e Gonzalez se destacaram na alternância da liderança até a décima volta, quando Fangio assumiu de vez o posto a partir do momento em que Gonzalez teve problemas de cambio. Naquela altura, Chico Landi já havia parado nos boxes por problemas na bomba de combustível, o que atrasou imensamente o piloto brasileiro. Gino Bianco, sem conseguir interferir na disputa argentina, se manteve em terceiro até que foi forçado abandonar com problemas de motor.
O caminho parecia fácil para Fangio vencer em Interlagos se não fosse  aparição de um piloto luso brasileiro: Francisco Marques assumiu o segundo lugar assim que Gonzalez teve problemas – antes disso, havia rodado as primeiras voltas em quarto e com o problema de Bianco foi para terceiro e logo depois para segundo – e passou a andar próximo dos tempos de Fangio. O campeão do mundo parou na volta 18 para troca de pneus, deixando caminho aberto para Marques assumir a liderança com Gonzalez logo em segundo. Na volta seguinte é a vez de Francisco parar e conseguir voltar à frente de Fangio e o duelo pela primeira posição foi o ponto alto entre os dois. Mas Fangio aproveitou-se do melhor equipamento para passar Marques e vencer o GP Cidade de São Paulo em Interlagos, iniciando o ano de 1952 da melhor forma possível. Marques terminou com 11 segundos de desvantagem para Fangio e mais de dois minutos de vantagem para Gonzalez, o terceiro.

O desempenho de Francisco Marques frente a Juan Manuel Fangio fez o argentino elogiar o desempenho do luso brasileiro ao falar que Ganhei uma corrida muito difícil, principalmente porque encontrei um grande piloto de classe em Francisco Marques”. 

As outras duas corridas do Automóvel Clube do Brasil foram vencidas pelos dois pilotos argentinos: Fangio abandonou na Gávea, onde Gonzalez foi o vencedor – com Chico Landi em segundo – e Juan Manuel ganhou na Quinta da Boa Vista após grande duelo com Landi, que terminou quatro segundos atrás do argentino.

Fangio retorna cinco anos depois... e vence

A Ferrari de Celso Lara Barberis, com o Maserati de Chico Landi ao meio e o Maserati de Juan Manuel Fangio do outro lado

Após aqueles eventos de 1952, o automobilismo progrediu tanto no exterior quanto aqui no Brasil: para o automobilismo nacional a crescente da comunidade da Rocinha por onde passava boa parte do trecho do circuito que fazia parte do Circuito da Gávea – também apelidado de “Trampolin do Diabo” – acabou inviabilizando a realização do já tradicional Grande Prêmio do Rio de Janeiro, que teve a sua última edição em 1954 e foi vencida por Emmanuel de Graffenried com Maserati. No entanto, provas como os 500Km de Interlagos e as Mil Milhas Brasileiras – esta livremente inspirada na Mille Miglia italiana e idealizada por Wilson Fittipaldi e Eloi Gogliano – alcançaram sucesso e ajudariam a enriquecer a nossa história automobilística, especialmente as Mil Milhas, que passou a ser a grande corrida do calendário brasileiro por muitos anos e teve a primeira edição em 1956 com a vitória de Breno Fornari e Catarino Andreatha. A implantação da indústria automobilística aqui no país a partir de 1956, foi outro fator que seria amplamente importante para o sucesso das corridas aqui nos anos 60.
Enquanto que o esporte a motor no Brasil progredia, Juan Manuel Fangio tornava-se um dos maiores da história do automobilismo mundial e especialmente da Fórmula-1, onde colecionou um bom número de vitórias que culminaram em quatro títulos mundiais que junto do mundial conquistado em
O Maserati 300S #4 chassi nº3069 de Fangio: foi a leilão em Peable Bech
em 2017
1951 deu a ele a condição de Penta Campeão Mundial de Fórmula-1, tal recorde que ficaria imaculado por cinco décadas. Ao final de 1957 ele disputou duas corridas em território brasileiro, todos com o Maserati 300S em São Paulo e Rio de Janeiro.

