Após um período de dois finais de semana com a Fórmula-1
fora de combate, alguns esperavam com certa ansiedade por esta etapa espanhola
que deu início a parte européia do campeonato – digamos que apenas uma
passagem, afinal a sétima etapa será realizada em Montreal no mês de junho –
para ver em qual estágio Mercedes e seus oponentes estavam. O que se viu foi o
domínio de sempre e talvez ainda mais cruel do que nas etapas anteriores.
Tanto Hamilton, quanto Rosberg tinham um passo extremamente
forte neste final de semana conseguindo uma primeira fila na classificação com
certa folga e uma corrida totalmente particular, sem ter ameaça de ninguém. A
marca feita por Lewis na obtenção da pole foi de 1 segundo de vantagem para
Ricciardo, que aparecia em terceiro. Durante a prova, a diferença por volta
chegava à quase 1,3 segundos de vantagem para Bottas e Daniel que disputavam a
terceira posição. Algo tão assombroso quanto à recente época que Red Bull dava
as cartas com Sebastian Vettel. Aliás, ele conseguiu a melhor volta da prova
nas voltas finais quando estava em uso dos pneus médios, enquanto uma parte dos
que iam a sua frente já usava os duros. A marca alcançada pelo tetra-campeão
foi cerca de quatro décimos mais veloz que Hamilton, que utilizava os duros.
Apesar da excepcional volta, ainda assim percebe-se o quanto que o carro
prateado está acima dos demais.
Foi a quinta vitória da Mercedes no ano, em cinco corridas.
Foi também a quinta pole consecutiva da equipe e a quarta dobradinha, o que faz
deste início um dos melhores da história. Comparando com outras épocas em que
tivemos uma equipe dominante assim no início, dá para pensar que a Mercedes
possa liquidar os dois mundiais a seu favor. Apenas o de pilotos é que pode se
arrastar até as últimas etapas, pelo foi visto até aqui entre essa disputa
aberta entre seus dois pilotos.
Abaixo uma pequena comparação com outras temporadas em que
uma equipe dominou as cinco primeiras corridas:
McLaren Honda Turbo – 1988 –
Alain Prost/Ayrton Senna
1- Brasil:
1º Prost – Senna (Desclassificado)
2-
San Marino: 1º Senna – 2º Prost
3- Mônaco:
1º Prost – Senna (Fora)
4-
México:
1º Prost – 2º Senna
5-
Canadá:
1º Senna – 2º Prost
Williams Renault – 1992 –
Nigel Mansell/Ricardo Patrese
1- África
do Sul: 1º Mansell – 2º Patrese
2-
México:
1º Mansell – 2º Patrese
3-
Brasil:
1º Mansell – 2º Patrese
4-
Espanha:
1º Mansell – 2º Schumacher
5-
San Marino: 1º Mansell – 2º Patrese
Ferrari
– 2004 – Michael Schumacher/Rubens Barrichello
1- Austrália: 1º Schumacher – 2º
Barrichello
2- Malásia: 1º Schumacher – 2º Montoya
3- Bahrein: 1º Schumacher – 2º
Barrichello
4- San
Marino: 1º Schumacher – 2º Button
5- Espanha: 1º Schumacher – 2º
Barrichello
Mercedes – 2014 – Lewis
Hamilton/Nico Rosberg
1-
Austrália:
1º Rosberg – 2º Magnussen
2-
Malásia:
1º Hamilton – 2º
Rosberg
3-
Bahrein:
1º Hamilton –
2º Rosberg
4-
China: 1º Hamilton – 2º Rosberg
5-
Espanha:
1º Hamilton –
2º Rosberg
Visto que Red Bull e Ferrari, por
exemplo, acenam com algumas mudanças significativas apenas para a etapa do
Canadá, que será realizada em junho, dificilmente teremos alguma mudança de
forças até lá. O que nos faz pensar que o domínio das “Silver Arrows” seja
ainda mais forte em Mônaco.
E tirar uma desvantagem de 1
segundo, ou mais, não será de uma corrida para outra, não será nada fácil.
A corrida
Tradicionalmente a prova na
Espanha, em especial nesta pista de Barcelona, não é grande coisa. É a tal
história de que todos conhecem bem o traçado, principalmente por ter sido usada
por longos anos como pista de testes da pré-temporada. As curvas de raio longo
também dificultam um pouco para o carro que vai atrás, para que consiga manter uma
distância suficiente e não perca a dianteira em algum ponto devido à
turbulência do carro da frente. Não é à toa que a maioria das ultrapassagens
foi feitas nas freadas das duas retas do circuito catalão.
Sebastian Vettel foi quem mais
fez ultrapassagens na corrida, em especial na parte final onde usou
integralmente seus pneus médios para atacar Raikkonen e Bottas e subir para uma
quarta posição, que parecia improvável após os percalços de sexta e sábado e
tendo largado da 15ª colocação. Além de mais uma ótima apresentação de
Ricciardo, que conseguiu seu pódio, o desempenho de Sebastian foi importante
para constatar que a Red Bull é sim a segunda força do campeonato, e apesar de
uma melhora, ainda está anos luz da Mercedes. As palavras de Vettel em tentar
alcançar os prateados durante o ano soam como um bom motivo para entusiasmar a
equipe, mas todos sabem que, no fundo, esse trabalho será quase impossível.
O duelo que eu estava esperando
desde a primeira etapa enfim aconteceu: Raikkonen e Alonso tiveram um embate
interessante nesta corrida, sendo totalmente baseada no cronometro. Se Kimi ia
bem em uma volta, Fernando respondia na seguinte. E isso valia também para os trechos
do circuito catalão. A diferença entre ambos - descontando os momentos do
pit-stop e no finalzinho, onde Alonso passou Raikkonen e abriu certa vantagem –
não foi além de quatro décimos a um segundo, mas sempre com espanhol a
perseguir o finlandês. Fernando conseguiu chegar à frente de Raikkonen devido o
uso dos pneus médios, frente aos duros de seu companheiro que já estavam bem
desgastados. Apesar do duelo entre eles, ficou claro que a Ferrari ainda tem muito
que melhorar daqui para frente. Assim como a Red Bull, eles preparam algumas
modificações apenas para Montreal.
Destacar a ótima prova de
Valtteri Bottas que andou sempre entre os primeiros, sucumbindo apenas ao
assédio dos pilotos da Red Bull. Enquanto Bottas marcava mais alguns pontos
para a Williams, Massa andava para trás vindo a terminar na 13ª posição. Menção
honrosa, também, ao belo trabalho de Romain Grosjean que levou a Lotus ao
quinto lugar na classificação e depois ao oitavo na prova, sendo que andou na
quinta colocação até a primeira rodada de pit-stops. Apesar de ter falado que
ainda tem muito que melhorar no E22, é de louvar o que conseguiu em Barcelona
frente ao que estavam fazendo nas primeiras etapas do mundial. Sobre Pastor
Maldonado, um gancho de uma prova lhe cairia bem. Um exemplo claro disso vem de
dentro da equipe...
Agora é esperar pela prova de
Mônaco, onde não creio que grandes mudanças acontecerão.
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