domingo, 3 de setembro de 2017

GP da Itália: Sem chance para os demais

A classificação já era um indicativo do que poderíamos ter nesta etapa de Monza, onde a Fórmula-1 encerra sua estadia no velho continente: além do recorde de poles alcançado por Lewis Hamilton, chegando para a já mítica marca de 69 poles, a volta feita pelo inglês no encharcado asfalto italiano foi mais de um segundo veloz que o alcançado por Max Verstappen que fez o segundo tempo, mas por conta das punições, derivadas pelas trocas de motor e demais componentes, o holandês despencou para o meio do pelotão e isso proporcionou ao igualmente jovem Lance Stroll a chance de largar pela primeira vez na fila de honra, sendo assim o mais jovem a conseguir o feito. Em terceiro aparecia outra promessa que tem feito boas corridas até aqui ao volante do Force India, Esteban Ocon. A dúvida sobre o que poderíamos esperar dessa corrida, pairava sobre o que esperar do desempenho das Ferraris, especialmente de Sebastian Vettel, uma vez que ele em Spa foi um carrapato na trajetória de Hamilton na conquista deste na semana passada com um desempenho até surpreende, por se tratar de uma pista veloz e que onde esperava-se um pouco mais de facilidade para a Mercedes chegar a conquista. Mas a tarde de Monza mostrou um cenário bem diferente do que sugeria em termos de desempenhos.
Por mais que as Ferraris tenham feito um treino classificatório bem abaixo do que estamos acostumados neste ano, a performance era algo que ainda podia salvar esse pequeno desastre, mas não foi nem sombra do que apresentaram – especialmente com Vettel – em Spa. Sebastian até que chegou de forma rápida ao terceiro lugar ao superar Stroll e Ocon, mas não teve fôlego para alcançar as Mercedes que já estavam bem à frente – quando Vettel chegou ao terceiro posto, já levava cerca de 10 segundos de desvantagem para Hamilton e em tempos de voltas, tanto para o inglês, quanto para Bottas, ele perdia em torno de meio segundo a um segundo de desvantagem e isso se traduziu em mais de trinta segundos ao final da prova, quando Sebastian enfrentou alguns problemas em seu carro e teve a sombra de um soberbo Ricciardo, que vinha em grande performance na quarta colocação. Sobre Kimi Raikkonen, este já enfrentava dificuldades desde o inicio e foi sofrível para o finlandês conseguir superar Stroll e Ocon, coisa que conseguiu após a sua primeira parada de box. A verdade é que a Ferrari apostou tudo num acerto para a pista seca e não conseguiu encontrar o equilíbrio certo para o seu carro justamente na sua prova caseira. Nçao fosse as punições para os dois carros da Red Bull, as coisas podiam ter sido bem piores frente ao que fez Ricciardo que escalou o pelotão de forma magnífica para conquistar um fabuloso quarto lugar.
Sabemos bem da força da Mercedes, especialmente em circuitos velozes, mas o desempenho deles em Monza foi ainda mais brutal que o normal justamente em um ano onde as coisas estão mais equilibradas. Lewis Hamilton rechaçou qualquer possibilidade de complicações com os dois garotos ao defender-se bem na largada e quando virou a chicane na lideranças, não maiores contratempos  - fora um suposto “probleminha” que Hamilton chegou a relatar nas últimas dez voltas que não se traduziu em nada. A bem da verdade, Hamilton tem usado deste expediente em algumas etapas onde esteve na frente, mas curiosamente não trazendo nenhum dano que lhe desse maior dor de cabeça. Bottas foi magnifico nas voltas iniciais ao superar brilhantemente Raikkonen – ao fazer toda a Parabolica lado a lado com o seu conterrâneo – e depois passar Stroll e Ocon e assumir a segunda posição. As voltas velozes que ele fez em revezamento com Hamilton, mostrou o quanto que o carro estava bem acertado naquele circuito e tranquila dobradinha da equipe prateada em Monza foi apenas consequência.
Não podia deixar de falar especialmente de quatro pilotos: Ricciardo, ultimamente, tem sido o grande nome das corridas, com ultrapassagens e recuperações impressionantes e a de hoje não foi diferente; Esteban Ocon fez uma corrida tranquila, sem nenhuma atribulação – principalmente porque seu maior desafeto nesse momento, Sergio Perez, andou no meio do pelotão e isso foi bom até mesmo para a Force India que conseguiu capitalizar bons pontos nessa etapa – e mostrou grande forma. Sem dúvida um dos grandes nomes neste mundial; Stroll fez bom trabalho também e aos poucos vai começando a dissipar a pecha de piloto que “chegou lá por conta do dinheiro do papai”. Trabalho muito bem feito principalmente em condições adversas como foi a classificação, onde ficou constantemente à frente de Felipe Massa e com autoridade. Aos poucos, conforme vai aprendendo os macetes do carro e das pistas, vai ganhando auto-confiança e consequentemente experiência; Stoffel Vandoorne fez bom uso do novo motor e conseguiu bons resultados desde os treinos, sempre à frente de Fernando Alonso. Na corrida tinha até mesmo chances de pontuar, caso o motor Honda – mais uma vez – não falhasse. Foi uma corrida interessante para vermos o desempenho dos novos nomes da categoria, sem dúvida.
A grande vantagem que vimos neste GP italiano por parte da Mercedes deve ser transferido diretamente para  Ferrari, quando a categoria for para Singapura, próxima etapa. Mas caso a Mercedes vá bem na pista citadina de Marina Bay, a luz amarela ascenderá para os italianos. Será uma corrida bem interessante neste aspecto, daqui quinze dias.

