|
O March 751/4 em Silverstone, 1975 |
Apesar de as regras para 2017 mostrarem que os carros da
Fórmula-1 possam voltar a sua forma de 19 anos atrás - com pneus e carros mais
largos - ainda sim temos nossas dúvidas se isso será o suficiente para a
categoria ganhe em competitividade, o que poderia trazer de volta o interesse
do público para a competição.
Ainda vejo que a solução inicial para que as coisas se
restabeleçam – ou que comecem a restabelecer em médio prazo – seria a liberdade
para a criação nos carros. Um regulamento engessado como o da F-1, onde o projetista precisa
seguir a linha estética imposta pela FIA, sem poder criar algo revolucionário, deixa
os carros com ligeiras mudanças que só podem ser percebidas por aquele fanático
torcedor ou até mesmo por um engenheiro. As coisas andam tão iguais, que se
pintassem os carros de branco, certamente teríamos dificuldade em saber de qual
equipe é.
Uma época boa - onde as descobertas eram quase que diárias
na categoria - foi a década de 70: a cada corrida uma novidade era apresentada,
até mesmo por equipes que não lutassem diretamente pela vitória – como o caso
do March 751/4 que encabeça esta postagem, onde Robin Herd, então projetista da
equipe, usou duas “bandejas” na parte de trás do carro para melhor usar o fluxo
de ar que as rodas traseiras expeliam. Podem ter achado uma bizarrice, assim
como também devem ter achado naquela época, mas o fato mesmo é que naqueles
anos isso era altamente comum. Regulamento mais aberto, deixava o espaço para a
criatividade, mesmo que não surtisse efeito algum. No caso deste March, Vitorio
Brambilla utilizou essa novidade em Silverstone – GP da Grã-Bretanha, 1975 – e
o resultado não foi de todo mal: largou em quinto e terminou em sexto. Outro
exemplo claro de inovação - devido a essa liberdade de criação – é a Tyrrell
P34 de seis rodas de Derek Gardner, que foi criada exatamente para diminuir o
arrasto na dianteira do carro com a adoção de quatro rodas de dez polegadas
cada. Apesar de sua vida longa – duas temporadas e apenas uma vitória na
Suécia, 1976 com a direito à dobradinha – o P34 foi deixado de lado, mas sem
dúvida é um dos carros mais comentados da história da categoria exatamente por
conta de seu aspecto único.
Dar aos atuais projetistas da F1 a chance de criar novos conceitos
para os carros atuais seria uma saída e tanto. Não deixá-los apenas com a
chance de hora ou outra encontrar raríssimas brechas no regulamento, onde
conseguem dar uma sobrevida para uma simples construção do carro,
transformando-o num bólido diferente dos demais, trará mais uma vez a
oportunidade para que os fãs vejam carros inteiramente novos e diferentes de seus
irmãos, com conceitos caros ou baratos que possam elevar a competição ao um
nível altíssimo como nos anos 70/80.
É apenas um livre devaneio, apesar de saber bem que a
categoria está longe de seguir tal idéia.