Alberto Ascari vencendo o único Grande Prêmio de Mons destinados a carros (Foto: Le Soir) |
Não se pode negar que o inicio daquele Campeonato Mundial de
Fórmula-1 lá no longínquo 13 de maio de 1950 tenha despertado a curiosidade de
muitos pilotos particulares e algumas equipes, para que se fizessem presentes
naquele evento no antigo aeródromo de Silverstone. Era uma oportunidade
interessante de retomar uma idéia que havia sido colocado em prática na metade
dos anos 20 e que agora era uma aposta para tentar engrenar um campeonato
mundial de monopostos, que tanto fizeram sucesso nos anos trinta com seus Grand
Prix. O braço esportivo da FIA, a CSI (Comission Sportive Internationale), se
baseou nos regulamentos técnicos das corridas dos anos 30 para dar forma as
categorias de acesso e também a principal: para carros de até 500cc ficaram
denominados como Fórmula-3; os de 2000cc os Fórmula-2; e 1500cc (com
compressor) e 4500cc e sem restrições de peso denominada como Fórmula-1.
Quando a lista de
inscritos foi divulgada para aquele GP da Europa – que também carregou o nome
de GP da Grã-Bretanha – uma ausência foi sentida: a já tradicional equipe de
Enzo Ferrari, que era talvez a única que podia desafiar o poderio da Alfa
Romeo, optou em não participar daquele GP inaugural por entender que a
premiação era baixa e decidiu ir para uma corrida em Mons no tradicional
circuito de rua que recebia provas de moto desde os anos 20 e teria o seu
primeiro GP naquela oportunidade. Não se sabe o montante de dinheiro que foi
disponibilizado para a premiação em Silverstone, mas sem dúvida o da pista
belga era bem mais atraente e lá foi Enzo e sua equipe.
A prova em Mons foi realizada no dia 14 de maio numa melhor
de três baterias, sendo as duas primeiras classificatórias com total de 14
voltas cada – os sete primeiros da primeira bateria e os seis da segunda
classificavam para a final, que seria disputada em 25 voltas num percurso de
7.627 metros. Um total de 19 pilotos foram inscritos para aquele GP em Mons,
com a Ferrari levando o que tinha de melhor para aquela prova: Alberto Ascari,
Luigi Villorei e Franco Cortese e Roberto Vallone
Cartaz Promocional |
As três baterias foram dominadas pela Ferrari: na primeira
prova, houve um duelo entre Roberto Vallone e Luigi Villoresi, onde os dois
chegaram trocar de posições em algumas oportunidades e que foi decidido apenas
na derradeira volta, quando Villoresi assumiu a liderança e ganhou a bateria um
com Vallone em segundo e Aldo Gordini em terceiro, com quase dois minutos de
atraso. Alberto Ascari não teve problemas para vencer a segunda prova, chegando
com mais de trinta segundos de vantagem sobre Franco Cortese e 43 segundos
sobre o terceiro colocado que Maurice Trintignant. Na terceira e decisiva
corrida, Ascari não teve adversários e ganhou com dez segundos de avanço sobre
Luigi Villoresi que voltou a duelar com Roberto Vallone pela segunda posição e
ganhou a disputa na oitava volta. Vallone estava em terceiro quando teve
problemas mecânicos e abandonou, deixando Franco Cortese ocupar o terceiro
lugar e oferecer a Ferrari a trinca naquele que foi o único Grande Prêmio de
Mons, destinado a carros, a ser realizado.
Do mesmo modo que a Alfa Romeo fizera em Silverstone, dominado
amplamente aquele primeiro GP da história da Fórmula-1, a Ferrari também fez a
sua trinca em Mons, mas saindo com uma bela grana daquele evento realizado na
Bélgica. Porém, Enzo Ferrari deve ter visto a boa repercussão daquela corrida
em Silverstone e imediatamente tratou de inscrever seus carros para a prova de
Mônaco que foi disputada em 21 de maio.