domingo, 27 de agosto de 2017

GP da Bélgica: Hamilton no controle

A expressão fechada de Sebastian Vettel no pódio do GP belga, contrastava com um esfuziante Hamilton. E não era pra menos: a aposta do alemão e da Ferrari em tentar dar o bote nas voltas finais após uma parada no box para troca de pneus, durante a entrada do Safety Car, oferecida pelo entrevero da dupla da Force India, deu aos vermelhos uma chance de ouro para que pudessem atacar Lewis Hamilton naquelas derradeiras voltas. Com Vettel usando os ultramacios e Hamilton os macios, parecia ser uma questão de tempo para Sebastian atacasse o piloto inglês e partisse para uma vitória que o deixaria ainda mais confortável na liderança do mundial. O ataque maciço que ele deu sobre Hamilton após a saída do SC, levando ambos a fazerem a reta Kemmel lado a lado, não foi suficiente para tal concretização da ultrapassagem. Lewis foi perfeito na sua defesa, entregando o lado de fora para o alemão e depois desse ataque, o que se viu foi um Lewis continuando a administrar as coisas na pista belga, algo que ele fez por todo o GP: a diferença dele para Sebastian não foi superior a casa dos dois segundos, e Hamilton estava sempre pronto para responder a qualquer volta veloz de Vettel.
Os problemas enfrentados por Lewis com os pneus, que estavam a formar bolhas, não foram bem aproveitados por Vettel e Ferrari. Talvez um aperto por conta de Sebastian naquela condição, poderia ter levado uma boa vantagem sobre a Mercedes de Lewis. Mas como bem disse Vettel, ele esperou um erro de Hamilton... que jamais veio. Foi uma pilotagem segura e muito bem executada por Hamilton. Por outro lado, também temos que exaltar a ótima condução de Vettel nesta tarde onde jamais deixou sumir de seus radares a Mercedes do piloto inglês. Talvez tenha faltado aquela nesga de agressividade para que pudesse atacar com mais veemência em outros estágios da prova. Mas como são os dois principais contendores ao título mundial, também é compreensível  o cuidado de Sebastian em tentar qualquer manobra.
Enquanto que todos esperavam uma Mercedes sobrando em terras belgas, o desempenho da Ferrari, especialmente com Vettel, foi de bom agrado e isso traz um pouco de perspectiva de um restante de mundial bem mais equilibrado, uma vez que a impressão geral é que a equipe alemã começasse a abrir diferença nesta parte do campeonato. Por outro lado, também, ficou bem evidente que o carro da Mercedes parece ter uma melhor performance com os pneus macios do que com os outros dois compostos mais moles. Afinal era de se esperar uma pressão ainda maior quando Hamilton e Vettel saíram dos boxes com pneus diferentes – o alemão com o ultramacio – e o que se viu foi o inglês administrando a vantagem e até abrindo nas últimas voltas.
Apesar da cara amarrada no pódio, Vettel ainda está na jogada e a pista de Monza é o lugar perfeito para uma virada no jogo. Se perderem dentro do seu território, talvez acusem o golpe e assim Mercedes e Hamilton comecem a pavimentar o caminho para mais uma grande conquista.
Mas a pista de Monza sempre reserva algumas surpresas. E 1988 é o melhor dos exemplos.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Foto 636: Mick e a Benetton

