Carlos Reutemann certamente foi um dos melhores pilotos da F1 no período de 1974 até 1981, ano que por apenas um ponto quase lhe deu o tão perseguido título mundial que ficou com Nelson Piquet.
Mas além desse desejo em conquistar o mundial de pilotos, havia outro sonho a ser realizado: uma vitória diante da sua torcida, no seu GP caseiro em Buenos Aires. Passou muito perto disso em 1974 quando estava muito a frente dos demais, mas um problema no periscópio acabou por matar a sua chance de vencer na sua terra. Porém a chance voltaria em 1980, quando esteve ao volante do Williams Cosworth.
Depois de uma temporada de 1979 pouco produtiva pela Lotus, Reutemann rumou para a Williams que já havia despontado naquela mesma temporada como potencial a um título mundial. As vitórias de Alan Jones e Clay Regazzoni em 79, com o elegante e eficiente FW07, deram a entender que as chances do time de Frank Williams brilhar a partir de 1980 eram grandes. Reutemann passava a ser o cara certo no lugar certo.
O GP da Argentina abriu o campeonato de 80 no seu típico calor de verão em pleno janeiro. O público fez o favor de lotar o autódromo Oscar Gálvez para recepcionar a categoria e, quem sabe, presenciar uma possível conquista de seu ídolo local.
Mas a Williams não estava em grande jornada naquele início em Buenos Aires: o FW07B não estava rendendo o bastante e isso fez com que Alan Jones pulasse para o FW07 de 1979 - que foi levado como reserva para a Argentina - afim de tentar melhorar a sua classificação. A escolha de Jones acabaria por ser a certa, ao cravar a pole. Reutemann continuou a sofrer com a versão B do FW07 e fez apenas o 10o tempo.
Tendo verificado uma melhora do carro no warm-up, ao fechar em segundo, bem próximo de Jones, Reutemann acabou por recuperar o otimismo para a prova. E isso foi verificado logo na primeira volta, ao conseguir subir de décimo para quinto e depois herdar o quarto posto de Mario Andretti. Um início pra lá de empolgante.
Na nona volta já estava no encalço de Nelson Piquet, mas neste duelo é que as coisas para Carlos começaria a desmoronar. Durante o duelo com o brasileiro, Reutemann acabou saindo um pouco da pista e pegando um monte de grama que fora cortado e deixado no local. "Foi incrível que a pessoa que cortou a grama a deixasse ali", disse Carlos horas depois.
Por mais que fosse aos boxes na volta 11 para que as entradas de ar fossem limpas, o motor Cosworth não aguentou e parou na volta 12.
Um desolado Reutemann saiu do carro e após um curto período de inspeção no seu Williams, ele sentou ao lado do carro e desandou a chorar.
Alguns torcedores foram dar um apoio a Carlos e a única coisa que este pegou foi um boné, que acabou sendo usado para enxugar as lágrimas. A relação de Reutemann com o seu GP local era o mesmo que água e óleo.
Enquanto que Alan Jones vencia o GP argentino, iniciando a campanha que lhe coroaria campeão do mundo, Reutemann perderia ainda outra chance de vencer em casa (foi segundo em 1981, que foi vencido por Piquet) e ainda perderia o mundial para o próprio Nelson em Las Vegas, por apenas um ponto.
Hoje Carlos Reutemann completa 77 anos.
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