Sebastian Vettel decidiu a sua vida logo na largada, ao superar a má partida do duo da Mercedes |
Nestes quase trinta anos de
GP da Hungria podemos contar nos dedos as vezes que esta corrida foi
emocionante: em 2006, com a intervenção da chuva, vimos uma exibição
inesquecível de Alonso e Schumacher na pista e também de Button, que acabaria
por vencer o seu primeiro GP na F1. Ano passado, também com uma ajuda da chuva,
vimos Daniel Ricciardo abrir caminho para a sua segunda conquista na categoria
ao realizar duas ulrapassagens de mestre em Hamilton e Alonso, num dos finais
mais impressionantes daquele ano. Dessa vez não teve chuva, apesar de que a
previsão apontasse uma pequena possibilidade que foi rechaçada com o sol aberto
e poucas nuvens.
Era bem possível que
víssemos uma corrida no melhor estilo de Hungaroring, mas a fabulosa largada de
Vettel e Raikkonen nos deu a impressão de que as coisas fossem bem diferentes,
como acabou acontecendo: Sebastian sumiu na frente, enquanto que Raikkonen
manteve uma boa distância para Rosberg que não tinha mais a presença de
Hamilton que errara na primeira volta despencando para nono. Melhor cenário que
este, principalmente para a Ferrari, não existia. Porém a prova não teve
grandes movimentações, excetuando algumas manobras corajosas de Ricciardo que
fizeram a torcida ficar de pé nas arquibancadas, mas após o acidente de
Hulkenberg que fez ser acionado o Safety Car é que as coisas mudaram de figura:
a atitude dos pilotos foi outra após essa intervenção e eles partiram para uma
prova de sprint, onde toques e várias ultrapassagens aconteceram de forma
vertiginosa. Vettel pôde até se preocupar com a proximidade de Rosberg, mas a
falta de atitude por conta do conterrâneo fez com que Sebastian continuasse
incólume na ponta da corrida enquanto que Nico sofria pressão de Ricciardo, até
que numa tentativa de ultrapassagem deste acontecesse um toque entre eles.
Daniel teve alguns danos na asa dianteira e Rosberg um furo no pneu traseiro
esquerdo que o fez despencar na classificação da prova. Para quem estava
prestes a conseguir a liderança do campeonato, o desfecho foi dos mais
brochantes. Aliás, esta foi uma corrida para esquecer da Mercedes e muito mais
pela conduta de seus pilotos na pista.
Sebastian Vettel foi
impecável desde a largada até o final, conseguindo maximizar toda a vantagem
que conseguira num domingo atípico, mas ele mesmo já havia alertado que essa
era uma boa chance para conseguir apanhar a Mercedes. Como eu disse na sua
vitória em Sepang neste ano, é nestes momentos em que um grande piloto, em
posse de um carro mediano - e que fique claro, mediano dentro do mundo das
equipes grandes - é que consegue mostrar do que é capaz. Não é toa que Alonso
nos seus tempos de Ferrari tinha essa pecha de melhor do grid.
Falando em Alonso, a
corrida que foi realizada por ele e Button hoje, entra como um ato de paciência
e resistência: paciência pelo fato de galgar as posições que foram sendo
deixadas por erros, punições e incidentes de outros. A resistência por conta do
carro e motor Honda, que deram aos dois essa possibilidade de conseguir chegar
ao final da prova e marcar um bom número de pontos. A pista favoreceu bastante,
claro, mas aparenta uma boa evolução da Mclaren e Honda. As provas de Spa e
Monza nos mostrarão o quanto que foi essa melhora.
A Williams ficou no meio termo:
enquanto que Bottas fez uma boa prova, Massa esteve muito abaixo da média nessa
etapa. O uso da asa nova por Valtteri pode ter surtido um bom efeito para ele,
mesmo que não tenha andado próximo de Ferrari e Red Bull, mas foi animador.
Felipe esteve perdido nessa etapa com punições para pagar e o desempenho
despencando durante o certame. Dias melhores em Spa e Monza é o que todos
esperam por lá.
A Red Bull fez a sua melhor
apresentação da temporada e fica mais do que claro que Ricciardo e Kvyat com um
carro bem balanceado, podem conseguir apresentações bem melhores. E apesar de
Daniel ter ficado em terceiro, devido a troca do bico do carro, ficou claro que
se tivesse passado por Rosberg teria sido uma encrenca da pesada para Vettel
naquelas voltas finais.
Apesar de Carlos Sainz ter
abandonado, a Toro Rosso segue com uma dupla muito promissora: os trabalhos
realizados por ele e Verstappen até aqui são dignos de aplausos e o que pequeno
Max chegou em quarto e por muito pouco não igualou o pódio que o pai Jos
conseguiu lá mesmo em Hungaroring em 1994, quando foi terceiro com a Benetton.
Os comissários estiveram
numa jornada inspirada, ao dar inúmeras punições neste GP. Que o diga Pastor
Maldonado, que anotou três apenas hoje.
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