O flagra de Mick Schumacher testando o Benetton B194 que foi usado pelo seu pai Michael, na temporada de 1994 que ele acabaria por conquistar.
O jovem alemão conduzirá o Benetton uma hora antes do GP belga, numa homenagem aos 25 anos da primeira vitória de Michael Schumacher na F1 exatamente em Spa-Francorchamps.

domingo, 13 de agosto de 2017

Foto 635: Pais

Quando ganhei umas edições da Revista Grid, essa foto de Chico Serra e do pequeno Daniel Serra aparecia no canto de uma página dupla que mostrava a largada da etapa de abertura da Stock Car em Interlagos, no ano de 1989. Chico Serra venceu naquela ocasião, levando Daniel ao pódio e já ensinando o garotinho a espoucar a champanhe.
No ano passado, durante a etapa final da Stock Car, na mesma Interlagos, Daniel Serra vencia a derradeira etapa do ano e assim como seu pai fizera 27 anos antes, também levou seu pequenino ao pódio. Ao ver a cena e me lembrar da foto da revista, não tive dúvida: cliquei o momento. E hoje aproveito o Dia das Pais para postar os dois belos momentos da família Serra em Interlgos.
Duas fotos bem legais para um dia especial como o de hoje.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Foto 634: The Flying Finn


Apesar da maioria lembrar de Leo Kinnunen pelo fato de ter sido o último piloto a correr na Fórmula-1 com um capacete de face aberta em 1974, a verdade é que o primeiro “Flying Finn” foi um dos melhores pilotos de endurance da década de 70 e da história num todo.

Sempre correndo a serviço da Porsche, Kinnunen conseguiu resultados expressivos com a famosa fábrica alemã. Além de ter vencido as 24 Horas de Daytona de 1970 em parceria com Pedro Rodriguez e Brian Redman, foi um dos pilares ao lado do piloto mexicano para a arrasadora conquista da Porsche no Mundial de Marcas daquele ano.  Das nove vitórias da Porsche naquela temporada, quatro foram de Leo Kinnunen e Pedro Rodriguez que dividiam o volante do icônico Porsche 917 da John Wyer Automotive  nas cores da Gulf. Kinnunen ainda teria outro grande momento naquela temporada, ao estabelecer a marca recorde para a Targa Florio com o tempo de 33min 33s com  o Porsche 908/03.

Porém, o grande sucesso de Kinnunen se reservou a Interseries que era divisão europeia da sua “irmã” americana, a Can-Am. No triênio de 1971/72/73 Kinnunen conquistou nada mais que 11 vitórias em 18 provas realizadas neste período. Na prova de Norisring de 1971, Leo acabou presenciando a morte de Pedro Rodriguez após este bater nos guard-rails. Kinnunen acabou se retirando da prova.

Justamente na sua passagem na F1 em 1974, pela equipe Surtees, é que Leo Kinnunen passou a ser lembrado como o primeiro finlandês a correr na categoria. Infelizmente as deficiências mecânicas do Surtees acabou limitando e muito o real talento do piloto finlandês, que conseguiu apenas correr no GP da Suécia que veio abandonar ainda no início da prova. A verdade é que Kinnunen teve chances de correr pela Lotus no inicio da década de 70, mas a morte de Jochen Rindt acabou esfriando as negociações.  Segundo Kinnunen, Bernie Ecclestone, então empresário de Jochen Rindt, que também ajudava na negociação para que Leo fosse para a Lotus em 1971, queria que o finlandês corresse de graça e Kinnunen prontamente não aceitou. Isso foi a pá de cal e o finlandês migrou de vez para a Interserie.

Apesar de algumas incursões nos Rallys – especialmente no clássico Rally dos Mil Lagos – o nome de Leo Kinnunen será sempre ligado ao endurance, onde ele foi um dos melhores do seu tempo.