Em dezembro de 1957, o “El Penta” voltou a competir no circuito de Interlagos onde foi realizado mais uma edição do Grande Prêmio Cidade de São Paulo que desta vez foi destinado a carros Sport. A corrida contou com 12 participantes que foram praticamente divididos entre Ferraris e Maseratis e apenas um piloto com estranha alcunha de “Radium” que competiu com um Porsche 1500. Pelo lado dos Maserati, Fangio alinhou com um modelo 300s assim como Chico Landi e a dupla formada por Luigi Munaron/ Mario Valentin que correram com um Maserati de 3000cc. Com Ferrari apareceram Henrique Casini, Godofredo Viana/ Armando Zampiero, Corrado Manfredini/ Severino Silva, Celso Lara Barberis, Ico Ferreira e Cícero da Costa Bittencourt.

Tanto os treinos quanto a corrida foram parcas em emoções e bem diferente do que fora a sua participação em 1952, quando duelou primeiramente com Jose Froilan Gonzalez e depois com Francisco Marques pela vitória, a conquista desta edição de 1957 do GP Cidade de São Paulo foi das mais fáceis. Fangio marcou a pole, fez a melhor volta e venceu seguido por Henrique Casini e Chico Landi.

Na semana seguinte Fangio disputou o Grande Prêmio do Rio de Janeiro no circuito onde era realizada a corrida da Quinta da Boa Vista. Com um grid ainda mais magro do que o de São Paulo (neste do Rio contou com apenas oito participantes) o piloto argentino venceu sem maiores dificuldades – apesar de ter sido punido com acréscimo de 60 segundos devido a queima de largada – tirou de letra para ganhar mais essa.

Juan Manuel Fangio encerrou a sua carreira como piloto na metade de 1958, mas continuou por décadas aparecendo em vários eventos automobilísticos. Em Interlagos ele apareceu em outras ocasiões, especialmente em uma, quando entregou o troféu de vencedor para Ayrton Senna no Grande Prêmio do Brasil de 1993, onde recebeu grande abraço do tricampeão.
Apesar de ter passado uma parte de sua carreira na Europa, ainda sobrou um espaço para o grande piloto escrever por duas vezes o seu nome na extensa lista de vencedores que ganharam corridas no bom e velho Autódromo de Interlagos que chega aos seus bem vividos 80 anos de existência.
Ayrton Senna, Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher em Interlagos 1993

quarta-feira, 25 de março de 2020

Foto 849: GP do Brasil, Interlagos 1990


"Com um circuito totalmente remodelado, tendo saído dos seus originais 7.960 metros para 4.325 metros, a Fórmula-1 voltava a Interlagos após um intervalo de dez anos. Ayrton Senna, para delírio da torcida, marcou a pole e Berger fechou a primeira fila para a McLaren. As outras duas filas seriam de “gêmeos”: Thierry Boutsen e Ricardo Patrese conquistaram a segunda fila para a Williams, enquanto que Mansell e Prost fecharam a terceira para a Ferrari. Nelson Piquet, já sentindo o carro antigo da Benetton não dava combate aos mais evoluídos, marcou o 13º tempo – Nannini também não passou da 15ª posição, confirmando a baixa performance do antigo B189. Os outros brasileiros não tiveram grande sorte: enquanto que Moreno ficou nas pré-qualificações, Gugelmin – e igualmente Capelli – fez o que pôde, mas acabou ficando de fora da corrida ao marcar o 30º tempo.
Com uma largada segura e precisa, Ayrton parecia estar rumo a sua primeira vitória em solo brasileiro, mas um erro de tempo entre ele e Nakajima pôs tudo a perder quando o brasileiro tentou pôr uma volta no piloto da Tyrrell no Bico de Pato. O toque entre eles acabou quebrando o bico do McLaren, forçando uma ida de Senna aos boxes e automaticamente abrir mão da vitória. Melhor para Prost, que até então não tinha mais hipóteses de vitória e com um presente deste caindo em seu colo – vindo de seu maior rival e dentro da casa deste – era apenas levar o carro tranquilamente até a bandeira – se bem que dores em um dos pés e um barulho estranho o fez abrandar o ritmo, mas não o suficiente para Berger alcançá-lo. O austríaco ficou em segundo, com Senna – que marcou a melhor volta após a sua parada forçada – em terceiro, Mansell em quarto, Boutsen – que teve até chances de vencer, se não fosse problema de freios que ocasionaram um incidente nos boxes forçando uma troca do bico do Williams que o jogaram de segundo para 11º - em quinto e Piquet – que também fizera ótima prova de recuperação – em sexto."

