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Hamilton e Bottas lado a lado em Baku: foi o melhor momento da corrida, ainda na largada. |
É interessante chegar nessa fase do campeonato e observar,
com a ótica que maior parte observava após os testes de Barcelona, o quanto que
o panorama mudou de forma drástica. Enquanto que havia uma esperança de que a
Ferrari pudesse igualar e até mesmo passar a Mercedes, a equipe alemã trabalhou
quieta nos testes e quando chegou em Melbourne a lavada foi enorme sobre uma
Ferrari que não se encontrou ritmo em momento algum. Apesar de um breve lampejo
por parte de Charles Leclerc em Sakhir, onde quase venceu, a Ferrari voltou a
patinar na China e ontem em Baku, na realização da quarta etapa do mundial.
Enquanto que a Ferrari continua sem achar aquele ritmo avassalador de
Barcelona, a Mercedes vai reescrevendo os recordes: se na China eles chegaram a
terceira dobradinha consecutiva – igualando a marca da Williams de 1992 – ontem
acabaram por estabelecer o novo recorde ao chegarem a quatro dobradinhas,
divididas em duas vitorias para Lewis e Bottas.
O piloto finlandês esteve em grande forma mais uma vez,
repetindo a performance de Melbourne e agora com a vantagem de ter largado da
pole - uma vez que nenhum piloto até agora tinha conseguido tal feito. A sua
largada defensiva, não dando chances a Lewis Hamilton, que andou lado a lado
pelas primeiras curvas do traçado azeri, foi o ponto alto de uma corrida que
foi marcada pela cautela dos pilotos em tentar sobreviver as armadilhas já
conhecidas daquela pista. A prova de ontem só não foi pior que a de 2016,
quando esta foi realizada sob o nome de GP da Europa. Valtteri soube controlar
as últimas voltas com bastante tranquilidade e contando, também, com dois
pequenos erros de Hamilton que custou uma melhor aproximação para tentar a
ultrapassagem em uma das grandes retas. Com um gerenciamento bem melhor dos
pneus, tanto na questão da temperatura, quanto no desgaste, a Mercedes tem
conseguido sanar um dos seus grandes problemas que tanto incomodou a equipe
desde antes do inicio da “Era dos V6 Turbo Hibridos” e isso tem feito uma
enorme diferença no ritmo de prova de seus dois pilotos.
Do lado oposto, a Ferrari tem sofrido bastante em conseguir
achar a temperatura correta da borracha – curiosamente foi um dos trunfos da
equipe italiana nesta batalha contra a Mercedes, que se estende desde o ano de
2017. Charles Leclerc podia ser o cara a bater de frente com as Mercedes na classificação,
mas acabou achando a barreira de pneus na temida subida do castelo no Q2 num
momento que vinha bem na classificação que apenas confirmava a sua grande
performance após três treinos livres com ritmo forte e liderança convincente. A
oitava colocação no grid privou ele de conseguir algo melhor na prova, apesar
de ter conseguido um bom ritmo e até mesmo liderado parte da corrida. Mas a
troca obrigatória para os macios o relegou para a quinta posição, onde ficou
até o fim – fazendo até uma segunda troca por outro jogo de pneus macios já no
final da prova, para tentar a melhor volta que acabou por conseguir na passagem
50. Já Sebastian Vettel não foi a ameaça que se esperava para as Mercedes, ao
não conseguir ameaçar o duo prateado em momento algum – mesmo que tenha chegado
próximo em algumas situações, mas que logo foi respondido com eficácia por
Hamilton. Assim como Charles, Vettel também não conseguiu gerar a temperatura
correta para os seus pneus e ainda teve que lidar com a perigosa aproximação de
Max Verstappen que foi logo desfeita assim que o Virtual Safety Car saiu da
pista – após o incidente bizarro entre Ricciardo e Kvyat – onde Max também não
conseguiu aquecer os pneus de forma adequada e acabou não ameaçando mais
Sebastian. A verdade é que o acidente de Leclerc e a ineficiência dos
estrategistas da equipe acabaram prejudicando bastante uma oportunidade de
tentar, ao menos, quebrar a sequencia fabulosa da Mercedes.
Sergio Perez mostrou que sabe bem os caminhos daquele
circuito ao largar na quinta posição e fechar a corrida em sexto numa corrida
tranquila e seu companheiro de Racing Point, Lance Stroll, colocou o segundo carro
na nona posição. A Mclaren também esteve num final de semana bem positivo ao
pontuar com os dois carros, com Sainz em sétimo e Norris em oitavo. Kimi Raikkonen fez ótima recuperação e
terminou em décimo.
A próxima etapa sendo em Barcelona a expectativa é como será
o desempenho especialmente da Ferrari. Mas temos que levar em conta que as
equipes levarão para a pista catalã melhorias – inclusive a Mercedes, que nos
últimos anos tem guardado o que há de melhor para esta corrida.
Será que Ferrari destravará, enfim, o poder de fogo do seu
carro e iniciará uma virada ou a Mercedes continuará a sua assombrosa
performance?
Veremos...