O grande piloto finlandês morreu hoje aos 73 anos.

domingo, 23 de julho de 2017

Volta Rápida, 8 anos

Apesar do blog não estar no melhor de seus dias - num passado não muito distante, teve épocas bem gratificantes -, o Volta Rápida chega aos 8 anos de existência exatamente num domingo, dia tal ele foi fundado. E após este tempo, durante a última 24 Horas de Le Mans, o blog chegou a marca de 500 mil visualizações. Demorou, mas chegou.
E mais uma vez agradecer a galera que  visita este espaço diariamente e também aqueles que disponibilizam em seus sites/ blogs o link deste aqui. É de grande valia e ajuda a popularizar o local.
Obrigado!

segunda-feira, 17 de julho de 2017

GP da Grã-Bretanha: Reconciliação & Reação



(Foto: RV Press)
Não é novidade que a falta de Lewis Hamilton no F1 Live, no meio da semana, nas ruas de Londres, não foi bem visto pelos fãs e também por aqueles que acompanham a categoria. Para a maioria aquilo foi uma tremenda falta de respeito para com o público. Afinal, ele foi apenas o único dos pilotos desta atual temporada que não compareceu ao festejo, alegando, mais tarde, que estava concentrando-se na disputa contra Sebastian Vettel. Mas a maioria sabe que é bem provável que o inglês tenha ido curtir o dia com os amigos em algum local.
Polêmicas à parte no que ele deve fazer ou não, a verdade é que Hamilton esteve em grande forma neste fim de semana em Silverstone, principalmente no domingo onde conseguiu um domínio absoluto com a sua Mercedes. Liderou todas as voltas, cravou a melhor da corrida, além da pole conquistada no sábado. Uma atuação que fez lembrar o de Nigel Mansell (guardadas proporções) em 1992, quando o “Il Leone” destroçou a concorrência e levou a torcida inglesa o delírio a ponto deles invadirem a pista. Lewis também conseguiu levantar a torcida em Silverstone, com direito a aplausos efusivos dos torcedores em todos os setores por onde o tri-campeão passou, em sua volta de desaceleração. E ainda teve tempo para cair nos braços dos torcedores antes de ir para a coletiva de imprensa. E esta conquista de Lewis ainda o fez igualar a marca de Jim Clark em GPs britânicos, tanto em poles e vitórias, chegando a cinco triunfos em cada uma das duas estatísticas. Um momento fabuloso em Silverstone.
Mas a alegrias não estavam apenas no fato da grande conquista de Lewis: o resultado abaixo do esperado por Sebastian Vettel, também ajudou para que a festa fosse praticamente completa. Digo isso, pois a sétima colocação de Vettel ainda lhe deu um fôlego para se aguentar na liderança do mundial até a próxima etapa, que será na Hungria. Este um ponto de vantagem dele para Lewis pode fazer uma diferença enorme mais para frente. E até que pela tragédia que se desenhava, quando o pneu dianteiro esquerdo da Ferrari dechapou, este sétimo lugar foi um lucro. Sair atrás de Hamilton na classificação seria um balde – mais um – de água gelada nele e na Ferrari. A verdade, ao que parece, é que a equipe italiana parece ter estagnado na evolução do carro ou então as novidades que tem trazido ultimamente, não surtiram grande efeito. A  Mercedes conseguiu uma melhora com atualizações feitas para o GP da Espanha e de lá para cá, eles conseguiram uma bela evolução e não parece que possam cair de rendimento.
Por mais que tenha sido uma prova emblemática, ao mostrar o nível de pilotagem de Hamilton e também do poderio dos carros da Mercedes, ainda está longe das coisas se definirem. A prova da Hungria deve ser encarada como um tira teima para os carros prateados, uma vez que o desempenho deles em Mônaco, uma pista travada por conta de sua natureza citadina, foi bem pífia e agora prestes a encarar a pista de Hungaroring devemos ver a sua real força. Para a Ferrari e a chance de conseguir uma reação e as lembranças de um final de semana perfeito nas ruas de Monte Carlo, podem ser reavivadas na pista húngara.
Por mais que a corridas não tem agradado numa forma geral, o campeonato está bem interessante. E isso não podemos negar.

Foto 1042 - Uma imagem simbólica

Naquela época, para aqueles que vivenciaram as entranhas da Fórmula-1, o final daquele GP da Austrália de 1994, na sempre festiva e acolhedo...