A vitória de Pierre Gasly nesse último domingo passa a ser
uma dos melhores momentos da Fórmula-1 nos últimos anos. Uma vitória carregada
de emoções e revitalizante para um piloto que passou por maus bocados em 2019
até o seu heroico pódio em Interlagos naquele ano.
Por outro lado, a sua conquista o coloca na lista de pilotos
que venceram seu primeiro GP na Fórmula-1 no solo sagrado de Monza. Ele é o
oitavo piloto a conseguir essa façanha e agora vamos aos outro sete que compõe
esse grupo.
1960 – Phil Hill –
O campeonato daquele estava totalmente nas mãos das equipes britânicas, tendo
vencido as oito primeiras etapas das dez programadas para aquele mundial. Para
o GP da Itália, o traçado escolhido foi o completo – com a utilização do anel
externo da pista de Monza. O piso de concreto utilizado na bancada do oval
prejudicava bastante a performance dos carros ingleses – por causa dos fortes
solavancos – e nisso acabou que as equipes oficiais da Lotus, Cooper e BRM se
retiraram daquela etapa e apenas os Cooper de propriedade de alguns pilotos
particulares é que participou.
Foi a deixa para a Ferrari chegar a sua primeira e única
vitória naquele ano: inscreveu quatro carros, sendo três D246 para Phil Hill,
Richie Ginther e Willy Mairesse e uma 156P de motor traseiro para Wolfgang Von
Trips.
Hill largou da pole (a primeira dele) e passou para vencer
pela primeira vez na Fórmula-1 após duelar com Ginther, que terminou em segundo
e Mairesse em terceiro. Ele tornou-se o primeiro americano a vencer uma corrida
oficial na Europa após 40 anos, quando Jimmy Murphy venceu o GP DA França de
1921 em Le Mans pilotando um Duesenberg. Foi também a última conquista de um carro com motor dianteiro na Fórmula-1.
Phil repetiria a vitória em Monza um ano depois, no trágico
GP de custou a vida de Von Trips e que era seu rival na disputa pelo titulo em
1961. Hill acabou por ser o campeão.
1965 – Jackie Stewart
– A temporada de 1965 levava a marca de Jim Clark e Lotus, que até ali tinha
vencido seis vezes no mundial – e ainda carregava a fabulosa conquista da Indy
500. Em Monza a batalha foi inteiramente entre os pilotos britânicos onde
Clark, Graham Hill, Jackie Stewart (estes dois com a BRM) e uma rápida
intervenção de John Surtees (Ferrari), deu o tom naquela corrida regada ao uso
do vácuo com as constantes trocas na liderança entre Clark, Hill e Stewart até
a 57ª volta quando Jackie assumiu a liderança de vez.
Jim Clark abandonou na volta 63 por problemas de vazamento
de óleo e deixou a disputa para Jackie e Hill, com o inglês ainda incomodando o
escocês em algumas oportunidades. Mas Stewart reassumiria a liderança de vez na
volta 74 para vencer seu primeiro GP na Fórmula-1.
1966 – Ludovico Scarfiotti
– O piloto italiano era um dos melhores de sua geração naquela década de
60, tendo vencido provas no Mundial de Marcas – incluindo a conquista nas 24
Horas de Le Mans de 1963 com Lorenzo Bandini pilotando pela Ferrari – e também
com dois títulos no Campeonato Europeu de Subida de Montanha em 1962 e 1965.
Scarfiotti tinha feito já algumas provas na Fórmula-1, tendo
estreado no GP da Holanda de -1963 onde terminou em sexto e participou, também,
de algumas provas extra-campeonato incluindo a famosa corrida em Syracuse no
ano de 1967 onde ele dividiu a conquista com seu companheiro de Ferrari Mike
Parkes após terem cruzado a linha de chegada juntos, computando a mesma
velocidade (182,90 KM/H) e cravando um incomum empate.
No GP da Itália de 1966 Scarfiotti largou da segunda
posição, com a pole ficando para seu companheiro de Ferrari Mike Parkes – que marcava
a sua primeira pole na categoria. Após uma má largada que o jogou para sétimo,
Ludovico escalou o pelotão aos poucos para assumir a liderança na 13ª volta e perde-la
momentaneamente na 27ª passagem para Mike Parkes e recuperá-la em seguida, para
se tornar o primeiro italiano a vencer o GP da Itália desde Alberto Ascari, que
havia vencido em 1952 também pela Ferrari. E agora era vez de Ludovico herdar
essa marca, ao ser o último italiano a vencer o GP italiano e com Ferrari.