Hoje completa trinta anos do retorno da Fórmula 1 para Interlagos, que recebera a categoria pela última vez em 1980

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Mil Milhas do Brasil - Retomada

(Foto: Claudio Kolodziej)

O retorno de uma grande corrida é sempre marcado com enorme expectativa e não foi diferente com essa edição de 2020 das Mil Milhas do Brasil. Porém o que se viu pelas redes sociais e comentários in loco, foi do grid de apenas 12 carros para esta etapa. Existe um ar de saudosismo sobre a corrida e não há nada de errado disso, muito pelo contrário, é até interessante que exista isso, pois mantém o evento criado pelo Barão Wilson Fittipaldi e Eloi Gogliano no distante ano de 1956 ainda em voga. Mas temos que admitir que, uma corrida desse porte não pode ficar por tanto tempo engavetada como se fosse um objeto apenas de culto, cujo passado foi glorioso e serviu para ajudar a indústria automobilística desse pais a crescer e junto de outras grandes corridas, como os 500km de Interlagos, 12 Horas de Tarumã e 1000km de Brasilia, eram – na visão deste que vos escreve –  as jóias do automobilismo nacional. Hoje ainda temos as 12 Horas de Tarumã e 500Km de Interlagos acontecendo todo ano, mas infelizmente os 1000Km de Brasília está esquecido pelo simples fato do circuito de Brasilia ainda estar em ruinas, marcando mais um capítulo triste do nosso automobilismo brasileiro. No entanto as Mil Milhas, que teve a sua última edição realizada em 2008, foi resgatada.
Apesar de entender a frustração de muitos com o grid magro a corrida teve, precisamos exaltar o grande trabalho da Elione Queiroz e sua equipe que estiveram engajados ao máximo desde o inicio do ano passado para que esta edição acontecesse. É claro que aqueles grids gigantes que povoam as lembranças dos mais experientes que viveram a grande fase de ouro da competição acabe fazendo com que torçam o nariz para o pequeno grid, mas o que precisa ser dito é que o primeiro passo de uma corrida que não era feita desde 2008 foi dado e as coisas podem ser ainda melhores para 2021. O fato de ter uma largada noturna, algo que não acontecia desde 2005, foi um ponto importante para o resgate de uma prática que foi o grande “carro chefe” desde a primeira edição.  Isso sem contar na ótima organização do evento num todo.
A corrida em si foi boa, diga-se. Mesmo que houvesse o risco de quebras, o que é totalmente compreensível numa corrida de longa duração como esta, os doze carros partiram para a disputa quando bateu a meia noite de sábado para domingo e infelizmente o protótipo MCR Tubarão (Mauro Kern/ Paulo Sousa/ Tiel Andrade) – que foi o pole – teve problemas com a temperatura do óleo e acabou abandonando a corrida prematuramente, com apenas 40 minutos de atividade.  Restou ao Ginetta G55 (Esio Vichiese/ Renan Guerra/ Oliver Turvey) e  Mercedes AMG GT4 (Leandro Ferrari/ Flavio Abrunhoza/ Marcelo Brisac/ Renato Braga) duelarem por quase toda a madrugada pela liderança da corrida. Infelizmente problemas de freios e com os pneus acabaram tirando o quarteto do Mercedes #20 da briga pela vitória, terminando em segundo. Para o Ginetta #16 a prova foi feita com carga total do carro, não aliviando o ritmo em quase todo certame, devido o duelo com o Mercedes que se estendeu até a nona hora quando o quarteto do carro #20 teve os problemas já citados. O único susto para o trio do Ginetta foi o principio de incêndio numa das paradas quando o dia já estava claro, e que foi logo controlado. Como bem disseram numa das postagens do Ginetta Racing Team Brasil no Instagram “o que era para ser um teste da máquina, valeu super a pena...” e de fato o G55 aguentou bem o tranco para vencer a prova em 11 horas e 01 minuto, entrando para o panteão de carros gringos que já venceram a clássica brasileira. A terceira colocação ficou para o protótipo MRX Honda #56 que foi conduzido pelo quarteto formado por Gustavo Simon/ Rafael Simon/ Rafael Cardoso/ Sérgio Cardoso – e que também venceram na categoria P3.