Scarfiotti morreria dois anos depois numa prova de Subida de
Montanha em Berchtesgaden (ALE) ao volante de um Porsche 910 durante os
treinos.
1970 – Clay Regazzoni
– Vencer pela Ferrari é sempre um previlégio. Se for pela primeira vez,
engrandece o piloto, mas se este pacote for todo num GP da Itália em Monza,
eleva o piloto a imortalidade junto aos Tiffosi. Para o novato Clay Regazzoni, que
passou parte daquele ano revezando o volante do 312B com o também novato
Ignazio Giunti, a corrida foi um dos grandes presentes na sua carreira.
Apesar de todo clima tenso pela morte de Jochen Rindt
durante os treinos, a corrida aconteceu e Regazzoni estava num ótimo terceiro
lugar – com seu companheiro de Ferrari, Jacky Ickx, na pole e Pedro Rodriguez
(BRM) em segundo.
As primeiras trinta voltas foram uma batalha visceral que
envolveu Ickx, Rodriguez, Regazzoni, Jackie Stewart, Jackie Oliver e Denny
Hulme no revezamento pela liderança, mas a partir da 31ª volta Stewart passou a
batalhar exclusivamente com Regazzoni. A
partir da volta 54, Clay assumiu de vez a liderança para conquistar a sua
primeira vitória na Fórmula-1 e ver a pista de Monza se transformar num mar de
Tiffosi que agora tinham um novo ídolo.
Regazzoni ainda venceria em Monza cinco anos depois, quando
levou o GP da Itália de 1975 com a Ferrari.
1971 – Peter Gethin –
Poderia um piloto sair de uma posição de meio de grid e vencer em Monza? Com um
bom carro e conseguindo usar bem o beneficio do vácuo, essa chance cresceria
consideravelmente.
Peter Gethin (BRM)
marcou apenas o 11º tempo naquele grid para o GP da Itália que teve como pole
Chris Amon com a Matra. Mas o britânico soube usar bem o turbilhão de vácuo em
Monza naquele dia.
A corrida foi uma das mais disputadas da história, onde os
seis primeiros passaram a corrida separados por meros meio segundo. Clay
Regazzoni, Ronnie Peterson, Jackie Stewart, François Cevert, Mike Hailwood, Jo
Siffert e Chris Amon foram os pilotos que trocaram a liderança até a 51ª
passagem até que Peter Gethin, que havia ficado a corrida toda comboiando este
grupo, começou a escalar o pelotão até chegar à liderança na volta 52. Ele perderia
a liderança na passagem 54, mas recuperaria na volta 55 para vencer o seu único
GP com a apertada vantagem de um centésimo para Ronnie Peterson.
A média horária alcançada por Peter Gethin foi de 242.616
KM/H . Em termos de comparação, naquele mesmo ano, Al Unser venceu a Indy 500
com a média de 253.850 KM/H.
2001 – Juan Pablo
Montoya – A fama do colombiano já estava em alta quando o GP da Itália
daquele ano foi realizado. Sua coragem frente aos demais e, principalmente,
Michael Schumacher, chamava atenção e credenciava o jovem piloto a ser um dos
grandes astros.
Aquele GP da Itália foi realizado sob forte tensão após o
ataques as torres gêmeas em Nova York (11 de setembro) e do grave acidente sofrido
por Alessandro Zanardi um dia antes na etapa de Lausitzring válida pelo
campeonato da CART.
Montoya largou da pole e viu em Rubens Barrichello (Ferrari)
e no seu companheiro de Williams, Ralf Schumacher, seus dois grandes opositores
naquela edição. Juan Pablo acabou por vencer a corrida, com uma margem de cinco
segundos sobre Rubens e dezessete sobre Ralf.
Montoya voltaria a vencer no circuito em 2005, pela Mclaren.
2008 – Sebastian Vettel
– A estrela em ascensão do automobilismo alemão teve seu dia de rei em
Monza ao cravar a pole em condições bem adversas, onde a chuva foi constante.
Na corrida, a soberania do jovem Sebastian Vettel continuou e ele liderou quase
todas as voltas, perdendo a liderança por apenas quatro voltas para Heikki
Kovalainen (19-22) e retomando para vencer de modo convincente pela primeira
vez na categoria – e também para a então jovem equipe Toro Rosso, que havia
surgido do que era a Minardi.
Essa conquista de Vettel o credenciaria para a equipe
principal, a Red Bull, em 2009, onde ele veio conquistar seus quatro
campeonatos consecutivos (2010-13) e tornar-se um dos grandes da categoria.