Por mais que a corrida não tenha sido aquela imaginada, ao não contar com os grandes nomes do automobilismo brasileiro e também a cooperação de tantos que bradavam pelo retorno da Mil Milhas, o evento foi realizado. A palavra Coragem tem sido usada por todos os cantos e com  justiça, pois mesmo com estes percalços a prova esta de volta e já com data confirmada para a sua realização em 2021, no dia 25 de Janeiro fazendo parte das comemorações do aniversário da Cidade de São Paulo.


Resultado Final
Mil Milhas do Brasil 2020
Dias 13, 14, 15 e 16 de Fevereiro
Autódromo de Interlagos



1º - Esio Vichiese, Renan Guerra e Stuart Turvey (Ginetta G55) - 360 voltas em 11h01min00s312

2º - Leandro Ferrari, Flávio Abrunhoza, Marcelo Brisac e Renato Braga (Mercedes AMG GT4) - a 5 voltas

3º - Gustavo Simon, Rafael Simon, Rafael Cardoso e Sérgio Cardoso (MRX) - a 51 voltas

4º - José Vilela, Pipa Cardoso e Tinoco Soares (Spyder) - a 
107 voltas

5º - Ciro Paciello, Álvaro Vilhena e Evandro Camargo (Omega) - a 125 voltas

6º - Marcelo Servidone, Luiz Finotti e Jorge Machado (Tubarão) - a 168 voltas

7º - Ney Faustini, Ney de Sá e Marcos Philippi (Cobalt) - a 183 voltas

8º - Sérgio Martinez, Eduardo Pimenta e Luiz Oliveira (Spyder) - a 247 voltas

9º - Ricardo Rodrigues, Marcos Cassoli, Valter Barajas (Astra) - a 325 voltas

10º - Carlos Antunes, Yuri Antunes, Mauro Auricchio e Lucas Marotta (MRX) - a 332 voltas

11º - Edras Soares, Juarez Soares e Leandro de Almeida (Vectra) - a 336 voltas

12º - Mauro Kern, Paulo Sousa e Tiel de Andrade (MCR Tubarão) - a 337 voltas

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Foto 820: Dia de Gênios



Dois dos grandes pilotos do último século.
A.J. Foyt e o Coyote Ford chegando no Victory Lane após a sua quarta e última vitória na Indy 500 de 1977, então recorde que seria igualado por Al Unser Snr. e Rick Mears no decorrer das próximas décadas.
Na outra foto, Luis Pereira Bueno no Surtees Ford Cosworth durante o GP do Brasil de 1973 disputado em Interlagos. Na ocasião ele terminou na 12a posição, quatro voltas atrás de Emerson Fittipaldi então vencedor daquele primeiro GP da Fórmula 1 aqui no país.
Foyt e Bueno nasceram no dia 16 de janeiro: enquanto o americano nasceu em 1935, o brasileiro veio ao mundo em 1937.
A.J completa hoje 85 anos e Luis Pereira Bueno completaria 83 anos.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...